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A menos de três meses do início do período eleitoral, dúvidas sobre o financiamento de campanha ainda incomodam o advogado Luciano Santos, diretor do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). Em parceria com a startup AppCívico, ele participa da criação de uma plataforma, em código aberto, para doações de pessoas físicas. Uma das novidades para as eleições deste ano é que estão proibidos os repasses de empresas.

"Ficamos de encaminhar uma consulta via parlamentares sobre o assunto para haver debate no TSE", afirmou Santos sobre uma reunião com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Gilmar Mendes.

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A dúvida do MCCE e da AppCívico envolve o trecho da legislação eleitoral que proíbe intermediários entre o candidato e o eleitor. Um site de financiamento coletivo não poderá ser usado por candidatos, por exemplo. E cada doação precisa gerar um recibo eleitoral.

Por causa disso, Santos afirma que acompanha de forma cuidadosa os passos da plataforma. O diretor executivo da AppCívico, Thiago Rondon, diz que o Voto Legal usará a tecnologia "blockchain" - núcleo da moeda virtual Bitcoin baseada em computação em nuvem - para dar transparência ao processo. Segundo ele, a plataforma ainda facilitará a fiscalização pelo TSE.

"O foco é São Paulo, mas estamos articulando com organizações de outras cidades para a plataforma ser implementada", afirmou Rondon. Se as articulações prosseguirem, mais quatro municípios devem ter o sistema: Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Ilhéus (BA) e Jundiaí (SP).

Concorrência

Ainda em fase preliminar, o cientista político Andrei Roman diz que planeja expandir o site AtlasPolitico.com.br para uma plataforma que reúna ainda mais informações sobre cada candidato e receba doações online. Roman quer mostrar evolução patrimonial, origem das doações, vídeos, registro de processos judiciais, entre outros.

"A gente vai fazer. A dúvida é se a Justiça vai deixar. Não faz sentido que cada candidato desenvolva a própria ferramenta. Dá mais trabalho. Poderia até ser uma barreira para candidatos sem recursos", observou Romani.

Regras

O ministro do TSE Henrique Neves lembra que a lei permite que o sistema esteja não só no site do candidato, mas também no do partido ou da coligação. Neves afirma que os candidatos devem se mobilizar para viabilizar as doações e também denunciar adversários que cometam eventuais irregularidades.

"O caixa 2 sempre vai existir. Mais importante é a transparência das doações", disse o ministro da Justiça Eleitoral. "Saber, no caso de um candidato que tem 50 mil panfletos na rua, em que gráfica ele comprou, como ele arranjou o dinheiro. É mais importante do que você estabelecer a limitação de fontes."

Especialista em direito eleitoral, o advogado Fernando Neisser afirma que a empreitada dos grupos pode fracassar se a Justiça Eleitoral entender que o serviço para desenvolver as plataformas tem um valor estimado em dinheiro. Os financiadores de iniciativas como essas estariam bancando e, assim, doando serviços a candidatos.

Para a advogada e professora da Uerj Vânia Aieta, as eleições municipais vão mostrar que o financiamento público não se sustenta. Ela espera que haja ajustes para 2018.

"O que houve foi politicagem, para dar show para a plateia, para agradar a pão e circo", considera a professora. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um dos fundadores do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), juiz Marlón Reis, disse, em entrevista ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que as propostas anunciadas pela presidente Dilma Rousseff são "boas, mas tópicas".

O magistrado - um dos idealizadores da Lei da Ficha Limpa - afirmou que as sugestões apresentadas atingem apenas as consequências da corrupção e não as causas, que, destacou, só serão resolvidas com a aprovação de uma reforma política.

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"A principal medida passa por algo que todos os candidatos estão falando, que é a reforma política. O sistema eleitoral passa por uma crise", disse ele, defensor de um sistema misto - público e privado - de financiamento eleitoral. "A matriz brasileira da política é do abuso do poder econômico. As empresas que não doam, investem", completou.

O juiz disse esperar que o próximo presidente, quem quer que seja a partir de 2015, assuma o compromisso de deflagrar uma reforma política tão logo assuma.

Ainda assim, Márlon Reis afirmou que a proposta que torna crime o enriquecimento sem comprovação do agente público é "fundamental" para inibir a corrupção. Ele disse também que a devolução de recursos públicos ou bens comprados como produto do crime já existe, mas essa forma de ressarcimento precisa ser aperfeiçoada.

Ele sugeriu, por exemplo, que em casos de condenação pela Lei de Improbidade não deveria precisar o trânsito em julgado (quando não há mais recursos disponíveis) para assegurar a devolução dos bens ao erário público.

O magistrado não quis dizer se Dilma está em vantagem no combate à corrupção em relação aos adversários. "Prefiro não fazer uma avaliação que envolva aspectos de vantagem partidária por causa da minha condição de juiz", disse.

Congresso

Desde 2007, o Congresso Nacional tem propostas que correspondem, integral ou parcialmente, às sugestões "lançadas" pela presidente Dilma na semana passada para combater a corrupção e a impunidade no País. Levantamento do Broadcast Político aponta que a maioria das iniciativas - algumas delas apresentadas por aliados de Dilma durante a sua gestão - está parada em comissões da Câmara ou do Senado.

Mesmo sendo um dos temas mais discutidos durante a campanha, Dilma foi, até agora, a única candidata entre os principais presidenciáveis a apresentar propostas concretas para aumentar o rigor e a eficácia no combate à corrupção. Até o momento, tanto a candidata do PSB, Marina Silva, como o tucano Aécio Neves têm preferido abordar o assunto criticando denúncias de irregularidades durante o mandato da petista.

Na defensiva, por conta das denúncias de corrupção que envolvem a Petrobras, a presidente lançou um pacote com cinco iniciativas contra a impunidade. A primeira delas é a que modifica a Lei das Eleições para, segundo ela, tornar a prática de caixa dois crime. Atualmente, a conduta é punível apenas com a desaprovação das contas do partido ou candidato e, em caso de comprovado abuso de poder econômico, pode levar ao cancelamento do registro da candidatura ou cassação do diploma do eleito.

O atual primeiro-vice-presidente do Senado, o petista Jorge Viana (AC), apresentou, em julho do ano passado, logo após o início das manifestações de rua que tomaram conta do País, uma proposta que torna crime, com pena de cinco a dez anos de prisão, usar recursos em campanha fora da contabilidade formal. O texto foi remetido para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, mas ainda não teve sequer relator para analisar o mérito da matéria. Se aprovada na comissão, poderia seguir diretamente para a Câmara, caso não houvesse recurso de senadores para levá-la ao plenário da Casa.

Uma segunda proposta anunciada por Dilma prevê punir com rigor agentes públicos que apresentem enriquecimento sem justificativa ou que não consigam comprovar a origem dos ganhos patrimoniais. Um projeto com esse mesmo teor foi apresentado no dia 31 de outubro de 2007 na Câmara pelo deputado petista Praciano (AM).

A proposta de Praciano prevê pena de prisão de cinco a 12 anos para este crime, mais multa. A pessoa que contribuir para a prática do crime também pode incorrer na mesma pena.

Judiciário

A presidente também propôs a criação de uma nova estrutura no Poder Judiciário para aperfeiçoar o julgamento de autoridades que detenham foro privilegiado. Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), apresentada em novembro de 2011 pelo deputado Ronaldo Fonseca (PR-DF), integrante da base aliada, se assemelha à sugestão feita por Dilma. A PEC, que está parada na CCJ da Câmara, estabelece preferência para julgamento de crimes que tramitam em regime de foro privilegiado.

As outras duas propostas de Dilma não têm projetos em tramitação, o que significa que ela terá de encaminhar, caso reeleita, os textos para o Congresso Nacional: a de criação de um novo tipo de ação judicial - a ação civil pública de extinção de domínio - que permita declarar a perda de propriedade ou bens fruto de atividade ilícita e outra iniciativa que altera a legislação processual para acelerar o julgamento de processos judiciais que digam respeito a desvio de recursos públicos.

Aplicada pela primeira vez em uma eleição para presidente, a Lei da Ficha Limpa torna inelegíveis os políticos que tenham sido condenados por órgãos colegiados da Justiça ou por casas legislativas. Na opinião do juiz eleitoral Márlon Reis, diretor do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), a lei, que já havia sido aplicada nas eleições municipais de 2012, é “uma inovação sem precedentes no sistema eleitoral”.

“Nós sempre acreditamos que o processo de aplicação da Lei da Ficha Limpa fosse demandar algumas eleições. Trata-se de uma inovação sem precedentes no sistema eleitoral. E é natural que a Justiça Eleitoral consuma algumas eleições até sedimentar uma jurisprudência. Mesmo assim, consideramos que a aplicação da lei tem sido bastante proveitosa e eficiente”, disse o magistrado, que foi um dos redatores da minuta da lei.

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Para ele, ao tirar dos políticos ficha suja a possibilidade de se eleger, a Lei contribui para tornar as regras do direito eleitoral mais eficientes.

De acordo com Reis, em 2012, cerca de 1,2 mil candidatos tiveram seus registros indeferidos pela Justiça Eleitoral, com base na lei. “É um número formidável. A Lei da Ficha Limpa ampliou o número de casos de inelegibilidade. Ela retirou do direito eleitoral o mito de que uma condenação precisa transitar em julgado para que haja uma inelegibilidade”, disse Reis que também é presidente da Associação Brasileira dos Magistrados, Procuradores e Promotores Eleitorais (Abramppe).

A Lei Complementar 135/2010 (Lei da Ficha Limpa) permite que seja considerada inelegível, por oito anos, qualquer pessoa que tenha sido condenada por um órgão colegiado da Justiça e de casas legislativas (como de políticos que tenham tido suas contas rejeitadas pelos parlamentares). Antes da lei, para ser considerada inelegível, a pessoa tinha que ter sido condenada em última instância, sem direito a recursos.

Também podem ser considerados inelegíveis pela Justiça funcionários públicos que tenham sido demitidos em decorrência de processo administrativo ou judicial e pessoas que tenham tido seus registros profissionais cassados por seus órgãos de classe em decorrência de infração ético-profissional.

A professora de direito eleitoral da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Vânia Aieta, que também atua como advogada de candidatos perante a Justiça Eleitoral, faz críticas à lei e diz que a norma tem brechas que tornam subjetiva a decisão sobre a possibilidade de um candidato poder concorrer.

A advogada usa, como exemplo, os julgamentos sobre improbidade administrativa que, segundo ela, precisam definir a existência de dolo (intenção) e dano ao Erário para enquadrar o candidato na Lei da Ficha Limpa.

“Essas minúcias têm uma carga de subjetividade no momento da decisão judicial. Dependendo de quem esteja julgando, de quem seja o intérprete [da lei], você vai ter julgamentos mais favoráveis ou mais desfavoráveis. A meu ver, aqui no Tribunal Eleitoral [do Rio] há pessoas com situações muito mais gravosas que foram liberadas e outras que foram condenadas por situações de menor monta”, afirma.

A especialista da Uerj acredita que o melhor julgamento sobre o candidato deve vir do próprio eleitor. Para Vânia, é ele que deve separar o bom do mau candidato. Márlon Reis, por sua vez, diz que não existe lei que não seja passível de interpretação.

No Distrito Federal, por exemplo, o candidato ao governo José Roberto Arruda terá seu destino político definido hoje pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Condenado em segunda instância por improbidade administrativa, Arruda, que já foi governador do DF, lidera as pesquisas de intenção de voto.

Na sessão, às 19h, os ministros vão decidir se confirmam o entendimento do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que negou o registro da candidatura do ex-governador às eleições de outubro, com base na Lei da Ficha Limpa. Arruda foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) e perdeu seus direitos políticos por oito anos por improbidade administrativa, enriquecimento ilícito e dano ao patrimônio público. O advogado de Arruda, Francisco Emerenciano, vai sustentar que a decisão do TJDFT foi posterior ao pedido de registro de candidatura e, por isso, não poderia impedi-lo de entrar na disputa. Ainda segundo o advogado, Arruda solicitou à Justiça Eleitoral seu registro no dia 4 de julho e a decisão do TJDFT foi tomada em 9 de julho.

Nas ruas, pessoas ouvidas pela Agência Brasil defendem a lei. “Acho a lei corretíssima. Ajuda muito, mas o eleitor poderia fazer sua parte, independente da lei”, afirma o funcionário público Ivan Melo, de Alagoas.

O pintor carioca Irapuã Pina diz que acha a lei muito “correta”. “Já ouvi falar dessa lei. Todo mundo tem que ter a ficha limpa, mas principalmente o político, que tem que dar o exemplo. É muito complicado deixar só na mão do eleitor a escolha. A Justiça tem que intervir, sim”.

Outras pessoas entrevistadas pela Agência Brasil nem sequer conheciam a lei, mas ao saberem o que a norma prevê, disseram apoiá-la. “Não conheço a lei, mas concordo plenamente com ela [depois de ouvir a explicação da reportagem], porque impede que políticos com ficha suja voltem à política. Eu mesma sempre procurei não votar em candidatos que tenham alguma coisa suja em sua vida”, disse a recepcionista Adriana Santiago.

Outro que disse desconhecer a lei, o porteiro paraibano José da Silva considera importante uma lei que impeça candidatos ficha suja de concorrer. “Se ele tem ficha suja, a Justiça tem que tirar fora [da eleição], com certeza. Tem que entrar só político que possa guiar melhor o país”, conta.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) entregaram nesta terça-feira (13) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados o projeto de iniciativa popular para reforma política. Apesar de ainda estar em processo de coleta de assinaturas, as entidades resolveram antecipar a entrega da proposta a fim de aprovar uma nova legislação válida para as eleições de 2014.

O projeto das entidades civis foi assinado pelo presidente da CCJ, Décio Lima (PT/SC), que encaminhou a proposta para a Mesa da Câmara com o objetivo de acelerar o trâmite do processo. O presidente da OAB, Marcos Vinícius Furtado, disse que após a pesquisa mostrando que a população apoia majoritariamente a reforma para o próximo ano, não se pode admitir o discurso de que "não há tempo" para aprová-la. "A lei da Ficha Limpa foi aprovada em 48 horas. Por que não na reforma política?", questionou.

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A proposta encaminhada pela OAB proíbe a doação empresarial para campanhas políticas e permite a doação individual (com teto de R$ 700). Pelo texto, o sistema proporcional é mantido e o eleitor passa a votar em dois turnos: no partido e depois no candidato a um cargo no parlamento. Segundo o juiz Marlon Reis, do MCCE, o projeto acaba com o "efeito Tiririca", onde a votação de um parlamentar ajuda a eleger outros parlamentares, como aconteceu com o deputado federal Tiririca (PR/SP) no último pleito.

A proposta das entidades é considerada simples por não exigir mudanças em normas constitucionais. "Uns dizem que há 20 anos a reforma política está encalacrada. Vamos quebrar essa barreira", defendeu Reis. Durante a entrega do projeto na CCJ, os membros da comissão demonstraram apoio ao projeto, reclamaram que mesmo após as manifestações de junho a Casa não entrou no "clima" da reforma política (apesar de ter criado um grupo para discutir o assunto) e disseram que o texto da OAB representa a "alforria dos parlamentares em relação aos financiadores de campanha".

"Nós chegamos ao fundo do poço do atual sistema eleitoral", disse o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO). O vice-líder do governo, Henrique Fontana (PT/RS), que conduziu o último projeto que tramitou na Câmara, disse que o Parlamento deve se sintonizar com o sentimento da população. Para o petista, a Câmara não precisa de mais um grupo de trabalho para estudar ideias de reforma, mas de "um grupo para votar a reforma".

Ele ainda sugeriu que o projeto da OAB seja apreciado pela CCJ até meados de setembro, o que possibilitaria uma aprovação até outubro (prazo limite para que o texto aprovado tenha validade já em 2014). Independentemente do início da tramitação, as entidades manterão a coleta de assinaturas para demonstrar "o apoio da sociedade". Haverá também um ato pela reforma no dia 26 de agosto no Largo São Francisco, em São Paulo. Segundo a OAB, o local foi escolhido por ser o mesmo onde começou o movimento pelas Diretas Já.

O projeto de reforma política por iniciativa popular “Eleições Limpas”, tem adquirido o apoio de alguns políticos pelo Brasil. O último deles é o governador de Tocantins, Siqueira Campos (PSDB), que além de apoiar assinou uma carta direcionada ao senador e presidente nacional da sigla, Aécio Neves, incentivando a aprovação dos tucanos a proposta.

O "Eleições Limpas" - idealizado pelo Movimento de Combate á Corrupção Eleitoral (MCCE), Instituto Atuação, pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Nacional) e outras entidades - prevê o fim do financiamento de campanhas eleitorais por empresas privadas, limite para doação de pessoa física para partidos, eleição para o Legislativo em dois turnos, além de mais liberdade de expressão dos cidadãos em relação ao debate eleitoral. Para o sistema eleitoral, a ideia é que a eleição ocorra em duas etapas. O primeiro turno da eleição aconteceria com as pessoas votando em partidos, não em candidatos.

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Para ser aceito no Congresso Nacional, é preciso que o projeto obtenha 1,6 milhão de assinaturas. É a primeira vez que assinaturas eletrônicas estão valendo juridicamente para um projeto de iniciativa popular. 

Na corrida contra o tempo para coletar 1,5 milhão de assinaturas, com o objetivo de tornar viável uma reforma política que valha para as eleições de 2014, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) teme que o respaldo do Palácio do Planalto carimbe a proposta como "chapa branca", antes mesmo de a oposição ser convencida sobre as virtudes da iniciativa. O objetivo dos organizadores é fazer com que o projeto popular siga autônomo e ganhe apoio da sociedade.

Ciente das dificuldades políticas para aprovar um plebiscito no Congresso e das resistência dos partidos, inclusive os da base aliada, para agilizar uma reforma política que tenha validade para a próxima eleição, a presidente Dilma Rousseff afirmou a auxiliares, conforme antecipou o Estado em sua edição do último dia 5, que poderá declarar apoio ao projeto de iniciativa popular.

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Entre as principais mudanças defendidas pelo movimento intitulado "Eleições Limpas" estão o sistema de voto em dois turnos nas eleições proporcionais (com votação primeiro nos partidos e depois nos candidatos), proibição da doação de empresas a campanhas (cada eleitor poderá doar até R$ 700), criminalização do caixa dois (com pena de reclusão de dois a cinco anos) e a escolha dos candidatos de cada partido por meio de prévias fiscalizadas pelo Ministério Público e Justiça Eleitoral.

Caso o modelo já tivesse sido adotado nas últimas eleições municipais, estimam os organizadores, o número de candidatos despencaria 73,5%.

"Não queremos que a proposta seja vinculada ao governo ou à oposição, queremos deixar clara a qualidade da nossa proposta para a vida política brasileira", afirmou o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinícius Furtado, que aposta no trâmite do projeto no Congresso em agosto, antes mesmo da conclusão da coleta de assinaturas.

"Não interessa para o movimento que ele seja adotado pela presidente Dilma. Isso seria ruim porque queremos justamente evitar a partidarização. Não seria justo (que o projeto) recebesse qualquer tipo de vinculação. O que queremos e precisamos do apoio de todas as forças políticas na hora da aprovação (no Congresso). Uma aproximação partidária ou com o governo nesse momento poderia inviabilizar a proposta", admite o juiz Márlon Reis, do MCCE, e presidente da Associação Brasileira dos Magistrados e Promotores Eleitorais.

Encabeçado pela OAB, o MCCE é composto por 55 entidades dos mais diversos segmentos sociais, como Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal e União Nacional dos Estudantes (UNE), além de lideranças evangélicas e do movimento de gays e lésbicas (movimento LGBT).

Presidenciáveis

Dos presidenciáveis de 2014, a OAB já teve conversas com a presidente Dilma, o senador Aécio Neves (PSDB) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Todos teriam demonstrado interesse e simpatia à proposta - Campos chegou inclusive a pedir que o fim da reeleição fosse incorporado ao projeto. A ex-senadora Marina Silva, que tenta viabilizar a sua Rede Sustentabilidade, já está sendo procurada pelo grupo.

O projeto "Eleições Limpas", se aprovado, acabaria com a doação de empreiteiras, bancos e grandes empresas. Esses segmentos são os principais doadores em campanhas eleitorais no País, sobretudo presidenciais.

A presidente Dilma demonstrou simpatia ao projeto de iniciativa popular ao se encontrar com Furtado e outros integrantes do MCCE no Planalto no mês passado. Estaria até disposta a se manifestar publicamente favorável a ele, mas foi convencida a aguardar a coleta de assinaturas.

Declarações do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, de que o governo poderia "dar força" à proposta, no entanto, preocuparam integrantes do MCCE.

Para Márlon Reis, a população de imediato rejeitaria uma proposta gestada por partidos. Ele conta que, ao coletar assinaturas, basta dizer que ‘o movimento que fez o Ficha Limpa quer fazer uma reforma política’ para que as pessoas se interessem pelo tema e colaborem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A aposta para viabilizar a reforma política já para 2014 do juiz Márlon Reis, um dos coordenadores do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, é um projeto que não exija mudanças na Constituição. Sem alterar a Constituição, em vez de três quintos dos votos, é necessário apenas maioria simples dos votos na Câmara e no Senado, metade mais um.

O objetivo é conseguir 1,5 milhão de assinaturas até o dia 4 de agosto, o que faria com que o projeto de reforma do Movimento Eleições Limpas chegasse ao Congresso Nacional com um tempo razoável para ser aprovado. Para valer em 2014, o projeto de iniciativa popular precisa ser aprovado na Câmara e no Senado até o dia 4 de outubro, um ano antes da eleição.

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O número de assinaturas obtidas até o momento é um mistério, já que o movimento não tem como contabilizar o número coletado pelas diversas frentes de divulgação do movimento, como igrejas, OABs e Maçonaria, por exemplo. As assinaturas eletrônicas, colhidas pelo site do movimento somam cerca de 70 mil. "O tempo do Congresso é um tempo político. Se a sociedade mostrar com as assinaturas que esta é uma demanda, é possível aprovar em um tempo menor que esse", afirma.

Projeto

A principais mudanças no projeto apresentado são sobre o sistema eleitoral e o financiamento. No financiamento, a proposta é limitar as doações às pessoas físicas com um limite de até R$ 700. O projeto elimina a contribuição de empresas.

A mudança proposta no sistema eleitoral prevê a eleição de vereadores, deputados estaduais e federais em três etapas. A primeira etapa seria a realização de primárias dentro dos partidos e os candidatos seriam ordenados de acordo com a votação. Em um segundo momento, aconteceria o primeiro turno da eleição com as pessoas votando em partidos, não em candidatos. A proporção de voto recebida por cada partido determina quantas cadeiras ele terá. No segundo turno das eleições, cada partido lança dois candidatos por vaga conquistada, os nomes que disputam esta eleição são os mais bem colocados na primária. O eleitor vota mais uma vez e escolhe os futuros parlamentares.

O projeto para a Reforma Política será a debatido em encontro, nesta terça-feira (9), entre o coordenador do Movimento de Combate à Corrupção (MCCE), Márlon Reis; o diretor do Instituto Atuação, Ramon Bentivenha e o senador Álvaro Dias (PSDB).

Os movimentos já se reuniram para tratar do mesmo assunto com a presidente Dilma Rousseff (PT), o vice-presidente Michel Temer (PMDB), o senador Aécio Neves (PSDB) e o líder do DEM na Câmara, deputado Ronaldo Caiado.

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Há duas semanas o MCCE e o Instituto Atuação apresentaram uma proposta de iniciativa popular, chamada de “Eleições Limpas”. Em contrapartida o governo reagiu propondo o plebiscito sobre o tema, tendo como reposta da oposição à proposta de referendo.

“O MCCE apresenta a terceira via de democracia direta prevista na Constituição como melhor alternativa para aperfeiçoarmos nosso sistema eleitoral já para 2014”, diz Reis.

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) farão amanhã, às 10h, um ato público em apoio às reivindicações da sociedade que ecoam nas ruas desde a semana passada. Haverá o lançamento de um anteprojeto de lei de iniciativa popular, para a coleta de um milhão e meio de assinaturas, com o objetivo de obrigar o Congresso a votar imediatamente reivindicações como a reforma política que ataque a corrupção eleitoral e assegure liberdade ampla na internet; além de estimular a instalação de Comitês de Controle Social dos Gastos Públicos, inclusive sobre gastos da Copa de 2014 e sobre planilhas de tarifas de transporte coletivo.

O ato também tem o objetivo de obrigar o governo a ampliar o investimento em saúde e educação, com a fixação de 10% do orçamento geral da União e do PIB destinado a cada uma dessas áreas. E, ainda, a criação urgente de um Código de Defesa dos Usuários dos Serviços Públicos. O evento será realizado no plenário da sede da OAB, em Brasília.

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Os três temas principais que constarão do anteprojeto de lei de reforma política são a defesa do financiamento democrático das campanhas, do voto transparente e da liberdade de expressão na internet. "Não adianta apenas se queixar da corrupção sem combater a raiz do problema, que é a forma de financiamento das campanhas eleitorais no Brasil", afirmou o presidente nacional da OAB Marcus Vinicius, por meio de nota. "Defendemos o financiamento democrático das campanhas, para que todos os políticos tenham um mínimo de estrutura para apresentar suas ideias sem se submeter a relações espúrias com empresas", acrescentou.

O juiz eleitoral no Maranhão Márlon Reis, um dos fundadores do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), rebateu nesta sexta-feira a declaração do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que atacara a Lei da Ficha Limpa, classificando-a de "completamente absurda". Para o juiz, essa análise, partindo de Dirceu, "está desautorizada" pelo fato de ele ter sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão e estar enquadrado na Ficha Limpa.

Em discurso na quinta-feira (21) em Chapecó (SC), Dirceu declarou: "Criaram a Lei da Ficha Limpa, que é uma lei completamente absurda. Porque ela retroagiu. No Brasil, pela Constituição, você só pode ser considerado culpado quando transitado em julgado na última instância. Só que, agora, vale na segunda instância. Até mesmo quando é na primeira instância já está eliminado."

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Membro do comitê nacional do MCCE, que recolheu assinaturas pela aprovação da nova regra, Márlon Reis disse que a reação de Dirceu não causa surpresa. "Não é de surpreender que pessoas afetadas, que sejam impedidas de se candidatar, fiquem ressentidas. Nesse caso em particular (do ex-ministro), em que foi aplicada uma pena relativamente alta, de dez anos e dez meses de prisão, isso implica no mínimo 18 anos de inelegibilidade. Não é de surpreender que esteja havendo essa inconformidade, essa falta de estima por uma lei que, pelo contrário, é uma das mais estimadas pela sociedade."

Para o juiz eleitoral, o critério estabelecido pela Lei da Ficha Limpa, de que haja decisão por órgão colegiado, é "muito razoável". "A necessidade de que se aguarde o trânsito em julgado é uma tese ultrapassada e minoritária na comunidade jurídica. Nem mesmo a OAB compactua com essa tese", afirmou o juiz do Maranhão.

O coordenador nacional do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), juiz Marlon Reis, disse hoje em Maceió que, pelas suas contas, só falta um voto para que a Lei da Ficha Limpa (LC nº135/2010) seja declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A votação foi suspensa depois do pedido de vistas pelo ministro Joaquim Barbosa, esta semana.

"Já temos os votos de cinco ministros do Supremo favoráveis à aplicação da Lei Ficha Limpa. Três se posicionaram contra e dois ainda não votaram, num total de dez. Portanto, se pelo menos mais um ministro votar favorável, a lei será reconhecida como constitucional e passará a valer para as eleições de 2012", afirmou Reis, que participou da abertura do 8º Encontro Nacional do Judiciário, na capital alagoana.

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De acordo com Marlon Reis, juiz estadual no Estado do Maranhão, o relator das ações que pautaram a Lei da Ficha Limpa, ministro Luiz Fux votou pela inelegibilidade dos políticos fichas-sujas. Após o voto favorável de Fux, o ministro Joaquim Barbosa, pediu "vista ao processo" e interrompeu o julgamento, que deverá ser retomado após a posse da nova ministra Rosa Maria Weber.

Redação coletiva - No julgamento anterior, assim que assumiu o cargo de ministro, Fux foi o responsável pelo desempate na votação do Supremo para as eleições de 2010, fazendo com que a Lei da Ficha Limpa não valesse para aquele pleito. "Felizmente, desta vez o ministro Fux votou favorável a constitucionalidade", comemorou Reis, que foi um dos relatores da lei de iniciativa popular.

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