Os últimos tópicos do debate decisivo entre os prefeituráveis do Recife, que foi ao ar nesta terça-feira (24), foram segurança pública e a concessão de crédito aos empresários de pequeno e médio porte. Nesse bloco, os candidatos são questionados por jornalistas internos. A primeira pergunta foi para João Campos (PSB), sobre o que a sua gestão fará para reduzir a violência e extermínio dos jovens negros e de periferia. Em resposta, o candidato falou em ampliar a rede Compaz e aumentar o videomonitoramento na cidade.
A autora da pergunta foi a jornalista Ciara Carvalho, que argumentou o aumento de 31% no número de homícidios no município, cuja maior parte das vítimas são os jovens negros e moradores da periferia. Ela também questiona a efetividade do Compaz, e relembra a promessa de campanha de Geraldo Julio, que ainda no seu primeiro mandato falou na construção de cinco unidades. Após oito anos, apenas quatro funcionam.
##RECOMENDA##“Vamos ampliar a rede de Compaz, uma política efetiva e que mostra que reduz a criminalidade e gera oportunidades na vida das pessoas. Também vamos chegar a 100% da iluminação pública de LED e faremos a ampliação do videomonitoramento da cidade do Recife, podendo fazer parcerias com a iniciativa privada, com comércio e escolas, para compartilhar o uso de câmeras”, disse o pessebista.
Ele também falou em deslocar o efetivo da guarda municipal para as áreas de comércio, que vai “fazer um movimento de cultura nas periferias e gerar oportunidades para as pessoas”.
A candidata Marília Arraes (PT) também pôde tecer comentários sobre a questão. Apoiando a ampliação da rede Compaz, falou também em ampliar o horário de funcionamento das unidades. Seu foco, porém, foi o Centro Social Urbano (CSU).
“Temos diversos equipamentos como os CSUs, hoje abandonados. Recentemente, extinguiu-se o CSU de Dois Unidos, abandonado e sob a gestão da prefeitura desde 2013. Temos outros como o do Engenho do Meio e Ibura, que podemos reativar, melhorar, colocar cursos profissionalizantes e esportes. Toda essa rede de inclusão social, sem dúvida alguma, terá um grande impacto na redução da violência”, argumentou a adversária.
A segunda e última pergunta do bloco foi da jornalista Mona Lisa Dourado para a candidata petista, sobre a concessão de crédito e a situação dos cofres públicos. Argumentando a previsão de um rombo de R$ 240 milhões, perguntou sobre a promessa do fundo de R$ 50 milhões por ano para microcrédito e como uma prefeitura sem recursos poderá emprestar dinheiro à população.
“Para começar nós vamos auditar todos os contratos, rever a necessidade de todos eles. Para você ter uma ideia, só com aluguel de carros a PCR gasta cerca de R$ 30 milhões. Nós vamos cortar cargos comissionados, já que não temos esse leque imenso de partidos para negociar a prefeitura. Tenho certeza que auditar os contratos e chamar os órgãos de controle para dentro da prefeitura para verificar toda essa situação de receita que houve e deixar tudo bem esclarecido, vamos conseguir sim aumentar a capacidade de investimento com o recurso próprio. Nós vamos conseguir destinar 1% da receita líquida para o fundo de aval e auxílio popular que prometemos”, propôs Arraes.
A candidata também não descarta a captação de recursos com o Governo Federal e afirma que construirá credibilidade para isso. Ampliando a questão para o contexto dos microempresários, fala que não irá cobrar IPTU comercial de quem é MEI. “Além disso, desburocratizar o acesso à prefeitura para aquelas pessoas que têm seu comércio no bairro ou que querem abrir o próprio negócio. Não é somente sair dando dinheiro”, completou.
Em seu direito de réplica, João Campos não apresentou propostas, mas falou sobre intenções do governo. “Esse déficit é uma previsão orçamentária. Com o município crescendo, ele pode ser revertido e transformado em um superávit, virar uma geração positiva de receita. Quando a gente coloca a oportunidade do crédito, damos a chance da economia se desenvolver. No caso dos carros, por exemplo, o Recife lançou uma plataforma de compartilhamento de carros, uma inovação entre as capitais brasileiras. No tempo do PT, de João da Costa, aliado de Marília, isso estava longe de existir”, disparou o candidato. A petista não respondeu à provocação.