A repórter norte-americana Lara Logan contou, durante entrevista, ter sofrido um estupro coletivo enquanto trabalhava na cobertura da Primavera Árabe, no Egito. Ela relatou os momentos de horror que viveu, no ano de 2011, e revelou que já havia compartilhado a história com outros dois veículos de comunicação que, segundo ela, preferiram não noticiar o crime por questões políticas.
Lara contou que trabalhava na cobertura da renúncia de Hosni Mubarak pela CBS News, no Cairo, Egito, em 2011, quando se viu em meio a uma enorme confusão e acabou sendo brutalmente violentada. “As pessoas estavam comemorando. Parecia uma multidão pró-americana. De repente, nosso tradutor virou para mim com um olhar de puro terror e disse: 'Corra, corra!' Senti pessoas agarrando entre as minhas pernas. Fiquei bastante atordoada. Nosso segurança, Ray Jackson, e o resto de nós correu, e outros na multidão estavam correndo conosco. Pensei que estávamos fugindo, mas alguns dos homens correndo junto de nós se tornaram meus estupradores”.
##RECOMENDA##A repórter ainda detalhou a violência sofrida. “Lutei contra o ataque da melhor maneira possível por 15 minutos, mas eles arrancaram todas as minhas roupas e me estupraram com as mãos, com mastros de bandeira e com paus. Eles me sodomizaram várias vezes. Estavam lutando pelo meu corpo. Houve um momento em que desisti e não pude mais me segurar em Ray, mas fiquei pensando nos meus dois bebês". "Era tão difícil respirar; havia tanta pressão na minha caixa torácica. Eles tentaram arrancar meus membros. Eu caí e não consegui me levantar”. Lara relembrou ter sido jogada, por fim, no colo de uma mulher e acabou sendo socorrida. Ela foi levada, em seguida, de volta aos Estados Unidos onde passou quatro dias internada, para se recuperar dos ferimentos.
Ao chegar em seu país, a jornalista recebeu uma ligação do então presidente, Barack Obama. A ex-primeira dama dos EUA, Hillary Clinton, também teria se comunicado com ela. Lara afirma ter contado sobre o crime a dois veículos de imprensa americanos que preferiram omiti-la por questões políticas. Mas, agora, passados nove anos do ‘pesadelo’, ela garante que prefere falar abertamente sobre o assunto. “Não dá pra fazer um movimento como o #MeToo, a favor das mulheres e não dizer nada sobre uma jornalista mulher que foi estuprada e quase assassinada por vários homens”.