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Na Itália, o discurso político de desprezo aos imigrantes foi explorado pela extrema direita ao longo da campanha eleitoral, apesar de serem necessários para o funcionamento da terceira maior economia da zona do euro.

"Só quem tem direito deve entrar. Não precisamos de imigrantes para repovoar as cidades", protestou Matteo Salvini, líder da Liga no domingo, diante de cerca de 100 mil ativistas.

O ex-ministro do Interior, acusado de bloquear barcos das ONG que socorreram imigrantes no Mediterrâneo, retomou assim uma das bandeiras preferidas da extrema direita, apesar de a mão de obra imigrante ser fundamental para a manutenção da economia.

Tanto Salvini quanto sua aliada nas eleições legislativas de 25 de setembro, Giorgia Meloni, líder do partido pós-fascista Fratelli d'Italia (Irmãos da Itália), destacaram seu desejo de fechar a península diante da chegada de imigrantes.

Salvini iniciou sua campanha eleitoral no início de agosto visitando a pequena ilha de Lampedusa, símbolo da imigração ilegal por receber todos os anos milhares de imigrantes da África.

"Lampedusa não pode ser o campo de refugiados da Europa", lançou.

Para o sociólogo Maurizio Ambrosini, a ideia é associar o fluxo de imigrantes aos desembarques. "Na realidade, o número real de imigrantes se manteve estável nos últimos dez anos na Itália", explicou o especialista em migração da Universidade de Milão, entrevistado pela AFP.

A favorita nas pesquisas, Giorgia Meloni aproveitou o estupro cometido em Piacenza (norte) por um requerente de asilo no final de agosto para comentar amplamente em suas redes sociais, desencadeando a indignação dos moderados de esquerda e centro.

Os dois líderes querem assim entrar em sintonia com a maioria dos italianos. Cerca de 77% consideram que o número de imigrantes é "muito alto", segundo uma pesquisa do YouGov realizada em dezembro para vários jornais europeus, incluindo o italiano La Repubblica.

Número dez pontos acima da média europeia. A maior preocupação dos italianos é que com a chegada dos imigrantes a criminalidade aumentará (53%), principalmente entre os eleitores dos Irmãos da Itália (76%) e da Liga (67%).

- "Lemas de campanha" -

O Partido Democrata (PD, esquerda) e os de centro "veem os imigrantes como um recurso para a economia italiana", mas "têm dificuldade em fazer com que os seus eleitores compreendam, sobretudo porque não é um assunto popular", lamenta o professor Ambrosini.

De fato, os imigrantes representam uma tábua de salvação para a Itália, cuja população pode ser reduzida em 20% em 50 anos, de 59,6 milhões de habitantes em 2020 para 47,6 milhões em 2070, segundo projeções do instituto nacional de estatística (Istat).

Esta diminuição é acompanhada por um envelhecimento geral, devido à queda das taxas de natalidade e ao aumento da esperança de vida no país, apelidado de Japão da Europa.

Em relatório publicado em 2021, o Istat alertou para futuras dificuldades nos sistemas previdenciário e de saúde.

O mercado de trabalho faz uso maciço da população migrante, especialmente para empregos pouco qualificados no setor agrícola, construção, serviço doméstico e hotelaria.

Com 2,5 milhões, os imigrantes em situação regular representam cerca de 10% da população ativa, sem contar a imigração ilegal.

Durante a pandemia de covid-19, veio à tona a dependência de mão de obra estrangeira.

Perante o perigo de perderem as suas colheitas por falta de pessoal, os empregadores do setor agrícola tiveram de alugar aviões para trazer trabalhadores sazonais da Romênia ou Marrocos.

"Em teoria, eu poderia ter encontrado trabalhadores aqui na Itália, mas os italianos não querem mais trabalhar nos campos ou nos vinhedos", disse o enólogo Martin Foradori Hofstatter à AFPTV na época.

Alcançar um equilíbrio entre a questão humanitária, os interesses do país e o princípio da seletividade são "questões complexas que não se prestam a simplificações nem aos slogans e lemas de uma campanha eleitoral", admite o professor Ambrosini.

Após confundir o enviado especial dos Estados Unidos para questões climáticas, John Kerry, com o ator e comediante americano Jim Carrey, o presidente Jair Bolsonaro chamou nesta quarta-feira, 3, o senador italiano de extrema-direita Matteo Salvini, com quem se encontrou ontem, de "Salvati".

"Teve lá o Salvati, acho que foi primeiro-ministro", disse Bolsonaro nesta quarta-feira a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada. O presidente esteve ontem com Salvini, que já foi premiê italiano e hoje é senador, em Pistoia, na Itália, durante cerimônia em memória dos soldados brasileiros mortos na Segunda Guerra Mundial.

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O chefe do Executivo ainda disse ter sido muito bem recebido no país europeu, sem considerar seu isolamento durante a reunião do G20. Bolsonaro teve apenas duas reuniões bilaterais oficiais: com o presidente da Itália, Sergio Matarella, e com o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Mathias Cormann. "Disseram que eu estava isolado", comentou o presidente hoje com apoiadores, mas em tom de ironia e aos risos.

Bolsonaro também minimizou o fato de faltar à Conferência do Clima da ONU (COP-26), que nesta semana reúne em Glasgow, Escócia, os mais importantes líderes mundiais para debater a questão climática. "Estão reclamando que não fui para Glasgow, mas levaram uma índia para lá substituir o Cacique Raoni e atacar o Brasil", afirmou Bolsonaro, em referência ao discurso da ativista indígena brasileira Txai Suruí na abertura do evento.

Txai fez um discurso enfático em defesa da preservação da Amazônia e alertou sobre a importância de se ouvir os povos indígenas. Em entrevista ao UOL News, revelou ter sido intimidada por brasileiros após seu pronunciamento.

Em seu último compromisso antes de deixar a Itália, o presidente da República, Jair Bolsonaro, participou na manhã desta terça-feira, 2, em Pistoia, de cerimônia em memória dos soldados brasileiros falecidos na Segunda Guerra Mundial, os chamados "pracinhas". Desde 1967, a cidade abriga um monumento no cemitério San Rocco, em que 462 soldados e oficiais brasileiros mortos foram enterrados no final da guerra. O evento contou ainda com a presença do senador da ultradireita italiana Matteo Salvini, que é apoiador de Bolsonaro.

Assim como ocorreu em outras cidades italianas, Bolsonaro foi recebido em Pistoia por manifestantes contrários e apoiadores. Um pequeno grupo de simpatizantes deu as boas-vindas ao presidente brasileiro no monumento, enquanto cerca de 300 pessoas se reuniram no centro da cidade para protestar contra ele.

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O senador italiano lamentou as manifestações contra Bolsonaro.

Durante o discurso, o presidente repetiu que "a liberdade é mais importante" que "a própria vida", e se disse muito honrado em estar, pela primeira vez, visitando o país de seus antepassados. "Hoje, comemoramos aqueles que tombaram em luta por aquilo que é mais sagrado entre nós, a nossa liberdade", afirmou.

Estavam presentes no evento os ministros Walter Souza Braga Netto (Casa Civil), Carlos França (Relações Exteriores) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).

Depois da cerimônia, pelo Twitter, Salvini disse que a homenagem não deveria "suscitar polêmica". "Honrar os mortos, hoje em particular, não deve suscitar polêmica e por isso peço desculpas ao Brasil, cujos filhos deram vida pela liberdade do nosso país. A amizade entre nossos povos vai além das distinções políticas", escreveu.

Mais cedo, ao chegar no cemitério, o político italiano pediu desculpas ao povo brasileiro "pelas polêmicas incríveis" que ocorreram em relação à ida de Bolsonaro a Pistoia. A passagem do presidente brasileiro pelo país gerou protestos tanto em Roma quanto no interior, nas cidades de Anguillara Veneta e Pádua, onde ele esteve na segunda-feira para receber título de cidadão honorário e visitar a Basílica de Santo Antônio, respectivamente.

"Ouvi aqui a palavra gratidão. Ela tem mão dupla. Apesar de o Oceano Atlântico nos separar, nos sentimos mais que vizinhos, nós somos irmãos. Daqueles jovens que estiveram aqui nos idos de 43, 44 e 45, poucas dezenas ainda estão vivos. Mas, eles são para nós, a chama da liberdade. A todos vocês, nossos irmãos italianos, a minha continência e orgulho de estar aqui e a minha satisfação de tê-los ao nosso lado ontem, hoje e sempre. Brasil e Itália sempre juntos", disse ele ao fim do discurso.

Na tarde de segunda-feira, em Pádua, manifestantes contrários ao presidente brasileiro entraram em confronto com a polícia, que usou cassetetes, bombas de gás lacrimogêneo e disparos de jatos d'água para conter o protesto, que acabou com uma mulher presa.

A tour de Bolsonaro pela Itália chega ao fim na tarde desta terça-feira. O presidente está no país desde a última sexta-feira. No fim de semana, ele participou de encontro do G20.

O ex-ministro do Interior e atual senador, Matteo Salvini, foi indiciado formalmente neste sábado (17) por sequestro de pessoa e recusa de atos oficiais no caso que envolve a proibição de desembarque de 147 migrantes que estavam em um barco da ONG espanhola ProActiva Open Arms em agosto de 2019.

Assim, o juiz de Palermo, Lorenzo Jannelli, aceitou a denúncia da Procuradoria, que acusava o então ministro de ter feito um procedimento "ilegal" ao negar a entrada dos estrangeiros na ilha de Lampedusa.

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A defesa alegou durante todo o processo que a decisão do então ministro tinha como foco proteger as fronteiras italianas e que foram tomadas de maneira conjunta com todo o governo.

O processo será iniciado em 15 de setembro perante os juízes da Segunda Seção Penal do Tribunal de Palermo.

Após o anúncio de Jannelli, Salvini usou as redes sociais para se manifestar sobre a decisão. "Indiciado. 'A defesa da Pátria é um dever sacro do cidadão'. Artigo 52 da Constituição. Vou ser processado por isso, por ter defendido o meu país? Vou de cabeça erguida, também em nome de vocês. Primeiro a Itália, sempre", escreveu o senador.

O líder do partido de extrema-direita Liga Norte manteve o navio da ONG por 20 dias estacionado em frente à ilha. Os migrantes só puderam descer da embarcação após uma intervenção da Justiça Administrativa, que determinou o desembarque por motivos sanitários.

Ministro do Interior entre junho de 2018 e setembro de 2019, Salvini endureceu as políticas migratórias da Itália com a instituição de dois "Decretos de Imigração e Segurança", que ficaram conhecidos como "Decretos Salvini".

Entre as medidas, havia a restrição da estadia por motivos humanitários, multas de até 1 milhão de euros para as ONGs que navegassem sem permissão nas águas territoriais italianas e prisão em flagrante de comandantes que desafiassem autoridades.

Os "Decretos Salvini" foram revogados após a Liga abandonar a coalizão política do ex-premiê Antonio Conte.

Da Ansa

O líder do partido ultranacionalista Liga e ex-ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, deu uma entrevista neste domingo (10) em que afirma que não copia outros líderes - populistas ou não - do mundo. Apesar das constantes comparações, e dos elogios feitos por ele aos políticos, Salvini afirma ter um modelo próprio.

"O meu modelo não é o chinês, aquilo é uma ditadura. Estamos na Itália e eu respeito os valores ocidentais, a liberdade. Nós temos boas relações com os Estados Unidos, mas estamos na Itália. E eu não copio [Donald] Trump, [Jair] Bolsonaro, [Emmanuel] Macron ou [Angela] Merkel", disse em entrevista à "RAI 3".

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Dizendo estar sempre do lado "da lei e da ordem", Salvini condenou a invasão de apoiadores de Trump ao Capitólio, mas criticou a "censura" por parte das redes sociais na conta oficial do presidente norte-americano.

"Twitter e Facebook são empresas privadas, mas eu me pergunto para onde estamos indo?. Se alguém decidir que Salvini deve ser bloqueado, quem decide isso? Há uma certa esquerda que se considera superior. Condeno a violência, mas a censura, eu não gosto disso", ressaltou ainda o ex-ministro.

Da Ansa

 Durou apenas cinco minutos um comício do líder da oposição na Itália, senador Matteo Salvini, na cidade de Torre del Greco, situada na região metropolitana de Nápoles.

O ex-ministro do Interior foi recebido por vaias, gritos e até por tomates lançados contra o palco, forçando a interrupção do evento. Há dois dias, Salvini já havia sido agredido por uma mulher em um comício em Pontassieve, na Toscana.

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Em seu perfil no Twitter, o senador postou fotos de seu encontro com eleitores em Torre del Greco e disse que vai responder "ao ódio e ao rancor com sorrisos democráticos e desejo de mudança".

A cidade fica na Campânia, que, assim como a Toscana e outras cinco regiões italianas, vai às urnas em 20 e 21 de setembro para eleger um governador e renovar a assembleia legislativa local.

O atual ocupante do cargo, Vincenzo De Luca, do centro-esquerdista Partido Democrático (PD), aparece com ampla vantagem nas pesquisas, muito em função de sua postura "linha dura" que levou a Campânia a ter um dos menores índices de mortalidade na pandemia do novo coronavírus no país.

Seu adversário é o ex-governador Stefano Caldoro, do partido conservador Força Itália (FI), mas que conta com apoio da ultranacionalista Liga, legenda liderada por Salvini.

As eleições regionais de 20 e 21 de setembro serão o primeiro teste nas urnas para os partidos da coalizão que sustenta o premiê Giuseppe Conte, incluindo o PD, mas também uma oportunidade para a extrema direita guiada por Salvini conquistar históricos bastiões da esquerda italiana, como a Toscana.

Sob o comando do senador, a Liga escondeu a palavra "Norte" de seu nome para tentar se aproximar dos eleitores do sul, que tem a Campânia como sua região mais populosa.

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Da Ansa

A candidata de extrema-direita da Liga de Matteo Salvini teria perdido nas eleições regionais cruciais de Emília-Romanha (norte), consideradas um teste nacional na Itália, segundo pesquisas de boca de urna divulgadas neste domingo.

O atual presidente da região, Stefano Bonaccini, do Partido Democrático (esquerda), teria ganhado com entre 48% e 52% dos votos de Lucia Borgonzoni da Liga, que teria obtido entre 43% e 47%.

O resultado em Emília-Romanha é crucial para a frágil coalizão que governa a Itália, formada pelo PD e o Movimento 5 Estrelas (M5E, antissistema), que temia que uma vitória da extrema-direita neste bastião de esquerda desatasse a queda do governo.

A taxa de participação na região foi recorde, de 67,1%, quase o dobro em relação a 2014. Se mobilizaram sobretudo os eleitores das cidades, entre elas Bolonha e Reggio Emilia.

Salvini, que lidera as pesquisas a nivel nacional, com 30%, sonhava em voltar ao poder e conquistar, com sua política nacionalista e xenofóbica, essa próspera região do norte da península, governada desde a queda do fascismo pela esquerda, orgulho de todo o país por seu modelo econômico e seu estilo de vida.

"A Emília-Romanha continua vermelha", afirmou o jornal local de Bolonha. A derrota da Liga vai ter repercussões políticas, mas já representa um alívio à coalizão governamental.

Para analistas e cientistas políticos, essas eleições regionais tinham se tornado um "referendo" a favor ou contra Salvini e a favor ou contra o governo de coalizão no poder.

O movimento das "sardinhas", que desafia o político de extrema-direita Matteo Salvini, reuniu neste sábado dezenas de milhares de pessoas na Praça de San Giovanni, em Roma, numa manifestação contra os conservadores e suas ideias fascistas.

Os organizadores do protesto estimaram que cerca de 100 mil pessoas compareceram ao ato, enquanto a polícia da capital italiana indicou que foram 35 mil participantes.

O movimento espontâneo, que não deseja vínculos com qualquer partido, foi criado por quatro jovens desconhecidos, indignados com a linha política de Salvini de ódio e exclusão.

Neste sábado, com o objetivo de agitar as consciências da Itália, a multidão cantou com grande entusiasmo a famosa canção de resistência "Bella Ciao" e o hino nacional, enquanto ouvia a leitura de partes da Constituição.

"Me parece uma excelente iniciativa, fala de valores que compartilho, antifascismo, antirracismo, respeito à Constituição e às minorias", disse à AFP uma manifestante.

"É um movimento que dialoga com todos, não só com a esquerda", afirma Lamberto Damiani, de 60 anos.

O movimento conseguiu reunir em tempo recorde, em meados de novembro, 15 mil pessoas na praça central de Bolonha, no mesmo horário em que o líder da extrema-direita reunia em um estádio desta cidade cinco mil militantes.

Um verdadeiro fenômeno que, com o nome de um peixe pequeno que se movimenta em grupos apertados, sardinha, e sem bandeiras, se espalhou por todo o país e encara sem medo um dos tubarões da política italiana.

Desde então foram organizadas manifestações em cidades como Milão, Turim e Florença, Rimini, Parma, Perugia, Sorrento, Nápoles, Palermo e Bari.

O movimento cresceu e já foi adotado em outros países, como a Espanha, onde cerca 300 pessoas se reuniram neste sábado na Porta do Sol de Madrid em solidariedade aos manifestantes da Itália.

Entre os participantes deste encontro, havia muitos italianos que exibiam cartazes com desenhos de sardinhas e outros onde era possível ler "Em Madri, outra Itália".

Para Angelo Pirola, de 43 anos, funcionário de uma ONG em Madri, o protesto "tem que ir além da Itália e mirar (Donald) Trump (presidente dos EUA), (Jair) Bolsonaro (presidente do Brasil), e também o Vox (partido espanhol de extrema- direita)", declarou.

"Somos antifascistas, estamos a favor da igualdade e, portanto, contra a intolerância, a favor da diversidade de gênero e, portanto, contra a homofobia", afirmou à AFP Mattia Santori, um pesquisador universitário, com quatro empregos, de 32 anos e um dos fundadores do movimento.

Os manifestantes apresentaram também suas exigências, especialmente que "os ministros comuniquem unicamente através dos meios institucionais", uma clara alusão às frequentes transmissões ao vivo de Matteo Salvini no Facebook.

O movimento pede também que "a violência verbal seja considerada violência física "pelos legisladores", acrescentou Santori.

O movimento atrai todos os partidos, exceto, é claro, a extrema-direita.

"Faremos todo o possível para implementar suas propostas", escreveu numa rede social Nicola Zingaretti, secretária do Partido Democrata (centro-esquerda) no poder com o Movimento 5 Estrelas (antissistema), do qual faz parte Virgina Raggi, prefeita de Roma, que agradeceu às sardinhas "a energia trazida para a cidade".

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Em meio a uma grave crise política na Itália, o primeiro-ministro Giuseppe Conte anunciou nesta terça-feira (20) que apresentará sua renúncia ao presidente Sergio Mattarella. "A decisão da Liga Norte propor uma moção de censura, a imediata 'calendarização' e as declarações e comportamentos claros me levam a interromper essa experiência de governo", disse Conte, em um pronunciamento no Senado. "No fim deste discurso, irei ao presidente para renunciar A crise atual compromete a ação deste governo, que termina aqui", completou o premier.

Conte era aguardado no Parlamento italiano nesta terça-feira para fazer um discurso no qual poderia defender a continuidade do governo ou apresentar sua renúncia. O jurista era o primeiro-ministro da Itália há 14 meses. Ele assumiu o posto por ser uma indicação neutra e consensual entre a Liga Norte e o Movimento 5 Estrelas (M5S).

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Os dois partidos foram os mais votados nas últimas eleições e, apesar de adotarem posicionamentos políticos diferentes, decidiram se unir e formar uma coalizão de governo baseada em um "pacto político". Em diversos momentos, porém, o M5S e a Liga Norte deram sinais de que a aliança estava se enfraquecendo e entraram em confronto sobre vários temas políticos, como um decreto de segurança proposto pelo ministro do Interior, Matteo Salvini, da Liga Norte, e com um projeto de construção do trem de alta velocidade (TAV), entre Turim e Lyon.

Foi justamente uma votação no Parlamento sobre o TAV que causou o racha definitivo no governo no início de agosto. A Liga e o M5S votaram em posições opostas, o que fez com que Salvini decretasse de maneira unilateral o fim da coalizão.

Analistas políticos acreditam que a manobra de encerrar a aliança com o M5S é uma estratégia da Liga Norte de tentar formar um governo sozinha na Itália, pois o partido foi o mais votado neste ano no país para as eleições ao Parlamento Europeu.

Apoiada pelas pesquisas de intenção que voto que lhe dão 38% das preferências em caso de uma eleição antecipada na Itália, a legenda nacionalista e anti-imigratória poderia formar um novo governo apenas com o apoio de pequenos e médios partidos de direita.

Discurso de Conte - O premier demissionário da Itália chegou ao Parlamento por volta das 15h locais (10h de Brasília). A maior parte do seu discurso serviu para atacar Salvini, quem Conte chamou de oportunista e irresponsável. "A decisão de provocar a crise é irresponsável. O ministro do Interior mostrou que está seguindo interesses pessoais e do partido", disse Conte. "Fazer os cidadãos votarem é a essência da democracia, mas pedir para que votem todo ano é irresponsabilidade", ressaltou.

O tom usado por Conte surpreendeu o próprio Salvini, que acompanhou pessoalmente a sessão no Senado e reagiu às declarações balançando a cabeça. "Os comportamentos adotados nos últimos dias pelo ministro do Interior revelam falta de responsabilidade institucional e grave carência de cultura constitucional. Eu assumo a responsabilidade pelo que eu digo", criticou Conte. O premier também afirmou que a decisão de Salvini de colocar fim à aliança com o M5S foi tomada "logo após [a Liga Norte] obter o voto de confiança no projeto de lei de 'segurança bis', com uma coincidência eleitoral que sugere oportunismo político".

    Em seu discurso, Conte, por fim, alertou que a convocação de eleições antecipadas na Itália apresenta riscos ao país. Segundo ele, além de obstruir o funcionamento do Parlamento no segundo semestre, prejudicaria a Itália nas negociações com a União Europeia. "Esta crise ocorre em um momento delicado da interlocução com as instituições da União Europeia. Nos próximos dias, estão para serem concluídas as tratativas para os comissários europeus e eu estou trabalhando para garantir à Itália um papel central. É evidente que a Itália corre o risco de participar dessa tratativa em condições de fraqueza", afirmou.

"O país precisa urgentemente que sejam finalizadas as medidas para crescimento econômico e investimentos. Caro ministro do Interior, promovendo essa crise no governo, você assume grande responsabilidade diante do país. Já te ouvi pedir 'plenos poderes' e invocar as praças, mas essa sua concepção me preocupa", criticou Conte, dirigindo-se a Salvini. O discurso de Conte foi aplaudido pelos políticos do M5S e do Partido Democrático, de esquerda. Pela manhã, o líder do M5S, Luigi di Maio, demonstrou apoio a Conte e disse que, se o premier enfrentasse uma moção de censura, o partido votaria a seu favor.

O apoio declarado, porém, não foi o suficiente para poupar o M5S de críticas feitas por Conte também. "Quando o presidente do Conselho de Ministros comparece a uma sessão, o respeito às instituições orienta que se permaneça na sala para escutá-lo. E não há razão que justifique a ausência", alfinetou Conte, referindo-se a um episódio em que parlamentares do M5S não acompanharam um pronunciamento seu no plenário.

Da Ansa

O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, demonstrou sua "proximidade" com o governo americano de Donald Trump em Washington na segunda-feira (17).

O vice-primeiro-ministro italiano também foi recebido pelo chefe da diplomacia norte-americana Mike Pompeo e depois se encontrou com o vice-presidente Mike Pence na Casa Branca.

Pence tuitou que teve um "grande encontro" com Salvini e que ambos falaram sobre "a relação entre os Estados Unidos e a Itália e sobre as prioridades que compartilham".

Salvini, que se estabeleceu como o homem forte do frágil governo de coalizão com o antissistema do Movimento das Cinco Estrelas, ressaltou que compartilha a "visão" do governo dos EUA sobre "Irã, Venezuela, Líbia, a situação no Oriente Médio, o direito à existência de Israel e as preocupações causadas pela arrogância chinesa em relação à Europa e ao continente africano".

Como o presidente dos EUA, ele denunciou uma suposta má administração das Nações Unidas. Salvini também defendeu um diálogo com a Rússia de Vladimir Putin para "aproximar Moscou do sistema de valores ocidentais em vez de deixá-lo nos braços de Pequim".

O político italiano também lamentou que seu executivo ainda não reconheça formalmente a oposição venezuelana Juan Guaidó como presidente interino, ao contrário dos Estados Unidos e de outros países europeus. Criticou ainda as "fraquezas" da UE, um dos principais alvos dos ataques de Trump.

A Liga de Matteo Salvini, de extrema-direita, triunfou no domingo (26) nas eleições europeias na Itália, ao obter mais de 34% dos votos, enquanto seu aliado, o Movimento 5 Estrelas (M5E), caiu para 17%, de acordo com os resultados praticamente definitivos.

"Apenas uma palavra: OBRIGADO, Itália", escreveu no Twitter o vice-primeiro-ministro italiano e titular da pasta do Interior.

Com mais de 99% das urnas apuradas, a Liga tem 34,3% dos votos. Nas eleições europeias de 2014 o partido obteve apenas 6%. Nas legislativas de março de 2018, a Liga recebeu 17%.

Para Salvini, o resultado representa um triunfo depois de ter assumido o comando do partido - ex-secessionista do Norte - em 2013 para tornar a Liga uma formação nacionalista em pleno auge, inclusive no sul do país.

O líder de extrema-direita mudou a relação de forças com o M5S, grande perdedor com 17% dos votos, muito longe dos 32,5% de março de 2018, o que voltou a provocar dúvidas sobre a sobrevivência do governo de Giuseppe Conte.

"A Liga se torna o primeiro partido na Itália", reclamou Riccardo Molinari, senador da Liga, em um programa de televisão.

Salvini afirmou que a vitória nas eleições europeias não provocará uma crise interna no governo da Itália.

"Meus aliados do governo são meus amigos", disse Salvini, vice-primeiro-ministro e ministro do Interior, em suas primeiras declarações à imprensa.

Salvini antecipou que não romperá sua aliança com o partido antissistema Movimento 5 Estrelas, com o qual governa desde junho de 2018.

Após um ano no poder, utilizando as redes sociais constantemente e aplicando uma política dura contra a migração, Salvini se tornou o político mais votado do país.

"Não vamos usar estes resultados para cobranças internas, e muito menos para pedir ministérios ou cargos", completou.

As eleições reforçam o poder do líder da Liga, que se apresenta como o novo rosto da ultradireita europeia: branca, católica e inimiga dos migrantes.

A tensão e as disputas entre os dois partidos no poder, e em particular entre seus líderes, aumentaram nas semanas anteriores às eleições europeias, o que transformou a votação em um verdadeiro teste para as duas formações, do qual o M5E sai derrotado.

Após a queda a 18% em 2018, o Partido Democrata (PD) celebrou os resultado de domingo: 22,7% dos votos nas eleições europeias.

O avanço dos ecologistas registrado em vários países da Europa, no entanto, não chegou à Itália, onde os Verdes receberam apenas 2,29% dos votos.

O vice-premier e ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, criticou nesta sexta-feira (26) o dirigente do Milan, Leonardo, alegando que interromper os jogos por cânticos racistas é "bizarro".

Nesta quarta-feira (24), após a derrota do time rossonero contra a Lazio, no San Siro, pela Copa da Itália, Leonardo declarou que a partida deveria ter sido interrompida pelo árbitro Paolo Mazzoleni, depois que os jogadores Tiémoué Bakayoko e Franck Kessié foram alvos de músicas racistas pela torcida do clube da capital.

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O brasileiro também criticou Salvini, que é torcedor fanático do Milan, por não ter comentando sobre o caso.

"Eu li a entrevista do Leonardo, pedindo que a partida fosse suspensa por causa de alguns imbecis. Os cantos de alguns imbecis não são interrompidos suspendendo os jogos, mas por 99% dos torcedores que são educados e respeitosos", disse Salvini em entrevista à ANSA.

O ministro italiano ainda afirmou que o pedido de Leonardo é "bizarro", principalmente por ele ser diretor de um "prestigioso clube como o Milan".

Após ser eliminado da Copa da Itália, o Milan não briga mais por títulos nesta temporada. Agora, o clube rossonero focará no Campeonato Italiano para conseguir uma vaga na Liga dos Campeões.

Na quarta posição, com 56 pontos, os comandados de Gennaro Gattuso estão na zona de classificação para a Champions. No entanto, o Milan é ameaçado por Atalanta (56), Roma (55), Torino (53), Lazio (52) e Sampdoria (48).

O Milan voltará a campo neste domingo (28) para enfrentar o Torino, em Turim, pela 34ª rodada da Série A.

Da Ansa

O vice-primeiro-ministro da Itália e um dos líderes do partido eurocético Liga, Matteo Salvini, pediu nesta sexta-feira (19) votos para a sigla na eleição do Parlamento Europeu. O pedido foi feito ao lado do filho do meio do presidente Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, e foi transmitido pelas redes sociais do deputado federal. Os dois se encontraram em Milão.

As eleições europeias ocorrem em 26 de maio. A Itália tem direito a 76 assentos no Parlamento Europeu. Analistas do continente projetam um avanço dos eurocéticos, como a Liga.

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"Nós queremos uma Europa forte, que dialogue com o Brasil, com os Estados Unidos, com Israel, e que a esquerda se distancie do poder", afirmou Salvini.

No início do vídeo, o filho do presidente ressaltou que houve na Itália uma "mudança do socialismo para uma economia de mercado, mais liberal, e para os valores conservadores". Ele comparou ainda esta onda às eleições de Jair Bolsonaro, de Donald Trump nos Estados Unidos, de Benjamim Netanyahu em Israel e de Viktor Orbán na Hungria.

Presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara Federal, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) viaja nesta semana para Hungria e Itália, onde encontrará, respectivamente, com o primeiro-ministro Viktor Orbán e o vice-premier Matteo Salvini. A viagem foi anunciada pelo filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) nas redes sociais.

Desde o fim do ano passado, Eduardo Bolsonaro tem circulado por alguns países em busca de apoios para organizar o chamado Movimento, um grupo com líderes internacionais da extrema-direita.

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De acordo com uma reportagem do R7, Eduardo vai primeiro para a Hungria, onde conhecerá o sistema de fechado de imigração do país. Já na Itália, além de se reunir com Salvini, o deputado vai conversar com Alberto Torregiani, filho de uma das vítimas de Cesare Battisti.

Matteo Salvini, ministro do Interior da Itália e fanático torcedor do Milan, criticou nesta segunda-feira a saída do centroavante argentino Gonzalo Higuaín para o Chelsea, da Inglaterra. "Estou contente que Higuaín foi embora, espero que nunca mais o vejamos em Milão porque ele honestamente se comporta de maneira indigna", disse o político, chefe da extrema direita italiana, em entrevista à rádio italiana RTL 102.5.

"Não gosto de mercenários", comentou Salvini, acrescentando que o Milan, sem Higuaín, "se tornou muito competitivo". O time está em quarto lugar na tabela de classificação, brigando por vaga na próxima edição da Liga dos Campeões da Europa.

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Ainda sob contrato com a Juventus, Higuaín havia sido emprestado no início desta temporada para o Milan, time no qual marcou seis gols em 15 jogos disputados. Na semana passada, o jogador foi novamente emprestado, desta vez para o Chelsea, depois de acertar a sua saída do time de Milão.

Salvini já havia criticado Higuaín depois que o argentino recebeu um cartão vermelho em um clássico contra a Juventus, em novembro, pelo Campeonato Italiano. "É um comportamento vergonhoso e indigno, espero que seja duramente punido", afirmou na época.

O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, telefonou a Jair Bolsonaro agradecendo ao presidente da República "por ter permitido concluir positivamente" a prisão de Cesare Battisti, que chegou a Roma na manhã desta segunda-feira (14). As informações são da agência de notícias EFE.

"Reiterei o enorme agradecimento em nome dos 60 milhões de italianos por ter permitido concluir positivamente o caso Battisti", disse Salvini, em declaração enviada aos veículos de imprensa locais.

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O ministro italiano disse também que, durante a conversa por telefone, ambos demonstraram vontade de se encontrar em breve na Itália ou no Brasil "para estreitar os vínculos entre nossos povos, nossos Governos e a nossa amizade pessoal".

Battisti estava foragido desde 14 de dezembro, quando o então presidente Michel Temer autorizou sua extradição para a Itália um dia depois do ministro, Luiz Fux, do STF, suspender uma liminar que garantia sua permanência no Brasil.

No sábado, dia 12, foi preso por autoridades bolivianas. De cavanhaque e óculos escuros, o italiano foi abordado enquanto caminhava por Santa Cruz de la Sierra.

Battisti, que era ligado ao grupo Proletário Armados pelo Comunismo, deixou seu país depois de ser condenado por quatro assassinatos cometidos entre 1977 e 1979.

Na Itália, foi primeiramente condenado por participação em bando armado e ocultação de armas a 12 anos e 10 meses de prisão em 1981. Mais tarde, em 1993, teve a prisão perpétua decretada pela Justiça de Milão. Battisti já está em Roma e, vai, agora, cumprir pena de prisão perpétua em seu país.

A secretária de Igualdade da França, Marlène Schiappa, insinuou nesta quinta-feira (10) que "potências estrangeiras", inclusive a Itália, possam estar por trás de manifestações promovidas pelos "coletes amarelos", que causaram a pior crise do mandato do presidente Emmanuel Macron até o momento.

Em entrevista à rádio France Inter, Schiappa, que é bastante próxima ao chefe de Estado, questionou a rapidez com que uma vaquinha em apoio ao ex-boxeador Christophe Dettinger, flagrado agredindo um policial durante um protesto, arrecadou mais de 100 mil euros.

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Segundo a secretária, é preciso derrubar o sigilo sobre o nome dos doadores. "Minha questão é: Quem financia a violência? Quem financia os vândalos? [...] O fato de saber se há ou não potências estrangeiras financiando os vândalos e a violência urbana em Paris seria interessante, especialmente em relação às posições de certos responsáveis italianos", disse.

Schiappa fazia referência às manifestações de apoio dos vice-primeiros-ministros da Itália, Luigi Di Maio e Matteo Salvini, aos protestos dos "coletes amarelos", embora ambos tenha criticado episódios de violência. Eles lideram, respectivamente, o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) e a ultranacionalista Liga, que governam o país desde junho.

Recentemente, Di Maio publicou um texto no blog do M5S oferecendo apoio aos "coletes amarelos", que protestam contra as políticas econômicas de Macron. O presidente da França, por sua vez, já disse ser o "principal adversário" do populismo na União Europeia.

Os dois países protagonizaram diversos embates desde a posse do novo governo em Roma, principalmente a respeito da crise migratória e da lei orçamentária italiana. Salvini já acusou Macron de favorecer as elites e de "se exceder no champanhe". 

Da Ansa

Cinquenta e um imigrantes, que se apresentaram como curdos, desembarcaram na madrugada desta quinta-feira (10) em uma praia no extremo sul da Itália, enquanto o ministro do Interior, Matteo Salvini, insiste que as portas do país estão fechadas.

Segundo o Ministério do Interior, trata-se do primeiro desembarque de imigrantes do ano. Em 2018, a Itália registrou 23.370 chegadas em suas costas: quase 13.000 haviam deixado a Líbia e os demais a Tunísia, Turquia ou Argélia.

Os imigrantes que partem da Turquia chegam frequentemente amontoados em veleiros conduzidos por contrabandistas ucranianos ou russos e desembarcam ao cair da noite nas praias no extremo sul da península.

Nesta quinta-feira, por volta das 4h00 (1h00 de Brasília), os moradores de Torre Melissa, na Calábria, foram despertados pelos gritos dos imigrantes, cujo veleiro havia virado a poucos metros da praia, informou a imprensa italiana.

Graças à solidariedade dos moradores locais, eles foram levados para um hotel próximo para se aquecerem e foram transferidos para um centro de acolhida durante o dia.

Entre eles estão seis mulheres e quatro crianças, incluindo um bebê de alguns meses. E dois homens suspeitos de serem os contrabandistas foram presos.

Apesar do firme discurso que Salvini repetiu esta quinta-feira contra qualquer desembarque na Itália de imigrantes resgatados no mar, as chegadas continuam na costa.

Desde que o chefe da extrema direita italiana tomou posse em 1º de junho, o Ministério do Interior registrou 9.930 chegadas nas costas italianas, numa média de 44 imigrantes por dia.

O escritor italiano Roberto Saviano, autor de "Gomorra", livro em que denuncia a máfia napolitana, atacou de maneira dura nesta sexta-feira (22) o ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, que ameaçou retirar sua escolta policial.

Salvini, também presidente do partido de ultradireita Liga, afirmou na quinta-feira (21) a uma rádio que seria útil avaliar se Saviano ainda precisa da proteção policial. A medida foi estabelecida em 2006, após a publicação de "Gomorra" e das ameaças de morte de um clã da Camorra, a máfia napolitana.

Roberto Saviano, muito crítico a respeito da Liga e de sua política anti-imigração, respondeu a Salvini, primeiro no Facebook e nesta sexta-feira na imprensa.

"Palhaço", afirmou em um vídeo publicado em sua página do Facebook. "Salvini tem como inimigos os imigrantes (...) os ciganos", disse, antes de destacar que fica "feliz de estar entre seus inimigos".

Nesta sexta-feira, em uma entrevista ao jornal Corriere della Sera, Saviano, de 38 anos, denunciou o clima "fétido" no qual os intelectuais vivem na Itália.

"E se eu e os imigrantes somos para Matteo Salvini objetivos para canalizar os piores impulsos, aqueles que se consideram protegidos estão equivocados. Ontem os imigrantes, hoje eu, amanhã podem ser vocês", disse.

As declarações de Salvini geraram polêmica depois que o governo italiano proibiu a entrada nos portos do país dos barcos de ONGs que ajudam os migrantes.

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