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O Núcleo de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO) e a Superintendência de Polícia Federal em Goiás (PF/GO) deflagraram na manhã desta quinta-feira (25) operação conjunta para cumprimento de dois mandados de prisão preventiva, sete mandados de busca e apreensão e quatro mandados de condução coercitiva em Goiás e no Mato Grosso. O nome desta nova operação é De Volta aos Trilhos.

Em nota, a Procuradoria informou que os mandados foram solicitados pelo Núcleo de Combate à Corrupção do MPF/GO e concedidos pelo juiz substituto da 11ª Vara Federal da Seção Judiciária de Goiás, especializada em crimes financeiros e lavagem de dinheiro.

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A operação, que é um desdobramento das investigações da Operação Lava Jato e nova etapa das Operações O Recebedor e Tabela Periódica, baseia-se em acordos de colaboração premiada assinados com o MPF/GO pelos executivos das construtoras Camargo Corrêa e da Andrade Gutierrez - que confessaram o pagamento de propina ao então presidente da Valec, José Francisco das Neves, o Juquinha, bem como em investigações da Polícia Federal em Goiás, que levaram à identificação e à localização de parte do patrimônio ilícito mantido oculto em nome de terceiros (laranjas).

Os principais alvos da operação são José Francisco das Neves, seu filho Jader Ferreira das Neves e o advogado Leandro de Melo Ribeiro. Os dois primeiros são suspeitos de continuar a lavar dinheiro oriundo de propina, mantendo oculto parte do patrimônio amealhado. O último é suspeito de ser laranja dos dois primeiros e de auxiliá-los na ocultação do patrimônio.

A pedido do MPF/GO, o juiz substituto da 11ª Vara Federal da Sessão Judiciária de Goiás determinou as prisões preventivas de Jader e de Leandro, além das conduções coercitivas de Juquinha, do advogado Mauro Césio Ribeiro (sócio e pai de Leandro), de Jeovano Barbosa Caetano e de Fábio dos Santos Pereira, suspeitos de prestarem auxílio para a execução de atos de lavagem.

As buscas e apreensões têm como alvo as casas dos investigados, a sede das empresas Pólis Construções e Noroeste Imóveis, que funcionariam no escritório de advocacia de Mauro Césio e Leandro Ribeiro, bem como a sede da Imobiliária Água Boa.

Condenação

Juquinha e seu filho já foram condenados na ação penal nº 18.114-41.2013.4.01.3500 (operação Trem Pagador) a, respectivamente, dez e sete anos de reclusão, por formarem quadrilha e lavarem aproximadamente R$ 20 milhões provenientes da prática de crimes de cartel, fraudes em licitações, peculato e corrupção nas obras de construção da Ferrovia Norte-Sul, praticados por Juquinha quando presidiu a empresa pública Valec. Ambos aguardavam o julgamento de seus recursos em liberdade.

Prisões

As prisões foram pedidas porque se apurou que os investigados, mesmo depois de condenados, continuam a cometer crimes de lavagem de dinheiro, estão produzindo provas falsas no processo para ludibriar o juízo e assegurar impunidade, além de custearem parte de sua defesa com dinheiro de propina.

Contudo, o pedido de prisão preventiva de Juquinha foi indeferido pelo juízo, que considerou não haver, no seu caso, provas suficientes de atualidade criminosa.

Sequestro de bens

Um dos principais objetivos da operação é o sequestro e apreensão de bens que estão sendo mantidos em nome de terceiros como forma de ocultar sua real propriedade e a origem dos recursos usados para a sua aquisição e que, segundo apurado, pertenceriam de fato a Juquinha e seu filho Jader.

Estima-se que com esses bens tenham sido lavados pelo menos R$ 4,4 milhões provenientes de propina, em valores de 2012. Entretanto, somente após a avaliação desse patrimônio é que se chegará ao seu valor real.

O nome da operação, De Volta aos Trilhos, remete a uma expressão popularmente usada que significa o retorno das coisas ao seu devido lugar, à normalidade. O nome é uma alusão a um dos seus principais objetivos, que é o de trazer de volta parte dos recursos desviados da ferrovia Norte-Sul em forma de propina.

A Justiça Federal em Goiás condenou a 10 anos e sete meses de reclusão o ex-presidente da Valec José Francisco das Neves, o Juquinha, por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro - R$ 20 milhões decorrentes de superfaturamento nas obras da Ferrovia Norte-Sul. Além de Juquinha, foram sentenciados a mulher dele, Marivone Ferreira (9 anos e dois meses de reclusão), e um filho do casal, Jader (7 anos e quatro meses de reclusão).

Outros dois filhos do casal, também réus na ação penal, foram absolvidos por ausência de provas de suas participações nas atividades de lavagem de dinheiro, embora tivessem figurado como beneficiários de alguns imóveis. A condenação de Juquinha, da mulher e do filho Jader atende a denúncia criminal apresentada pelo Ministério Público Federal.

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Em sua sentença, o juiz federal Rafael Ângelo Slomp, da 11.ª Vara Federal de Goiás, condenou ainda Juquinha, a mulher e o filho ao pagamento de multas - o ex-presidente da Valec vai ter que desembolsar 980 dias-multa, cada dia corresponde a 1/5 do salário mínimo vigente à época dos fatos.

Os três réus também foram condenados ao pagamento de reparação pela prática do crime de lavagem de dinheiro no valor mínimo de R$ 20 milhões. Também ao perdimento de bens imóveis em favor da União, sendo três residências localizadas em condomínios de luxo em Goiânia, três fazendas no município de Novo Mundo (GO) e algumas glebas de terras, e inabilitados para o exercício de cargo ou função pública.

De acordo com a ação penal ajuizada pelo Ministério Público Federal em Goiás em junho de 2013, entre os anos de 2003 e 2011 - período em que Juquinha ocupou a presidência da Valec, "houve extraordinário crescimento do patrimônio familiar sem a respectiva correspondência com fontes de rendas declaradas".

Com base em perícia criminal, a Procuradoria da República sustenta que Juquinha e sua família teriam se beneficiado de valores de origem ilícita por meio de superfaturamento de mais de R$ 215 milhões em contratos celebrados para a execução de obras da Ferrovia Norte-Sul, durante sua gestão na presidência da empresa.

"Como resultado das irregularidades, o grupo criminoso conseguiu a lavagem de mais de R$ 20 milhões, por meio, em especial, de registro e declaração a menor do preço efetivamente pago por imóveis, transações simuladas de venda de gado e aluguel de pastagens e movimentação bancária mediante simulação de receita", acusa a Procuradoria.

Durante as investigações, ficou apurado que Juquinha atuou como "organizador e mentor dos atos de lavagem de dinheiro decorrentes de ilícitos praticados durante a sua gestão na Valec".

"Marivone Ferreira, por sua vez, tinha participação importante na lavagem, seja ordenando pagamentos, seja participando de empresas e demais ações que buscavam dar aparência de legalidade aos negócios da família", afirma o Ministério Público Federal. "Por fim, o filho Jader foi o principal responsável pela administração do patrimônio familiar, colaborando e assentindo com as ilicitudes perpetradas pelo grupo."

O regime inicial de cumprimento da pena é o semiaberto. Os réus podem recorrer da sentença em liberdade.

O governo acabou de vez com a possibilidade de abrir as ferrovias do País para um modelo aberto de operação, no qual diferentes empresas poderiam contratar a capacidade de transporte da malha federal e, a partir daí, fazer uso dos trilhos para o transporte de carga. Com a decisão, o governo esvazia um pouco mais as atribuições da estatal Valec, responsável pela gestão das ferrovias.

Segundo fontes do governo, a medida faz parte de um movimento do Palácio do Planalto para enxugar a estrutura da Valec, eliminando cargos da estatal. Neste mesmo caminho está a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), criada em 2012 para cuidar dos estudos do trem-bala, projeto que foi abandonado, e que depois passou a cuidar do "planejamento integrado de logística no País, interligando rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias".

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Na quinta-feira (13) o plano desenhado para as ferrovias pela ex-presidente Dilma Rousseff foi enterrado de vez. Por meio de um decreto 8.875 publicado no Diário Oficial da União, o governo cancelou os efeitos de outro de decreto (8.129/2013), que instituía o chamado "open access" e atribuía à Valec a missão de administrar a exploração aberta das estradas de ferro. Com a decisão, fica mantido o modelo atual de outorga ferroviária, no qual o governo concede determinado trecho de ferrovia para uma única empresa, que passa a ser responsável por sua operação e manutenção.

A Valec não comentou o assunto. Por meio de nota, o Ministério dos Transportes informou que, "após mais de dois anos de edição do decreto que instituiu a política de livre acesso, mesmo com a realização de estudos no âmbito da primeira etapa do Programa de Investimento em Logística (PIL), não se logrou a realização de novas outorgas da infraestrutura ferroviária".

A proposta previa que a Valec atuasse como uma intermediária das transações de transporte, comprando a capacidade logística de empresas que responderiam pelos trechos e revendendo para terceiros, os donos das cargas. Segundo o ministério, o fracasso da tentativa está atrelado à "ausência de suficiente previsibilidade fiscal para a aquisição de capacidade pela empresa estatal, o que se agravou diante da atual crise econômica" e afastou o interesse de investidores.

"Desta forma, fez-se premente que fossem avaliados distintos modelos para o alcance dos objetivos de ampliação da infraestrutura e da ampliação da capacidade de transporte", declarou o ministério. "O referido decreto tornou-se incompatível com a nova perspectiva de concessões ferroviárias e por isso precisava ser revogado."

Apesar de permanecer com o "modelo vertical" de operação ferroviária, o governo afirma que o acesso de outras empresas à malha está garantido, "por meio do compartilhamento da infraestrutura ferroviária, na modalidade de tráfego mútuo e de direito de passagem".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério Público Federal (MPF) em Brasília pediu a condenação de dois ex-presidentes da estatal ferroviária Valec e de mais seis pessoas por causa de desvios de R$ 23,1 milhões dos cofres da empresa pública, durante a execução de um contrato para a realização de obras da Norte-Sul, em Tocantins.

O grupo é acusado de crime de peculato, quando há desvio de dinheiro público por funcionário que ocupe cargo na administração de verbas públicas. Na ação penal, o MPF aponta que, juntos, eles desviaram o equivalente a R$ 23,1 milhões da estatal, durante a execução do contrato de obras.

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Entre os denunciados estão dois ex-presidentes da Valec, Luiz Raimundo Carneiro de Azevedo e José Francisco das Neves, conhecido como Juquinha, que já chegou a ser preso durante operações realizadas pela Polícia Federal, em 2011. Os demais envolvidos ligados à estatal são Lucas do Prado Netto, diretor administrativo e financeiro; André Luiz de Oliveira, superintendente de construção; e os servidores públicos Ulisses Assad, Fábio Levy Rocha e Renato Luiz de Oliveira Lustosa. A ação também envolve André Von Bentzeen Rodrigues, diretor técnico da empresa SPA Engenharia.

A pena varia de dois a doze anos de reclusão e multa. O MPF pede ainda que a punição seja acrescida em um terço, conforme previsto no Código Penal, considerando o fato de os denunciados ocuparem cargos em comissão quando os atos foram praticados. A ação será analisada pela 10ª Vara Federal, em Brasília.

Segundo o MPF/DF, o desvio milionário ocorreu na execução de um contrato para a realização de obras da Norte-Sul em Tocantins, entre os municípios de Ribeirão Mosquito e Rio Campo Alegre. A Valec, estatal federal que tem paralisado hás anos as obras em suas ferrovias sob alegação de falta de recursos e contingenciamento.

Os atrasos de pagamento da estatal Valec, ligada ao Ministério dos Transportes, ameaçam o andamento da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), na Bahia. Sem receber do governo nos últimos meses por causa do ajuste fiscal imposto pelo Ministério da Fazenda, alguns consórcios ameaçam desmobilizar os canteiros de obras e demitir os funcionários do projeto - que vai ligar Barreiras, no oeste da Bahia, até Ilhéus, no litoral, inaugurando uma nova rota de exportação.

A primeira a abrir caminho para a redução do ritmo das obras foi a Galvão Engenharia - empresa envolvida na Operação Lava Jato e que passa por sérias dificuldades de caixa. Entre segunda, 16, e terça-feira, 17, a empreiteira demitiu 700 funcionários que trabalhavam nos 100 quilômetros entre as cidades de Manuel Vitorino, Jequié, Itagi e Aiquarara, na Bahia.

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Até o fim do ano passado, a empresa mantinha no canteiro de obras da ferrovia 1.500 funcionários. Mas, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada da Bahia (Sintepav/PA), na semana passada esse número já estava em 848 trabalhadores - ou seja, com as demissões desta semana, o número cai para 148. Segundo o vice-presidente do sindicato, Irailson Warneaux, a decisão da Galvão pode se espalhar pelos demais canteiros de obras do empreendimento, que até semana passada contava com 5.868 funcionários.

"Alguns consórcios já disseram que, se a Valec não regularizar a situação, vão ter de demitir", afirma Warneaux. A construção da ferrovia está dividida em oito lotes, entre Barreiras e Ilhéus, na Bahia, num total de 1.022 quilômetros. A Constran, responsável pelo lote 6, confirmou em nota que, por causa dos atrasos nos pagamentos, teve de reduzir o ritmo das obras, mas que ainda continua com o mesmo número de funcionários. "Os trabalhadores estão realizando apenas atividades secundárias e de manutenção."

Warneaux afirma que, nesta fase do projeto, a ferrovia já deveria estar com 8 mil trabalhadores - e não os 5.868 registrados até semana passada. "Já tivemos mais de 4 mil demissões no estaleiro (Enseada Paraguaçu). Se não resolverem a situação aqui, teremos mais 5 mil", afirma o sindicalista, alertando para graves problemas sociais na região por causa do desemprego. Ontem houve paralisação nas obras da ferrovia como forma de protesto para que o governo - tanto o federal como o estadual - dê mais atenção ao empreendimento.

Em nota, a Valec reconheceu o problema, mas disse que ele está sendo solucionado dentro das condições impostas pelo governo federal. "Os pagamentos estão sendo regularizados dentro do limite disponibilizado pelo Tesouro Nacional. Aguarda-se a publicação da Lei Orçamentária Anual e do respectivo decreto de programação financeira/2015, onde serão definidos os limites para empenho e cronograma financeiro de desembolso para o corrente ano."

Os dois fatores juntos, atraso nos pagamentos pelo governo federal e impactos da Lava Jato no caixa das empresas, têm sido responsáveis por milhares de demissões Brasil afora. Só a Galvão Engenharia já demitiu neste ano 9 mil funcionários. Nesta semana, a previsão é dispensar 2 mil funcionários nas obras que a empreiteira esta tocando.

Além da Fiol, a Galvão não está conseguindo dar andamento às obras da BR-153, concessão vencida pela empresa em 2013. A empresa alega que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não liberou o empréstimo-ponte previsto e não tem dinheiro para fazer a duplicação de 10% do trecho da rodovia exigida no contrato de concessão antes de iniciar a cobrança de pedágio. No mercado, a informação é que a empresa está prestes a entrar com pedido de recuperação judicial. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O novo ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, tomou posse nesta tarde em Brasília prometendo nomear técnicos para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e Valec. "Pretendo indicar técnicos para assumir a gestão de Dnit e da Valec", afirmou o ministro a uma plateia que reuniu antigos 'faxinados' da pasta.

Acompanhado de líderes do PR, o ex-senador pelo PR paulista fez um curto discurso de seis minutos, onde destacou seu envolvimento com o setor de transporte na década de 90, quando participou do Conselho Administrativo do Metrô de São Paulo, e agradeceu a atuação de seu antecessor, Paulo Sérgio Passos. "Espero ampliar esse trabalho que tem conseguido alçar o Brasil a um novo patamar logístico", declarou.

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Rodrigues falou em melhorar as condições para a distribuição da produção nacional e mencionou números atingidos até então pela pasta através do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) 2, como os 5 mil quilômetros de rodovias sob concessão no governo Dilma Rousseff. Somados ao do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chega a 8.600 quilômetros. "Antecipo que darei continuidade a concessões de estradas", ressaltou.

Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP) é suplente da senadora Marta Suplicy (PT-SP) e ocupou o cargo durante os dois anos em que a petista esteve à frente do Ministério da Cultura. O ex-senador fez uma deferência especial ao presidente nacional da sigla, senador Alfredo Nascimento (AM). "Sei o quanto você foi importante para o ministério", disse o novo ministro. Nascimento deixou a pasta em 2011 após denúncias sobre suposto esquema de superfaturamento em obras.

Quase 20 parlamentares compareceram à posse, a maioria da bancada do PR. Os candidatos à presidência da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) fizeram questão de marcar presença.

Ao fim da cerimônia, o novo ministro não respondeu a nenhuma pergunta dos jornalistas. Questionado se o suposto envolvimento das maiores empreiteiras do País no esquema investigado na Operação Lava Jato pode gerar preocupação, Rodrigues desconversou. "Eu não estou preocupado com nada. Vou me dedicar muito à continuidade do governo. Meu lema é trabalho", limitou-se a responder.

Só uma empresa se candidatou, e ainda sob condições, a operar trens no trecho de 855 quilômetros da Ferrovia Norte-Sul, entre Anápolis (GO) e Palmas (TO), inaugurado em maio pela presidente Dilma Rousseff. Seguindo o novo modelo ferroviário, a estatal Valec ofereceu ao mercado a possibilidade de empresas colocarem seus vagões e locomotivas no trecho para transportar carga própria ou de terceiros. Mas, embora a rota seja importante ao escoamento de grãos, farelo e combustíveis, a resposta foi perto de zero.

"Houve uma proposta formal, mas condicionada", disse ao jornal O Estado de S. Paulo o diretor de Operações da Valec, Bento José de Lima. A empresa, cujo nome é mantido em sigilo, informou estar interessada em transportar carga na ferrovia, desde que lhe seja garantido acesso até o porto de Itaqui (MA).

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Isso não é simples de assegurar, já que a linha entre Palmas e Itaqui é uma concessão da Vale. E essa concessão, no modelo "antigo", não obriga a empresa a permitir a passagem de composições de terceiros, a menos que haja capacidade ociosa na linha.

"A carga vai de Anápolis até Palmas, e depois a ferrovia é da Vale", diz o vice-presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog), Rodrigo Vilaça. "Há aí uma complexidade que a Valec terá de negociar." Se as linhas da Vale comportarão ou não a carga do novo operador, é algo que ainda será respondido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A agência leva em consideração que a mineradora está fazendo investimentos para duplicar a ferrovia, o que gradualmente aumentará sua capacidade.

"As regras do jogo não estão dadas. Por isso, o mercado se retrai e diz: 'é um tiro no escuro, não vou entrar nessa aventura'", avalia o presidente da Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Carga (Anut), Luis Henrique Teixeira Baldez, para explicar o pouco interesse do setor privado. As normas sobre o funcionamento do transporte independente de carga ferroviária só saíram um mês após o governo abrir a concorrência pelo uso da Norte-Sul. E continuam sendo corrigidas.

"Tem sido um processo atabalhoado", reconheceu o diretor da Valec. "É o preço que pagamos por querer acelerar as coisas." Além da regulação incompleta, a própria ferrovia carece de complementos, disse Baldez. O Estado revelou, na semana passada, que um trecho de 220 km da Norte-Sul liberado pela ANTT, entre Palmas e Gurupi (TO), não tem condições de tráfego. Trilhos foram roubados, dormentes apodreceram. A agência reguladora condicionou o uso da linha à conclusão dos reparos. E está vistoriando o restante da linha, para só então liberá-la.

Segurança

Mas a ferrovia carece de melhorias para além desses consertos, segundo o presidente da Anut. Faltam sinalização, desvios e sistemas de controle que são colocados na própria linha, mas não estão lá. "Não é só jogar o trilho", diz. O correto, segundo o executivo, seria concluir a instalação desses equipamentos, fazer um teste pré-operacional e, então, liberar a linha para o mercado.

O diretor da Valec diz que os sistemas a que Baldez se refere são usados em linha de tráfego intenso, o que não seria o caso desse trecho da Norte-Sul. No início, a expectativa é que passe um par de trens por dia. Por isso, esses equipamentos não serão implantados, informou Bento Lima. Os testes operacionais, por sua vez, estão em curso. No início, explica o diretor, os trens não trafegarão a velocidades acima de 30 km ou 40 km por hora. À medida em que houver segurança quanto ao tráfego da linha, os trens serão autorizados a acelerar. A velocidade média será de 60 km por hora. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pressionado por investidores, o governo concordou em montar uma estrutura de garantias mais robusta para os financiamentos de construção de ferrovias, tirando do radar o chamado "risco Valec". Em vez de transitar pela estatal, os títulos repassados pelo Tesouro como garantia dos empreendimentos serão administrados diretamente por um banco. A instituição financeira funcionará como um agente fiduciário.

A Valec, que é responsável em adquirir toda a capacidade de transporte das ferrovias, terá a titularidade dos R$ 15 bilhões em títulos que o Tesouro aportará para a estatal como garantia, mas a posse e gerenciamento dos papéis caberá à instituição financeira. Será uma espécie de operação de "penhor", segundo um fonte do governo. Uma operação em que o banco será contratado para cuidar dos títulos dados como garantia está sendo desenhada.

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A proposta de estrutura de garantias foi construída pelo Ministério da Fazenda e apresentada a representantes de nomeconstrutoras. A avaliação das empresas é que a solução não é a ideal, mas é a melhor que pode ser encontrada no momento.

As empresas interessadas em construir ferrovias tinham diante de si um grande problema. Os bancos não estavam aceitando, como garantia dos financiamentos, as receitas que elas teriam com a concessão. Esse modelo, chamado project finance, foi usado nas rodovias.

Dúvidas

Mas, no caso das ferrovias, a visão dos bancos é diferente porque, pelo modelo fixado, a receita de operação das concessionárias virá da Valec.E o mercado tem dúvidas se a empresa terá os aportes necessários nos 30 anos de duração do contrato de concessão. Esse é o chamado "risco Valec".

Nem a decisão do governo de aportar, na Valec, R$ 15 bilhões em títulos do Tesouro foi suficiente para dar segurança às instituições financeiras. Assim, a solução encontrada foi entregar os títulos para serem administrados por um agente fiduciário.

"Esse modelo dá mais robustez às garantias e confiança aos investidores, já que o banco será o responsável em repassar as garantias", disse a fonte. Isso, porém, não garante que as concessões vão deslanchar. Agora, os dois lados travam uma queda de braço sobre as estimativas de investimento e, por consequência, da rentabilidade da primeira linha a ser leiloada - entre Lucas do Rio Verde (MT) e Campinorte (GO).

Investimentos

Originalmente, a previsão de investimentos era de R$ 6,3 bilhões, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). No fim do ano passado, o Tribunal de Contas da União (TCU) refez as contas e fixou o valor em R$4,3 bilhões. As construtoras dizem que não foram consultadas pela ANTT sobre o valor. Assim, não podem confiar no montante fixado no edital.

Uma fonte do governo admite que a redução imposta pelo TCU deixa a margem das construtoras "muito justa". O próprio Ministério dos Transportes argumentou na Corte de contas e, em fevereiro, obteve uma vitória parcial. O TCU decidiu não impor os R4,3bilhões. Deixou o valor para ser definido pelo governo, mas vai analisá-lo depois de decidido. As empresas querem uma estimativa mais elevada de investimento, pois isso lhes dá uma margem mais confortável para operar, além de garantir maior rentabilidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo federal autorizou a União a repassar R$ 1,2 bilhão à Valec para aumento do capital social da empresa pública, responsável pela construção e exploração da infraestrutura ferroviária do País. A decisão consta de decreto publicado no Diário Oficial da União. (DOU)

O aumento se dará pela "incorporação de créditos da União no valor de R$ 1.235.859.195,02, decorrentes de ingressos de recursos recebidos em 2012, atualizados até 31 de dezembro de 2012, e atualização monetária de capitalizações anteriores". Com a transferência, o capital social da Valec passa de R$ 8,3 bilhões para R$ 9,5 bilhões.

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O Governo Federal publicou, nesta terça-feira (29), no Diário Oficial da União (DOU) o Decreto 8.134, que estrutura a Valec e aprova o estatuto social da empresa. Com a legislação, a empresa pública responsável pela construção e exploração da infraestrutura ferroviária do País teve seu capital social ampliado em R$ 2 bilhões, subindo de R$ 6,303 bilhões para R$ 8,341 bilhões, subscrito e integralizado totalmente pela União.

O decreto ratifica a Valec como operadora das concessões de ferrovias federais, destacando entre suas competências o seu papel de comprador e vendedor de toda a capacidade de transporte das ferrovias exploradas por terceiros. O texto também permite que a estatal participe minoritariamente do capital de empresas que tenham por objeto construir e operar a Estrada de Ferro 232 (EF 232).

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Ainda segundo a nova legislação, a Valec adotará mecanismos de governança semelhantes aos do novo mercado da BM&FBovespa, com divulgação de fluxo de caixa, adoção do padrão internacional de contabilidade de acordo com o International Financial Reporting Standards (IFRS), composição acionária somente de ações ordinárias, divulgação trimestral das informações financeiras, e divulgação anual do calendário de assembleias e reuniões de conselhos.

O texto ainda cita que a estatal, vinculada ao Ministério dos Transportes, é uma sociedade anônima de capital fechado, que tem entre suas fontes de receita recursos consignados nos orçamentos da União, recursos de operações de crédito, juros e venda de bens patrimoniais ou de materiais inservíveis e recursos provenientes de participações acionárias.

Após uma sequência de irregularidades em licitações para compra de trilhos pela Valec, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou nesta quarta-feira, 25, que a estatal parcele os próximos processos de compras para impedir que apenas uma empresa continue vencendo os pregões.

O processo analisado pelo TCU diz respeito à compra de 95 mil toneladas de trilhos para a ferrovia Norte-Sul entre Ouro Verde (GO) e Estrela d'Oeste (SP), revogada pela própria Valec em março. De acordo com o ministro do tribunal relator do processo, Walton Alencar Rodrigues, foi a quarta licitação em série da estatal revogada por suspeitas de irregularidades. Na ocasião, apenas a PNG em parceria com a chinesa Pangang se apresentou e ganhou a concorrência.

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"Nenhuma outra empresa poderia fornecer esse quantitativo de trilhos. A licitação em análise constitui um mero simulacro de licitação, um túmulo horroroso onde se enterra toda a incompetência administrativa da Valec", afirmou Rodrigues.

Além disso, o TCU constatou que a PNG é a mesma empresa da Dismaff, que havia vencido uma licitação anterior da Valec que também foi impugnada. "As companhias têm os mesmos sócios. Uma é backup da outra", definiu Rodrigues.

A Dismaff está proibida de fornecer ao governo por ter sido considerada inidônea devido a um contrato com os Correios.

A Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. anunciou a suspensão de duas concorrências. Essas decisões foram publicadas na edição desta sexta-feira, 06, do Diário Oficial da União. A medida leva em consideração uma decisão do Tribunal de Contas da União, "até que este decida sobre o mérito das questões suscitadas no processo TC 016.357/2013-2". Na internet, o sistema de pesquisa do TCU informa, sobre esse processo, que trata-se de "representação acerca de possíveis irregularidades verificadas no âmbito da Concorrência 004/13 - Valec".

A decisão afeta diretamente a concorrência prevista no edital nº 04/2013, que trata da contratação de empresa especializada para elaboração de Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA), levantamento aerofotogramétrico e projeto básico de engenharia do corredor ferroviário de Santa Catarina, segmento Itajaí-Dionísio Cerqueira (SC).

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Sob a mesma argumentação, a Valec decidiu suspender também a concorrência prevista no edital nº 05/2013, que trata da contratação de empresa especializada para elaboração de EVTEA, levantamento aerofotogramétrico e projeto básico de engenharia do trecho Porto Velho-Vilhena (RO) da EF-354, a Ferrovia Transcontinental.

Implementar as mais novas mudanças nas concessões ferroviárias significa adiar as licitações dos 11 mil quilômetros de trilhos para o ano que vem, avaliaram especialistas consultados pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Além disso, a substituição da Valec por uma nova estatal na gestão ferroviária pode se mostrar uma medida inócua para atrair investidores, tendo em vista o que foi anunciado até o momento, porque não ataca o principal questionamento do modelo de concessão: a garantia de receita dos investidores ao longo dos contratos.

O ministro dos Transportes, César Borges, e a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, informaram nesta segunda-feira, 2, que o governo prepara uma medida provisória (MP) para substituir a Valec por uma nova estatal, a Empresa Brasileira de Ferrovias S.A (EBF), que ficaria com o papel de comprar a capacidade dos novos trechos ferroviários que serão licitados e vendê-la para operadores de carga.

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Os dois foram enfáticos em descartar um adiamento de leilões das linhas férreas devido à medida. A grande maioria dos especialistas, contudo, acredita em postergação do processo previsto para começar em 18 de outubro, com a licitação do trecho Açailândia (MA) - Barcarena (PA).

As MPs têm validade de 60 dias prorrogáveis por igual período. Se fosse lançada nesta segunda-feira e a votação ocorrem em 120 dias previstos, o processo seria arrastado para fevereiro do ano que vem, pois existe um recesso do Congresso de 23 de dezembro a 1º daquele mês. Rodrigo Barata, especialista do escritório Madrona Hong Mazzuco Sociedade de Advogados (MHM), lembra que o Legislativo brasileiro tem histórico de votar medidas provisórias próximas ao vencimento. "Conhecendo o nosso Legislativo, a votação fica para os últimos dias", disse.

O presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça, afirmou que a novidade vai levar ao adiamento dos leilões, mas considera a medida como positiva. "O governo encontrou um jeito de adiar os leilões e pensar mais e melhor." Um analista de mercado de uma financeira internacional, que pediu para não ser identificado, já descartou concessões ferroviárias neste ano.

A substituição da Valec pela EBF foi elogiada por ter uma instituição com maior credibilidade na gestão das ferrovias, mas não ataca o problema de falta de garantia real de receita para os vencedores dos leilões. "Essa unidade vai vestir um chapéu com maior credibilidade que a Valec, mas a grande questão é se haverá ou não respaldo financeiro e se haverá garantia do Tesouro", explicou o analista.

No modelo de concessão da presidente Dilma Rousseff, chamado de open access, a Valec - que será trocada pela EBF - vai comprar toda a capacidade da via e repassar a quem desejar utilizar os trilhos. A Valec tem R$ 15 bilhões em caixa para o início da operação, verba que será integralmente repassada à nova estatal, segundo o governo. Para concessões de 35 anos, o montante é insuficiente para afastar desconfianças. "A medida é positiva num primeiro momento, porque cria uma cadeira com maior respaldo, mas ainda restam dúvidas sobre quem será o garantidor de última instância", disse o analista.

Insegurança jurídica

Apesar da boa intenção do governo em aperfeiçoar o modelo, outra mudança é mais motivo para deixar o investidor com o pé atrás, segundo o advogado Bruno Dario Werneck, do escritório Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroa. "A novidade, por mais bem intencionada que seja, foi feita de última hora e cria sensação de insegurança jurídica", disse.

"É muito confuso para o investidor", endossou Werneck. Ele defende um modelo de Parceria Público-Privada (PPP) para ferrovias, que daria previsibilidade de receita ao investidor. Ou então ter o Tesouro Nacional como fiador dos projetos. "Essa seria uma medida barata e ajudaria a salvar as concessões ferroviárias."

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, vê a saída da Valec como uma ação necessária para credibilidade na gestão do governo nas concessões. Reconhece, todavia, que o mercado carece de uma garantia adicional de que terá receita durante todo o contrato. "É uma reestruturação necessária para apagar um nome que não vinha bem no mercado.".

O dirigente não considera atrasos como tempo perdido, porque o modelo em construção para o trecho Açailândia-Barcarena será utilizado nos demais. "O que aconteceu de um ano para cá não é perda de tempo, é um tempo de aperfeiçoamento para que, quando sair o edital, não haja tantas dúvidas", finalizou Abate, que se mantém otimista: "O Brasil em 2014 será um canteiro de obras".

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, confirmou a reformulação da Valec com a criação de uma empresa para substituí-la, o que facilitaria a concessão de ferrovias que enfrenta resistência do setor privado. Segundo a ministra, a nova empresa será necessária porque "havia dúvidas" se a Valec teria perfil para executar o projeto de concessões ferroviárias.

Uma medida provisória (MP) será assinada pela presidente Dilma Rousseff, nos próximos dias, criando a nova empresa, que terá como atribuição gerenciar a demanda da malha ferroviária do País. O ministro dos Transportes, César Borges, informou mais cedo nesta segunda-feira, 2, que a nova estatal será chamada Empresa Brasileira de Ferrovias (EBF).

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A ministra não quis admitir novos atrasos no cronograma de leilões, o que também foi descartado por Borges. "No modelo de ferrovias, estava previsto que a Valec cumprisse o papel de venda da capacidade das ferrovias depois que elas são construídas e havia, digamos, dúvidas se o desenho atual da Valec seria o mais adequado para fazer isso", declarou Miriam, após reunião no Planalto sobre a participação social no monitoramento do Plano Plurianual (PPA).

"O setor privado tinha dúvidas. Então, resolvemos aproveitar e fazer uma reestruturação da Valec para tirar essa dúvida para que os interessados nas concessões de ferrovias fiquem mais tranquilos e possam participar com mais segurança do processo de concessão, e outros ajustes que já eram necessários serem feitos lá", afirmou a ministra, acrescentando que a área de ferrovias, atualmente subordinada ao Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit, que responde ao Ministério dos Transportes), também passará para a nova empresa.

Miriam esclareceu que, com a substituição da Valec por outra estatal, não haverá criação de cargos nem estrutura nova, mas uma reestruturação. A ministra do Planejamento explicou que a nova empresa continuará "responsável pela execução das obras públicas assim como hoje é a Valec, mas também será responsável pela venda da capacidade das ferrovias que serão construídas".

De acordo com a ministra, "o modelo tem um problema que quem é o responsável pela concessão da ferrovia não facilita que outros usuários possam utilizar deixando uma capacidade ociosa nas ferrovias". E emendou: "para garantir que nossas ferrovias sejam utilizadas no seu maior potencial, é necessário retirar esse poder de controle que só o chamado direito de passagem não estava garantindo. Com isso, nós contrataremos a execução da obra através de uma concessão e depois a capacidade da ferrovia será comprada pela nova empresa que aí sim poderá vender essa capacidade para os vários interessados".

Miriam assegurou que a MP com as mudanças sairá "o mais rapidamente possível", porque deve incidir sobre o processo de concessões que o governo não quer atrasar. "A gente está confiante que, independente disso, há muitos interessados tanto em rodovias quanto em ferrovias. A gente está é se cercando de todos os cuidados para ter o maior sucesso no processo de concessões", completou a ministra.

O governo federal começou, na quinta-feira (6), a engordar o caixa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Por meio de medida provisória, autorizou um aporte de R$ 15 bilhões, que o Tesouro Nacional vai bancar vendendo papéis no mercado para levantar o dinheiro. Ou seja, aumentará a dívida pública para reforçar os cofres do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Ao mesmo tempo, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, a equipe econômica e o Palácio do Planalto estudam, nos bastidores, uma nova injeção de recursos no BNDES no segundo semestre, que pode oscilar entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões.

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A operação de quinta-feira (6), é distinta das que o Tesouro fez desde 2009, em resposta à crise. Por meio de capitalizações, como a realizada nessa quinta-feira, o governo melhora o balanço do BNDES, preparando a instituição para regras internacionais de controle de capital mais rígidas que entrarão em vigor no ano que vem, conhecidas como "Basileia 3".

Já os empréstimos diretos do Tesouro ao BNDES servem para "dar musculatura" ao banco, como afirmou uma fonte do governo. Ou seja: aumenta a capacidade de empréstimo da instituição para estimular a economia e financiar investimentos. Principal agente de crédito de longo prazo no País, o BNDES ganhará importância no segundo semestre, com os leilões de aeroportos, rodovias, ferrovias, portos e petróleo e gás.

Prática recorrente

As injeções de títulos públicos do Tesouro no BNDES têm sido prática recorrente nos últimos anos, mas o governo tenta reduzir os volumes. Foram R$ 100 bilhões transferidos em 2009, seguidos de R$ 80 bilhões em 2010, outros R$ 55 bilhões em 2011 e, finalmente, R$ 45 bilhões no ano passado. Todas essas operações se refletiram no aumento da dívida pública federal, mas, por se constituírem em empréstimos, esse dinheiro vai retornar ao Tesouro quando o BNDES iniciar a amortização.

Resta ainda, ao governo, definir como a capitalização feita na quinta-feira, 6, será compreendida nessa política de "fortalecimento" do BNDES. Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, caso o Tesouro entenda que os R$ 15 bilhões transferidos ao BNDES nesta quinta-feira, já auxiliam o banco de fomento no crédito para investimentos, então o empréstimo a ser realizado no segundo semestre poderá ser menor, de R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões.

No entanto, se o núcleo do governo avaliar que a capitalização desta quinta-feira foi uma operação distinta, os técnicos entendem que o Tesouro deve emprestar até R$ 30 bilhões adicionais. A MP também injeta R$ 15 bilhões na estatal Valec, para que sua situação financeira não preocupe os empresários interessados na concessão de ferrovias.

Bondades

O BNDES recebeu um verdadeiro pacote de bondades com a MP. Além da capitalização, que será feita parcialmente este ano, o banco terá um desconto nas dívidas com o Tesouro desde 1997. Isso será feito por meio da renegociação dos juros dessas operações, que ficarão mais baratos para o banco.

Segundo o secretário executivo interino do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira, essa renegociação tem o objetivo de aproximar o custo de captação do banco das taxas cobradas dos clientes. Ele não informou quanto será renegociado, nem qual o desconto potencial que o BNDES terá nos empréstimos.

Os contratos a serem repactuados são, na maioria, relativos ao Programa de Sustentação dos Investimentos (PSI), por meio do qual o BNDES manteve as empresas abastecidas de recursos em meio à crise de 2008 e 2009. O BNDES também foi dispensado de repassar para o Tesouro os valores que os clientes pagam antes do vencimento. Originalmente, a transferência teria de ser feita. "Mas não faz sentido, porque pelo outro lado estamos fazendo empréstimos ao BNDES." Colaborou Lu Aiko Otta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A presidente Dilma Rousseff publicou hoje no Diário Oficial da União a Medida Provisória 618, com ações que beneficiam a Valec e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Entre outros pontos, a MP também traz dispositivo que favorece a cooperação energética do Brasil com outros países latinos, altera o cálculo da Receita Líquida Real dos municípios e dispõe sobre a aquisição de crédito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pela União.

Pelo texto, a União está autorizada a emitir títulos da Dívida Pública Mobiliária Federal para o aumento do capital social da Valec no valor de até R$ 15 bilhões. O valor será destinado "a honrar compromissos assumidos com os concessionários que irão explorar os trechos ferroviários definidos em ato do ministro de Estado da Fazenda".

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A MP também autoriza a União a conceder crédito ao BNDES, no montante de até R$ 15 bilhões, em condições financeiras e contratuais definidas em ato do ministro da Fazenda que permitam o seu enquadramento como instrumento híbrido de capital e dívida ou elemento patrimonial que venha a substituí-lo na formação do patrimônio de referência, nos termos de normas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. A cobertura do crédito será sob a forma de colocação direta por meio da emissão de títulos da Dívida Pública Mobiliária Federal.

O texto ainda diz que a União poderá renegociar as condições financeiras e contratuais de operações de crédito com o BNDES e também permite ao banco adotar, em operações ativas de crédito com recursos da União, o contravalor, em moeda nacional, da cotação do dólar norte americano, divulgada pelo Banco Central, como índice de atualização, e de cláusula de reajuste vinculado à variação Cambial.

FGTS, municípios e cooperação energética

A Medida Provisória 618 também altera uma outra MP para dispor sobre a aquisição de crédito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pela União. Nesse trecho, entre outras alterações, o texto diz que, a exclusivo critério do ministro da Fazenda, os créditos adquiridos da Caixa pela União, decorrentes de operações com o FGTS, poderão ser substituídos por novos créditos decorrentes de operações realizadas diretamente com recursos do fundo, pelo seu valor de face.

Em outro artigo, a norma exclui do cálculo da Receita Líquida Real dos municípios as receitas provenientes da outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso, das operações urbanas consorciadas e da transferência do direito de construir.

Para promover a cooperação energética com países da América Latina e a aproveitar racionalmente os equipamentos de geração de energia elétrica, a MP diz que órgãos e entidades federais poderão ceder, a título oneroso ou gratuito, o uso de bens caracterizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) como inservíveis à concessão de serviço público.

"As ações de cooperação dependerão de aprovação prévia do Ministro de Estado de Minas e Energia", cita a norma. "Para a execução dessa cooperação, é dispensada a licitação para a União para contratar e celebrar acordos com empresas estatais federais para prestar ou supervisionar serviços de logística e de recuperação, reforma e manutenção de equipamentos de geração de energia elétrica", complementa.

A Valec pretende disponibilizar a capacidade de transporte do trecho ferroviário entre as cidades de Caetité e Ilhéus (BA), dentro da Ferrovia de Integração Oeste Leste (Fiol). A oferta foi publicada na edição desta quarta-feira do Diário Oficial da União. No texto, a Valec informa que a conclusão das obras e início das operações MP trecho estão previstos para dezembro de 2014.

De acordo com o comunicado, poderão participar do processo usuários que desejarem transportar carga própria, operadores ferroviários independentes, operadores de transporte multimodal e os atuais concessionários de transporte ferroviário.

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A Valec informa, ainda, que a cessão onerosa da capacidade "será realizada mediante cumprimento de condições operacionais oportunamente fixadas, vedadas situações que configurem ou possam configurar monopólio, domínio de mercado e restrição à livre concorrência, conceituados na legislação específica". Destaca também que o exercício do direito de uso de capacidade na infraestrutura ferroviária dependerá da celebração de contrato específico com a Valec.

O comunicado alerta que as regras operacionais e tarifárias serão especificadas posteriormente, bem como os procedimentos de solicitação de reserva de horário e alocação de capacidade. "Em complemento à cadeia logística regional, a Valec conta com a ampliação do complexo portuário de Ilhéus, o que tornará a ferrovia um corredor de alta capacidade de transporte", acrescenta o comunicado.

Escolhida para desempenhar um papel central no novo modelo brasileiro de ferrovias baseado em concessões, a estatal Valec gastou menos da metade do dinheiro que lhe foi reservado no passado para avançar em projetos como a Norte-Sul e a Oeste-Leste. A capacidade gerencial da estatal é foco de preocupação dos potenciais concessionários, que apontam para o "risco Valec".

Em 2012, foi desembolsado R$ 1,041 bilhão, quando havia R$ 2,287 bilhões disponíveis. O mesmo aconteceu em 2011 e 2009, de acordo com levantamento feito pelo economista Mansueto Almeida, graduado pela Universidade Federal do Ceará (UFCE). Nesses anos, a Vale Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. executou mais ou menos metade do orçamento. Apenas no ano eleitoral de 2010 é que os gastos subiram bastante, atingindo R$ 2,475 bilhões para uma dotação de R$ 2,535 bilhões. "Mas vocês mesmos mostraram que houve problemas", disse o Almeida, referindo-se a reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo na semana passada, sobre um relatório interno da Valec que reconhece erros de projeto e falhas na gestão. Em 2010, a empresa estava sob comando do então presidente José Francisco das Neves, mais conhecido como Juquinha, afastado na "faxina" promovida pela presidente Dilma Rousseff. Juquinha chegou a ser preso por suspeita de corrupção na construção da norte-sul.

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Capacidade

O programa de exploração do sistema de transportes sobre trilhos prevê investimentos de R$ 91 bilhões para construir dez mil quilômetros de ligações férreas. Pelo modelo, as empresas construirão as linhas e venderão 100% da capacidade para a Valec, que a revenderá a quem tiver carga. Se a companhia não conseguir clientes para as ferrovias, ficará com o prejuízo.

"É preocupante porque isso pressupõe um Estado bem-estruturado", observou o economista. "O governo falha em coisas bem mais simples." Almeida cita como exemplo as rodovias concedidas em 2007. Segundo reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo neste domingo (10), as vencedoras dos leilões não fizeram parte dos investimentos previstos nos contratos.

Banal

Um dos formuladores do programa de concessões, o presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, minimiza a questão. "A Valec, necessariamente, tem de ser redesenhada", afirmou. "Mas essa gestão não é complicada, não é uma coisa superespecializada; essa reorientação da Valec, é uma coisa banal."

Figueiredo observou que a estatal terá cinco anos para se preparar, pois esse é o prazo previsto para a construção dos novos trilhos. Ele acrescentou ainda que o novo desenho não é uma absoluta novidade para a estatal. Já em 2010, uma missão foi enviada à Espanha para estudar o funcionamento do Administrador de Infraestrucutras Ferroviarias (Adif), a estatal de ferrovias de lá, que desempenha papel semelhante ao da nova Valec.

Figueiredo insistiu que o trabalho da Valec não será complexo porque a empresa não terá de negociar preços (que serão fixados nos leilões), ou quem pode ou não usar as ferrovias. O papel da estatal será fazer a ponte entre o volume de carga existente e as empresas interessadas. Os Ministérios da Fazenda e dos Transportes buscam uma fórmula para assegurar que o concessionário não receberá "calote" da Valec. O governo deve pôr um ativo como garantia dos pagamentos futuros.

A Valec Engenharia publicou os editais sobre a contratação de obras e serviços remanescentes necessários para a conclusão de um trecho de quase 900 quilômetros da Ferrovia Norte-Sul entre Tocantins e Goiás. Os avisos de licitação foram publicados no Diário Oficial da União desta sexta-feira (16), citando que a operação será realizada por meio do Regime Diferenciado de Contratação (RDC) presencial.

Segundo informa a Valec, tratam-se dos últimos editais voltados para a contratação de obras e serviços remanescentes necessários para a conclusão do trecho da Ferrovia Norte-Sul entre o pátio multimodal de Palmas/Porto Nacional (TO) e o Porto Seco de Anápolis (GO). Esse trecho tem 855 quilômetros.

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De acordo com a empresa, entre as obras que ainda precisam ser realizadas estão trabalhos de assoreamento e lançamento da camada de proteção de brita na margem da via, em alguns pequenos trechos. Além disso, será necessário realizar a construção e estruturação dos pátios multimodais de Porangatu, Uruaçu, Santa Izabel, Jaraguá e Anápolis, todos em Goiás, com a logística necessária para os serviços de carga e descarga dos trens. A empresa trabalha com a previsão que em setembro de 2013 todas essas obras estejam concluídas.

As obras de infra e de superestrutura, que incluem a preparação do leito ferroviário e o lançamento dos dormentes e trilhos, já estão concluídas em todo o percurso da via, nesse trecho. Em Tocantins, a Valec concluiu os trabalhos em agosto deste ano, em uma extensão de 300 quilômetros, localizado entre o pátio multimodal de Palmas/Porto Nacional e o córrego Chicote, no sul do Estado.

O primeiro dos avisos publicados no Diário Oficial sobre o tema foi o do RDC presencial nº 3/2012, sobre a "contratação integrada de elaboração de projeto executivo e execução de obras e serviços remanescentes necessários para complementar o trecho ferroviário compreendido entre o km 1.029,89 (Córrego Chicote/TO) e o km 1.294,00 (Pátio de Uruaçu/GO) da Ferrovia Norte-Sul, bem como manutenção do referido trecho". A entrega das propostas está marcada para a manhã do dia 7 de janeiro de 2013.

Também foi publicado o aviso de licitação do RDC presencial nº 4/2012, sobre a "contratação integrada de elaboração de projeto executivo e execução de obras e serviços remanescentes e necessários para a conclusão do Trecho Ferroviário compreendido entre o km 1.294 (Pátio de Uruaçu/GO) e o km 1.574,00 (Porto Seco/GO) da Ferrovia Norte-Sul, bem como manutenção do referido trecho". A entrega das propostas ocorrerá na manhã do dia 9 de janeiro de 2013.

O ministro dos Transportes, Paulo Passos, confirmou nesta sexta-feira que o presidente da Valec, José Eduardo Castello Branco, deixou o comando da estatal. "É verdade, eu confirmo. Ele me fez uma carta e entende que, durante esse ano que passou na Valec, já deu uma contribuição importante", afirmou.

De acordo com o ministro, Castello Branco alegou razões pessoais para sair do cargo. "Ele entende que é o momento de dar outro passo e me encaminhou uma carta pedindo exoneração", disse. Passos afirmou que ainda não há um substituto para o comando da Valec.

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O ministro negou que a saída de Castello Branco possa atrasar os planos do governo na área de concessões ferroviárias. Passos disse que a Valec entrará no projeto em um segundo momento, para comprar e vender a capacidade das ferrovias, que, antes, terão de ser construídas. "As coisas continuam. A Valec está em um caminho bom, de ajustamento interno, de aprimoramento das suas práticas como empresa de engenharia ferroviária. Não há comprometimento, não", afirmou.

Castello Branco ocupava a presidência da Valec desde outubro. Seu antecessor, José Francisco das Neves, deixou a estatal após denúncias de corrupção e chegou a ser preso em uma operação da Polícia Federal neste ano. O ministro confirmou também a saída da diretora de engenharia da Valec, Célia Rodrigues, que alegou problemas de saúde.

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