Tópicos | Túlio Velho Barreto

Desde que assumiu o comando da presidência da Câmara Federal, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tem travado constantes embates com a presidente Dilma Rousseff (PT). Apesar de integrarem partidos aliados de primeira hora, o relacionamento político-institucional entre os dois é um campo minado, principalmente no tocante do legislativo. Eduardo Cunha tem feito esforços aparentes para conseguir derrubar matérias de interesse da petista. O posicionamento, para alguns cientistas políticos, pode refletir no relacionamento entre a presidente Dilma e outros partidos que compõem a base, atraindo prejuízos mais amplos para a chefe do Executivo nacional. 

“Esses embates terminam fragilizando essa coalizão, dado que o custo para manter os demais partidos aliados aumenta já que a principal legenda tem um líder com um alinhamento contrário à da presidente Dilma, que teoricamente deveria ser a líder do processo”, observou o cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ernani Carvalho. “O posicionamento dele se alastra para os outros partidos também. Não é só o custo de ter uma liderança do PMDB contra uma política do governo Dilma. Eles (os outros partidos) podem começar a se perguntar: ‘se o principal partido da aliança faz o que faz, porque nós temos que estar alinhados?’”, acrescentou o estudioso.

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Além das consequências entre as legendas que compõem a base de Dilma, outro prejuízo é quando as matérias, que são de interesse da sociedade, têm itens rejeitados ou os textos, que prejudicam de alguma forma a população, são aprovados. Os últimos exemplos disso foram às matérias que promoviam o ajuste fiscal do país e o texto da terceirização. 

“A quebra de braço entre líderes ou partidos políticos faz parte do jogo democrático. Mas transformá-la em disputa entre os poderes não contribui para a democracia e a governabilidade, muito pelo contrário. No momento em que as medidas de iniciativa do governo têm relação direta com os ajustes, por exemplo, apontados pelo governo como necessários para se vencer a crise em curso, isso é mais grave”, avaliou o cientista político e  pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, Túlio Velho Barreto. 

Segundo o estudioso, o posicionamento de Cunha “tensiona” ainda mais a relação entre ele e Dilma. Para amenizar os embates, Velho Barreto afirmou ser necessário que ambos baixem à guarda e ampliem o diálogo. “Falta mais disposição e iniciativas para o estabelecimento de diálogo maior entre eles; mas, ressalto, falta isso a ambos”, argumentou. Cunha tem, inicialmente, um ano e seis meses de mandato à frente da Câmara dos Deputados para realinhar seu posicionamento ao da base governista e ampliar o diálogo com a presidente Dilma. 

Com reivindicações de milhares de brasileiros mesmo antes de completar 100 dias de gestão, a presidente Dilma Rousseff (PT) iniciou o segundo mandato com dificuldades. Além das manifestações em todo o Brasil, às pesquisas sobre sua popularidade e gestão, também não obtiveram resultados positivos. Elencado a isto, a petista perdeu em menos de 15 dias dois ministros e tem encarado ainda, dados negativos com o pequeno crescimento do PIB 2014 de 0,1%, divulgado nesta semana.

A “crise” citada pela oposição, como uma das maiores, pode ter vários motivos, entre eles, o cientista político Túlio Velho Barreto, frisa a falta de liderança e o fato dela ser ainda, uma neófita no PT. 

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Para o líder do DEM na Câmara dos Deputados, Mendonça Filho, o primeiro passo que a presidente deveria tomar seria assumir os erros e em seguida reduzir gastos. “Acho que a primeira coisa era ela reconhecer que não disse a verdade para o povo. Tudo que ela disse que não ia aumentar, aumentou. Juros, mexeu no desemprego, a inflamação subiu o preço da gasolina e energia também, e está retirando direitos sociais, reduzindo o valor das pensões”, descreveu o democrata, cobrando ainda cortes no governo. “Ela traiu o eleitor, por isso, tem que reconhecer a sua meia culpa e depois fazer um reajuste em cima das gorduras do governo”, criticou.

Semelhante ao democrata, o deputado federal Daniel Coelho (PSDB) também pediu redução nos gastos do governo. “Ela deveria mudar a condução do governo, cortar ministérios, cortar comissionados para poder voltar investir na população. Eles cortaram a verba do Fies, do Pronatec, de direitos trabalhistas, mas não cortam nada do governo. Teria o apoio de todos os governantes e de toda a oposição se cortasse do governo para não cortar no bolso da população”, disparou. 

Diferente dos opositores, a presidente do PT em Pernambuco, deputada Teresa Leitão, acredita que os pontos negativos obtidos por Dilma é devido às críticas e não aceitação da oposição nas ações realizadas. “A popularidade negativa da presidente é porque o momento é de bombardeio de algumas medidas que o governo está tomando e o governo está fazendo algumas agendas positivas”, defendeu, revelando que o próprio partido está em avaliação. “Decidimos fazer plenárias regionais no Estado: duas no Sertão, duas na Zona da Mata e duas na capital. Elas já estão sendo feitas para explicar a população o que está acontecendo, e mostrar os reais motivos de tanto acirramento. Fazer o debate político”, pontuou. 

Para Túlio Velho Barreto, a dificuldade da presidente Dilma Rousseff não é ter ou não um discurso forte, mas sim, o fato dela não ser uma liderança que foi forjada, que se formou junto aos movimentos sociais ou a outros setores ou atores sociais ou econômicos. “É importante relembrar que a presidente, antes de entrar no PT, era militante e um quadro do PDT gaúcho, do PDT brizolista. Portanto, ela não deixa de ser uma neófita no PT. Não foi sua fundadora nem tem raízes no partido, e não chega a ser nem uma liderança do PT. Ela nunca foi uma líder carismática como Lula, por exemplo. (...) Dilma Rousseff foi alçada à condição de candidata à presidente por Lula. Nesses aspectos residem a dificuldade dela de ter um discurso ou brilho próprio”, contextualizou. 

Diante das dificuldades existentes e por falta de liderança própria, o cientista político acredita que a participação de Lula pode ser proveitosa para mudar esta realidade. “É certo que o ex-presidente Lula poderia cumprir um papel relevante e positivo na interlocução com tais setores em nome do governo e do PT. Pois, é inegável, a liderança, a popularidade e o prestígio do ex-presidente junto aos movimentos sociais, em particular, e de amplos setores da sociedade, em geral. O problema é identificar o limite dessa atuação, pois, dependendo de sua extensão, pode passar a mensagem de que a presidente está tão fragilizada que precisa recorrer a tal expediente”, destacou.

Barreto também analisou a situação do governo em meio à saída do segundo ministro, Thomas Traumann, em menos de um mês. “Mostra o tamanho das dificuldades que o governo está tendo, nesse segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, para compor uma equipe que a ajude a enfrentar a situação econômica delicada e a crise política desencadeada pelo escândalo da Petrobras, que envolve, sobretudo, muitos de seus aliados e alguns membros de seu partido”, destacou o especialista, elencando também pressões por partes de partidos. “E mostra ainda a  dificuldade de ajustar a equipe diante da pressão, sobretudo do PMDB, seu principal aliado, uma legenda que se pauta pela política do toma-lá-dá-cá, fortalecida com a chegada do deputado Eduardo Cunha à presidência da Câmara Federal com a ajuda do chamado baixo clero e seus interesses imediatos, pessoais e corporativistas”, ressaltou Túlio Velho Barreto.

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A nova configuração da corrida presidencial instalada com a morte do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), deixa a disputa mais acirrada. De acordo com cientistas políticos, a inserção de Marina Silva (PSB) como protagonista no pleito traz à tona um novo cenário para os próximos 45 dias. O que antes era uma competição mais centralizada entre Aécio Neves (PSDB) e a presidente Dilma Rousseff (PT), tornou-se um acirramento maior entre Neves e Marina, que pleiteiam, agora, uma vaga para um eventual segundo turno. 

“A disputa fica mais acirrada, pois Marina sempre teve um percentual maior de voto. Tudo muda. Com Eduardo ela tinha somado muito pouco, não conseguiu transferir votos”, analisou o professor e cientista político, Hely Ferreira. Segundo ele, a única vez que se pode observar maciçamente uma transferência de votos foi em 1989, quando Leonel Brizola (PDT) apoiou o ex-presidente Lula (PT) numa disputa presidencial.

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Para o cientista político e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, Túlio Velho Barreto, o cenário fica mais acirrado com a nova candidata. “Temos um quadro estabilizado: Dilma em primeiro, Marina e Aécio disputando quem vai para um eventual segundo turno. Agora Aécio que não tinha uma sombra relevante passa a ter, ele vai ter que enfrentar Dilma e não pode deixar de observar os passos de Marina. Ele pode ser atropelado por ela”, conjecturou. 

Indagado sobre o ativo de votos que Marina tem desde a eleição de 2010 e estavam, a maior parte deles ainda indecisos, Barreto afirmou que a neosocialista ainda vai precisar se estabilizar diante da população brasileira. “Ela precisa se estabilizar ou crescer a despeito das dificuldades que vai ter nos palanques estaduais em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais”, disse. Para o cientista, Marina deverá medir o comportamento dela quanto ao Nordeste do país. “Sem dúvida Dilma e Eduardo concorriam acirradamente da região Nordeste, que tem o segundo maior colégio eleitoral, principalmente com a paternidade das obras”, registrou. 

Quanto se a comoção nacional sobre a tragédia que vitimou Campos vai influenciar na corrida, Hely Ferreira disse que o caso será mais forte apenas em Pernambuco. “Este peso é mais local, no cenário nacional isso não surte muito efeito não. Daqui a alguns dias ele será lembrado como um candidato de forma trágica. Não vejo com muita importância nacional não”, observou. 

Corroborando com Ferreira, Velho Barreto disse ser necessário medir bem o uso da imagem de Campos na campanha do PSB. “A morte trágica trouxe para campanha um componente que não estava no cenário, que é o emocional. Os políticos terão que medir com uma régua bastante precisa o uso da tragédia. Até certo ponto talvez isso seja positivo, mas ultrapassando isso pode gerar problemas”, pontuou.

O texto divulgado na página oficial do Facebook do PT intitulado “A balada de Eduardo Campos”, gerou um desconforto entre petistas e socialistas. Se desde o desembarque do PSB da base aliada do governo de Dilma Rousseff (PT) o relacionamento entre eles já não estava bom, agora então se pode dizer que é o início da “guerra eleitoral” de 2014. Campos presidenciável e Dilma tentando a reeleição as farpas entre o PT e o PSB este ano estão apenas começando

Para o cientista político, Túlio Velho Barreto, o artigo do PT inseriu um novo ingrediente na disputa eleitoral. “Fica evidente a disposição (do PT) de travar com o governador (Eduardo Campos) um debate mais forte que até então não vinha ocorrendo. A nota coloca um novo ingrediente nesta disputa, parece partir mais abertamente até em tom de guerra mesmo, fazendo cobranças com relação à postura dele (de Eduardo Campos) por todo o relacionamento que teve durante tanto tempo com o PT”, analisou o especialista.

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Outro ponto a ser evidenciado, segundo Barreto, é a autoria do texto. A direção nacional do PT até agora não se posicionou quanto a ela. “É estranho. Se houvesse um certo cuidado da direção partidária ou uma discordância com a nota, ela já teria sido retirada”, assegurou.

De acordo com o estudioso, o artigo também pode ser uma resposta dos petistas a aproximação de Campos com o PSDB, liderado pelo senador e presidenciável Aécio Neves. “Isso parece uma resposta, ainda que não oficial da direção partidária, a aproximação e aliança de Eduardo com o PSDB, materializada a partir da entrada do PSDB na base de apoio do governador de Pernambuco”, pontuou Barreto.

“Esta aproximação é diferente, o PSDB já é aliado do PSB em muitos lugares do Brasil, mas a questão é que aqui foi conduzido diretamente pelo governador, então é um claro indicio de que o governador já está fazendo a opção de aproximação com Aécio Neves, na perspectiva de um segundo turno”, acrescentou. 

 

A inserção do voto facultativo na proposta da Câmara Federal para a Reforma Política pode gerar ainda muitas discussões no Congresso Nacional. Na análise do cientista político, Túlio Velho Barreto, a matéria “caiu de paraquedas” em meio às propostas da Reforma e pode acarretar a redução dos votantes no Brasil. De acordo com o estudioso é pouco provável que a medida seja aprovada pelo Congresso Nacional.

“Essa discussão é antiga, vira e mexe ela volta à tona no âmbito da Reforma Política. A princípio sou favorável ao voto facultativo, mas acho que é uma mudança, mesmo sendo uma demanda das ruas e a tentativa de incluí-la nessa luta pelas respostas, difícil de ser aprovada no Congresso, pois entre ser incluído e ser aprovado pelo Congresso vai uma distância grande”, pontuou.

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Velho Barreto afirmou também que, se a matéria for aprovada, cresce mais ainda o desafio dos candidatos. “Muda a dinâmica eleitoral, pois com o voto obrigatório você não precisa convencer o eleitor a votar, mas só a votar em você. E no facultativo os políticos terão que convencer duas vezes”, analisou.

O voto facultativo dificulta o controle do eleitorado, além de reduzir o índice de votantes. Principalmente para aqueles que vão às urnas para votar em branco ou nulo. “O voto no Brasil é obrigatório, mas a penalidade para quem deixa de votar é pequena. O percentual de quem não vota em uma eleição vem crescendo historicamente. A tendência é que as pessoas participem menos do processo eleitoral, muitos votam porque é obrigatório mesmo e não por contribuir com a melhoria do Brasil”, refletiu o estudioso. 

A saída do PSB do Governo Federal pode render bons frutos para outros partidos, entre eles o PMDB que protagonizou, há alguns meses, uma crise interna com o PT. A participação dos peemedebistas na gestão de Dilma Rousseff (PT), já tem um amplo leque, por ocupar a cadeira da vice-presidência, no entanto com o crescimento nacional do nome do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), o vice Michel Temer (PMDB), poderia ser substituído por Campos. Caso a vontade do ex-presidente Lula, de ter o socialista na chapa majoritária, se sobressaísse. 

Para o cientista político e professor da UFPE, Adriano Oliveira, a entrega dos cargos do PSB consolida a aliança do PT com o PMDB e deixa os petistas ainda mais dependentes dos peemedebistas. “A saída do PSB reforça a aliança entre o PMDB e o PT. Agora o PMDB tende a assumir os cargos que eram do PSB. E com certeza o PT fica cada vez mais refém do PMDB”, afirmou o estudioso.

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Corroborando a opinião de Oliveira, o cientista Túlio Velho Barreto, o PMDB só encerra a aliança com o PT, caso aja uma perspectiva de derrota do PT nas eleições de 2014. “A saída do PSB do governo de certa forma favorece a estabilização da relação do PT e PMDB, durante este último período o PSB esteve se colocando como uma alternativa, que daria uma coloração mais a esquerda para o governo. Com o afastamento do PSB o PMDB vai ficar mais a espaço dentro do governo do PT. O PMDB só saí desta aliança se ele tiver uma perspectiva de derrota”, assegurou o especialista.

A iniciativa do PSB tem sido encara por muito como “louvável”, inclusive, para representantes do PMDB em Pernambuco. No entanto o estreitar de laços entre os peemedebistas nacionais e os petistas, foi encarado pelo vereador do Recife, Jayme Asfora (PMDB), como algo negativo. “Pode ser que venha a fortalecer a aliança dos dois partidos, mas acho isso ruim para o PMDB, pois assim a legenda fica ainda mais marcada pelo estigma de que vive a base de apadrinhamentos”, frisou Asfora. Sugerindo ainda que possivelmente os ministérios, antes ocupados pelo PSB, sejam agora ser encaminhados para a responsabilidade da vice-presidência.

O que segundo Velho Barreto, ainda é muito cedo para assegurar.“A presidenta pode usar os cargos para segurar outro partido, como o PDT, que queira seguir a mesma linha do PSB, mas a hipótese de ser dado para o PMDB não é descartada. Mas penso que ainda não existe nada definido”, disse.

Perdendo eleições e o protagonismo no cenário político, o partido Democratas (DEM) pode sugerir em uma análise mais apressada que isto significa sua extinção.  As lideranças do partido, no entanto, tentam amenizar o baque com o caso “Demóstenes”, o escândalo do Mensalão do DEM envolvendo José Arruda e a debandada que a sigla sofreu com a criação do PSD de Gilberto Kassab, no ano passado. Porém, deixam de avaliar que a legenda começou a cambalear em 2007, com a morte do seu patrono Antonio Carlos Magalhães, por ocasião do princípio do partido que deixava para trás o PFL.

Na análise do cientista político, Túlio Velho Barreto, pensar que o DEM pode ser extinto ou virar um partido absolutamente marginal, residual na disputa, é difícil. Segundo ele, o que pode se afirmar é que hoje o DEM tem perdido “sem dúvida nenhuma, muita importância”, tanto do ponto de vista local quanto nacional.  “O resultado das eleições de 2010 deixaram isso muito claro, quase todas as principais lideranças do DEM, vindas do PFL, PDS, Arena, elas foram derrotas. A gente pode usar um exemplo muito próximo de Marco Maciel (DEM), que perdeu a eleição para o senado tendo duas vagas”.

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De acordo com Túlio, o afastamento de Marco Maciel também contribuiu para “uma certa debilidade no DEM”. “Isso pode ser causa e pode ser consequência. Se Marco Maciel estivesse ativo na política local ele podia exercer um papel importante. Hoje se ele faz política, faz uma política muito mais de bastidores, o que pode ter refletido na manutenção de espaços do DEM, e isso é concreto em Pernambuco”. Ele completa “O próprio André de Paula (presidente estadual do PSD) saiu do DEM. Será se Marco Maciel estivesse ativo politicamente, André deixaria o DEM? E ele (André de Paula) que era tido como a pessoa mais identificada com o partido, forjado na tradição ‘macielista’ da forma de fazer política. Foi presidente do PFL/DEM durante muitos anos. Então isso mostra a dificuldade”.

Túlio alerta, no entanto, que a ideologia liberal do ponto de vista econômico e política do DEM sempre terão espaço para ser ocupado, porém, ele faz com ressalvas. “Eu acho que o PLF e o DEM tiveram seu espaço superdimensionado, porque a aliança com o PSDB que fez com que o PLF, na época, ficasse como vice-presidente de Fernando Henrique. E aquela se tornou uma aliança que todo mundo achava quase que natural, mas na época não era. Se achava que era mais natural o PSDB compor com o PT ou com uma legenda mais do centro a esquerda, ou mais a esquerda do que com partidos do centro a direita e a direita”.

Em uma última avaliação, o cientista político diz que historicamente o espaço do PLF e do DEM, em um dado momento foi ampliado em função das alianças que compôs. “O partido nunca encabeçou, com chances de vencer, uma chapa no plano nacional”. Túlio lembrou que de 1994 para cá PFL/DEM não teve nenhuma participação como protagonista da disputa nacional. “Em 1989 teve Aureliano Chaves e mesmo assim rifado pelo próprio PFL, uma candidatura meio olímpica, parte apoiava Fernando Collor de Mello no primeiro turno e depois todo mundo foi no segundo turno para o lado de Collor”.

“Quando as alianças foram rompidas houve um declínio do partido. Eu acho é que o DEM agora está tendo o real dimensionamento dele, que é atuar na política nacional e local. Mas este é um espaço pequeno para uma disputa majoritária e que só se impõe eleitoralmente quando compõe a chapa com forças políticas mais fortes, que tem um apelo popular maior”.  

Já para o deputado federal e presidente estadual do DEM, Mendonça Filho, a incógnita sobrevivência do partido é um fato que “tem que conviver”. “Esse ano a gente sequer discute isso. Estamos num ano eleitoral, com candidatos competitivos, eu aqui, ACM Neto (Antônio Carlos Magalhães Neto) em Salvador, na Bahia”. Para ele o fato do partido ter perdido o protagonismo nacionalmente é atribuído ao fato da sigla ser oposicionista. “No Brasil ser oposição é duro. Tem que aguentar governo, não tem estrutura de poder para manter as bases, todo mundo só pensa em ficar alinhado com o governo. Todo mundo quer ser governo, ninguém quer amargar na oposição”.

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