A caravana da oposição ao Sertão, para levantar informações sobre projetos e obras paralisadas pelo Governo do Estado, foi marcada pelo viés do improviso. Até a chegada do líder Silvio Costa Filho (PRB) em Serra Talhada, por volta das 11 horas, não se sabia nada da agenda a ser cumprida. De concreto, apenas entrevistas às emissoras de rádio, que mesmo assim, também já começaram tarde, perto de meio dia, quando estavam previstas para logo cedo.
Os deputados não sabiam sequer o que visitariam na agenda de projetos públicos. Só na visita institucional ao presidente da Câmara Municipal, Nailson Gomes (PTC), foi acesa uma luz quando sete dos 17 vereadores deram indicativos das falhas operacionais do Governo. Mesmo anfitrião, por Serra Talhada ser a sua base, o deputado Augusto César conseguiu (PTB) agendar as visitas. No hospital Agamenon Magalhães, por exemplo, ele, Silvio Costa Filho, Socorro Pimentel, Álvaro Porto e Júlio Cavalcanti não foram recebidos pelo diretor.
Acabaram tendo que buscar informações com médicos de plantão e até enfermeiras, saindo de lá sem uma noção exata sobre a funcionalidade do hospital. No campus da faculdade de Medicina, a mesma coisa. Lá, a ideia era levantar informações sobre a paralisação das obras e os motivos que levaram a empresa a suspender o cronograma do projeto. Não havia ninguém para receber o grupo parlamentar. Isso se deu, ainda, na cadeia pública, onde tiveram que conversar com policiais de plantão.
Autor da ideia e coordenador da caravana, que foi reduzida de oito para cinco deputados, Silvio Costa Filho (PRB) preferiu dividir as falhas e atropelos com os colegas de bancada. “Não veio todo mundo que confirmou, por exemplo, porque não queríamos deixar o plenário da Assembleia esvaziado”, justificou. Quanto aos improvisos, disse que coube a Augusto organizar os contatos e fechar a agenda em Serra Talhada.
“Esse é um tipo de ação que ninguém que é do staff do Governo tem autorização para nos receber e quer passar informações. Tem que ser visitas surpresas mesmo”, alega César. Para ele, mesmo com tamanho improviso, deu para se ter uma ideia de que entre o discurso e a ação do Governo há, de fato, uma distância muito grande, em detrimento da população.
OBRAS PARADAS– Na agenda que cinco deputados da oposição cumpriram, ontem, em Serra Talhada, o que mais chamou a atenção foram a tentativa do Governo do Estado de cancelar a doação do terreno para construção do Distrito Industrial e o elefante branco em que se constituiu o projeto da sede do Corpo de Bombeiros, obra orçada em R$ 1,7 milhão, paralisada ainda na gestão de Eduardo Campos. Na área de segurança pública, na visita ao presídio, os parlamentares constataram ainda uma superlotação e o abandono do projeto de construção do IML.
Travamento das informações– Integrante da caravana parlamentar de oposição ao Sertão na condição de “independente”, a deputada Priscila Krause (DEM) só se incorporou ao grupo na plenária realizada na Câmara de Vereadores, por volta das 19 horas. Para ela, não foi surpresa seus colegas se deparar com dificuldades no levantamento das informações aos projetos estaduais. “Já estou acostuma com isso, ninguém passa informações”, amenizou. Priscila disse que participa do restante da agenda, que se estende hoje pela manhã em Afogados da Ingazeira e pela tarde em Arcoverde.
Boa notícia– O Governo anunciou, ontem, a redução do teto de juros cobrados nos empréstimos consignados para servidores públicos da União, aposentados e pensionistas. A redução se deve à queda na taxa básica de juros nos últimos meses e permitirá a migração de dívidas mais caras para uma modalidade mais barata e "até mesmo estimular novas concessões". Para os servidores, o percentual máximo passará de 34,5% para 29,8% ao ano. Ao mês, o teto passa de 2,5% para 2,2%. Segundo o governo, trata-se da primeira redução desde a criação do teto em 2008.
No negativo– Depois de registrar superávit em janeiro, as contas do governo voltaram ao vermelho em fevereiro. No mês passado, foi registrado um déficit primário de R$ 26,263 bilhões, segundo números divulgados pela Secretaria do Tesouro Nacional. Isso significa que as despesas do governo federal superaram as receitas com impostos em R$ 26,263 bilhões no mês passado. Foi o pior resultado para meses de fevereiro de toda a série histórica do Tesouro, que começa em 1997. Antes de 2017, o pior resultado para meses de fevereiro havia ocorrido no ano passado, quando as contas do governo ficaram negativas em R$ 25,002 bilhões.
Agenda da perua – Do Recife, onde acompanhou por este blog a peregrinação dos deputados da oposição a Serra Talhada, sua principal base eleitoral, o secretário estadual de Transportes, deputado federal licenciado Sebastião Oliveira (PR), reagiu com ironia. “Esta é a agenda da perua”, brincou, sugerindo que os deputados foram espalhar inverdades a respeito do Governo do Estado. Um dos exemplos, segundo ele, está no Hospital Geral do Sertão. “Eles criticam o investimento em um novo hospital alegando que deveria ser investido no hospital regional Agamenon Magalhães, mas este será transformado numa maternidade”, afirmou.
CURTAS
A RAZÃO– A ausência do ex-prefeito de Caruaru, José Queiroz (PDT), e do seu filho Wolney Queiroz, deputado federal, na agenda cumprida pelo governador Paulo Câmara, ontem, em Caruaru, se deu muito mais por razões que remetem à insatisfação com a prefeita Raquel Lyra (PSDB) do que mesmo por distanciamento político. A tucana tem tratado Queiroz e seu grupo como adversários.
PAGAMENTO– O prefeito de Araripina, Raimundo Pimentel (PSL), começou a deixar em dia o pagamento dos aposentados do município. Junto com a folha de março, ontem, liberou os para os inativos o mês de novembro do ano passado. Segundo ele, o ex-prefeito Alexandre Arraes (PSB) deixou novembro e dezembro da categoria em atraso.
Perguntar não ofende: Também será no improviso a segunda etapa hoje da caravana da oposição em Afogados da Ingazeira e Arcoverde?