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A queima de 35 ônibus na zona oeste do Rio foi uma ação orquestrada por milicianos em resposta à morte de Matheus da Silva Rezende, conhecido pelos apelidos de Faustão e Teteus. Sobrinho do chefe de uma das principais milícias do Rio, ele era o segundo na hierarquia do grupo criminoso. Na última década, as milícias se expandiram no Grande Rio e estão presentes em boa parte da zona oeste da capital, afetando a vida de milhões de pessoas. Mas, afinal, o que é uma milícia?

As milícias são grupos armados que formam um poder paralelo, à revelia das forças de segurança do Estado. Em geral, elas são formadas por agentes ou ex-agentes do próprio Estado, como policiais, bombeiros e guardas penitenciários, mas há casos também de grupos criminosos criados apenas por civis.

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A existência desses grupos é antiga, mas ganhou especial atenção a partir dos anos 2000. No início, eles eram exaltados publicamente até mesmo por prefeitos e governadores, que viam as milícias como grupos auxiliares na segurança pública - um grave erro, segundo especialistas, considerando que se tratavam na verdade organizações criminosas que passariam a extorquir moradores e comerciantes, mediante elevada brutalidade.

Em 2008, a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) instaurou a CPI das Milícias, que terminou com o indiciamento de 225 pessoas, incluindo vereadores e deputados estaduais. Aquela comissão de inquérito demonstrou o verdadeiro papel dessas organizações.

"(Elas) atuam em territórios de moradia de baixa renda, onde controlam ilegalmente ou cobram taxas extorsivas sobre os mercados de serviços essenciais como água, luz, gás, TV a cabo, transporte e segurança, além do mercado imobiliário. Sabe-se que tais controles são exercidos de maneira arbitrária, por meio de ações coercitivas como espancamentos, tortura e homicídios. Sabe-se ainda que as milícias se envolvem em disputas territoriais violentas - entre si e com "comandos" do tráfico de drogas - e que em diversas áreas elas também lucram com a venda de drogas", explica o relatório "A expansão das milícias no Rio de Janeiro: uso da força estatal, mercado imobiliário e grupos armados", do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF).

De fato, desde aquela CPI o perfil das milícias mudou bastante. Se no início se vendia a ilusão de que elas protegeriam moradores do Rio das facções do tráfico, hoje alguns desses grupos se aliaram a eles, incluindo o Terceiro Comando Puro (TCP) e o Comando Vermelho (CV), a maior do Rio.

"A milícia se diversificou, diversificou seus negócios. Este grupo que é ligado ao Ecko estabeleceu alianças com o CV e abriu conversas com o TCP. Então, acontece algo interessante nisso: há uma escalada de assassinatos desses líderes e parece que temos uma ação antimilícia em curso. Só que esta é uma lógica muito parecida com as ações antitráfico que vemos", diz Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado.

"Basicamente (o que se faz é) a perseguição de líderes. Só que isso não afeta a estrutura. Então, o essencial parece ser essa aliança entre tráfico e milícia, mas garanto que não é. O essencial aqui é que vemos que há mais de uma década não temos nenhuma ação, nada com foco em atacar o poder miliciano no Estado", acrescenta Cecília.

Um estudo realizado pelo Instituto Fogo Cruzado em parceria com o Geni/UFF mostra que as áreas dominadas por grupos milicianos aumentaram 387,3% entre 2006 e 2021. Ao todo, segundo o mapeamento, 10% de toda a área territorial que compõe a região metropolitana do Rio tem atuação deles.

Na zona oeste carioca, onde os ônibus foram queimados na segunda-feira, os índices de violência cresceram muito este ano em relação a 2022. Segundo o Fogo Cruzado, até 23 de outubro o número de tiroteios havia aumentado 55% na região, e o de chacinas saltou de 4 para 14, o que representava um aumento de 250%.

O governo do Estado afirma estar empenhado no combate às milícias. Em nota, afirmou que "as ações para asfixiar o crime organizado já resultaram em prejuízos de mais de R$ 2,5 bilhões para as milícias" e que "mais de 1.500 milicianos foram presos".

Morte de Ecko intensificou ataques das milícias; conheça algumas das principais lideranças

A violência na zona oeste por parte das milícias se intensificou ainda mais nos últimos anos a partir da morte de Wellington da Silva Braga, o Ecko. Líder da Liga da Justiça, então a maior milícia do Rio, ele foi morto em 2021 em uma ação da Polícia Civil. O processo de sucessão no grupo desencadeou uma verdadeira guerra entre seu irmão Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, e Danilo Dias Lima, o Tandera.

"Houve um racha na milícia, com Tandera e Zinho disputando o controle das áreas que eram de domínio de Ecko. Esse conflito entre milicianos é grande e afeta a vida de milhões de pessoas há meses", explica Cecília Olliveira, do Instituto Fogo Cruzado.

"A Liga da Justiça, milícia formada inicialmente por policiais expulsos e aposentados, se transformou com a liderança de Carlinhos Três Pontes, que foi traficante e nunca foi policial. Ele começou a chamar traficantes para compor a milícia, e expandiu a relação com o tráfico", explica Cecília.

Zinho, de 44 anos, chegou à milícia por sua habilidade com as contas, apontam investigações. Era o responsável, segundo o governo do Rio, por contabilizar e lavar o dinheiro oriundo das atividades ilícitas, entre elas a venda clandestina de sinais de TV a cabo, licenças para serviços de transporte, venda de gás e cobrança de taxas de segurança dos pequenos comerciantes.

Tandera, com quem Zinho está em batalha sangrenta, rompeu com o grupo e se aliou a outros parceiros no crime. Investigações mostram que ele controla vastas regiões em cidades da Baixada Fluminense, como Seropédica, Queimados e Nova Iguaçu. O miliciano é conhecido pelo uso de armas potentes, bombas e pelo estilo cruel.

Além deles, outro miliciano bastante procurado pela polícia do Rio é Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha, de 52 anos. Ele atua diretamente no tráfico de drogas e está entre as lideranças do Comando Vermelho (CV), segundo o governo do Estado.

O criminoso, com trânsito entre traficantes e milicianos, saiu pela porta da frente do Complexo de Bangu, em julho de 2021, mesmo com mandado de prisão expedido. Segundo o Ministério Público do Rio, Abelha participou da decisão do CV de invadir o Morro de São Carlos, em 2020, que estava sob controle de uma facção rival.

Quadrilhas armadas de traficantes e milicianos expandiram em 131% as áreas sob o seu controle na Região Metropolitana do Rio nos últimos 15 anos. Entre 2006 e 2008, 8,7% da área urbana habitada estava sob controle armado. O número pulou para 20% entre 2019 e 2021. O crescimento das milícias é o principal motivo dessa expansão. Os dados fazem parte do novo Mapa dos Grupos Armados, feito em parceria entre o Instituto Fogo Cruzado e o Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos (Geni) da UFF, divulgado nesta terça-feira.

Entre o primeiro triênio (2006-2008) e o último (2019-2021) da série histórica, as milícias expandiram em 387% as áreas sob o seu controle. Passaram de 52,6 para 256,2 quilômetros quadrados. Segundo o novo mapa, atualmente 10% de toda a área territorial do Grande Rio está sob domínio de bandos de milicianos. Hoje, representam o principal desafio à segurança pública do Estado.

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A análise da série histórica revela também que a maior parte da expansão das milícias (90,3%) ocorreu por incorporação de áreas onde antes não havia controle territorial nenhum - e não por meio da conquista de espaços controlados por outros grupos. "A (constatação da) expansão das milícias é o resultado mais expressivo desse mapa dos grupos armados", afirmou o sociólogo Daniel Hirata, coordenador do Geni/UFF e principal responsável pelo trabalho. "Os outros grupos armados, exceto a ADA, também cresceram, mas a velocidade de crescimento da milícia é muito superior. É claramente o grupo armado dominante atualmente."

Na análise de Daniel Hirata, o crescimento das milícias é ainda mais preocupante. "O tráfico de drogas é a criminalidade desorganizada", disse ele. "Já os milicianos têm uma relação de tolerância e participação direta de agentes públicos. É um mercado de atuação muito mais diversificado e articulado. Os milicianos controlam a água, a internet, o transporte; ou seja, toda a infraestrutura urbana da cidade é produzida com a mediação desses grupos. As milícias são uma ameaça real às instituições democráticas. Acho realmente assustador."

FACÇÕES

O Comando Vermelho ampliou suas áreas em 58,8%, de 130,2 para 206,8 quilômetros quadrados. O Terceiro Comando Puro também aumentou a área sob o seu domínio em 110,8% (de 19,7 para 41,5 quilômetros quadrados). Segundo o trabalho, a expansão dos grupos armados nos últimos anos é um fenômeno complexo, resultado de inúmeros eventos e fatores locais e nacionais.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo brasileiro compareceu ao debate do Comitê de Desaparecimentos Forçados, da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, nesta segunda-feira (13). É a primeira vez que a organização examina a situação do desaparecimento forçado no Brasil, colocando pressão sobre o país em temas como a violência policial, presença de milícias e sobre a forma com a qual o Estado lida com as vítimas da ditadura. O exame ocorre uma semana antes da ida do presidente para a abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque.

Na ocasião, o governo de Jair Bolsonaro usou o debate para garantir que a democracia brasileira vive "sua plenitude" e atacou o que chama de "relativização da vida", numa referência ao aborto, segundo a coluna de Jamil Chade. Para apresentar o que tem sido feito no país, o Brasil destacou uma delegação de 20 pessoas, incluindo o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, Ministério da Justiça e Itamaraty.

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Mas, em sua apresentação diante dos membros do Comitê, a secretária nacional de Proteção Global (SNPG), Mariana Neris, fez questão de insistir em apontar para a situação nacional. Segundo ela, a democracia "vive sua plenitude" e a defesa dos direitos humanos é um dos pilares do estado. A declaração vem num momento em que o país é alvo de desconfiança internacional.

Na semana passada, a ONU fez um apelo para que o estado de direito fosse preservado no país, enquanto o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos alerta para os ataques contra instituições, entre elas o STF. O Comitê irá examinar a situação brasileira nos próximos dias e apontar para problemas que terão de ser lidado no que se refere ao combate ao desaparecimento forçado.

A declaração chama atenção, também, por ser similar à dada pelo tucano Aécio Neves, em 2016, quatro meses antes do impeachment de Dilma Rousseff. Em entrevista a jornais e agências de notícias internacionais, o então presidente nacional do PSDB disse que “na verdade, se há algo sólido hoje no Brasil são as nossas instituições democráticas. O Brasil vive um momento, sim, de inquietação política, mas com as nossas instituições funcionando na sua plenitude”.

A delegada da Polícia Federal Denisse Dias Rosas Ribeiro enviou ofício ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, nesta sexta-feira, 16, informando a abertura de inquérito sobre suposta organização criminosa, 'de forte atuação digital, com a nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito'. Além de anexar a portaria de abertura da investigação ao sistema do STF, Denisse pediu a autorização de compartilhamento da integralidade do conteúdo do inquérito dos atos antidemocráticos - mídias apreendidas, quebra de sigilo bancários e telemáticos - para subsidiar as novas apurações.

A abertura da investigação atende uma decisão de Alexandre , que, ao acolher o pedido da Procuradoria Geral da República e mandar arquivar o inquérito aberto em abril do ano passado para investigar atos que defenderam a volta da ditadura militar, intervenção das Forças Armadas e atacaram os Poderes Legislativo e Judiciário, determinou a abertura de novas frentes de apuração conexas - entre elas a investigação de grupos organizados em prol de ataques contra a democracia.

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Na decisão dada no dia 01 de julho, o ministro do Supremo destacou que os métodos e núcleos estruturados - produção, divulgação, político e financeiro - observados no inquérito dos atos antidemocráticos são 'absolutamente semelhantes' àqueles identificados no inquérito das fake news, que também corre sob sua relatoria.

"A análise dos fortes indícios e significativas provas apresentadas pela investigação realizada pela Polícia Federal aponta a existência de uma verdadeira organização criminosa, de forte atuação digital e com núcleos de produção, publicação, financiamento e político absolutamente semelhantes àqueles identificados no Inquérito 4781, com a nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito", escreveu Moraes.

Esses grupos, segundo o ministro, podem ter contado com apoio de agentes públicos e deputados bolsonaristas, como Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, Bia Kicis, presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, e Daniel Silveira, réu por ataques ao STF, além do assessor especial da presidência Tércio Arnaud. O blogueiro Allan dos Santos, dono do portal Terça Livre, também é citado como possível integrante do grupo.

Por prevenção, os autos no novo inquérito foram encaminhados ao gabinete de Alexandre, como indicado pelo ministro no início do mês. Parte das outras apurações determinadas pelo ministro foram encaminhadas à Justiça de São Paulo. Outras duas investigações permanecerão tramitando junto ao Supremo, com distribuição livre, ou seja, podendo ser enviados para um dos gabinetes dos outros 10 ministros da corte, de acordo com sorteio do sistema do STF. Tais investigações miram as deputadas Paula Belmonte e Aline Sleutjes.

A Polícia Federal (PF) fluminense deflagrou, na manhã desta quinta-feira (12), a Operação Sólon para investigar a prática dos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro conexos à delitos eleitorais. A PF apurou que integrantes de uma das maiores milícias do Rio estariam almejando cargos no Legislativo e no Executivo nas eleições de 2020, para retomar poder na zona oeste do município.

Os investigadores verificaram ainda, por meio de relatórios de inteligência financeira (RIFs), movimentações financeiras atípicas nas empresas ligadas aos investigados, sendo que os valores possivelmente seriam destinados nos gastos de campanhas eleitorais. Cerca de 85 agentes cumprem 12 mandados de busca e apreensão em residências, comitês de campanhas e empresas ligadas aos envolvidos.

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De acordo com a PF, o nome da operação, Sólon, faz referência ao estadista, legislador e poeta grego antigo (Atenas, 638 a.C. - 558 a.C.) que criou Eclésia - "Assembleia Popular de Atenas, o berço da democracia".

"Com o avanço da atuação das organizações criminosas no cenário político, a Operação Sólon visa reafirmar o poder das instituições que garantem a higidez no processo democrático", afirmou a corporação em nota. Os mandados cumpridos na manhã desta quinta foram expedidos pela 16ª Zona Eleitoral, especializada na prática de crimes praticados por organização criminosa, de lavagem de dinheiro e outros ilícitos congêneres, conexos a crimes eleitorais.

A PF frisou que não houve a expedição de mandados de prisão tendo em vista que é proibido pelo Código eleitoral o cumprimento de ordens de prisão de candidatos a menos de 15 dias para o pleito e de eleitores a menos de cinco dias do dia de votação - exceto em determinadas situações.

O vereador carioca e candidato à reeleição Zico Bacana (PODE), baleado no início da noite dessa segunda-feira (2), no bairro de Marechal Hermes, na zona norte do Rio, afirmou ter sido vítima de tentativa de homicídio. Atingido de raspão na cabeça, Zico, que tenta a reeleição, prestou depoimento à Polícia Civil por cerca de três horas. Duas pessoas morreram durante a ação criminosa.

"O que aconteceu foi realmente tentativa de homicídio. Eu não posso dizer pra você da onde veio, da forma que aconteceu. Foi muito rápido. Vários disparos que foram efetuados", disse o vereador, em entrevista à TV Globo. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital e os agentes fazem diligências nesta manhã para tentar identificar os autores do ataque.

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Poucas horas após o tiroteio, a assessoria de imprensa do vereador já havia afirmado parecer se tratar de "um atentado, em circunstâncias estranhas". O parlamentar foi levado ao Hospital Carlos Chagas, no mesmo bairro onde aconteceu o crime, foi atendido e liberado.

O carro do vereador foi alvejado por cerca de 15 disparos de fuzil. Além dele, outras quatro pessoas foram baleadas, e duas acabaram morrendo - nenhuma delas havia sido identificada.

O policial militar Jair Barbosa Tavares, o Zico Bacana, é citado na CPI das Milícias, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), como integrante do grupo organizado que atua nas favelas da Palmeirinha e da Eternit,em Guadalupe, na zona oeste do Rio.

Antes do crime, ele postou no Facebook uma foto, nessa segunda-feira, participando de um campeonato de futebol em Ricardo de Albuquerque, na zona norte.

De janeiro até agora, 76 brasileiros foram assassinados por motivações políticas. Há sete anos, o Estadão monitora casos de assassinatos de agentes políticos ocorridos desde a Lei de Anistia, em 1979. O Rio de Janeiro é o Estado com mais mortes políticas no País: foram 26 casos apenas neste ano. A atuação das milícias cariocas é um dos fatores que contribuíram para o número elevado de homicídios ao longo dos últimos anos.

O vereador carioca Zico Bacana (Podemos), de 50 anos, foi baleado na tarde desta segunda-feira no bairro de Marechal Hermes, na zona norte do Rio. Sem dar mais detalhes, a assessoria de imprensa de Zico disse que "parece" que ele foi alvo de "um atentado, em circunstâncias estranhas". O parlamentar foi levado para o Hospital Carlos Chagas, no mesmo bairro onde aconteceu o crime.

O vereador é candidato à reeleição. No Facebook, ele postou uma foto, nesta segunda-feira (2), participando de um campeonato de futebol em Ricardo de Albuquerque, na zona norte.

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Jair Barbosa Tavares, o Zico Bacana, foi citado na CPI das Milícias, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), como integrante do grupo organizado que atua nas favelas da Palmeirinha e da Eternit, em Guadalupe, na zona oeste do Rio.

De janeiro até agora, 76 brasileiros foram assassinados por motivações políticas. Há sete anos, o Estadão monitora casos de assassinatos de agentes políticos ocorridos desde a Lei de Anistia, em 1979. O Rio de Janeiro é o Estado com mais mortes políticas no País: foram 26 casos apenas neste ano. A atuação das milícias cariocas é um dos fatores que contribuiu para o número elevado de homicídios ao longo dos últimos anos.

As milícias do Rio de Janeiro mantêm parcerias com as polícias, com facções criminosas e com igrejas evangélicas pentecostais, e agora tentam se infiltrar em prefeituras e Câmaras Municipais, segundo estudo da Rede Fluminense de Pesquisas sobre Violência, Segurança Pública e Direitos Humanos - uma organização composta por pesquisadores de sete universidades do Rio, entidades civis, centros de pesquisa jurídicos e jornalistas.

O 1º seminário da Rede teve como tema "Milícias, grupos armados e disputas territoriais no Rio de Janeiro" e foi ao ar pelo YouTube ontem à tarde. O evento incluiu a nota técnica "Controle Territorial Armado no Rio de Janeiro", primeiro trabalho da Rede, criada em 2019. A nota alerta para os riscos que as milícias representam ao Rio - e, consequentemente, para o Brasil.

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O estudo traça as origens do fenômeno. Ressalta que as milícias surgiram oferecendo segurança a moradores de áreas dominadas por traficantes. E assim "construíram sua identidade como antagonistas do tráfico, valendo-se, para tanto, do fato de que a guerra entre polícia e traficantes era uma fonte permanente de insegurança para os moradores das favelas".

Mas as atividades se expandiram e os milicianos passaram a controlar a venda de produtos básicos valorizados nas comunidades. Os exemplos são numerosos. "Há registro dessa atuação em serviços de transporte coletivo, gás, eletricidade, internet, agiotagem, cestas básicas, grilagem, loteamento de terrenos, construção e revenda irregular de habitação, assassinatos contratados, tráfico de drogas e armas, contrabando, roubo de cargas, receptação de mercadorias".

Diversamente de outros grupos, as milícias "têm como característica sua não especialização" e essa diversificação seria "um dos grandes propulsores econômicos das milícias e uma vantagem em relação aos concorrentes em cada mercado específico". O maior número de fontes de renda permite maior capacidade de imposição frente aos outros grupos armados, adverte o estudo.

Simbiose

O estudo constata ainda que, embora inicialmente adversários, milícias e facções criminosas se uniram em algumas áreas. "Mais recentemente já se observa um processo de simbiose entre tráfico e milícia." E tal simbiose modificou o comportamento dos traficantes, "que passam a impor em suas áreas práticas caras à milícia", quanto o da milícia, "incorporando a seus negócios o mercado do varejo de drogas".

A atuação da milícia no mercado de segurança, como ocorreu inicialmente, decorre da complacência das autoridades públicas responsáveis pela regulação e fiscalização desses mercados, adverte a nota. Além disso, enfatizam os pesquisadores, os milicianos parecem se infiltrar em nichos dos poderes executivos (sobretudo prefeituras) e, cada vez mais, em casas legislativas" - e assim "submetendo os poderes públicos a seus interesses privados e extralegais".

Respostas

Consultada pela reportagem sobre suposta aliança entre milicianos e policiais, a Secretaria de Polícia Civil afirmou, em nota, que não comenta estudos que não conhece ou que não sejam oficiais.

Mas destacou que "a atual gestão criou uma força-tarefa para coibir este tipo de crime" e que "em menos de um mês já foram realizados diversos serviços de inteligência, investigação e ação, resultando em operações complexas contra as milícias".

Também consultada, a Secretaria de Polícia Militar do Estado do Rio não havia se manifestado até a publicação desta reportagem.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os grupos milicianos já controlam 57% do território da capital fluminense. Enquanto isso, as três facções do tráfico têm, somadas, o domínio de 15%. E um a cada três moradores, ou 2,2 milhões de pessoas, vivem em áreas controladas por milícias.

Os dados estão no estudo Mapa dos Grupos Armados do Rio de Janeiro, feito em parceria entre o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF, o Núcleo de Estudos da Violência da USP, o Disque-Denúncia e as plataformas Fogo Cruzado e Pista News. O poderio mensurado pela pesquisa joga luz sobre a rápida expansão dos milicianos, que não se limita à capital. Eles se espalham cada vez mais pela região metropolitana, especialmente Baixada. Foi contra eles que a Polícia Civil fez duas operações na semana passada, com a morte de 17 suspeitos.

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No Mapa dos Grupos Armados também chama a atenção o porcentual superlativo de territórios em disputa: 25% da capital. Apenas 2% da área do Rio não estaria passando por nenhum domínio criminoso ou conflito entre grupos. Os pesquisadores observaram uma nítida mudança no cenário do crime. Se antes o tráfico disputava entre si os territórios, hoje a milícia é quem desponta como principal adversária do Comando Vermelho, enquanto as demais facções têm poderio reduzido. Isso desconstrói a ideia de paz que a milícia historicamente tenta vender ao ocupar locais antes pertencentes ao tráfico.

"Segundo o mapa, as milícias entram em disputas territoriais violentas e atuam em territórios cada vez mais extensos, onde controlam esses bairros ilegalmente, cobrando taxas extorsivas sobre os mercados de serviços essenciais como água, luz, gás, TV a cabo, transporte e segurança, além do mercado imobiliário", aponta o pesquisador Daniel Hirata, da UFF.

Considerada atualmente "empreendedora", a milícia já não se limita a atividades como a venda ilegal de gás e o chamado "gatonet", por exemplo. Os grupos realizam atividades como grilagem e construção de prédios em áreas irregulares. Foi o que ocorreu na Muzema, zona oeste da cidade, em abril do ano passado, quando 24 pessoas morreram após uma dessas construções desabar.

Cores

As cores designadas para cada facção pintam o mapa da seguinte forma: o azul da milícia é predominante em quase toda a zona oeste e no oeste metropolitano, enquanto a Baixada vivencia forte divisão com o Comando Vermelho - que, por sua vez, ainda tem controle da maior parte da zona norte e do leste metropolitano. O grupo mais conhecido do tráfico ainda tem algumas fortalezas na área de maior domínio da milícia, principalmente a Cidade de Deus, cercada por comunidades dominadas por milicianos em Jacarepaguá. O trabalho cartográfico também mostra alguns focos da milícia indo além da região metropolitana. Há registros na Região dos Lagos e na Região Serrana.

Ao apresentar o estudo, os pesquisadores ressaltaram a velocidade com que a milícia conseguiu chegar ao que é hoje. Enquanto esses grupos - formados, na maior parte, por policiais - cresceram nos anos 2000, o tráfico tem um histórico de atuação que remete ao fim dos anos 1970, quando surgiu o Comando Vermelho. "As disputas entre esses quatro principais grupos não impediram o avanço das milícias, o que nos permite afirmar que essa expansão é o fenômeno mais notável dos últimos anos", apontam.

Dezessete suspeitos de serem milicianos foram mortos pela Polícia Civil do Rio nas últimas 48 horas. As autoridades informaram que as mortes aconteceram durante confronto e ocorreram em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e Itaguaí, na Região Metropolitana, regiões de forte presença das milícias.

O primeiro caso, na noite de quarta-feira, 14, deixou cinco mortos. O segundo, na quinta-feira, 15, teve 12 vítimas fatais. As duas operações partiram de investigações sobre os assassinatos de dois candidatos a vereador na região. Suspeita-se que as duas execuções sejam ligadas a disputas territoriais e eleitorais.

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As ações envolveram uma força-tarefa criada pela Polícia Civil fluminense, em parceria com a Polícia Rodoviária Federal. O objetivo do grupo é monitorar a circulação dos milicianos por áreas de risco. O Estadão já havia mostrado, em setembro, que a violência política tem mobilizado forças no Rio. Há um grupo, coordenado pelo Tribunal Regional Eleitoral, que inclui o Ministério Público e as polícias Civil, Militar e Federal, para tratar de milícias. Além dos assassinatos em si, que vêm crescendo, há preocupação com a influência dessas quadrilhas nas eleições, com financiamento a candidatos ligados aos bandos criminosos.

Os 12 suspeitos mortos em Itaguaí estavam divididos em quatro carros. Eles percorriam, pela rodovia Rio-Santos, um trajeto que liga a zona oeste da capital à Baixada. O monitoramento feito pela área de Inteligência da força-tarefa os acompanhava havia cerca de 15 dias. Na operação, que contou com agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil e da PRF, o primeiro disparo teria partido dos criminosos após serem encurralados, segundo a polícia. Não há relato de feridos entre os policiais.

Os suspeitos pertenceriam ao grupo de Danilo Dias Lima, o Danilo Tandera, ligado a Wellington da Silva Braga, o Ecko, miliciano mais procurado do Rio. Tandera seria o responsável por expandir a atuação do Bonde do Ecko, espécie de continuação da antiga Liga da Justiça, para a Baixada. A principal área de influência do grupo é a zona oeste da capital. Entre as vítimas, estava o ex-PM Carlos Eduardo Benevides Gomes, conhecido como Cabo Benê. Ele seria o chefe do bando em Itaguaí, outra extensão do Bonde do Ecko.

Na operação de Nova Iguaçu, os policiais buscavam localizar Ecko e Tandera, que teriam participado de uma reunião com dezenas de milicianos. Eles não foram encontrados, mas cinco suspeitos foram mortos no confronto. Os agentes também apreenderam um fuzil, pistolas, fardas, colete balístico, rádios e veículos.

Candidatos mortos

Dois candidatos a vereador foram alvejados em Nova Iguaçu em menos de 15 dias. No dia 10 deste mês, Domingos Barbosa Cabral (DEM), conhecido como Domingão, foi alvo de disparos por volta das 18h30 quando estava num bar com amigos. No dia 1º de outubro, Mauro Miranda da Rocha, candidato no município pelo PTC, também foi assassinado. Morto com tiros na cabeça, no braço e no peito, ele já havia sido preso por porte ilegal de arma, em 2015.

Levantamento da plataforma Fogo Cruzado feito a pedido do Estadão mostrou que, até o período pré-eleitoral, no início de setembro, 26 políticos ou assessores foram assassinados somente na Região Metropolitana nos últimos quatro anos. A Baixada, com 19 registros, foi a área com maior incidência de casos.

As eleições de 2018 mostraram que uma parte dos brasileiros foi seduzida pela violência redentora. A ideia de que a ordem pode ser imposta pelo assassinato de desafetos, de bandidos e de opositores políticos nasceu em um Estado - o Rio - que testemunhou, a partir do anos 1960, os estreitos laços entre grupos de extermínio, políticos, milicianos, bicheiros, traficantes de droga e uma polícia corroída pela corrupção e violência. Todos fingindo transgredir a lei em nome do bem comum, mas interessados apenas em seus lucros. É essa história que o jornalista e cientista social Bruno Paes Manso conta em seu livro, A República das Milícias, dos Esquadrões da Morte à Era Bolsonaro.

O relato do livro começa com as explicações de um miliciano. Depois de passar uma temporada na cadeia, o veterano matador se torna um instrumento para mostrar não apenas a sua história, mas a de como grupos paramilitares surgiram e impuseram sua ordem no Rio com a conivência de políticos e elogios vindos da família Bolsonaro até que esses grupos se constituíram em uma nova forma de opressão armada de populações inteiras, achacadas pelos bandidos.

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A taxa de segurança é a mais tradicional extorsão das máfias. Aqui ela se instalou pela mãos das milícias depois que policiais bandidos perceberam o quanto o domínio de um território era mais lucrativo do que o "acerto" cobrado de traficantes. A ela, os milicianos adicionaram o monopólio do gás de cozinha, o gatonet e, recentemente, o tráfico de drogas, em parceria com o Terceiro Comando Puro (TCP).

Paes Manso mostra como os milicianos se infiltraram nos governos do casal Anthony e Rosinha Garotinho e, depois, na Assembleia Legislativa. Os bandidos deixaram um rastro de corpos de rivais que tentaram entrar na política, como o subtenente Marcos Vieira de Souza, o Falcon, suposto miliciano e presidente da Portela morto em 2016 em seu comitê de campanha - era candidato a vereador pelo PP -, ou políticos que atravessavam seu caminho, como o vereador de Seropédica, na Grande Rio, Luciano Nascimento Batista (PCdoB), morto em 2015 pelo miliciano Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, que chefiou a milícia Liga da Justiça, que já foi liderada pelo ex-deputado estadual Natalino José Guimarães (DEM).

Em Rio das Pedras, nasceu outro braço do império miliciano, onde atuou o ex-capitão Adriano da Nóbrega e seu grupo: o Escritório do Crime. Dele fariam parte o PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz - ambos presos como executores da vereadora Marielle Franco (PSOL). Foi em Rio das Pedras que o sargento Fabrício Queiroz conheceu Adriano, quando trabalhavam no 18º Batalhão, responsável pela área.

Além dos negócios da milícia, o grupo se ligou a banqueiros do jogo do bicho e a políticos e atuou na campanha eleitoral de 2018. Após ouvir milicianos, policiais, traficantes de armas e de drogas, o livro exibe os marcos referenciais em que vivem essas pessoas e como elas conseguiram impor aos moradores do Rio o falso dilema: milícia ou tráfico. É ele que permitiu, diz o autor, à polícia e a políticos imporem a violência como solução para acabar com os narcotraficantes armados com fuzis, em vez de se apostar na lei, na democracia e no fortalecimento das instituições da República. Não podia dar certo. Foi esse ambiente - escreveu Paes Manso - que levou à eleição de Jair Bolsonaro.

AUTOR: BRUNO PAES MANSO

PREÇO: R$ 51,92

EDITORA: TODAVIA

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta sexta-feira que as "Forças Armadas não são milícia do presidente da República" e não devem ser acionadas como poder moderador. 

"Milícias existem no Rio de Janeiro. Forças Armadas não são milícia do presidente da República. Isto é até injurioso com as Forças Armadas. Elas têm um papel institucional e constitucional bem definido na Constituição e têm cumprido isto", afirmou Gilmar em entrevista por videoconferência para o jornal O Globo. 

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O ministro também criticou as declarações do presidente Jair Bolsonaro contra decisões do Supremo. "Acabou aquela era do presidencialismo imperial sob a Constituição de 1988", disse. 

Dupla retórica de Bolsonaro

Apesar disso, Gilmar argumentou que Bolsonaro tem uma retórica para insuflar seus apoiadores e outra no dia a dia institucional, na qual busca uma ponte entre executivo e judiciário.

"Temos que separar a retórica presidencial que é voltada para esses grupos, parece que é uma retórica de animação desses grupos, pessoal que atua na internet, da retórica normal que ele se utiliza para conversa com os demais poderes", ponderou.

A referência ao poder moderador se deve por causa de discussão recente sobre o artigo 142 da Constituição, que aborda as funções das Forças Armadas. 

O artigo passou a ser mencionado por bolsonaristas como justificativa para uma possível intervenção militar, caso as Forças Armadas fossem acionadas para mediar conflito entre os poderes. O debate fez o ministro Luiz Fux determinar que as Forças Armadas não têm a prerrogativa de atuar como moderador sobre os poderes.

Segundo Gilmar Mendes, as Forças Armadas não podem ser usadas para ameaçar as instituições. O ministro disse que elas deveriam atuar no controle das polícias militares nos estados para combater a "politização" das corporações.

Críticas à Lava Jato

Além disso, ele criticou a operação Lava Jato, apesar de, ao mesmo tempo, elogiar seu legado no combate à corrupção. 

"A Lava-jato virou um tipo de santíssima trindade, depois vimos que ela tinha os pés de barros", disse Gilmar, que lembrou a divulgação do depoimento do ex-ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, pelo então juiz Sergio Moro, às vésperas do segundo turno das eleições, a nomeação de Moro como ministro da Justiça de Bolsonaro e a tentativa de criação de uma fundação privada para gerir a multa bilionária da Petrobras.

Da Sputnik Brasil

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Em entrevista concedida ao canal do Youtube MyNews, o ex-candidato pedetista à presidência, Ciro Gomes, destacou a conexão apontada pelo portal The Intercept Brasil de Flávio Bolsonaro, o filho 01 do presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido), com esquemas de corrupção na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e também com milícias do estado, mais precisamente na região de Rio das Pedras.

 

Em um trecho do vídeo da entrevista, Ciro afirma que além de as investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) (às quais o The Intercept teve acesso) serem “absolutamente contundentes, aquelas coisas para as quais não se tem resposta de nada”, ele também declara que no curso investigativo também foram encontradas “conexões com as milícias do Rio de Janeiro e mecanismos de lavagem de dinheiro”.

“Se descobriu a contaminação do dinheiro roubado dos gabinetes dos filhos do Bolsonaro para financiar prédios em áreas ilegais dominadas pelas milícias em Rio das Pedras e outros lugares, por onde se cobra R$ 150 mil por um prédio ilegal, ou aluguéis à força de ameaça de morte que as milícias fazem”, disse Ciro.

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O pedido de demissão de Sérgio Moro do comando da pasta da Justiça e Segurança Pública tem causado repercussão em todos os setores. Apontado como eventual presidenciável em 2022, o apresentador global Luciano Huck afirmou, nesta sexta-feira (24), que a saída do ex-juiz do governo gera “uma enorme frustração”. Para Huck, pautas como o combate à corrupção e as milícias ficam adiadas sem Moro.

“A saída de Moro gera uma enorme frustração. Tudo indica que as mudanças tão defendidas pela população ficam adiadas. Em especial a agenda anticorrupção e o combate firme ao crime organizado e às milícias”, escreveu no Twitter.

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O apresentador acrescentou que com a pandemia do novo coronavírus, os esforços do presidente Jair Bolsonaro, apesar de não citá-lo nominalmente, deveriam estar na saúde e não na politicagem por interesses pessoais. “Além disso, o Brasil deveria estar focado agora na superação desta pandemia. Gastar tempo com polticagem, e ainda pior com interesses pessoais e não coletivos, é desperdiçar oportunidade preciosas de salvar vidas”, disse.

Na avaliação de Luciano Huck, agora “infelizmente desponta uma crise política, institucional e jurídica em meio a uma pandemia. E com o enorme desafio de encaramos o uma possível depressão econômica pela frente. O momento é grave e exige patriotismo, acima de qualquer divergência.”

A pedido da Polícia Civil do Rio, a Polícia Civil da Bahia realizou na última sexta-feira (31) uma operação para tentar prender o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope, a tropa de elite da Polícia Militar do Rio) Adriano Magalhães da Nóbrega, acusado de ser o chefe do Escritório do Crime, milícia que atua na zona oeste do Rio. Ele não foi encontrado.

Nóbrega está foragido desde janeiro de 2019, quando teve sua prisão decretada sob acusação de liderar a milícia Escritório do Crime. Ele também é acusado de se beneficiar do suposto esquema de "rachadinha" que, segundo o Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ), funcionou no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro (filho do presidente Jair Bolsonaro e hoje senador pelo Rio de Janeiro, sem partido) durante seus mandatos. A mãe e a ex-mulher de Nóbrega, Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça da Costa Nóbrega, respectivamente, trabalharam como assessoras no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), durante o período investigado.

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Nóbrega foi preso três vezes enquanto era policial militar, acusado inclusive por homicídio (crime do qual acabou absolvido) e foi exonerado da PM em janeiro de 2014, acusado de atuar como segurança de um contraventor.

A Polícia Civil do Rio informou ter sabido que o ex-PM estava na Bahia. Como só pode atuar no próprio Estado, solicitou à Polícia Civil da Bahia que tentasse prendê-lo, e enviou um delegado e dois agentes para acompanhar a operação. A equipe de policiais civis foi até a casa onde a família de Nóbrega está hospedada, mas não o localizou - só estavam a mulher e duas filhas dele. Segundo a Polícia Civil do Rio, o ex-PM esteve lá nos dias anteriores, mas conseguiu fugir antes da chegada dos policiais. A reportagem não conseguiu contato com a Polícia Civil da Bahia neste domingo (2).

Organizados sob o discurso de uma força de segurança paralela para combater o crime, especialmente o tráfico de drogas em comunidades pobres da Baixada Fluminense, os grupos milicianos constituíram domínio territorial em bairros do Rio, controlando não só a segurança, mas negócios como venda de gás, de água, de cestas básicas, de imóveis e de sinal de TV e internet. A ampliação desse leque de serviços gera empregos e influência política, traduzida no financiamento de campanhas eleitorais.

De "polícia paga", as milícias viraram reguladoras da economia local, monopolizando demandas que deveriam ser atendidas pelo Estado e, consequentemente, sobretaxando a população. A atuação desses grupos é um dos temas que já pautam a eleição para a prefeitura do Rio. Na disputa, o ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho (PMB), o Jerominho, poderá enfrentar nas urnas o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL).

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Os dois lançaram pré-candidatura um ano antes da eleição e projetam um embate que tem como pano de fundo a atuação de grupos milicianos no Estado. Em 2008, Jerominho, um ex-policial que exercia o segundo mandato de vereador, foi preso acusado de homicídio e de ligação com uma das mais antigas milícias do Rio, a Liga da Justiça.

Seu nome apareceu naquele mesmo ano no relatório final da CPI das Milícias, na Assembleia Legislativa do Rio, que indiciou 226 pessoas, entre elas policiais, agentes de segurança, militares e políticos - com destaque para a família de Jerominho. Freixo foi o autor do pedido de abertura da investigação e presidiu a comissão parlamentar. "A milícia é o único grupo criminoso no Rio que transforma domínio territorial em domínio eleitoral. É uma máfia que se estrutura dentro do Estado, o crime organizado sempre está dentro do Estado, e, sem dúvida nenhuma, é a maior ameaça à democracia no Rio de Janeiro", disse Freixo.

Em agosto do ano passado, Jerominho afirmou, em vídeo postado nas redes sociais, que pretende concorrer neste ano. O anúncio ganhou destaque no noticiário porque o ex-vereador cumpriu pena de prisão de 2008 a 2018, condenado por crimes como homicídio e por integrar a Liga da Justiça - o símbolo do morcego do Batman é usado para demarcar território.

O irmão de Jerominho, o ex-deputado estadual Natalino José Guimarães; o filho dele, Jerominho Luciano Guinâncio Guimarães; e o genro, Luiz Malvar, também já foram presos acusados de assassinatos e são apontados como líderes da milícia que domina a região do Campo Grande, zona oeste do Rio. Todos são ex-policiais.

Após cumprir pena, Jerominho poderá ter sua candidatura deferida se comprovar estar em dia com a Justiça. Filiado ao Partido da Mulher Brasileira (PMB), ele afirma que sua ficha é limpa - o Ministério Público ainda vai analisar os requisitos legais. À reportagem, ele negou ter pertencido à milícia e disse ser um "líder comunitário". Até a eleição, pretende abrir um centro social que leva seu nome para se destacar entre os eleitores. A promessa é de que o local tenha consultórios médicos e cursos profissionalizantes em uma planta com 765 m² de construção.

"Não fui acusado (de pertencer a milícia). São só coisas de 'ouvi dizer'. Miliciano para mim são pessoas que são bandidos também. Todo meu trabalho político foi feito aqui na zona oeste, onde eu tenho 96% das intenções de voto. Como um miliciano pode ter tantos votos? Eu atendo hoje 160, 200 pessoas por dia na minha porta. Como que as pessoas vão votar em mim, como vão me querer? Não sou esse bandido que a imprensa criou", afirmou, no vídeo.

Já Freixo busca apoio do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para se tornar o nome da esquerda na disputa. E promete não deixar o tema das milícias fora do debate, como o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), que foi sua assessora parlamentar. A investigação levou à prisão de dois ex-policiais militares suspeitos de comandar milícias no Estado.

Influência

O controle político das áreas dominadas decorre dos interesses econômicos dos milicianos, da necessidade de blindagem de suas atividades ilegais e da perspectiva de aumentar seu poder. Escolhendo candidatos próprios, financiando candidaturas aliadas, controlando o voto dos eleitores e determinando quem pode fazer campanha nas áreas dominadas, as milícias são o tipo de organização criminosa com maior capacidade de se infiltrar na máquina pública e nas esferas políticas, dada sua aparência de inimiga da criminalidade e, principalmente, por ser constituída de agentes do Estado.

O domínio territorial imposto pelas milícias e sua interferência nas eleições podem ser enquadrados como "curral eleitoral", abuso de poder e financiamento ilícito, infrações passíveis de prisão, multa e cassação de candidatura.

Segundo números da Coalizão Eleitoral, grupo formado por autoridades estaduais e federais nas eleições de 2018, no Rio, milícias e facções comandaram 12% das áreas de votação no Estado - o terceiro maior colégio eleitoral do País. Nessas áreas vive 1,7 milhão de pessoas, número equivalente à população do Recife e maior que a população de 18 capitais brasileiras.

Promotores do Gaeco, o grupo do Ministério Público Estadual do Rio que combate milícias, denunciaram 1.060 pessoas e prenderam 336 acusados em 2019. A legislação define milícia no Código Penal desde 2012, mas a tipificação está desatualizada, segundo a promotora Simone Sibilio, coordenadora do Gaeco. O artigo limita milícia a determinado grupo formado para praticar determinados crimes, deixando sem previsão legal parte das irregularidades.

Para o sociólogo José Cláudio Souza Alves, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), milicianos "não são qualquer um e têm informações privilegiadas". "É diferente do traficante, que nunca vai ser eleito." Na avaliação de Alves, a "prestação de serviço" facilita a entrada na política. "O miliciano ajuda as pessoas, vende terrenos à prestação, distribui gás. Ele tem uma face muito positiva. Nunca há a face só da violência. Ele é o cara que ajuda, que vai conseguir fazer favores. Essa face do assistencialismo, do clientelismo, é decisiva."

Exército

A primeira ofensiva contra milícias no Rio ocorreu nas eleições municipais de 2008. A Operação Guanabara levou 3,5 mil soldados do Exército e da Marinha para reforçar a segurança nas áreas mais problemáticas, como Rio das Pedras.

A comunidade é exemplo da fusão entre milícia e política. Em 2004, Josinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho de Rio das Pedras, foi eleito vereador com ampla votação na comunidade, onde atuava oficialmente como líder comunitário e, clandestinamente, como chefe de milícia. Acusado de envolvimento com a morte de outro miliciano, Nadinho foi executado, em 2009, após prestar depoimento na CPI das Milícias. 

O ex-presidente boliviano Evo Morales, asilado na Argentina, defendeu a criação na Bolívia de milícias armadas "como na Venezuela". A declaração foi ao ar em uma rádio boliviana. Mais tarde, ele afirmou que as pessoas têm o direito de se defender.

"Na Bolívia, se as Forças Armadas estão matando o povo, o povo tem o direito de organizar sua segurança", disse o ex-presidente, ao justificar sua declaração. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fez um apelo às milícias civis, na terça-feira (12) para que patrulhem as ruas do país em meio às ameaças de protestos da oposição. O líder oposicionista Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, convocou uma manifestação contra o regime para o sábado (16).

Em pronunciamento televisivo, Maduro, sentado entre líderes militares, ordenou que os cerca de 3,2 milhões de civis venezuelanos que integram milícias intensifiquem as rondas nas ruas em todo o país. Ele disse que as mesmas forças "imperialistas" que derrubaram o presidente boliviano Evo Morales no domingo (10), querem tirá-lo do poder.

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Ciro Gomes voltou a usar suas redes sociais para criticar Jair Bolsonaro (PSL). “Cala a boca, Magda das milícias”, escreveu o político, dois dias depois da repercussão das falas do presidente em uma coletiva de imprensa, em que chamou os nordestinos de “paraíba”, mencionou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), como sendo “o pior de todos” e afirmou que não existe fome no Brasil.

A fala de Ciro Gomes é uma referência à personagem interpretada por Marisa Orth, no programa humorístico Sai de Baixo, conhecida por ser "burra".

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Nascido em São Paulo e criado em Sobral, no Ceará, Ciro escreveu que Bolsonaro “ataca um dos melhores governadores e, irresponsavelmente, determina perseguição ao povo de um Estado”.

As declarações de Bolsonaro ocorreram poucos dias depois da divulgação, na última segunda (15), do relatório anual da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que apontou que cerca de cinco milhões de brasileiros sofrem com desnutrição, o equivalente a 2,5% de toda a população do país.

Dino estuda denunciar presidente

À revista Época, Flávio Dino afirmou que estuda acionar a Procuradoria Geral da República (PGR) para denunciar Bolsonaro por racismo. Na última sexta (19), os nove governadores assinaram uma carta criticando a postura de Bolsonaro em relação à região.

"Carta dos Governadores do Nordeste

19 de Julho de 2019

Nós governadores do Nordeste, em respeito à Constituição e à democracia, sempre buscamos manter produtiva relação institucional com o Governo Federal. Independentemente de normais diferenças políticas, o princípio federativo exige que os governos mantenham diálogo e convergências, a fim de que metas administrativas sejam concretizadas visando sempre melhorar a vida da população. Recebemos com espanto e profunda indignação a declaração do presidente da República transmitindo orientações de retaliação a governos estaduais, durante encontro com a imprensa internacional. Aguardamos esclarecimentos por parte da presidência da República e reiteramos nossa defesa da Federação e da democracia".

 

A operação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio (MP-RJ) contra milicianos da zona oeste prendeu nesta sexta-feira, 31, dois homens suspeitos de serem os responsáveis pela clonagem do carro Cobalt prata usado no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março do ano passado.

Na mesma operação foi preso o sargento Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, que foi apontado pela polícia federal como responsável pela obstrução das investigações do assassinato da vereadora. Durante meses ele foi considerado testemunho chave do caso.

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Foi Ferreirinha quem disse para a polícia que o crime teria sido praticado pelo bando de Orlando Curicica a mando do vereador Marcelo Siciliano. Os dois sempre negaram as acusações. Posteriormente ficou comprovado que Ferreirinha havia rompido com Curicica e fizera as denúncias por se sentir ameaçado pelo ex-chefe.

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