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"Estou emocionalmente extremamente abalado", afirmou nesta segunda-feira, 3, o arqueólogo e antropólogo Walter Neves, que é considerado o pai de Luzia - o fóssil humano mais antigo já encontrado nas Américas, com cerca de 12 mil anos, e que muito provavelmente foi perdido no incêndio do Museu Nacional, no Rio. "Essa era uma tragédia anunciada; o poder público abandonou completamente o museu há décadas." O antropólogo classificou o incêndio de uma "tragédia para a Humanidade. "E nós teremos de prestar contas disso para a Humanidade. Será sempre uma mancha enorme para o Brasil no mundo inteiro."

Coordenador do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), Neves não foi o responsável pelo resgate do esqueleto, na década de 70, na região de Lagoa Santa, nos arredores de Belo Horizonte. Mas graças a seus estudos foi possível reformular a teoria de ocupação humana nas Américas durante a pré-história. Segundo Neves, pelo menos outros 200 esqueletos do extinto povo de caçadores-coletores, ao qual pertenceu Luzia, também estavam na reserva técnica do museu e provavelmente também se perderam. Os fósseis são datados de 8 mil a 10 mil anos.

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O modelo dos dois componentes biológicos postulado por Neves sustenta que o continente americano foi colonizado por duas levas distintas de Homo sapiens, vindas da Ásia. A primeira onda migratória teria ocorrido há pelo menos 14 mil anos e era composta de indivíduos parecidos com Luzia, com traços semelhantes aos dos atuais negros africanos e aborígines australianos. Este grupo, no entanto, não teria deixado descendentes. Uma segunda leva migratória teria chegado há 12 mil anos e seus membros apresentavam um tipo físico característico dos asiáticos, dos quais são descendentes os índios atuais.

"Estudar Luzia revelou sua importância para o povoamento das Américas e também que não houve apenas uma onda migratória, mas duas", afirmou Neves. "Em termos de primeiros americanos, essa é a coleção mais antiga, são mais de 200 esqueletos, todos de Lagoa Santa. Vendo pela TV é complicado saber, mas acho remota a possibilidade de esse material ter sobrevivido."

Foi Neves quem batizou o fóssil de Luzia - numa alusão a Lucy, um fóssil de australopitecos de 3,2 milhões de anos descoberto no Deserto de Afar, na Etiópia, e que é considerado um dos mais antigos hominídeos de que se tem notícia. Ele se encontra hoje no Museu Nacional, em Adis Abeba. O fóssil, no entanto, é guardado em condições de segurança e apenas uma réplica fica em exposição.

"Para mim, a maior tragédia, de longe, é a perda das coleções", diz Neves. "Em muitos países, por incrível que pareça, até na Etiópia, coleções únicas, como por exemplo a Luzia, são consideradas questão de Estado: isso quer dizer que elas são mantidas em situação ideal de preservação e, para estudá-la, é preciso pedir permissão diretamente ao presidente da República."

Neves frisou, no entanto, que seria "estreito", da parte dele, salientar somente a perda de Luzia.

"A questão das coleções é muito cruel, porque ou você tem ou não vai ter nunca mais", disse Neves, se referindo especificamente às coleções egípcias e gregas, as maiores da América Latina, trazidas em parte por Dom João VI, em 1808, e adquiridas posteriormente por Dom Pedro II. "Esse é um material que nunca mais vamos ter, mesmo que a gente vá escavar nesses países, as leis nacionais não permitem que as peças saiam. Então, nesse caso, nunca mais é para sempre, nunca mais vamos ter condições de fazer pesquisas sobre Egito e Grécia com base em coleções de museus no Brasil."

O incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro destruiu a memória de uma cidade que foi capital do Império e colocou em primeiro plano o debate sobre os cortes orçamentários que ameaçam a preservação de um patrimônio multissecular.

"Só chorar não adianta, é necessário que o governo federal, que tem recursos, ajude o museu a recompor sua história", afirmou nesta segunda-feira (3), em frente ao prédio destruído, o diretor da bicentenária instituição, Alexandre Keller.

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"Clamamos por ajuda. Queremos que as pessoas se indignem pelo que aconteceu aqui. Parte dessa tragédia poderia ser evitada. Não adianta só chorar. Agora temos que agir", insistiu.

Na parte da manhã, funcionários do Museu se abraçavam e tentavam avaliar a magnitude da tragédia. Os ferros retorcidos e os escombros se acumulam no primeiro piso, o teto desapareceu e, em uma das alas, o segundo e o terceiro pisos desmoronaram. A fachada resistiu, constatou uma repórter da AFP.

Equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil começaram a entrar, com prudência, no edifício, para verificar se ainda há alguma coisa que possa ser salva de seu imenso patrimônio, disse um porta-voz dos bombeiros à AFP.

A operação é perigosa, em razão dos riscos de desabamentos.

"A fachada é bem resistente, mas muita coisa caiu do teto", afirmou o porta-voz.

"Vamos proceder com muito cuidado para ver se a gente consegue salvar alguma coisa", indicou, acrescentando: "desconheço se alguma sala foi preservada".

O Museu Nacional era o maior museu de história natural e antropológico da América Latina, com mais de 20 milhões de peças e uma biblioteca com mais de 530.000 obras.

A tragédia, que não deixou vítimas e ainda não teve os danos calculados, começou às 19h30 por causas que não foram determinadas até o momento, quando o local já estava fechado ao público.

O edifício de mais de 13.000 metros quadrados, localizado na Quinta da Boa Vista, na zona norte do Rio, foi rapidamente devorado pelas chamas, alimentadas pelos materiais altamente inflamáveis.

Foram necessárias seis horas para que os bombeiros mobilizados controlassem o incêndio. Segundo a imprensa, eles encontraram sérios problemas de logística que retardaram sua atuação.

Criado em 1818 por Dom João VI e instalado desde 1892 no antigo palácio imperial de São Cristóvão, o museu também abriga um excepcional jardim botânico de 40 hectares.

A instituição, que comemorou em junho seu bicentenário, recebia 150.000 visitantes por ano e era um importante centro de pesquisa e estudo, integrado desde 1946 à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O museu era particularmente conhecido por seu rico departamento de paleontologia, com mais de 26.000 fósseis, incluindo o esqueleto de um dinossauro descoberto em Minas Gerais e inúmeros espécimes de espécies extintas, como preguiças gigantes e tigres dentes de sabre.

Sua coleção de antropologia biológica incluía o mais antigo fóssil humano descoberto no Brasil, conhecido como "Luzia".

- Emoção e indignação -

Pesquisadores, estudantes e movimentos sociais convocaram uma manifestação para esta manhã em frente ao museu e na parte da tarde no centro do Rio de Janeiro para denunciar os cortes no orçamento que atrasaram a modernização dos dispositivos de segurança do Museu.

A destruição do exuberante edifício logo liderou os trending topics mundiais do Twitter e, nesta segunda, a hashtag #LutoMuseunacional continuava entre os cinco primeiros.

"É uma perda para todo mundo, para o Brasil, para a UFRJ, para o povo. Não vamos mais suportar este estrangulamento de recursos. Isso é um sinal da falta de investimentos, da falta de recursos e das consequências que isso acarreta", declarou à AFP o diretor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças da UFRJ, Roberto Antônio Gambine Moreira.

Os ministros da Cultura e da Educação convocaram uma coletiva de imprensa para as 14h30 em frente ao edifício.

O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, admitiu no Twitter que "a tragédia poderia ter sido evitada".

"Os problemas do Museu Nacional foram se acumulando ao longo do tempo. Não começaram este ano. Em 2015, por exemplo, foi fechado por falta de recursos para sua manutenção", recordou o ministro, no cargo desde 2017.

"Hoje é um dia trágico para a museologia de nosso país. Foram perdidos 200 anos de trabalho, pesquisa e conhecimento. O valor para nossa história não se pode mensurar", afirmou o presidente Michel Temer em um comunicado divulgado no domingo à noite.

O incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro é uma "tragédia em matéria de patrimônio e uma perda para a humanidade em geral", reagiu nesta segunda-feira o presidente do Museu Nacional de História Natural (MNHN) da França, Bruno David.

A instituição brasileira era "muito importante no panorama de museu e tinha cerca de vinte milhões de peças". "É gigantesco, representa mais de um quarto das coleções do MNHN", declarou David à AFP. A perda é "insubstituível", acrescentou ele.

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"Não é apenas uma perda para o Brasil, é uma perda para a Humanidade em geral", já que "parte desse patrimônio não estava arquivado em nenhum outro lugar", indicou.

Pode-se tentar reconstituir parcialmente algumas coleções, por exemplo, com novas coleções de insetos. Mas "isso não substituirá o valor histórico dos espécimes destruídos".

"O coleóptero coletado em 1850 era portador de informações de sua época, em termos de química, seu ambiente, o que havia comido. Tudo isso foi queimado. Nós nunca mais voltaremos a ter esse tipo de informação", destacou o cientista.

Inaugurado em 1818, o Museu Nacional do Rio, destruído no domingo pelas chamas, foi alvo de cortes orçamentários.

"Muitos museus enfrentam problemas orçamentários, até mesmo aqui" na França, disse David. "Os Estados atrasam as obras e dizem 'vamos esperar'. Felizmente, 95 de 100 casos não terminam em tragédia, em termos de desaparecimento de patrimônio. Mas desta vez o golpe foi muito forte."

O incêndio de grandes proporções que destruiu o acervo do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, ganhou repercussão em veículos de comunicação de todo o mundo. 

O jornal New York Times, dos Estados Unidos, publicou que as chamas “engoliram” o museu, ameaçando centenas de anos da história do Brasil. O Washington Post destacou a batalha dos bombeiros contra o fogo no museu que “abrigava artefatos egípcios, arte greco-romana e alguns dos primeiros fósseis encontrados em solo brasileiro”. Já a emissora de televisão CNN ressaltou que o maior meteorito já encontrado no país também estava abrigado no museu.

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A britânica BBC publicou, com destaque na capa, o devastador incêndio que consumiu, entre milhares de objetos, o mais antigo esqueleto humano encontrado nas Américas, que remete a 12 mil anos e representa uma jovem entre 20 e 24 anos. O The Guardian ressaltou a perda “incalculável” para o Brasil.

Na Europa, o El País destacou o fato de o museu ser “a mais antiga instituição científica e de história natural do Brasil, criada pelo rei João VI em 1818, época em que o país ainda era uma colônia de Portugal”. O jornal espanhol também noticiou que as causas da tragédia ainda são desconhecidas. Já o português Público trouxe o incêndio como matéria principal de capa e com uma galeria de fotos do fogo consumindo o palácio.

Enquanto na América Latina, o El País do Uruguai afirmou que o incêndio “devorou uma joia cultural” do Brasil e que no momento em que as chamas queimavam o museu, a tristeza e a raiva se misturavam à indignação de professores, alunos e investigadores. Já o jornal Clarín, da Argentina, destacou em sua capa a história do incêndio que destruiu o acervo que continha cerca de “20 milhões de peças valiosas". Por fim, o chileno El Mercurio trouxe estampada na capa uma foto do museu em chamas e concluiu que o Brasil “perde dois séculos de história”.

Nos últimos cinco anos, os repasses da União ao Museu Nacional do Rio de Janeiro encolheram mais de 30%, aponta levantamento feito pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) da Câmara dos Deputados. Em 2013, foram R$ 979 mil em pagamentos executados pelo museu, já em 2017 esse montante chegou a R$ 643 mil. Neste ano, esses repasses não chegam a R$ 100 mil. Em 2018, de acordo com o levantamento, foram utilizados R$ 51.880 para programa de bolsa de estudos e R$ 46.235 para outras despesas.

Mais cedo, o ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva, afirmou que a Polícia Federal iniciou as investigações sobre as causas do incêndio que destruiu ontem o Museu Nacional. O Corpo de Bombeiros do Rio disse nesta manhã que o trabalho de rescaldo deve durar mais de dois dias, por se tratar de um prédio histórico e de uma instituição cultural.

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Centenas de estudantes fazem ato nesta tarde de segunda-feira, 3, em frente à escadaria que dá acesso ao Museu Nacional. Eles estavam retidos nos portões da Quinta da Boa Vista desde cedo - de manhã, só a imprensa e funcionários do museu tiveram a entrada permitida.

O ato foi convocado domingo pela União Estadual dos Estudantes, depois que a notícia do incêndio no museu se espalhou. Os estudantes trazem bandeiras em defesa da educação pública, contra o corte de recursos e de crítica ao governo Michel Temer (MDB).

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A Guarda Municipal está fazendo a contenção dos manifestantes. Eles estão atrás de uma cerca a cerca de 500 metros do prédio, onde bombeiros ainda trabalham. Para as 14h30 está prevista entrevista no local do ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, e da Educação, Rossielli Silva.

O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, afirmou que o incêndio de grandes proporções que destruiu o Museu Nacional, na zona norte do Rio, na noite deste domingo, 2, é uma "tragédia incomensurável". Ao Estado, ele afirmou que há duas possibilidades sobre as causas do incêndio em investigação: o fogo pode ter sido causado por um balão ou por um curto-circuito.

"Parece que o fogo começou por cima, no alto, e foi descendo. O Museu Nacional já estava fechado (na hora do fogo), a brigada de incêndio não estava mais lá e havia apenas quatro vigias. Como o fogo começou em cima e na parte de trás, os vigias demoraram para perceber o incêndio. Quando perceberam, já não era mais possível que fizessem alguma coisa", lamentou Leitão na Rádio Eldorado.

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O ministro afirmou ainda ser fundamental uma apuração rigorosa em relação às causas do incêndio. Segundo Leitão, parte do acervo que estava fora do Palácio foi preservada. Técnicos estão estimando o que foi possível recuperar.

"É preciso dizer que uma parte do Museu que fica no Horto como a botânica, biblioteca central que tem cerca de 500 mil volumes, parte da coleção de arqueologia e uma parte de coleção de vertebrados foram preservados", explicou Leitão.

O comandante do Corpo de Bombeiros do Rio, coronel Roberto Robadey, disse na manhã desta segunda-feira, 3, que o trabalho de rescaldo do incêndio no Museu Nacional deve durar mais de dois dias, por se tratar de um prédio histórico e de uma instituição cultural. O fogo começou por volta das 19h30 de domingo, 2.

Robadey afirmou que ainda há pedaços de estruturas penduradas nos três pavimentos, mas que não há indícios de desabamentos iminentes. Segundo ele, os profissionais do museu irão ajudar no processo de rescaldo para que seja tentada a recuperação de itens de valor. A possível causa do incêndio ainda não foi divulgada.

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O coronel disse ainda que estão sendo tomados cuidados especiais para que nem bombeiros nem funcionários saiam feridos. Mais cedo, relatou que focos de incêndio estavam sendo combatidos à distancia com o uso de mangueiras.

"Se fosse um prédio normal, não um museu, terminaríamos em dois dias. Mas aqui será um processo demorado, lento. Ontem foi um dos dias mais tristes dos meus 33 anos de bombeiro", disse o comandante.

Robadey informou ainda que não havia riscos para a visitação do museu antes do incidente e que por isso nunca foi cogitada a interdição do prédio, ainda que a condição das instalações não fosse a ideal.

O Corpo de Bombeiros informou que o incêndio no Museu Nacional queimou por mais de seis horas. Iniciado por volta das 19h30 de domingo, 2, o fogo perdurou até por volta de 2 horas desta segunda-feira, 3. Após o exaustivo combate das chamas, prejudicado pela falta de água nos hidrantes da instituição, iniciou-se ainda de madrugada o trabalho de rescaldo.

Esta etapa foca no resfriamento das estruturas, que são encharcadas para que eventuais focos sejam debelados. Pela manhã, ainda era possível ver fumaça em alguns pontos. Equipes de cinco quartéis trabalhavam no local, sob o comando de Robadey. Uma possível causa do início do incêndio não foi divulgada.

O prédio é do século 19 e vinha com manutenção falha havia décadas. A fachada é bastante espessa, segundo os bombeiros.

Dois hidrantes, mais próximos, estavam sem carga (força) e pedimos para a Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgotos) desviar água para cá. Neste momento, temos a garantia que não faltará água. Há muito material combustível com muita madeira no piso do prédio. Além disso, há muito material inflamável, muito animal com álcool e isso fica muito difícil para nós", explicou um oficial dos bombeiros na noite de domingo. Só depois de quatro horas de iniciado o fogo a situação da água foi normalizada.

Foram convocadas diversas manifestações ao longo desta segunda-feira em defesa do museu e da educação pública, que é vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O Museu Nacional do Rio de Janeiro, destruído neste domingo à noite (2) por um incêndio de grandes proporções, era o maior museu de história natural e antropológico da América Latina, com mais de 20 milhões de peças e uma biblioteca com mais de 530.000 obras.

Criado em 1818 por Dom João VI e instalado desde 1892 no antigo palácio imperial de São Cristóvão, o museu se encontra na Quinta da Boa Vista, que abriga igualmente um excepcional jardim botânico de 40 hectares.

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O museu, que comemorou em junho seu bicentenário, recebia 150.000 visitantes por ano e era um importante centro de pesquisa e estudo, integrado desde 1946 à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

- Joia cultural e tesouro científico -

Antiga residência da família real portuguesa e depois da família imperial brasileira, o Palácio de São Cristóvão se estende por 11.400 m2, dos quais 3.500 m2 de salas de exposição.

De 1889 a 1891, este edifício neoclássico sediou a Assembleia Constituinte do Brasil, antes de receber em 1892 o Museu Real, localizado até então no centro do Rio de Janeiro, e que incluía coleções, especialmente egípcias, adquiridas pela família real portuguesa.

Sua biblioteca possuía 537.000 livros, incluindo 1.560 obras raras, como um exemplar de "História Natural" de 1481, segundo o site do museu www.museunacional.ufrj.br.

O museu é particularmente conhecido por seu rico departamento de paleontologia, com mais de 26.000 fósseis, incluindo o esqueleto de um dinossauro descoberto em Minas Gerais e inúmeros espécimen de espécies extintas, como preguiças gigantes e tigres dentes de sabre.

Sua coleção de antropologia biológica incluía o mais antigo fóssil humano descoberto no Brasil, conhecido como "Luzia".

Com 6,5 milhões de espécimes, seu departamento de zoologia contava com uma coleção excepcional de peixes (600.000), anfíbios (100.000), moluscos, répteis, conchas, corais e borboletas.

Seu herbário, com 550.000 plantas, foi criado em 1831.

Dedicado à pesquisa desde o século XIX, o Museu Nacional do Rio é a instituição científica mais antiga do país, que se abriu ao ensino em 1927.

Pesquisadores e laboratórios ocupavam grande parte do Museu, que desenvolveu ao longo do século passado uma política de intercâmbio internacional, publicações e ensino.

Importantes personalidades científicas visitaram o museu, como Albert Einstein, ou Marie Curie, diz o site.

- Cortes no orçamento e desastre precedente -

Ao longo dos anos, o Museu passou por significativas dificuldades orçamentárias e teve de ser temporariamente fechado em 2015 "por falta de recursos para sua manutenção", reconheceu no domingo o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão.

Em agosto de 1995, o prédio já havia sofrido danos extensos após tempestades que danificaram o departamento de arqueologia, incluindo múmias egípcias com mais de 3.000 anos de idade.

Os danos também foram significativos no setor dos paleovertebrados, com algumas partes de um esqueleto de tiranossauro se dissolvendo na água.

O presidente Michel Temer, em nota divulgada na noite deste domingo, 2, lamentou o incêndio que atinge o Museu Nacional, na zona norte do Rio, destacando o episódio como "incalculável" perda para o Brasil. "Hoje é um dia trágico para a museologia de nosso País. Foram perdidos duzentos anos de trabalho, pesquisa e conhecimento. O valor para nossa história não se pode mensurar, pelos danos ao prédio que abrigou a família real durante o Império. É um dia triste para todos os brasileiros."

Um incêndio de grandes proporções atinge o Museu Nacional na noite deste domingo. Especializado em história natural e mais antigo centro de ciência do País, o Museu Nacional completou 200 anos em junho em meio a uma situação de abandono.

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O Corpo de Bombeiros foi acionado às 19h30 e rapidamente chegou ao local, mas até as 21h40 o fogo permanecia fora de controle. Dezenas de curiosos entravam na Quinta da Boa Vista para ver o incêndio. Funcionários choravam. Não havia registro de feridos. Grandes labaredas atingiam os dois andares, e estrondos eram ouvidos de tempos em tempos.

Diversos artistas e personalidades manifestaram seu sentimento de luto após o incêndio que destruiu o acervo do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, no último domingo, 2.

A atriz Letícia Sabatella afirmou que "esse episódio precisa gerar um salto de consciência em toda a sociedade pelo fim do descaso com a preservação da arte e da cultura no Brasil", enquanto a apresentadora Fátima Bernardes lamentou "200 anos de história perdidos".

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Celso Portiolli, do SBT, ressaltou a "perda irreparável": "O trabalho de centenas de anos e milhares de pessoas se perdendo para sempre".

O Museu Nacional, fundado por d. João VI, chegou ao bicentenário com goteiras, infiltrações, salas vazias e problemas nas instalações elétricas. Várias salas estavam fechadas por total incapacidade de funcionar. De acordo com pesquisadores, tratava-se de uma 'tragédia anunciada'.

Um grande incêndio destruiu no domingo à noite o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, um dos principais edifícios culturais do Brasil, com um acervo de mais de 20 milhões de peças valiosas.

A tragédia, que não deixou vítimas e ainda não teve os danos calculados, começou às 19H30 por causas que não foram determinadas até o momento, quando o local já estava fechado ao público.

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"Não há informações de vítimas. Se propagou muito rapidamente. Há muito material inflamável", afirmou à AFP uma fonte do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro.

O edifício de mais de 13.000 metros quadrados na zona norte do Rio foi devorado pelas chamas por várias horas.

Cinco horas depois do início das chamas, os bombeiros conseguiram controlar grande parte do incêndio, mas na manhã de segunda-feira ainda trabalhavam no local.

Fundado em 1818, o Museu Nacional é um dos mais antigos do Brasil, uma instituição científica de grande importância.

Entre os destaques do acervo estão a coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador Dom Pedro I, a coleção de arte e artefatos greco-romanos da Imperatriz Teresa Cristina, coleções de Paleontologia que incluem o Maxakalisaurus topai, dinossauro proveniente de Minas Gerais e o mais antigo fóssil humano já encontrado nas Américas, batizado de "Luzia".

Também conta com outros tesouros, como o maior meteorito encontrado no Brasil, batizado como 'Bendegó' e que pesa 5,3 toneladas.

E uma coleção de peças que envolve um período de quase quatro séculos, desde a chegada dos portugueses ao atual território do Brasil, em 1500, até a proclamação da República, em 1889.

"Incalculável para o Brasil a perda do acervo do Museu Nacional. Hoje é um dia trágico para a museologia de nosso país. Foram perdidos duzentos anos de trabalho, pesquisa e conhecimento. O valor para nossa história não se pode mensurar, pelos danos ao prédio que abrigou a família real durante o Império. É um dia triste para todos brasileiros", afirmou o presidente Michel Temer em um comunicado.

O vice-diretor do museu, Luiz Fernando Dias Duarte, afirmou sentir um "desânimo profundo" e uma "raiva imensa".

"Todo o arquivo histórico, que estava armazenado em um ponto intermediário do edifício, foi totalmente destruído. São 200 anos de história que se foram".

Ele acusou as autoridades de falta de atenção e disse que nunca teve um apoio eficiente e urgente para a adequação do palácio, que foi a residência oficial da família real e imperial.

"Lutamos há anos, em diferentes governos, para obter recursos para preservar adequadamente tudo o que foi destruído hoje", afirmou.

O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, admitiu no Twitter que "a tragédia poderia ter sido evitada".

"Os problemas do Museu Nacional foram se acumulando ao longo do tempo. Não começaram este ano. Em 2015, por exemplo, foi fechado por falta de recursos para sua manutenção", recordou o ministro, no cargo desde 2017.

"A revitalização iria começar agora, com o patrocínio do BNDES. O projeto previa a proteção contra incêndio", destacou, ao recordar que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social assinou em junho um contrato de 21,7 milhões de reais com o museu.

Vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Museu Nacional sofreu cortes de financiamento nos últimos anos e vários espaços foram fechados ao público.

Um incêndio de grandes proporções destrói o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista (zona norte do Rio), na noite deste domingo (2). Bombeiros de três quartéis combatem o fogo, mas aparentemente o prédio foi totalmente consumido.

Quando o fogo começou, a visitação ao museu já havia sido encerrada e estavam no prédio quatro vigilantes, que não se feriram.

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Dezenas de curiosos entravam na Quinta da Boa Vista para ver o incêndio. Funcionários choravam. Grandes labaredas atingiam os dois andares, e estrondos eram ouvidos de tempos em tempos.

"Começou por volta das 19h30. Eu moro pertinho e, assim que soube, vim pra cá. É uma pena, acho que não vai sobrar nada", afirmou o advogado Marcos Antônio Pereira, de 39 anos, enquanto acompanhava o combate ao fogo.

Entre os funcionários do museu, o clima era de desespero. "Queimou tudo, perdemos tudo", repetia uma mulher, aos prantos. Ela não quis se identificar.

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Uma equipe especializada dos bombeiros entrou no prédio por volta das 21h15 para tentar bloquear áreas ainda não atingidas pelas chamas e avaliar a extensão dos estragos. Duas escadas Magirus foram necessárias, e dois caminhões-pipa se revezam fornecendo água para o trabalho dos bombeiros.

Entre os funcionários que, em prantos, acompanhavam o incêndio estava o bibliotecário Edson Vargas da Silva, de 61 anos, que trabalha há 43 anos no museu. "Tem muito papel, o assoalho de madeira, muita coisa que queima muito rápido. Uma tragédia. Minha vida toda estava aí dentro", afirmou.

Uma parte do acervo não fica nesse prédio, então está preservado. Mas o que havia em exposição aparentemente foi todo consumido. O Zoológico do Rio de Janeiro fica bem próximo do Museu Nacional, mas não foi atingido.

O Museu Nacional acaba de lançar uma campanha de financiamento coletivo para restaurar o Maxakalisaurus topai, o maior esqueleto de dinossauro da instituição, que completa 200 anos este ano. No final do ano passado, um ataque de cupins destruiu a base onde estava montado o exemplar do dinossauro.

O esqueleto completo era um dos maiores sucessos da exposição permanente do museu e foi visto por nada menos que um milhão de pessoas. A sala incluía uma detalhada pesquisa relacionada ao ambiente onde o animal vivia. O diretor do museu, Alex Kellner, espera arrecadar R$ 30 mil até junho para restaurar o esqueleto.

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O dinossauro herbívoro viveu durante o período Cretáceo, há cerca de 80 milhões de anos. Media cerca de 13 metros de comprimento e podia pesar até nove toneladas. Os primeiros fósseis do animal foram encontradas na Serra da Boa Vista, a aproximadamente 45 quilômetros da cidade de Prata, na região conhecida como Triângulo Mineiro, em Minas Gerais. Após votação popular, passou a ser chamado também de Dinoprata, em homenagem ao município onde foi encontrado.

Em comemoração aos 199 anos da criação do Museu Nacional – no dia 6 de junho de 1818, na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio de Janeiro – uma programação especial de aniversário foi aberta na última terça-feira (6) e se estenderá até o próximo domingo (11). Exposições, oficinas e visitas guiadas integram as atividades que permitirão aos visitantes fazer uma viagem pela ciência, pela história e pela cultura.

A programação dá início ao calendário oficial de comemorações do bicentenário da instituição, que ocorrerá em 2018, disse Cláudia Rodrigues Ferreira de Carvalho, diretora do Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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As atividades são destinadas a visitantes de todas as idades. Os ingressos custam R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia). Para menores de 5 anos e pessoas com deficiência, a entrada é gratuita. Nos dias 9, 10 e 11, a entrada será franca para todas as pessoas.

Período geológico

Destaque na programação, a exposição permanente No tempo em que o Brasil era mar: o mundo há 400 milhões de anos, visto a partir dos fósseis das coleções do Museu Nacional foi aberta na terça à tarde, com enfoque no período geológico devoniano, situado no intervalo de tempo entre 420 milhões e 360 milhões de anos.

“Nesse período, aproximadamente 50% do território brasileiro estavam debaixo de grandes mares rasos, sobre as placas continentais. Boa parte do Brasil, nesse momento, era mar, e a vida proliferava no ambiente marinho. Eram os invertebrados marinhos os seres mais abundantes no país”, disse o curador da mostra, Sandro Marcelo Scheffler, professor do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional.

O foco da exposição são os invertebrados marinhos e seus grupos mais comuns e familiares, como estrelas do mar e conchas de caramujo, e outros mais estranhos, como os trilobitas, que constituem um grupo inteiro de artrópodes que se extinguiu há mais de 200 milhões de anos.

Na exposição, com cerca de 80 amostras de invertebrados fósseis nunca expostas, os visitantes poderão apreciar uma reconstituição de 1 metro de comprimento de um trilobita, cuja espécie tinha originalmente entre 5 e 10 centímetros. “Para o público poder olhar como era esse bicho, pouco familiar à maioria das pessoas”, disse o curador.

A maioria das peças de organismos invertebrados marinhos foi coletada em estados brasileiros como Pará, Piauí, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná. Elas compõem o acervo do Museu Nacional, mais antiga coleção do gênero da América do Sul.

“Nós temos fósseis de coleções históricas, como a coleção da Comissão Geológica do Império, coletada há mais de 140 anos, no século 19; da Coleção Caster, que representa o maior processo de repatriação já feito de fósseis do Brasil. Voltaram ao Museu Nacional uma tonelada de fósseis, coletados na década de 40 por um professor da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, e que agora estão retornando ao Brasil por doação”, citou.

Segundo Sandro Scheffler, esta é uma boa oportunidade de os visitantes conhecerem como era o Brasil em épocas muito antigas. “Só para ter uma ideia, era (uma época) muito antes do surgimento dos dinossauros, quase 200 milhões de anos antes dos dinossauros.”

Amigos do Museu

Outra exposição inaugurada também, desta vez de caráter temporário, é a Amigos d'O Museu: 80 anos, que marca a trajetória da Associação Amigos do Museu Nacional, organização não governamental (ONG) sem fins lucrativos, fundada em 1937. “Talvez seja uma das ONGs mais antigas do Brasil e a primeira associação de amigos do país, da primeira casa de ciência e primeira instituição museológica do Brasil”, destacou a curadora da mostra, Débora de Oliveira Pires.

Após uma trajetória inconstante, a Associação de Amigos do Museu Nacional “reergueu- se, profissionalizou-se e expandiu-se”, disse Débora.

A exposição está dividida em partes. Uma delas apresenta uma grande mesa central, em altura acessível para crianças e cadeirantes, onde os visitantes podem interagir, por meio de toque em uma tela interativa, com todo o acervo do museu. Destaque para um crânio de jacaré-açu(Melanosuchus niger), espécie conhecida por sua mordida mortífera, que foi coletado no Rio Guaporé, em Rondônia.

Já a vida marinha pode ser apreciada por meio do Projeto Coral Vivo, voltado para a conservação e o uso sustentável dos recifes de coral.

A associação conta atualmente com 70 membros. Todos trabalham de maneira voluntária para ajudar a captar recursos para o museu. A entidade tenta obter recursos com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para revitalização do Museu Nacional e organização das comemorações do bicentenário.

A mostra ficará à disposição do público até o dia 6 de junho de 2018, quando dará lugar a outra exposição, já dentro da programação do bicentenário.

Carnaval

A Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense lança hoje à noite, oficialmente, seu enredo para o próximo carnaval, que homenageará os 200 anos do Museu Nacional. A solenidade contará com a presença de componentes e integrantes da bateria da escola verde, branco e ouro de Ramos, zona norte carioca.

“Essa participação é um presente que a escola dá também ao museu de a gente poder, de certa forma, ser representado em uma das maiores festas populares do Brasil”, disse Claudia Carvalho.

“A gente entende que exaltar uma instituição como essa, através do desfile de uma escola de samba, é resgatar a cultura nacional, é mostrar o valor do conteúdo histórico do acervo desse museu, por conta da influência da própria imperatriz Leopoldina na formação do Museu Nacional”, disse o carnavalesco da Imperatriz, Cahê Rodrigues.

Para quem quiser ir visitar, o Museu Nacional fica localizado na Quinta da Boa Vista, São Cristóvão, no Rio de Janeiro.

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Um incêndio destruiu nesta sexta-feira parte do telhado do Museu Nacional tcheco, situado na famosa praça Wenceslau, no centro histórico de Praga, sem causar vítimas ou danos às obras de arte, indicaram os bombeiros.

O incêndio foi declarado após a meia-noite e "se espalhou por 200 metros quadrados do telhado e do sótão", disse à AFP Pavlina Adamcova, porta-voz do corpo de bombeiros de Praga.

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Um agente de segurança, afetado pela fumaça, precisou ser hospitalizado.

"O fogo foi detectado às 00h32 GMT (22h32 de Brasília). Foi controlado duas horas mais tarde", disse Adamcova.

O edifício de estilo neorrenascentista, um dos temas recorrentes dos cartões-postais de Praga, foi construído entre 1885 e 1891.

O Museu Nacional, mantido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e sediado na Quinta da Boa Vista, na zona norte do Rio, está fechado para visitantes desde esta segunda-feira por tempo indeterminado, por falta de verba para pagar os serviços de limpeza e vigilância. Especializado em história natural, é o maior museu dessa área na América Latina e o mais antigo centro de ciência do País. Foi inaugurado em junho de 1818 - vai completar 197 anos daqui a seis meses, portanto.

O anúncio do fechamento foi feito por meio do site do museu, que atribuiu o fechamento a "problemas com os serviços de vigilância e limpeza". Em nota, a diretora do museu, Cláudia Rodrigues Carvalho, e o coordenador do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, Carlos Vainer, mencionam e criticam a contenção de verbas pelo governo federal.

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"Naquela que deveria ser a 'Pátria Educadora', conforme promessa da Presidente Dilma Roussef em sua posse, a UFRJ não tem recebido os recursos que lhe cabem, inclusive para pagamento das empresas que prestam serviços de limpeza e portaria ao Museu Nacional. Impotente diante do que parece ser uma total insensibilidade da chamada 'política de austeridade' diante das necessidades básicas de nossa Universidade e, neste caso, do Museu Nacional, só nos resta esclarecer a comunidade universitária e a sociedade sobre a realidade que explica a suspensão das visitas, e vir a público para solicitar o apoio da sociedade e buscar sensibilizar as autoridades governamentais", afirma a nota.

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Traços simples, luz em diferentes perspectivas e ambiente tropical. Essas são as marcas das obras produzidas pelo pintor venezuelano Armando Reverón em exposição no Museu Nacional da República em Brasília. Até o dia 10 de fevereiro, quem visitar o local poderá conferir o trabalho do artista reconhecido internacionalmente por desenvolver técnica própria e esquivar-se das amarras das “Belas Artes” para criar um mundo liberado, lúdico, teatral e sempre autêntico.

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“Mesmo tendo transitando pelos países da Europa e tido acesso a outros tipos de cultura, Reverón sempre foi um artista muito vinculado a seu povo, à sua alegria, à sua simplicidade. E isso se reflete em suas obras”, explicou Maximilien Arvelaiz, Embaixador da Venezuela no Brasil. A mostra Relâmpago Capturado é uma realização do Museu Nacional, por meio da Secretaria de Estado de Cultura do Distrito Federal, em parceria com os ministérios das Relações Exteriores do Brasil e da Venezuela e as embaixadas com sede nos dois países irmãos.

A exposição reúne 174 obras, entre pinturas, desenhos, objetos e fotografias. Merecem destaque as bonecas de pano, que tinham imponente tamanho natural de uma mulher. Ele as confeccionava costurando os tecidos e as preenchia com papel jornal. Quem visitar a mostra, instalada no primeiro piso do museu, consegue sentir um pouco do ambiente litorâneo retratado por Reverón, tanto através das fotografias e instalações, como do som do mar e das projeções de praias.

“Reverón foi um revolucionário que quebrou paradigmas ao produzir uma arte simples, de fácil compreensão, que não precisa de base teórica para entender. O que mais me impressionou foram as fotografias das bonecas feitas por ele e expressou sentimentos no olhar”, comentou o estudante Douglas Velascs, 21 anos.
Nos anos 20, Reverón apresentou ao mundo a estética do imprevisível. "Era uma estética do espanto. Uma estética que compreende o sol e o Caribe, dialoga com os impressionistas europeus - revolucionários à época - e, ao afirmar-se de maneira personalíssima, vai demolindo os herdados códigos de concepções da realidade, para mergulhar numa outra realidade delirante que ainda cobrava dos artistas que dessem nomes às coisas", destacou o secretário de Cultura do DF, Hamilton Pereira.
Sobre o artista – Armando Reverón nasceu em Caracas, na Venezuela, em 1889.  Em 1908, entrou para a Academia de Belas Artes de Cararcas e, três anos depois, foi para a Europa e ingressou na Escola de Artes e Ofícios de Barcelona. Em 1915, regressou à Venezuela. Em Caracas, integrou o Círculo de Belas Artes, sob orientação impressionista.

O trabalho dele é dividido em três períodos: azul, branco e sépia. Entre 1919 e 1924, desenvolveu uma pintura em tons monocromáticos, sustentada pelo azul. Recebeu influências de Samys Munster, Emilio Boggio e, especialmente de Nícolas Ferdinandov, russo simbolista radicado na Venezuela. De 1925 a 1936, dedicou-se a um tipo de pintura que utilizava pouco material. Estava em busca de um desenho luminoso, e esta fase é conhecida como "época branca". Além de usar sua esposa como modelo, fazia para ela bonecas que ele mesmo fabricava. Entre 1936 e 1949, utilizou predominantemente a cor sépia, além de confeccionar diversos objetos, entre eles esqueletos de arame e máscaras de telas.

Serviço:
Exposição Relâmpago Capturado
Até 10 de fevereiro de 2013
Visitação de terça a domingo, das 9h às 18h30
Museu Nacional do Conjunto Cultural da República
Setor Cultural Sul, lote 2

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