Exatos quatro anos depois do incêndio que destruiu boa parte do Museu Nacional e seu acervo, a fachada principal do Palácio de São Cristóvão está inteiramente restaurada, bem como o jardim na frente do prédio histórico na Quinta da Boa Vista. O fim da primeira etapa das obras faz parte das comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil.
A reconstrução do prédio em São Cristóvão, na zona norte da capital fluminense, destruído pelo fogo em 2 de setembro de 2018, só deverá ser concluída em 2026. Mas é simbólica a entrega da fachada amarela com 31 esculturas no topo e do jardim da mais antiga instituição científica do País. O Museu Nacional foi criado em 1808, com a chegada da Família Real.
##RECOMENDA##As obras de reconstrução só começaram de fato em novembro do ano passado. Até então foram feitos serviços de escoramento do prédio, instalação do telhado provisório, garimpo do acervo nos escombros e limpeza das peças.
Originalmente, o Palácio São Cristóvão pertencia ao comerciante português Elias Antonio Lopes. Ele fez fortuna com o tráfico de pessoas escravizadas da África.
Em 1808, o prédio foi cedido para moradia da recém-chegada Família Real, "em troca de concessões, influência na corte e títulos". O museu propriamente dito foi fundado em 1818 por D. João VI com o acervo trazido pela corte. O museu só passou a ocupar o Palácio São Cristóvão em 1892.
"Estamos vivendo um momento histórico", afirmou o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner. "Podermos, no Bicentenário da Independência, entregar uma pequena parte do Museu Nacional, esse patrimônio do Brasil, paisagem afetiva e cartão-postal do Rio de Janeiro. E isso depois de apenas quatro anos da maior tragédia no cenário cultural brasileiro. O amarelo ocre da fachada e o verde das portas são as mesmas cores do período imperial, ressaltando o compromisso do projeto em preservar a identidade e a trajetória arquitetônica do palácio."
Pelo menos 150 profissionais estiveram diretamente envolvidos na restauração da fachada. Com um orçamento total de R$ 23,6 milhões, as obras nas fachadas e coberturas do bloco histórico seguem até fevereiro de 2023.