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A expectativa da chegada da vacina, o aumento do número de novos casos da covid-19, a mutação do novo coronavírus e a possível volta do lockdown para conter a contaminação marcaram o início de 2021 no Pará e no Brasil. Apesar das incertezas ao longo da pandemia, o retorno das aulas presenciais no país volta a ter prioridade.
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As aulas das redes de ensino municipal e estadual em Belém ainda estão suspensas, de acordo com as medidas restritivas de prevenção à covid-19 decretadas pelo Governo do Estado. Porém, algumas instituições de ensino particulares já retomaram as aulas presenciais e devem seguir todos os protocolos e medidas preventivas contra o coronavírus.
O retorno pede cautela, pois o risco de disseminação do vírus associado às aulas presenciais não deixou de existir, como explica o biomédico Dirceu Santos, professor e pesquisador da UNAMA - Universidade da Amazônia. “Esse risco de disseminação ainda existe. Ainda temos um grupo de pessoas muito grande que não se contaminou e que vai efetivamente depender da imunização, que ao que tudo indica vai demorar mais do que o planejado inicialmente. Pelo menos nesse semestre, o retorno às aulas presenciais representa um risco iminente de potencialização do número de casos”, diz.
O professor explica que, em termos epidemiológicos, crianças e adolescentes não representam as principais vítimas da ação mais aguda viral, mas funcionam como fontes de disseminação principalmente dentro do ambiente residencial. “É muito comum acontecer de a criança se contaminar, não manifestar nenhum sintoma tão evidente e acabar contaminando pessoas que fazem parte do grupo de risco dentro de casa, como por exemplo os avós, os pais e as mães. Esse grupo em específico acaba demandando uma atenção especial para que a gente consiga consolidar esse processo de contenção e disseminação da doença”, ressalta.
Para o biomédico, essa reabertura das escolas deve ser gradual, obedecendo às regras de proteção como o uso de máscaras, o distanciamento, a redução do número de alunos dentro dos espaços oferecidos nas escolas e a possibilidade de fazer simultaneamente com o sistema remoto.
A atenção de professores e funcionários deve ser redobrada quanto ao contato físico das crianças. “Dentro de um ambiente fechado, além das medidas já convencionadas para a nossa realidade atual, é extremamente importante o acompanhamento do contato físico, que é muito difícil de se ter principalmente com crianças", afirma. Para Dirceu, abraços, beijos, mesmo com máscara, devem ser evitados. "Sintomatologias (tosse, espirro) devem ser observadas com carinho ou qualquer tipo de manifestação, principalmente no sentido respiratório”, aconselha o biomédico.
Acesso para todos
Milene Leal, pedagoga e professora mestra em Educação, afirma que os desafios que existirão durante o retorno às aulas ainda incluem o enfrentamento à pandemia. Aplicadas aos poucos, as vacinas ainda não garantem a segurança de todos, principalmente dos alunos e funcionários das instituições de ensino.
“Continuar via ensino remoto é a melhor solução, até que todos estejam vacinados, mas precisamos pensar num ensino remoto com acesso de todos, o que se apresenta como um grande desafio social e não podemos ser alheios a isso”, avalia Milene.
A pedagoga diz que várias reuniões estão sendo feitas para ajustar todos os pontos e garantir um retorno que respeite as especificidades dos discentes e busque colaborar com o processo formador. Milene também explica como professores e funcionários das instituições devem proceder diante da situação. “Devem usar de muita cautela para esse momento, buscando orientar os educandos da instituição ao respeito às medidas restritivas”, diz.
Milene afirma que pais e responsáveis precisam colaborar na efetivação de um direito constitucional que está apresentado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, colocando-se à disposição dos estudantes, dando apoio, desde o planejamento da rotina até a garantia de um ambiente saudável para a efetivação da aprendizagem do aluno.
“Pais e responsáveis devem participar ativamente dessa volta às aulas. Se via ensino remoto, que seja com todo apoio e infraestrutura; se presencial, que seja dado apoio com orientações de respeito às medidas de distanciamento, uso de máscara e álcool”, complementa.
Orientação e cuidados
O retorno presencial dos alunos às escolas ainda preocupa alguns pais e levanta questionamentos. O filho da administradora Liliana Peixoto, Gabriel Santos, está no ensino fundamental e as aulas dele estão seguindo o modelo híbrido, ou seja, ocorrem presencialmente e também via internet. Por essa razão, Liliana diz que considera apropriada a volta às aulas.
A administradora diz que onde Gabriel estuda os alunos vão em dias alternados e as turmas estão divididas por ordem alfabética. Uma equipe de no máximo nove alunos vai em dias pares, a outra vai em dias ímpares. Quando o grupo 01 vai para a escola, o grupo 02 está em casa e assiste às aulas on-line. “Todos os cuidados estão sendo tomados com distanciamento das carteiras, uso de máscara e álcool em gel. Na hora da entrada e saída das crianças, sai série por série para não ter aglomeração”, Liliana explica.
A técnica em enfermagem Nayone Oliveira afirma que a retomada da rotina escolar das duas filhas, Nicole Oliveira e Vitória de Nazaré Oliveira, tem sido tranquila e que procura orientá-las de acordo com as recomendações da OMS – Organização Mundial da Saúde. “Converso sobre a necessidade do distanciamento social e utilização do sabão e álcool em gel para limpeza das mãos”, conta.
Nayone acredita que o momento para o retorno ainda não é o melhor, porém diz achar necessário obedecer as medidas de prevenção. Para ela, as crianças não devem ser privadas de educação. “Se os adultos podem ter 'acesso' às ruas, não entendo o porquê de se manter as crianças isoladas em casa. Elas acabam correndo os mesmos riscos”, aponta.
A técnica também explica que a escola onde as filhas estudam está adotando todas as medidas necessárias para que o retorno seja seguro. “Disponibiliza sabão e álcool em gel para limpeza das mãos, reduziu o número de alunos por sala e orienta diariamente os alunos quanto à necessidade do distanciamento e higienização das mãos”, conclui Nayone.
Por Alana Bázia e Isabella Cordeiro.