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A Liga de Matteo Salvini, de extrema-direita, triunfou no domingo (26) nas eleições europeias na Itália, ao obter mais de 34% dos votos, enquanto seu aliado, o Movimento 5 Estrelas (M5E), caiu para 17%, de acordo com os resultados praticamente definitivos.

"Apenas uma palavra: OBRIGADO, Itália", escreveu no Twitter o vice-primeiro-ministro italiano e titular da pasta do Interior.

Com mais de 99% das urnas apuradas, a Liga tem 34,3% dos votos. Nas eleições europeias de 2014 o partido obteve apenas 6%. Nas legislativas de março de 2018, a Liga recebeu 17%.

Para Salvini, o resultado representa um triunfo depois de ter assumido o comando do partido - ex-secessionista do Norte - em 2013 para tornar a Liga uma formação nacionalista em pleno auge, inclusive no sul do país.

O líder de extrema-direita mudou a relação de forças com o M5S, grande perdedor com 17% dos votos, muito longe dos 32,5% de março de 2018, o que voltou a provocar dúvidas sobre a sobrevivência do governo de Giuseppe Conte.

"A Liga se torna o primeiro partido na Itália", reclamou Riccardo Molinari, senador da Liga, em um programa de televisão.

Salvini afirmou que a vitória nas eleições europeias não provocará uma crise interna no governo da Itália.

"Meus aliados do governo são meus amigos", disse Salvini, vice-primeiro-ministro e ministro do Interior, em suas primeiras declarações à imprensa.

Salvini antecipou que não romperá sua aliança com o partido antissistema Movimento 5 Estrelas, com o qual governa desde junho de 2018.

Após um ano no poder, utilizando as redes sociais constantemente e aplicando uma política dura contra a migração, Salvini se tornou o político mais votado do país.

"Não vamos usar estes resultados para cobranças internas, e muito menos para pedir ministérios ou cargos", completou.

As eleições reforçam o poder do líder da Liga, que se apresenta como o novo rosto da ultradireita europeia: branca, católica e inimiga dos migrantes.

A tensão e as disputas entre os dois partidos no poder, e em particular entre seus líderes, aumentaram nas semanas anteriores às eleições europeias, o que transformou a votação em um verdadeiro teste para as duas formações, do qual o M5E sai derrotado.

Após a queda a 18% em 2018, o Partido Democrata (PD) celebrou os resultado de domingo: 22,7% dos votos nas eleições europeias.

O avanço dos ecologistas registrado em vários países da Europa, no entanto, não chegou à Itália, onde os Verdes receberam apenas 2,29% dos votos.

No segundo dia das eleições europeias, esta sexta-feira (24), Irlanda e República Tcheca comparecem às urnas: a primeira após uma campanha dominada pelo Brexit e a segunda sob o espectro do movimento populista do controverso primeiro-ministro Andrej Babis.

Mas o anunciado avanço das forças nacionalistas e de extrema-direita pode acabar não acontecendo da maneira como havia sido projetado, a julgar pela votação de quinta-feira (23) na Holanda, onde as pesquisas de boca de urna apontaram a vitória dos socialistas.

Durante quatro dias de votações, mais de 400 milhões de eleitores estão registrados para comparecer às urnas em 28 países e designar 751 representantes. Reino Unido e Holanda iniciaram o processo na quinta-feira, mas a maioria dos países organizará o pleito no domingo, o que significa que os resultados oficiais só poderão ser divulgados a partir da noite de 26 de maio.

Estas é a nona eleição para o Parlamento Europeu desde 1979. O índice de participação registra queda a cada pleito, com apenas 43% em 2014.

Na República da Irlanda, os principais partidos fizeram campanha para reforçar o espaço do país no projeto europeu, buscando atenuar as consequências para sua economia da saída da Grã-Bretanha da UE, agora adiada para 31 de outubro.

O Brexit pode custar o mandato da primeira-ministra britânica Theresa May, que segundo a BBC poderia anunciar nesta sexta-feira sua data de saída de Downing Street.

O jornal The Times afirma que a líder conservadora poderia permanecer no cargo por seis semanas, enquanto o partido escolhe o sucessor.

Acompanhada em todo o continente, a novela Brexit é de particular interesse para a Irlanda, que tem o Reino Unido como principal sócio comercial.

O país teme ainda o retorno de uma fronteira física com a Irlanda do Norte, uma província britânica, em caso de Brexit sem acordo.

A Irlanda tem atualmente 12 eurodeputados, mas o país deve ganhar mais duas cadeiras quando o Reino Unido deixar a UE, o que provocará a distribuição das 73 cadeiras ocupadas atualmente pelos britânicos na Eurocâmara. Mas os irlandeses, como os demais países do bloco, só poderão ocupar as vagas após a saída efetiva de Londres.

Além da eleição europeia, os irlandeses também devem votar em um referendo sobre a modernização da lei de divórcio no país, onde os ventos de mudança e abertura sacudiram nos últimos anos a tradição católica.

- Pendentes dos populismos -

A República Tcheca organiza a votação em dois dias, sexta-feira e sábado.

As pesquisas apontam a liderança do movimento populista Aliança de Cidadãos Descontentes (ANO, na sigla em tcheco) do bilionário Babis, apesar da onda recente de protestos contra o primeiro-ministro do país, membro da UE desde 2004.

Acusado por suposta fraude dos subsídios europeus, Babis, 64 anos, também foi alvo de uma investigação da UE sobre um possível conflito de interesses entre suas atividades políticas e seus negócios.

Dezenas de milhares de tchecos saíram às ruas há 10 dias para pedir a renúncia do chefe de Governo e da ministra da Justiça, que os manifestantes acusam de querer impedir os processos contra o magnata.

Apesar dos protestos, uma pesquisa do instituto Median apontou que o ANO venceria as eleições europeias no país com mais de 25% dos votos, à frente do partido ODS (direita) e do Partido Pirata, cada um com 14% das intenções de voto.

Em grande parte do continente as pesquisas apontam o avanço dos movimentos nacionalistas e populistas, que são contrários ao projeto de maior integração europeia, e a perda de espaço dos dois grandes grupos na Eurocâmara: o Partido Popular Europeu (PPE, conservador) e o Partido Socialista Europeu (PSE).

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