Tópicos | Giorgia Meloni

A chefe de Governo da Itália, Giorgia Meloni, anunciou nesta sexta-feira (20) que está se separando do companheiro, Andrea Giambruno, com quem tem uma filha de sete anos, após a divulgação de comentários do jornalista televisivo, nas quais parece admitir outro relacionamento.

"Minha relação com Andrea Giambruno, que durou quase 10 anos, acabou (...) Nossos caminhos se separaram há algum tempo e chegou a hora de percebermos isso", escreveu a primeira-ministra, de 46 anos, em uma mensagem nas redes sociais, junto com uma imagem da família.

"Agradeço pelos anos maravilhosos que passamos juntos, pelas dificuldades que enfrentamos e por ter-me dado a coisa mais importante na minha vida, nossa filha Ginevra", acrescentou.

O anúncio foi feito após a divulgação de declarações de Giambruno, de 42 anos, gravadas secretamente à margem de seu programa "Diario del giorno" no canal privado Rete4.

Os comentários foram divulgados na terça-feira e quinta-feira em um programa satírico da rede Canale 5, também do grupo Mediaset, que pertence à família Berlusconi.

Na gravação divulgada na quinta-feira, o jornalista diz a uma colega: "Qual é o seu nome? Nós nos conhecemos? Onde eu vi você? Estava bêbado?".

E continua: "Como vai, querida? Você sabia que (nome censurado) e eu estamos tendo um caso? Toda a (empresa de televisão) Mediaset sabe disso, e agora você também".

"Mas buscamos uma terceira participante, por que fazemos ménage. E a quatro também. Você gostaria de fazer parte do nosso grupo de trabalho?", pergunta.

As declarações ganharam destaque na imprensa italiana e nas redes sociais, o que deixou a líder da extrema direita, que se apresentava como uma "mãe cristã", em uma posição desconfortável.

Giambruno já esteve no centro de outras polêmicas recentemente. Em setembro, falou de "transumância", em referência aos migrantes, e teve de pedir desculpas.

Sobre o tema estupro, o jornalista comentou: "Se você evita ficar bêbada, ou perder a consciência, também evita enfrentar certos problemas".

 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou hoje que gostaria que seu homólogo italiano, Sergio Mattarella, e a primeira-ministra Giorgia Meloni visitassem o Brasil.

"É engraçado porque há uma paixão maior do Brasil pela Itália do que dos italianos por nós. Fiquei pensando que o presidente Mattarella já tem 77 ou 78 anos [na verdade, são 81 anos] e nunca veio ao Brasil, a primeira-ministra nunca veio ao Brasil, e vários outros políticos importantes nunca vieram ao Brasil", disse Lula em seu programa semanal na internet.

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"Acho isso ruim porque temos 30 milhões de descendentes de italianos aqui. Lembro que quando fomos disputar as Olimpíadas, fui falar com a delegação italiana e falei para eles: 'Não estou pedindo voto para vocês, estou dizendo que vocês têm a obrigação de votar no Brasil porque a maior cidade italiana fora da Itália é no Brasil [São Paulo], o segundo país italiano do mundo é o Brasil'", acrescentou.

Na quarta-feira passada, em visita a Roma, Lula convidou Mattarella e Meloni para visitar o país. 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou nesta quinta-feira (22) a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, uma das novas caras da direita mais radical europeia. Lula e Meloni se reuniram durante a passagem do petista por Roma. Antes de deixar o país, Lula falou sobre a pauta migratória, um tema que divide opiniões na Europa, e sugeriu que a esquerda encampe essa bandeira para fazer frente à extrema-direita.

"Quando um chefe de Estado encontra com outro (de governo, no caso dela) não está em jogo a questão ideológica. A mim, não importa o posicionamento político. Não existe possibilidade de veto ideológico. Quando é amizade pessoal posso escolher alguém que gosto politicamente", disse Lula, em entrevista coletiva, antes de deixar Roma.

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"Fiquei bem impressionado com a Giorgia, uma jovem primeira-ministra. Uma mulher é uma novidade extraordinária num mundo ainda muito machista. Ela vai enfrentar muito preconceito, desrespeito, violência contra mulheres. Eu senti que é uma mulher com a cabeça no lugar, inteligente, se não fosse não estaria onde está", afirmou o petista.

Lula e Meloni se encontraram no Palácio de Chigi. A reunião foi confirmada de última hora. Havia expectativa e sensibilidade política, por causa das divergências explícitas e de manifestações pejorativas de lado a lado.

Se Meloni criticara Lula, reiteradamente, sobretudo por ter barrado a extradição de Cesare Battisti, condenado na Itália a prisão perpétua por assassinatos nos anos 1970, Lula havia usado a expressão "país de fascistas" quando a líder do Irmãos da Itália venceu as eleições, queixaram-se italianos.

O encontro foi uma forma de normalizar a relação e adotar mais pragmatismo, segundo diplomatas envolvidos no diálogo bilateral. Os países lançaram um mecanismo de coordenação política e contatos frequentes nas futuras presidências do Brasil, no G20, e da Itália, no G7.

O presidente disse que a esquerda europeia precisa se repaginar e encontrar um novo discurso que defenda, por exemplo, os direitos e o acolhimento de imigrantes, tema que divide a classe política nos países.

Lula disse que a esquerda europeia "perdeu o discurso". Agora, sugeriu Lula, a esquerda deve reconstruir a sua "utopia" para rebater argumentos da direita e dos setores mais conservadores.

"Precisamos ter coragem de defender o trânsito livre de ser humanos da mesma forma que se defende o trânsito livre de dinheiro. O dinheiro circula por todos os países sem mostrar passaporte. É preciso que a gente tenha mais paciência e maturidade para defender os migrantes, as pessoas que fogem porque não têm como sobreviver", propôs Lula. "O ser humano é por natureza nômade, ele vive em busca do que comer, onde trabalhar, das coisas melhores. É normal se você tem centros de pobreza e violência no mundo que as pessoas queiram transitar de um lado para outro."

Lula ponderou que a esquerda, em âmbito global, deve reagir ao surgimento da extrema-direita e às propostas radicais nos costumes e no debate da família: "Muitas vezes, a esquerda fica um pouco inibida. A esquerda no Brasil, na América Latina e no mundo precisa criar uma nova utopia, a juventude precisa de um sonho para a gente continuar a lutar por eles".

Durante a visita a Roma, o presidente se reuniu com o ex-primeiro-ministro Massimo D'Alema e com a secretária-geral do Partido Democrático, Elly Schlein, líder da oposição a Meloni.

O petista disse estranhar o fato de poucas autoridades italianas visitarem o Brasil. Ele cobrou um reforço no fluxo comercial. Segundo Lula, o comércio pode superar em muito os atuais U$ 10,5 bilhões.

Ele disse ter convidado tanto o presidente Sergio Mattarella quanto a primeira-ministra Giorgia Meloni a viajar a Brasília. "É no mínimo estranho", disse Lula, citando os cerca de 30 milhões de descendentes de italianos no Brasil. "Espero que os dois tomem a iniciativa de visitar o Brasil", finalizou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quarta-feira (21), em Roma, que vai buscar aproximação do Brasil com a Itália, ao longo do próximo ano, quando os dois países assumirão, respectivamente, as presidências rotativas do G20 e do G7.

  O G20 reúne 19 das maiores economias do planeta e a União Europeia, enquanto o G7 é um grupo de países desenvolvidos composto por Japão, Canadá, Itália, Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido. A declaração ocorreu após reunião do presidente brasileiro com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, no Palácio de Chigi, sede do governo italiano.

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"Conversei com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, sobre as relações entre nossos países, especialmente neste momento em que a Itália assume a presidência do G7 e o Brasil assumirá em novembro a presidência do G20", destacou Lula, em postagem nas redes sociais. O governo italiano assumiu a gestão do G7 em maio, durante a cúpula do grupo, no Japão, e sediará o próximo encontro de chefes de governo, no ano que vem. Já o Brasil assumirá o G20 no fim do ano, após a cúpula da organização que será em Nova Déli, na Índia. Lula também convidou a primeira-ministra para visitar o Brasil.

Agenda na Itália Na agenda desta quarta-feira (21), Lula também se reuniu o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri. Durante o encontro, o presidente destacou a viagem à Itália significou a retomada do protagonismo do país nas discussões globais sobre meio ambiente. "Amanhã [22], às 8h30, vou dar uma entrevista coletiva porque a minha viagem à Itália foi, do meu ponto de vista, para recolocar o Brasil no centro das discussões sobre a questão climática no mundo."

Em encontro, Lula agradece solidariedade do prefeito de Roma.  Gualtieri visitou Lula no período em que esteve preso em Curitiba, no âmbito da Operação Lava Jato. Na época, julho de 2018, o prefeito exercia mandato de eurodeputado.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunirá nesta quarta-feira (21), em Roma com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, informou hoje (20) o Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

"Por ocasião da visita oficial à Itália e ao Vaticano, de 20 a 22 de junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunirá com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, na tarde do dia 21", diz uma nota do Itamaraty.

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"A reunião comporá a agenda de compromissos confirmados com o presidente Sergio Mattarella e o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri, além da audiência com o papa Francisco no Vaticano", finaliza o comunicado. 

    Lula já chegou na Itália e ainda tem agenda hoje com o professor Domenico De Masi, catedrático da Universidade La Sapienza e especialista em sociologia do trabalho.

Antes de embarcar, o presidente já havia confirmado que se reuniria com Mattarella e com o Papa, mas ainda não estava certo se ele se encontraria com Meloni, líder do partido de extrema-direita "Fratelli D'Italia".

    Após Roma, Lula viajará a Paris para participar de uma cúpula sobre economia global com o presidente da França, Emmanuel Macron.

Da Ansa

O ex-primeiro-ministro Mario Draghi passou o poder neste domingo (23) para a política pós-fascista Giorgia Meloni, em uma cerimônia de grande valor simbólico em Roma, que a tornou a primeira mulher a assumir o cargo de chefe de Governo na Itália.

A cerimônia de transferência de poder aconteceu no Palácio Chigi, sede do governo, perto do Parlamento.

Ao chegar ao tapete vermelho posicionado para a ocasião, Meloni passou em revista a guarda de honra.

Visivelmente emocionada, ela foi recebida por Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, que deu as boas-vindas e se reuniu com a nova primeira-ministra durante quase uma hora.

Em seguida, Draghi, muito apreciado no cenário internacional, fez a entrega simbólica do sino de prata usado para conduzir os debates no Conselho de Ministros.

Meloni, 45 anos, vai comandar o governo mais à direita da Itália desde a fundação da República em 1946. No sábado ela prestou juramento diante do presidente da República, Sergio Mattarella.

Ele será a líder de um Executivo conservados graças a uma coalizão com a Liga, partido de ultradireita e anti-imigração de Matteo Salvini, e com o Força Itália do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

A política romana conquistou uma vitória história nas eleições legislativas de 25 de setembro, depois de superar as questões mais polêmicas de seu partido, 'Fratelli d'Italia' (Irmãos da Itália), uma estratégia que a levou ao poder um século depois da ascensão do ditador fascista Benito Mussolini, do qual é admiradora.

As eleições foram convocadas de maneira antecipada após a renúncia de Draghi, que assumiu o cargo de primeiro-ministro em fevereiro de 2021, mas perdeu o apoio de seus aliados.

A primeira reunião do Conselho de Ministros está prevista ainda para este domingo e será dedicada principalmente a questões administrativas.

O novo Executivo - de 24 ministros, incluindo seis mulheres - terá que enfrentar muitos desafios que afetam a Itália, em particular na área econômica.

A margem de manobra de Roma é limitada por uma dívida pública de 150% do Produto Interno Bruto (PIB), a segunda maior proporção na zona do euro, atrás apenas da Grécia.

No sábado, Meloni prometeu trabalhar em proximidade com os parceiros internacionais e sua mensagem foi bem recebida pela União Europeia (UE).

A presidenta da Comissão Europeia (o Executivo da UE), Ursula von der Leyen, disse que espera uma "cooperação construtiva" com o seu governo. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, seguiram a mesma linha.

Primeira mulher a liderar um governo italiano, Giorgia Meloni, presidente do partido Irmãos da Itália (Fratelli d'Italia, FdI), representa um movimento com DNA pós-fascista que ela conseguiu tornar apresentável para voltar ao poder.

Sob a liderança desta romana de 45 anos, o Irmãos da Itália se tornou a principal força política do país, com mais de um quarto dos votos nas eleições legislativas de setembro, seis vezes mais do que em 2018.

Meloni conseguiu interpretar as esperanças frustradas dos italianos contra as "ordens" da União Europeia (UE), assim como os protestos pelo alto custo de vida e pela falta de perspectiva dos jovens em relação a seu futuro.

Assim, ela captou grande parte do eleitorado descontente que apoiava a Liga, o partido de extrema direita de Matteo Salvini, e do Movimento 5 Estrelas, que surgiu como um movimento antissistema.

Criticada por seus adversários por seu passado como ativista do movimento pós-fascista, durante os comícios de campanha, perguntava ao público: "Eu os assusto?"

Mas, desde que venceu as eleições, não deixou de enviar mensagens de calma, tanto para a Itália como para o exterior.

Esses esforços, no entanto, estão sendo comprometidos agora, sobretudo por seus aliados, como o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que esta semana se alegrou por ter restabelecido seus vínculos com o presidente russo, Vladimir Putin.

Meloni, pró-Otan e partidária de que a Itália ajude a Ucrânia frente à Rússia, enviou rapidamente seus representantes para a frente das câmeras de televisão para reiterar o compromisso de Roma com Kiev.

- Mussolini, 'um bom político' -

Meloni e seu partido são herdeiros do Movimento Social Italiano (MSI), uma formação neofascista fundada após a Segunda Guerra Mundial. Deste grupo, recuperou o símbolo da chama tricolor ao fundar o Irmãos da Itália, no final de 2012.

Aos 19 anos, afirmou a uma emissora de TV francesa que o ditador Benito Mussolini era "um bom político". Ainda hoje, admite que Mussolini "fez muito", mas não o isenta de seus "erros", como a legislação antissemita e a entrada na guerra como aliado da Alemanha de Adolf Hitler.

Também afirma que, em seu partido, "não há lugar para os nostálgicos do fascismo, nem para o racismo e o antissemitismo".

Nascida em Roma, em 15 de janeiro de 1977, Giorgia Meloni começou a militar aos 15 anos em associações estudantis de extrema direita, enquanto trabalhava como babá e garçonete.

Em 1996, tornou-se líder do sindicato Azione Studentesca, cujo emblema era a Cruz Celta.

Em 2006, foi eleita deputada e vice-presidente da Câmara de Representantes.

Dois anos depois, foi nomeada ministra da Juventude no governo Berlusconi, sua única experiencia governamental até agora.

Não tardou a se sentir confortável em estúdios de TV, onde sua juventude, sua ousadia e habilidade oral chamam a atenção. Uma experiência que lhe mostra que a personalidade de uma mulher bonita, loira e jovem em um país ainda machista seduz tanto quanto as ideias.

- 'Deus, pátria e família' -

No final de 2022, cansada de divergências que atormentavam a direita, funda o Irmãos da Itália com dissidentes do berlusconismo e decide se situar na oposição.

Com seu lema "Deus, pátria e família", Meloni propõe fechar as fronteiras para proteger a Itália da "islamização" e renegociar os tratados europeus para que Roma retome o controle de seu destino.

Também se declara inimiga dos "lobbies LGBTQIA+" e quer pôr fim ao "inverno demográfico" da Itália, onde a média de idade é a mais alta do mundo industrializado, atrás do Japão.

Muito zelosa de sua vida privada, Meloni é mãe de uma menina nascida em 2016 e convive, mas sem se casar, com o pai da filha, um jornalista de TV.

A oradora que sabe discursar aos italianos com seu típico sotaque romano pode ser taxativa e inclusive agressiva.

Em 2019, tornou-se famoso seu discurso em que se definiu assim: "Sou Giorgia. Sou mulher, sou mãe, sou italiana, sou cristã. Não vão tirar isso de mim".

Ela também pode se mostrar vulgar, como quando publicou um vídeo no TikTok no dia das eleições, no qual apareceu segurando dois melões na atura dos seios, em alusão a seu sobrenome.

O candidato a deputado federal por São Paulo, Eduardo Bolsonaro, usou sua conta no Twitter para parabenizar a italiana Giorgia Meloni, líder do partido de extrema direita Irmãos da Itália (FdI), por sua vitória nas eleições italianas desse domingo (25).

"Parabéns Giorgia Meloni, que será a primeira mulher a governar a Itália, mas você vai ouvir da mídia que o "fascismo da ultradireita" venceu. Assim como o Brasil, a Italia agora é "Deus, patria e família", escreveu.

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O filho do presidente Jair Bolsonaro é amigo de longa data de Matteo Salvini, líder de outro partido de ultradireita, a Liga, que está na coalizão com Meloni, mas que não foi bem na disputa eleitoral deste domingo.

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Da Ansa

A coalizão liderada pela deputada de extrema direita Giorgia Meloni, de 45 anos, venceu as eleições parlamentares antecipadas deste domingo (25) na Itália e deve ter maioria no Parlamento, segundo pesquisa de boca de urna divulgada pela emissora Rai.

De acordo com o levantamento feito pelo consórcio Opinio-Italia, a coligação chamada de "centro-direita" deve ficar com 41% a 45% dos votos, número suficiente para governar sem a necessidade do apoio de outros campos políticos.

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Segundo a pesquisa, a aliança conservadora ficará com 227 a 257 dos 400 assentos na Câmara e de 111 a 131 das 200 cadeiras no Senado.

O acordo entre os integrantes da coligação prevê que o partido mais votado terá a prerrogativa de indicar o próximo primeiro-ministro. Segundo a sondagem, esse papel caberá à legenda de extrema direita Irmãos da Itália (22% a 26%), presidida por Meloni, que deve se tornar a primeira mulher a governar o país.

Os outros pilares da coalizão são a ultranacionalista Liga, de Matteo Salvini, e o conservador Força Itália, de Silvio Berlusconi, que aparecem com 8,5% a 12,5% e 6% a 8%, respectivamente.

O Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, deve alcançar de 17% a 21% e será a principal força de oposição ao provável futuro governo da direita. Em seguida aparece o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), ex-partido mais popular da Itália, com 13,5% a 17,5%.

Líder do único grande partido de oposição ao governo de união nacional do premiê demissionário Mario Draghi, Meloni concentrou em si o apoio de todos os descontentes com a situação do país e deixou para trás os dois últimos grandes líderes da direita italiana: Berlusconi e Salvini, cujos partidos integram a gestão Draghi.

Nas últimas eleições parlamentares, em 2018, a FdI teve apenas 4,35% dos votos.

Ao longo dos últimos anos, Meloni manteve o discurso radicalizado em temas como imigração e direitos civis - ela defende um bloqueio naval contra migrantes do Mediterrâneo e é contra a adoção por homossexuais -, mas tentou se vender como mais moderada em outras áreas.

Historicamente eurocética, a líder do FdI não fala mais em tirar a Itália da União Europeia. Além disso, é mais crítica ao regime de Vladimir Putin do que seus aliados na direita italiana e também é contra aumentar o endividamento do país para combater a disparada da inflação, assunto que já foi motivo de tensão na coligação.

Histórico - Nascida em Roma em 15 de janeiro de 1977, Giorgia Meloni se aproximou da política aos 15 anos da idade, quando aderiu à "Frente da Juventude", organização juvenil ligada ao extinto partido pós-fascista Movimento Social Italiana (MSI), que havia sido criado por egressos do regime de Benito Mussolini.

Quando tinha 19 anos, Meloni gravou um vídeo dizendo que "Mussolini foi um bom político" e que "tudo o que ele fez foi pela Itália".

Com o passar dos anos, galgou degraus na Aliança Nacional (AN), herdeira do MSI, e foi eleita conselheira da província de Roma em 1998, ficando no cargo até 2002. Em 2006, conquistou uma cadeira na Câmara dos Deputados, onde está até hoje, tendo ocupado também o posto de ministra da Juventude do governo Berlusconi entre 2008 e 2011.

No mesmo ano em que foi eleita pela primeira vez ao Parlamento, deu uma entrevista na qual disse que tinha uma "relação serena com o fascismo". Sobre Mussolini, afirmou que o ditador "cometeu diversos erros, como as leis raciais, a entrada na guerra e o sistema autoritário".

"Historicamente, produziu muito também, mas isso não o salva", declarou Meloni na ocasião, já mudando um pouco seu discurso em relação aos anos de juventude.

Em dezembro de 2012, Meloni se juntou a um grupo de dissidentes da AN para fundar o FdI, que até hoje exibe em seu distintivo a chama tricolor que simbolizava o MSI. A deputada preside o Irmãos da Itália desde 2014 e foi aos poucos ampliando seu eleitorado por ter passado a última década sempre na oposição.

Meloni capitalizou a insatisfação de grupos que vão de trabalhadores demitidos por causa da pandemia até autônomos penalizados pela Covid-19, passando pelos antivacinas - a deputada disse que se imunizou contra a Covid, mas não tirou foto.

Ela também tem buscado se distanciar de movimentos abertamente neofascistas, como CasaPound e Força Nova, historicamente próximos à militância do FdI. 

Da Ansa

Na Itália, o discurso político de desprezo aos imigrantes foi explorado pela extrema direita ao longo da campanha eleitoral, apesar de serem necessários para o funcionamento da terceira maior economia da zona do euro.

"Só quem tem direito deve entrar. Não precisamos de imigrantes para repovoar as cidades", protestou Matteo Salvini, líder da Liga no domingo, diante de cerca de 100 mil ativistas.

O ex-ministro do Interior, acusado de bloquear barcos das ONG que socorreram imigrantes no Mediterrâneo, retomou assim uma das bandeiras preferidas da extrema direita, apesar de a mão de obra imigrante ser fundamental para a manutenção da economia.

Tanto Salvini quanto sua aliada nas eleições legislativas de 25 de setembro, Giorgia Meloni, líder do partido pós-fascista Fratelli d'Italia (Irmãos da Itália), destacaram seu desejo de fechar a península diante da chegada de imigrantes.

Salvini iniciou sua campanha eleitoral no início de agosto visitando a pequena ilha de Lampedusa, símbolo da imigração ilegal por receber todos os anos milhares de imigrantes da África.

"Lampedusa não pode ser o campo de refugiados da Europa", lançou.

Para o sociólogo Maurizio Ambrosini, a ideia é associar o fluxo de imigrantes aos desembarques. "Na realidade, o número real de imigrantes se manteve estável nos últimos dez anos na Itália", explicou o especialista em migração da Universidade de Milão, entrevistado pela AFP.

A favorita nas pesquisas, Giorgia Meloni aproveitou o estupro cometido em Piacenza (norte) por um requerente de asilo no final de agosto para comentar amplamente em suas redes sociais, desencadeando a indignação dos moderados de esquerda e centro.

Os dois líderes querem assim entrar em sintonia com a maioria dos italianos. Cerca de 77% consideram que o número de imigrantes é "muito alto", segundo uma pesquisa do YouGov realizada em dezembro para vários jornais europeus, incluindo o italiano La Repubblica.

Número dez pontos acima da média europeia. A maior preocupação dos italianos é que com a chegada dos imigrantes a criminalidade aumentará (53%), principalmente entre os eleitores dos Irmãos da Itália (76%) e da Liga (67%).

- "Lemas de campanha" -

O Partido Democrata (PD, esquerda) e os de centro "veem os imigrantes como um recurso para a economia italiana", mas "têm dificuldade em fazer com que os seus eleitores compreendam, sobretudo porque não é um assunto popular", lamenta o professor Ambrosini.

De fato, os imigrantes representam uma tábua de salvação para a Itália, cuja população pode ser reduzida em 20% em 50 anos, de 59,6 milhões de habitantes em 2020 para 47,6 milhões em 2070, segundo projeções do instituto nacional de estatística (Istat).

Esta diminuição é acompanhada por um envelhecimento geral, devido à queda das taxas de natalidade e ao aumento da esperança de vida no país, apelidado de Japão da Europa.

Em relatório publicado em 2021, o Istat alertou para futuras dificuldades nos sistemas previdenciário e de saúde.

O mercado de trabalho faz uso maciço da população migrante, especialmente para empregos pouco qualificados no setor agrícola, construção, serviço doméstico e hotelaria.

Com 2,5 milhões, os imigrantes em situação regular representam cerca de 10% da população ativa, sem contar a imigração ilegal.

Durante a pandemia de covid-19, veio à tona a dependência de mão de obra estrangeira.

Perante o perigo de perderem as suas colheitas por falta de pessoal, os empregadores do setor agrícola tiveram de alugar aviões para trazer trabalhadores sazonais da Romênia ou Marrocos.

"Em teoria, eu poderia ter encontrado trabalhadores aqui na Itália, mas os italianos não querem mais trabalhar nos campos ou nos vinhedos", disse o enólogo Martin Foradori Hofstatter à AFPTV na época.

Alcançar um equilíbrio entre a questão humanitária, os interesses do país e o princípio da seletividade são "questões complexas que não se prestam a simplificações nem aos slogans e lemas de uma campanha eleitoral", admite o professor Ambrosini.

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