Senado aprova indicação de Goldfajn à presidência do BC
A indicação contou com o apoio de 56 senadores e apenas 13 votaram contrariamente, mais um vez reforçando a expressão da base de Temer no Senado.
O plenário do Senado Federal aprovou nessa terça-feira, 7, a indicação do economista Ilan Goldfajn para a presidência do Banco Central. A indicação foi feita pelo presidente em exercício Michel Temer. Ilan ocupará o cargo de Alexandre Tombini.
A indicação contou com o apoio de 56 senadores e apenas 13 votaram contrariamente, mais um vez reforçando a expressão da base de Temer no Senado.
Apesar da aprovação da indicação, Goldfajn não deve participar da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que se iniciou nessa terça e vai até amanhã. Conforme apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o governo não deve correr com a posse de Ilan. A reunião do Copom define a taxa básica de juros da economia brasileira.
Apesar de o governo Temer possuir maioria no Senado, a discussão sobre a indicação de Ilan foi acirrada. Os senadores da oposição pediram a palavra diversas vezes para questionar a troca da presidência do Banco Central durante um governo interino e possível conflito de interesses, já que Goldfajn é sócio do Itaú Unibanco.
Em nome do PT, Lindbergh Farias (PT-RJ) recomendou voto contrário. O discurso mais ferrenho contra a indicação de Goldfajn, entretanto, veio de um peemedebista, o senador Roberto Requião (PMDB-PR). "Gostaria de saber como se vota a indicação de Ilan, se tenho que votar no sistema do Senado ou se será pelo site do Banco Itaú", ironizou Requião. Ele afirmou que o Senado estava aprovando a indicação de um "banqueiro para cuidar da economia do País".
"Esse é mais um erro brutal do meu colega Michel Temer, no início de um governo que, dessa forma, será muito curto", afirmou Requião. O senador disse ainda que é uma "irresponsabilidade" indicar um novo presidente para o BC em um governo interino, "sem a certeza de que o impeachment irá prosseguir".
Senadores da base de Temer argumentaram que presidentes anteriores do BC e membros da equipe econômica também possuíam ligações com bancos privados e o mercado financeiro. Os senadores relembraram que Henrique Meirelles, que presidiu o BC durante o governo Lula, foi presidente do BankBoston no Brasil e que o ex-ministro da Fazenda de Dilma, Joaquim Levy, foi diretor superintendendo do Bradesco.
O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), rebateu as críticas da oposição e disse ser "triste ouvir que alguém que serve à iniciativa privada não pode servir ao Estado". "Pelo contrário, temos que reverenciar a inteligência, o mérito e a competência das pessoas que mostraram isso na iniciativa privada e que podem ceder sua capacidade de gestão à máquina pública", defendeu.
Goldfajn é economista, com mestrado pela PUC e doutorado pelo MIT. Ele foi diretor de política econômica do BC entre 2000 e 2003.