Tópicos | Ilan Goldfajn

Primeiro brasileiro eleito para a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) desde a sua fundação, em 1959, o economista Ilan Goldfajn espera uma relação de "harmonia" com o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva uma vez que as agendas "são muito parecidas". Dentre as pautas prioritárias da sua gestão, diz, estão o apoio aos mais vulneráveis, em um cenário de uma inflação elevada e de subida de juros no mundo, ações para apoiar os países na transição para uma energia limpa, considerando as mudanças climáticas, a Amazônia e apoio à infraestrutura física e digital.

Durante a campanha para a eleição de Ilan para a presidência do BID, uma ala dentro do PT atuou para tentar adiar o pleito e ganhar tempo para indicar um novo candidato, com perfil mais alinhado ao partido. O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega chegou a enviar uma carta aos governadores dos países membros, que representam seus países na instituição, enquanto o ex-BC Luiz Awazu Pereira da Silva se colocou como candidato ao cargo, conforme revelou o Estadão/Broadcast.

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A movimentação foi ignorada e o BID seguiu com as eleições, realizadas neste domingo, quando Ilan foi eleito com 80% dos votos, superando com folga as exigências para alçar ao posto máximo da instituição, pela primeira vez em 63 anos. "Eu acho que tem tudo para ter uma harmonia [com o governo Lula], uma relação muito boa", disse o economista.

Ilan, de 56 anos, assume a presidência do BID no diz 19 de janeiro, por um período de cinco anos. Indicado pelo governo Bolsonaro (PL), com o seu nome escolhido pelo ministro da Economia Paulo Guedes, ele presidiu o Banco Central (BC) no governo de Michel Temer (MDB), entre 2016 e 2019. Ilan chefiou ainda o departamento de economia do Itaú Unibanco, maior banco da América Latina, e, mais recentemente, ocupava o posto de diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Hemisfério Ocidental, do qual se licenciou para concorrer à presidência do BID. Abaixo, os principais trechos da entrevista:

O senhor é o primeiro brasileiro a assumir a presidência do BID após um escândalo ético e uma campanha cheia de altos e baixos em meio às eleições presidenciais no Brasil? Qual a sua avaliação?

É um marco histórico nesse momento. É o primeiro brasileiro em 63 anos desde o Juscelino Kubitschek, que teve o sonho de criar o BID, que realmente é muito importante. Eu acho que ficou claro que a candidatura é do Brasil e ficou claro que a gente teve o apoio de toda a região, de várias matizes ideológicas, Estados Unidos, Canadá, América Central, Caribe, países da Europa, Argentina, Peru, Venezuela, Panamá, Uruguai, Paraguai, de todo o Mercosul, então, acho que ficou clara a percepção da região de que há um apoio para essa presidência. E isso é muito importante, muito importante para o Brasil ter um candidato que tem esse apoio regional. Isso foi bem relevante.

Quais os desafios da sua gestão à frente do BID, considerando o cenário atual, de aperto monetário ao redor do globo e risco de recessão nas economias desenvolvidas, o que deve impactar países do Mercosul, da América Latina?

Não só o Mercosul, mas toda a região será impactada pela questão global. Vamos ter uma desaceleração, os juros vão estar altos e a dependência do BID é uma dependência cada vez maior porque os recursos multilaterais vão ser cada vez mais relevantes nesse cenário.

Há uma grande preocupação com as populações mais vulneráveis com o cenário de elevada inflação e a subida de juros para controlá-la, de que maneira o BID pode atuar para suportar os países?

O BID pode atuar na pobreza e na insegurança alimentar. Há programas de transferências de renda, que tentam ajudar que as redes de proteção social, programas que tentam ajudar na distribuição de alimentos, enfim, tem toda uma rede de proteção. É um momento de cuidar da pobreza, de cuidar dos mais vulneráveis porque a pobreza aumentou desde a pandemia e continua subindo, ainda mais com as commodities que subiram de preços, alimentos, energia.

E quanto à questão ambiental?

Os bancos regionais, inclusive, o BID, são líderes, são eles que têm que puxar essa agenda, que é fundamental. Você precisa contribuir para o combate ao aquecimento global, tem as metas de Paris, de menor uso do carbono. Na região, tem que olhar porque tem países que tem uma transição mais difícil, que dependem muito das exportações de petróleo. Também na região, nós temos muitos desastres naturais que precisa adaptar os países à uma nova mudança, tem muito mais furacão, enchente, então, isso tudo é do banco de desenvolvimento. Sem falar na questão da Amazônia. Eu como brasileiro, chegando na presidência, tenho de pensar na Amazônia, na proteção da biodiversidade, na floresta. Não tem como não puxar essa agenda.

O senhor vai assumir a presidência do BID em meio a um elevado grau de desmatamento na Amazônia. O senhor já tem algum plano quando diz que tem de puxar essa agenda?

É um tema que deve existir. Já existe um fundo de Amazônia, algumas coisas que já existem. Eu tenho de chegar lá e sentir o que está acontecendo.

E qual a estratégia para recuperar a credibilidade do BID após os problemas éticos envolvendo a gestão anterior?

É um pouco do que fiz no meu passado, quando entrei no Banco Central. Primeiro, transparência, muita comunicação, prestação de contas, muito respeito às regras, diálogo, diálogo com o Conselho, com os funcionários, com os países, ou seja, não tem como você conseguir uma votação como a gente conseguiu hoje de manhã sem diálogo. Tem de ter diálogo com todo mundo.

A falta de um diálogo entre o governo atual e o eleito foi uma questão levantada durante a sua campanha, com uma ala do PT tentando minar a sua candidatura, como o senhor vê a relação com o novo governo?

Eu acho que tem tudo para ter uma harmonia, uma relação muito boa. Saiu um tweet do vice-presidente Geraldo Alckmin em nome do presidente Lula. Eu acho que essa harmonia vai existir até porque as agendas são muito parecidas, tem muitas coisas que conciliam, a questão do meio ambiente, da pobreza, da desigualdade, eu acho que até mesmo o financiamento à infraestrutura é muito importante.

O BID deve ampliar o apoio à infraestrutura na sua gestão? No Brasil, há uma expectativa de maiores investimentos, a volta do PAC...

Eu acho que é uma das áreas prioritárias, a infraestrutura tanto física sustentável, quanto digital. E aqui eu estou falando da região, não estou falando especificamente do Brasil, mas acho que é uma prioridade e que é relevante para o BID.

O senhor falou que tem tudo para ser uma harmonia com o novo governo. Então, por que o senhor acha que teve essa atuação contra o seu nome?

Todo mundo que eu conversei no Brasil sempre apoiou o meu nome. Eu entendo que não há ninguém no Brasil que tenha qualquer objeção. Isso é importante e agora está em uma outra fase. É a fase da presidência BID, eu vou ter uma boa relação, uma relação harmônica com todos os governos da região e tenho certeza que com o Brasil também.

O ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn venceu as eleições para a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com sede em Washington, nos Estados Unidos. É a primeira vez que o País ocupará o cargo no banco. O Brasil conseguiu apoio de 17 membros regionais e 9 de fora na disputa.

Mais cedo, a Argentina havia desistido de concorrer à presidência do BID, e o país vizinho estaria inclinado a apoiar o Brasil, conforme fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast. A desistência da Argentina na corrida pelo BID injetou ânimo na campanha brasileira. "O Mercosul todo está apoiando o Brasil. Isso aumenta a chance de vencer no primeiro turno", diz uma fonte, na condição de anonimato.

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A expectativa do governo brasileiro era obter 51% dos votos ainda no primeiro turno, um dos critérios para vencer. E se faltasse atingir o apoio de 15 dos 28 países membros "mutuários" e "regionais não mutuários", grupo que inclui os EUA e o Canadá, a esperança era conquistá-lo no segundo turno, conforme fontes que acompanham bastidores das eleições no BID. Esses são os dois critérios de exigência para o candidato se eleger presidente do Banco.

A imprensa argentina informa que a desistência do país pela disputa ao cargo se deu após muitas negociações. E que agora, a Casa Rosada busca um acordo com os Estados Unidos e o Canadá para apoiar o Brasil, na figura de Goldfajn.

Indicado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), seu nome acabou sendo alvo de disputas políticas por conta da oposição de uma ala do Partido dos Trabalhadores (PT) após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas para comandar o Planalto. O Brasil nunca deteve a presidência do BID e havia um entendimento de que agora seria a vez de o País galgar a posição. Sua campanha, porém, foi atrapalhada por uma tentativa de membros do PT para postergar as eleições da instituição e ganhar tempo para indicar um novo nome, com perfil mais alinhado ao partido.

O BID ignorou o pedido e seguiu com as eleições, que tiveram início às 8 horas em Washington (10h de Brasília).

A Argentina havia indicado a economista e secretária de Relações Econômicas Internacionais, Cecilia Todesca Bocco, para disputar o cargo. Durante o processo, o país chegou a ser considerado um dos principais concorrentes do Brasil pela presidência do BID, mas, na última hora, mudou o seu candidato. Antes da oficialização do nome, de Todesca Bocco, a expectativa era da indicação do ministro da Fazenda do país, Sergio Massa, conforme fontes.

Com isso, o principal concorrente do brasileiro passou a ser o economista e vice-governador do Banco Central do México (Banxico), Gerardo Esquivel Hernández, segundo fontes. Ele foi, inclusive, alvo do ministro da Economia, Paulo Guedes, que indicou o nome de Ilan, durante sabatina, no último dia 12. Na ocasião, Guedes teria questionado o candidato sobre qual seria o direcionamento de sua gestão, por exemplo, no caso da reconfiguração das cadeias produtivas, se o mexicano traria os semicondutores para a América Latina ou para o Acordo entre Estados Unidos, México e Canadá (USMCA, na sigla em inglês, antigo NAFTA).

Além do México, o Chile indicou o ex-ministro da Fazenda Nicolás Eyzaguirre Guzmán, enquanto Trindade e Tobago apoia o nome de Gerard Johnson.

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, anunciou, nesta segunda-feira (13), a nomeação do ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn como diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do órgão. O brasileiro assumirá o cargo, hoje ocupado pelo mexicano Alejandro Werner, em 3 de janeiro de 2022.

Em nota divulgada pelo FMI, Georgieva diz que está satisfeita com a nomeação. "Ele tem uma experiência impressionante nos setores público e privado e é altamente respeitado como acadêmico", escreveu a diretora do fundo. A líder também elogiou o histórico de Goldfajn como formulador de políticas, comunicador e seu "profundo" conhecimento como executivo financeiro internacional.

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Atualmente, Goldfajn atua como presidente do Conselho do Credit Suisse Brasil. O economista presidiu o BC de maio de 2016 a fevereiro de 2019, indicado pelo ex-presidente Michel Temer.

No comunicado divulgado nesta segunda-feira, Georgieva ressalta que, durante sua gestão no BC, Goldfajn supervisionou a implementação de mudanças regulatórias que, na avaliação dela, estimularam a inovação e a digitalização, com o crescimento das fintechs no Brasil.

Georgieva também destaca que Goldfajn trabalhou como economista no FMI de 1996 a 1999. "Estou muito satisfeita que Ilan esteja retornando para nós neste momento crucial, e que poderemos nos beneficiar de sua experiência excepcional à medida que continuamos a ajudar os países da região a construir economias mais resilientes e inclusivas."

O Credit Suisse Brasil confirmou, por meio de um comunicado à imprensa, que Goldfajn deixará o cargo de presidente do Conselho em 31 de dezembro. Ele será substituído por Ana Paula Pessoa, que faz parte do Conselho desde 2018.

"Estou deixando o Credit Suisse para seguir a minha vocação que é a de contribuir com a sociedade em um cargo público, desta vez em uma organização internacional. A economia mundial vive um momento muito desafiador, agravado pela pandemia da covid-19, e a oportunidade de colaborar a partir dessa posição no FMI me deixa entusiasmado", diz Ilan na nota publicada pelo banco.

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, não vai permanecer no comando da autoridade monetária no governo Jair Bolsonaro, segundo o Estado apurou. A interlocutores, Ilan afirmou que não aceitará o convite por motivos pessoais. O presidente do BC já teria avisado o futuro ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, sobre sua decisão.

A equipe de transição avalia agora os nomes do diretor de política econômica do BC, Carlos Viana de Carvalho, e do diretor do Santander, Roberto Campos Neto, para ocupar o cargo.

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Campos Neto é o mais cotado no momento. Na Terça-feira (13), ele esteve no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, onde a equipe de transição está trabalhando.

Um integrante do futuro governo elogiou Roberto Campos Neto, dizendo que ele é um nome muito bom.

Procurada na noite de ontem, a assessoria do Banco Central não se pronunciou. Guedes não havia sido localizado para tratar do assunto.

Transição

Na semana passada, fontes da equipe de transição disseram que sua permanência no BC dependia de "motivação pessoal" e que seu nome não estava descartado. Até então, não havia confirmação sobre um convite formal e direto a Ilan.

Guedes e o presidente eleito, Jair Bolsonaro, declararam em diversas ocasiões que tinham o desejo de manter o atual presidente do BC no cargo, mas também era de conhecimento público que eles chegaram a trabalhar com cinco opções para substituí-lo.

O que se dizia em Brasília é que a permanência de Ilan no cargo em 2019 dependia da aprovação do projeto de autonomia do Banco Central, atualmente em tramitação na Câmara. O principal ponto da proposta é a definição de mandatos fixos para os dirigentes do BC a partir de março de 2020.

Ilan voltou na segunda-feira de uma viagem à Suíça, cumpriu agenda até ontem no Brasil e agora vai tirar férias até o dia 20 de novembro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, viaja na próxima semana para Buenos Aires (Argentina), onde participará da reunião de ministros de Fazenda e presidentes de Bancos Centrais do G-20. O período da viagem de Ilan será de 20 a 23 de julho, conforme despacho publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira, 12.

O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge também tem viagem ao exterior semana que vem. No período de 16 a 19 de julho, ele irá a Bruxelas (Bélgica) para reuniões ministeriais do 35º Encontro do Comitê de Negociações Birregionais Mercosul - União Europeia.

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A inflação deve fechar o ano em cerca de 4%, segundo o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. A queda do índice deve ser acompanhada do declínio continuado da taxa básica de juros da economia, a Selic.

Goldfajn disse apostar na aprovação das reformas propostas pelo governo como fator de indução da recuperação econômica. O presidente do BC participou hoje (12) do 19º Seminário de Metas para a Inflação, na sede regional do banco no Rio de Janeiro.

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“A reconquista do controle das expectativas de inflação se tornou prioridade, particularmente após anos de inflação alta. A ancoragem das expectativas é pré-condição para alcançarmos uma inflação baixa e estável. Ela precede qualquer processo de estabilização monetária”, disse Goldfajn.

Para o presidente do BC, o ajuste econômico feito pelo governo e as reformas propostas, como a da Previdência e a trabalhista, já se refletem na melhora da percepção do país pelos agentes econômicos e investidores.

“Todo o esforço de política econômica deste governo, que implementou várias reformas neste curto espaço de tempo, já mostram resultados positivos. Diversas reformas e ajustes na economia brasileira aumentaram a confiança e reduziram a percepção de risco. Isso evidencia maior confiança dos investidores na capacidade e solvência do país, fruto das reformas e do foco no combate à inflação”, analisou.

Goldfajn também destacou que a melhora na economia permite a redução da taxa básica de juros, o que, segundo ele, leva à expansão do crédito e ao consequente aquecimento das vendas e da produção, com reflexo no nível de emprego.

“A taxa básica de juros, a Selic, está em um processo de queda. Na última reunião do Copom [Comitê de Política Monetária], foi reduzida a 11,25% ao ano, queda de um ponto percentual. As taxas de juros reais também estão declinando no Brasil. Após atingir o auge, em setembro de 2015, com 9%, declinou para 4,5% nos últimos dias”, comparou.

O governo interino de Michel Temer aumentou de R$ 964 milhões para R$ 1,360 bilhão o capital social da Casa da Moeda do Brasil. A decisão consta de decreto publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira (19). A Casa da Moeda é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda.

BC

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O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, viaja nesta quinta-feira (21) para Chengdu, na China, onde participará da reunião de ministros de Fazenda e presidentes de Bancos Centrais do G20. O período da viagem de Ilan vai até o dia 25 de julho, próxima segunda-feira. As informações estão publicadas no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira.

O presidente da República em exercício, Michel Temer, dará posse nesta quinta-feira, 9, ao novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, às 17 horas, em seu gabinete no Palácio do Planalto. A cerimônia, de acordo com a assessoria do Planalto, será fechada e terá poucos convidados. A nomeação do economista foi publicada no Diário Oficial desta quinta.

Segundo interlocutores do presidente, "não há um motivo específico" para decidir fazer um evento fechado e uma das razões seria o pouco tempo para organizar algo maior. A nomeação de Ilan foi aprovada anteontem e a expectativa é que, na transmissão de cargo, quando Alexandre Tombini deve participar, aconteça uma cerimônia maior no próprio Banco Central.

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Em meio a questionamentos da oposição, Goldfajn teve sua indicação referendada na última terça-feira pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), numa sabatina que durou mais de quatro horas, e também pelo plenário do Senado. Depois que deixar o BC, Tombini deverá ocupar o posto de diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O governo em exercício, Michel Temer, nomeou o economista Ilan Goldfajn para exercer o cargo de presidente do Banco Central, em substituição a Alexandre Tombini. Os respectivos decretos de nomeação e exoneração estão publicados no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira, 9.

Ilan foi sabatinado no Senado na última terça-feira em sessão que durou mais de quatro horas. O nome dele foi aprovado no mesmo dia, tanto na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) quanto no Plenário da Casa. Michel Temer dará posse ao novo chefe do BC nesta tarde, em cerimônia no Palácio do Planalto marcada para as 17 horas.

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O plenário do Senado Federal aprovou nessa terça-feira, 7, a indicação do economista Ilan Goldfajn para a presidência do Banco Central. A indicação foi feita pelo presidente em exercício Michel Temer. Ilan ocupará o cargo de Alexandre Tombini.

A indicação contou com o apoio de 56 senadores e apenas 13 votaram contrariamente, mais um vez reforçando a expressão da base de Temer no Senado.

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Apesar da aprovação da indicação, Goldfajn não deve participar da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que se iniciou nessa terça e vai até amanhã. Conforme apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o governo não deve correr com a posse de Ilan. A reunião do Copom define a taxa básica de juros da economia brasileira.

Apesar de o governo Temer possuir maioria no Senado, a discussão sobre a indicação de Ilan foi acirrada. Os senadores da oposição pediram a palavra diversas vezes para questionar a troca da presidência do Banco Central durante um governo interino e possível conflito de interesses, já que Goldfajn é sócio do Itaú Unibanco.

Em nome do PT, Lindbergh Farias (PT-RJ) recomendou voto contrário. O discurso mais ferrenho contra a indicação de Goldfajn, entretanto, veio de um peemedebista, o senador Roberto Requião (PMDB-PR). "Gostaria de saber como se vota a indicação de Ilan, se tenho que votar no sistema do Senado ou se será pelo site do Banco Itaú", ironizou Requião. Ele afirmou que o Senado estava aprovando a indicação de um "banqueiro para cuidar da economia do País".

"Esse é mais um erro brutal do meu colega Michel Temer, no início de um governo que, dessa forma, será muito curto", afirmou Requião. O senador disse ainda que é uma "irresponsabilidade" indicar um novo presidente para o BC em um governo interino, "sem a certeza de que o impeachment irá prosseguir".

Senadores da base de Temer argumentaram que presidentes anteriores do BC e membros da equipe econômica também possuíam ligações com bancos privados e o mercado financeiro. Os senadores relembraram que Henrique Meirelles, que presidiu o BC durante o governo Lula, foi presidente do BankBoston no Brasil e que o ex-ministro da Fazenda de Dilma, Joaquim Levy, foi diretor superintendendo do Bradesco.

O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), rebateu as críticas da oposição e disse ser "triste ouvir que alguém que serve à iniciativa privada não pode servir ao Estado". "Pelo contrário, temos que reverenciar a inteligência, o mérito e a competência das pessoas que mostraram isso na iniciativa privada e que podem ceder sua capacidade de gestão à máquina pública", defendeu.

Goldfajn é economista, com mestrado pela PUC e doutorado pelo MIT. Ele foi diretor de política econômica do BC entre 2000 e 2003.

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou por 19 votos a favor e 8 contrários a indicação do economista Ilan Goldfajn para a presidência do Banco Central.  O nome segue hoje para análise do Plenário e será confirmado se obtiver o voto da maioria simples dos senadores. Antes disso, o indicado terá um encontro com o presidente do Senado, Renan Calheiros.

Ilan Goldfajn informou CAE que pretende manter o atual sistema de metas no controle da inflação e fez questão de ressaltar que uma das primeiras tarefas da instituição é manter o índice inflacionário baixo e a estabilidade da moeda.

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"Nosso objetivo será cumprir plenamente a meta, mirando seu ponto central. Nossa história mostra que níveis altos de inflação não favorecem ao crescimento econômico. Pelo contrário, desorganiza a economia e impacta a vida principalmente das classes menos favorecidas", afirmou.

Liberdade técnica

Sobre a atuação do BC, Goldfajn disse ser a favor da autonomia do banco e não da independência total. Para ele, o governo deve traçar seus objetivos e a autarquia precisa ter liberdade técnica e operacional para alcançá-los.

Depois de ouvir a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) afirmar que ele não poderia assumir o BC por ter sido acionista e dirigente do Itaú, Goldfajn afirmou que não tem mais nenhuma ligação com o banco e já se desfez de sua participação acionária na instituição.

O indicado ainda prometeu atuar de “forma isenta, apartidária e ética”, como fez em todos os lugares onde atuou profissionalmente.

"Minhas ações não derivavam do fato de ser dono da instituição ou banqueiro. Parte da remuneração dos funcionários de bancos hoje é por ações. Um economista-chefe que faz pesquisas e projeções tem essas ações e é sócio neste sentido. Não vejo conflito a partir daí", justificou.

*Da Agência Senado

O indicado à presidência do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, afirmou nesta terça-feira, 7, que a volta do crescimento da economia já no fim de 2016 ou em 2017 é factível, mas tem que vir com medidas concretas, com aprovação de reformas no Congresso. Durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, ele reafirmou que o ambiente global é desafiador.

"Temos a China de um lado, desacelerando, os Estados unidos com perspectiva de subir juros, a Europa recém saída de uma recessão e com crescimento baixo, o Japão com dificuldade de décadas de crescer", disse, ponderando que esse cenário tem "algumas luzes no fim do túnel". Segundo ele, nos Estados Unidos, o Federal Reserve só pensa em subir juros porque pode ter crescimento, a China está desacelerando, mas o receio de parada brusca não ocorreu. "E não me parece que vai ocorrer", disse.

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O economista também avaliou que a taxa de poupança no Brasil é baixa. "Mecanismos para facilitar a poupança são muito importantes, como é importante recuperar a vontade de investir. Não basta aumentar poupança, tem que reduzir incertezas", avaliou.

Questionado sobre o elevado spread bancário no País, Ilan disse que havia um projeto de redução de spread quando foi diretor do BC, que considera importante. "É relevante para a redução do custo seguir esse projeto que começou há muito tempo", afirmou.

O indicado à presidência do BC disse ainda que o excesso de crédito direcionado reduz efetividade da política monetária. "Não significa que não deveria existir. Tem que ter um equilíbrio", disse.

Custo do crédito

Ilan Goldfajn afirmou que é preciso atacar "as raízes da causa" para combater o elevado custo de crédito no Brasil. Do contrário, o País corre o risco de adotar medidas que melhorem o cenário de curto prazo, mas que mantenham o problema no futuro.

"Acho que todos nós temos que trabalhar para reduzir o custo do crédito no Brasil. A dúvida é sempre qual é a melhor maneira de fazer. Temos que trabalhar nas raízes da causa, dos problemas, para que não entremos em atalhos e mecanismos de curto prazo", disse. Ele destacou ainda que, para isso, é preciso levar em conta qual é o ambiente e quais são as leis que regem o Sistema Financeiro Nacional.

Ilan lembrou, porém, que o momento atual é de redução tanto na oferta de crédito quanto na demanda. "Há tanta incerteza macroeconômica que oferta e demanda são prejudicados. As duas estão caindo", comentou.

O economista defendeu que parte da rentabilidade dos bancos serve para capitalizar as instituições e, consequentemente, elevar o potencial de concessão de crédito no mercado. "Não vou entrar em questões de tamanho (da rentabilidade), mas uma parte vai para capitalização, que permite o aumento do crédito. Então isso é um outro lado", afirmou. "De qualquer forma, acho que é relevante ter mecanismos para aumentar concorrência", acrescentou o economista.

Ilan ressaltou que não se deve deixar uma parte do crédito "na sombra", alheio à regulação do Banco Central. Segundo ele, a instituição precisa ser capaz de regular, supervisionar e administrar o mercado de crédito para garantir a estabilidade do Sistema Financeiro.

Sobre eventuais capitalizações de instituições bancárias, o economista disse que, como ainda não assumiu a presidência do Banco Central, não tem conhecimento de situações específicas. "Mas a ideia é bancos públicos serem supervisionados e fiscalizados da mesma forma que bancos privados", disse.

Contas públicas

Ilan Goldfajn afirmou que "colocar as contas públicas em ordem" é necessário para reconduzir a economia brasileira a uma trajetória de crescimento. Nesse sentido, estabelecer um teto para as despesas do governo é fundamental, defendeu o economista.

"Sobre as reformas que são necessárias, há bastante consenso. Precisamos colocar contas públicas em ordem", disse Ilan. "Há uma medida anunciada, sobre questão do teto da despesa. E fundamental, porque precisamos dar ordem à dinâmica da dívida. Quem precisa investir não vê dinâmica de divida favorável. Portanto, uma reforma necessária é exatamente essa, colocar um limite para as despesas", acrescentou.

O economista ressaltou, porém, que a execução de tais reformas não cabe ao presidente do Banco Central, que é envolvido "indiretamente" na questão fiscal.

A reforma do sistema financeiro, que permita a redução na taxa de juros de equilíbrio da economia, também é necessária, destacou Ilan. Porém, é preciso avaliar as condições para que isso possa ocorrer. "Não é uma divergência trabalhar pela queda da taxa de juros de equilíbrio, mas precisamos ver as condições. O Banco Central vai trabalhar e monitorar isso", disse.

Conflito de interesse

A senadora da oposição Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM) usando o direito à tréplica, voltou a dizer que as críticas feitas a Goldfajn, que atuava no Banco Itaú como economista chefe não são de caráter pessoal. "Tenho ouvido que o seu nome foi muito bem recebido pelo mercado, mas eu gostaria de ver um nome indicado e que seja bem recebido pelos movimentos sociais", salientou.

Ela voltou a dizer que há incompatibilidade em Ilan assumir o cargo, vindo do setor privado há poucos dias. "A pessoa pode saber dos interesses do setor privado e atuar em determinada direção", argumentou.

O senador Fernando Bezerra (PSB-PE) também pediu o direto de tréplica. Segundo ele, a indicação de Ilan atende a todas as normas vigentes. "Não há nenhum arrepio", defendeu, acrescentando que o executivo até já se desfez de ações do Banco Itaú Unibanco, que possuía como forma de remuneração quando atuava no setor privado. Mais exaltado, disse que essas afirmações não são justas e que colocam em xeque até a atuação de ex-presidentes do BC no passado. "É a interpretação de uma norma que não se aplica ao caso", disse, em resposta à senadora Vanessa Grazziotin.

Ela falou mais uma vez e disse que não é porque se cometeu uma ilegalidade antes que se justifique uma ilegalidade agora. Ao longo de seu pronunciamento, vários parlamentares sugeriram que a votação sobre a aprovação de Ilan começasse imediatamente. "Na minha opinião está claro o conflito de interesse", citando uma lei que regula o BC.

O indicado à presidência do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, chegou nesta manhã de terça-feira, 7, à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), onde será sabatinado. O executivo veio acompanhado da equipe de imprensa da autoridade monetária.

A sessão será comandada pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que é presidente da CAE. Ilan passará pelos questionamentos dos parlamentares, que posteriormente votarão pela sua nomeação ao novo cargo. Para que seja aprovada a indicação, são necessários votos positivos da maioria simples - metade mais um - dos membros presentes na sessão.

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Passada essa etapa, o parecer da comissão é encaminhado ao plenário do Senado, onde é necessária também a aprovação de maioria simples dos presentes. Concluído o processo, o nome segue para publicação.

Em 2010, quando foi indicado para presidir o BC, Alexandre Tombini passou por uma sabatina de quase três horas de duração na CAE. Ao fim, recebeu o apoio de expressiva maioria, com 22 votos favoráveis e um contra. No plenário, teve o aval de 37 senadores, com outros sete votando contra.

Alçado à presidência do BC, Ilan deixa o setor bancário para assumir o novo posto, já que ocupava o posto de economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco. Economista, com mestrado pela PUC-Rio e doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), Ilan foi consultor do Banco Mundial, do FMI e das Nações Unidas, além do governo brasileiro e do setor privado.

Exerceu o cargo de diretor de Política Econômica do Banco Central, entre 2000 e 2003, durante a gestão de Armínio Fraga, quando foi adotado o sistema de metas para a inflação.

A sabatina do economista Ilan Goldfajn, indicado pelo ministro da Fazenda Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central, foi adiada para a próxima terça-feira (7). Inicialmente a série de questionamentos estava prevista para acontecer nesta quarta (1º), no entanto faltou acordo na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para a aprovação do indicado. 

Com a postergação da sabatina e, consequentemente da análise do nome no Plenário, a primeira reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) da gestão do presidente em exercício Michel Temer será conduzida pelo atual presidente do Banco Central, indicado pela presidente afastada Dilma Rousseff (PT), Alexandre Tombini. O encontro define a Selic, a taxa básica de juros da economia – atualmente fixada em 14,25 %, ao ano.

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A apresentação do relatório do senador Raimundo Lira (PMDB-PB) tumultuou a sessão da CAE. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) exigiu que fosse cumprido um intervalo de cinco dias, previsto pelo regimento do Senado, entre a apresentação do relatório e a sabatina do indicado.

Entre os argumentos do petista, está a alegação de que Goldfajn aparece entre os sócios do Itaú Unibanco desde agosto de 2010. O Banco Central fiscaliza as ações das unidades financeiras privadas e, para Lindbergh há um “claro conflito de interesses na indicação de economista”.

Além disso, ele pontuou ainda que o processo de impeachment de Dilma Rousseff não chegou ao fim no Senado e a mudança do comando do Banco Central pode gerar instabilidade econômica. “E se a presidente Dilma voltar? Porque é tanta crise neste governo do presidente interino Michel em 15 dias! Tantas crises! Olhem que instabilidade nós estaríamos passando: colocar um novo presidente do Banco Central, a presidenta Dilma volta e se muda o presidente do Banco Central novamente?”, ponderou.

Indicado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para a presidência do Banco Central, o economista Ilan Goldfajn será sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta quarta-feira (1º). Relator da proposta de indicação, o senador Raimundo Lira (PMDB-PB) protocolou, na última sexta (27), o seu parecer pontuando que Goldfajn cumpre todos os requisitos para ser averiguado pelos pares.

Ao contrário do que normalmente acontecem com as indicações, neste caso o relator não pode se posicionar sobre o mérito de ser favorável ou não ao nome que postula o cargo em questão.   

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"As funções e as atividades desempenhadas revelam o nível de qualificação profissional e a formação técnica e acadêmica do indicado, ficando assim esta Comissão de Assuntos Econômicos em condições de deliberar sobre a indicação", concluiu o senador após apresentar um resumo do currículo acadêmico e profissional de Ilan”, justifica o relatório que será apreciado nesta terça (31).

Caso tenha a indicação aprovada, Goldfajn deve assumir o cargo a tempo de participar da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 7 e 8 de junho. 

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, que dará lugar a Ilan Goldfajn em seu cargo, divulgou nesta terça-feira (17) uma nota de apoio à indicação do economista. De acordo com Tombini, Ilan é um profissional reconhecido, com larga experiência no setor financeiro brasileiro e ampla visão da economia nacional e internacional.

Tombini ressaltou o fato de Ilan já ter passagem pela diretoria colegiada do BC, já que exerceu o cargo de diretor de Política Econômica entre 2000 e 2003, durante a gestão de Armínio Fraga. "Suas qualidades e sua formação o credenciam a uma bem sucedida gestão frente à autoridade monetária brasileira", afirmou.

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Indicado na manhã desta terça-feira (17) à Presidência do Banco Central, Ilan Goldfajn deixa o setor bancário para assumir o novo posto. Até a oficialização do convite pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, Ilan ocupava o posto de economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco. Para assumir a nova posição, precisará passar por uma sabatina no Senado. A transição de cargo, com Alexandre Tombini, deve ser gradual e levar cerca de um mês.

Tombini segue no comando do BC até a nomeação de Ilan, conforme Meirelles explicou durante entrevista coletiva à imprensa no anúncio da equipe econômica.

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Economista, com mestrado pela PUC-Rio e doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), Ilan foi consultor do Banco Mundial, do FMI e das Nações Unidas, além do governo brasileiro e do setor privado.

Exerceu o cargo de diretor de Política Econômica do Banco Central, entre 2000 e 2003, durante a gestão de Armínio Fraga, quando foi adotado o sistema de metas para a inflação. Foi também diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa em Economia da Casa das Garças (IEPE-CdG), entre 2006 e 2009, sócio-fundador da Ciano Consultoria (2008 e 2009), sócio-fundador e gestor da Ciano Investimentos (2007-2008) e sócio da Gávea Investimentos (2003-2006).

Em 1999, passou a fazer parte do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), atuando até o fim de 2008 como professor do Curso de Mestrado em Finanças Internacionais e em Macroeconomia. No FMI, sua atuação foi entre 1996 e 1999. Foi ainda professor assistente na Universidade de Brandeis, em Massachusetts, em 1995 e 1996, e membro do Conselho de Administração da Cyrela Commercial Properties de abril de 2007 a abril de 2013.

Ilan assume o cargo mais alto do BC aos 50 anos de idade. Em abril deste ano, em coluna publicada pelo jornal O Globo, defendeu que a autoridade monetária reduza a taxa básica de juros, a partir da observada trajetória de queda da inflação. Ponderou que o corte não deve ser feito no primeiro semestre, sob o risco de gerar "otimismos exagerados" no mercado financeiro. Para ele, é preciso primeiro garantir a redução da inflação.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciou, na manhã desta terça-feira (17), o nome do economista Ilan Goldfajn para assumir a presidência do Banco Central. Para ser confirmado no cargo, o escolhido por Meirelles, terá que ser sabatinado e ter o nome aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

Meirelles também confirmou outros nomes para o segundo escalão. Segundo ele, Marcelo Caetano será secretário da Previdência, Mansueto Almeida secretário de Acompanhamento Econômico e Carlos Hamilton como novo secretário de Política Econômica da Fazenda. 

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De acordo com o ministro, a próxima rodada de anúncios vai tratar dos comandos da Caixa Econômica Federal, do Banco do Nordeste e do Banco do Brasil. "Os nomes (da equipe econômica) estão sendo anunciados gradualmente, na medida em que analiso cada área", afirmou titular da Fazenda.

O economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, afirmou que seu cenário básico para a economia em 2015, que estima uma alta de 1,3% do PIB, com inflação de 6,4%, considera ajustes, especialmente com melhora no resultado das contas públicas. "No próximo ano, o nível de atividade estará se recuperando, mas continuará fraco", ponderou.

Ilan Goldfajn estima que o superávit primário no próximo ano deverá atingir 1,5% do PIB, pouco acima de 1,3% do produto interno bruto previsto para este ano. "Um primário de 2% do PIB leva a dívida pública para uma trajetória estável", destacou.

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"Nosso cenário principal considera área fiscal melhor, recuperação da economia e juros estáveis em 11% até o final de 2015", destacou. "De certa forma, cenário para o próximo ano é de volta à normalidade. A queda dos investimentos, como deve ocorrer em 2014, vai passar", apontou. O Itaú Unibanco prevê uma retração de 5,5% da Formação Bruta de Capital Fixo em 2014, mas deve ocorrer leve elevação de 0,3% no próximo ano.

"Com ajustes no País, deve haver aumento da oferta no Brasil nos anos seguintes a 2015", destacou Ilan Goldfajn. "Há a volta dos investimentos no próximo ano e o setor de infraestrutura vai ajudar", disse. Contudo, ele prevê um movimento gradual de evolução da FBCF, que deverá atingir a taxa de 19,5% do PIB em três ou quatro anos. "Com nossas projeções para a economia, a inflação deverá voltar à meta em 2017 ou 2018", destacou.

Goldfajn, estima que o superávit primário neste ano deverá atingir 1,3% do PIB, o que será motivado em boa parte devido a um desempenho abaixo do esperado das receitas. "Desta forma, ficará mais difícil atingir a meta de 1,9% do primário para este ano", destacou. Ele projeta que as receitas extraordinárias responderão por 0,6% do PIB neste ano, o que será quase a metade do resultado primário do setor público consolidado.

Câmbio

O economista-chefe do Itaú afirmou que o atual programa de intervenções do Banco Central no câmbio, através da realização de swaps, deverá ser mantido pelo menos até o fim do primeiro semestre de 2015. Segundo ele, tal estratégia do BC será necessária devido ao processo de normalização da política monetária nos EUA.

Ele espera que o Federal Reserve deverá começar a elevar os juros básicos da economia, que estão na faixa entre zero e 0,25% hoje, no segundo trimestre do próximo ano. Com elevações graduais de 0,25 ponto porcentual da taxa, ele espera que os fed funds deverão atingir 1,25% no final do ano que vem.

"Não se trata somente de alta de juros pelo Federal Reserve, mas inclusive numa modificação do fluxo de capitais pelo mundo, inclusive em relação aos países emergentes", destacou Goldfajn. Nesse contexto, ele espera que o câmbio no Brasil deverá atingir R$ 2,40 em dezembro deste ano e chegará a R$ 2,50 no encerramento de 2015.

Rating

As agências internacionais de rating deverão manter o rating soberano no Brasil em 2015. "Downgrade só deveria ocorrer num cenário sem ajustes da economia", destacou.

Goldfajn destacou que o próximo governo deverá debater internamente sobre questões estruturais para o País, como a adoção de uma reforma tributária parcial e como melhorar as receitas do setor público.

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