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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai entregar na próxima sexta-feira, dia 12, o segundo submarino construído pelo Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) - iniciativa que teve origem em acordo firmado com a França, em 2008, no segundo mandato do petista.

Desenvolvido para a construção das embarcações, o Prosub utiliza da transferência de tecnologia entre os países para o desenvolvimento de quatro submarinos convencionais da classe da embarcação francesa Scorpène e a fabricação do primeiro submarino brasileiro de propulsão nuclear, com conclusão prevista para 2029 e lançamento para 2033. O projeto está sendo colocado em prática no complexo naval de Itaguaí (RJ).

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O Humaitá tem 72 metros de comprimento e capacidade de deslocamento de 1,8 mil toneladas. A embarcação é o segundo dos quatro submersíveis comprados do estaleiro DCNS e financiados pelo banco BNP Paribas, ambos franceses, em 2008. O primeiro da classe entregue foi o submarino Riachuelo, em 2022.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou da solenidade de uma das etapas da construção do submarino Humaitá. Após o batismo com a presença do então chefe do Executivo, em 2020, o Humaitá passou por mais de um ano de construção e aprimoramento de seu interior.

A justificativa brasileira para, em parceria com a França, construir os quatro submarinos convencionais e comprar o casco do futuro submarino com propulsão nuclear é defender a soberania nacional.

Depois dos quatro submarinos convencionais, a Marinha prevê a construção do submarino à propulsão nuclear. Ele levará o nome de Álvaro Alberto, almirante brasileiro pioneiro na pesquisa do setor. O vice-almirante Celso Mizutani Koga, diretor de Gestão de Programas da Marinha (DGePM), classificou esse futuro submersível como "a cereja do bolo" do Prosub.

Submarinos usam motores diesel-elétricos

A tecnologia escolhida pela Marinha é francesa, dos submarinos Scorpène, que usam motores diesel-elétricos. O processo de transferência de conhecimento é amplo. No navio atômico, último do pacote binacional contratado, a participação da engenharia do Naval Group está limitada às partes não nucleares.

O projeto original dos quatro modelos convencionais sofreram alterações em benefício do conforto dos 31 tripulantes regulares e da capacidade de alcance. A "Versão BR", uma denominação informal, é cerca de 10 metros mais longa que a da especificação de catálogo.

Gerente da Padaria Santo Antônio, no Humaitá, zona sul do Rio, saqueada na tarde de sábado, Maria Adelaide da Cruz foi trabalhar ontem com medo. O estabelecimento foi invadido por cerca de 20 pessoas, uma parte delas aparentando menos de 18 anos de idade, contou a portuguesa, que mora no Brasil há 47 anos. "Já trabalho no comércio há muito tempo, na Tijuca, Copacabana e Ipanema, e nunca tinha me acontecido algo parecido. Entraram, pegaram dinheiro do caixa e produtos, ameaçaram a gente. Só tinha uns três clientes, mas todo mundo ficou assustado", ela contou.

Clientes e funcionários correram para os fundos do estabelecimento, na tentativa de escapar às agressões. "Foi muito rápido, mas assustador. Os menores têm seus defensores, mas nós, trabalhadores, não. Tenho medo porque essas pessoas estão preparadas para o mal, para agredir, para matar. Mas a vida segue, temos que continuar trabalhando. Fomos agredidos física e moralmente", desabafou Maria Adelaide.

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Outros estabelecimentos de Botafogo também foram roubados e moradores relataram que houve arrastão. Um vendedor de rua, Francisco Vieira, de 51 anos, foi baleado na perna, mas não corre risco de morrer. Ele teria sido ferido por um vigilante que tentou dispersar os assaltantes a tiros.

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De acordo com a Polícia Militar (PM), o policiamento foi redistribuído no bairro ontem, e também em Copacabana e Ipanema (bairros na zona sul), onde foram registrados roubos e furtos no sábado ensolarado.

O domingo foi de sol, mas a praia esteve menos cheia. O dia amanheceu nublado, com pouca gente na areia até as 10 horas, mas com o aparecimento do sol, a orla passou a encher. No fim da tarde, a assessoria de imprensa da PM informou que foram registradas "apenas ocorrências isoladas de furtos" nas praias da zona sul.

Anteontem, ocorreram furtos na praia de Ipanema, na altura do Arpoador, e nas ruas próximas. Pelo menos duas bolsas, um cordão, um celular e duas bicicletas foram roubados, conforme mostram vídeos compartilhados no Facebook e pela TV Globo. A polícia deteve cerca de 30 pessoas, mas não divulgou quantas ficaram presas. Quase todas tinham menos de 18 anos e acabaram liberadas.

Na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, em Copacabana, também foi registrada correria, classificada como arrastão pelos moradores, que observavam das janelas dos prédios.

Em grupos de defesa de bairro no Facebook, moradores compartilharam estratégias para não serem vítimas dos assaltantes, como evitar levar celular e muito dinheiro para a praia e usar calçados apropriados para correr. Uma usuária escreveu: "Vendo kit praia: spray de pimenta, uma (pistola) 9mm (3 carregadores de brinde), taser (para dar choque), colete à prova de bala modelo saída de praia. Promoção: a cada três pivetes abatidos, um kit grátis para o próximo final de semana".

Ainda no sábado, na Barra da Tijuca, zona oeste, dois amigos que estavam indo para o Rock in Rio foram assaltados perto do Terminal Alvorada, onde se pega o ônibus BRT para a Cidade do Rock - ficaram sem as carteiras e os celulares, e ainda foram agredidos.

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Seis pessoas foram denunciadas nesta quarta-feira, 30, pelo Ministério Público Federal do Amazonas (MPF/AM), pelos assassinatos de três brancos no interior da terra indígena Tenharim Marmelos, em Humaitá, no Sul do Amazonas. A ação penal, entregue nesta quarta-feira, 30, denuncia seis índios tenharins, que vão responder por triplo homicídio duplamente qualificado, sendo que quatro deles também serão julgados por ocultação de cadáver.

Cinco índios estão presos desde 30 de janeiro e um sexto está sendo procurado. Eles são acusados de assassinar o professor Stef Pinheiro de Souza, 43 anos, o representante comercial Luciano Ferreira Freire, 30, e o técnico Aldeney Ribeiro Salvador, de 40. As investigações concluíram que as vítimas foram assassinadas quando atravessavam a área indígena, na rodovia Transamazônica (BR-230), com destino a Apuí, em 16 de dezembro de 2013. As vítimas foram assassinadas a tiros, ainda dentro do veículo. Os corpos só foram encontrados em 3 fevereiro, enterrados dentro da reserva.

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De acordo com o MPF, os procuradores responsáveis pelo caso pediram a manutenção da prisão preventiva, durante todo o processo, para os cinco denunciados que estão presos e requisitaram a instauração de um novo inquérito para apurar a participação de mais pessoas no crime. A ação tramita sob segredo de Justiça.

O MPF esclareceu que desde o início do caso tem atuado na esfera cível para garantir a segurança dos indígenas contra atos discriminatórios. Decisões da Justiça foram favoráveis a ações do MPF determinando a proteção das aldeias e o envio de alimentos, médicos, remédios e a garantia de acesso à educação pelos estudantes indígenas.

O conflito se agravou na noite de Natal de 2013, quando uma multidão foi às ruas para protestar contra a demora da Polícia Federal em desvendar o desaparecimento dos três homens. Manifestantes incendiaram a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Casa do Índio, que servia de posto de assistência aos indígenas na cidade de Humaitá. Eles também incendiaram caminhonetes e em um grande barco que servia de hospital para os moradores ribeirinhos do rio Madeira. Dois dias depois, manifestantes colocariam fogo em pontos de pedágio mantidos pelos índios na BR-230. Cerca de 150 de indígenas que estavam em Humaitá, se refugiaram no quartel do Exército para se proteger de possíveis agressões e depois se recolheram em suas aldeias, sem poder retornar à cidade. Desde então, cerca de 500 homens da Força Nacional e da Polícia Rodoviária Federal patrulham Humaitá e a BR-230 para evitar conflitos.

A Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito que apurou a morte de três homens na Terra Indígena Tenharim Marmelos, em Humaitá, no sul do Amazonas. O caso está agora com o procurador Edmilson da Costa Barreiros Júnior, do 2° ofício do Ministério Público Federal (MPF), de Manaus, que deverá decidir pela denúncia dos cinco índios tenharins presos acusados pelos crimes.

Tensão entre indígenas e população tem causado transtornos à região

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No inquérito, o delegado Alexandre Alves, pede que a prisão temporária dos índios seja transformada em prisão preventiva. O pedido foi feito por Alves ao juiz Márcio André Lopes Cavalcante, da 2ª Vara Criminal da Justiça Federal de Manaus. Mas, segundo o advogado Carlos Terrinha Almeida de Souza, além da modificação na prisão dos índios, o delegado também pede a prisão de outros 25 índios, acusados de coparticipação nas mortes. A informação não foi confirmada pela Justiça Federal e nem por Alves, que alegou sigilo profissional.

Souza defende as famílias do professor Stef Pinheiro de Souza, 43 anos, do representante comercial Luciano Ferreira Freire, 30, e do técnico Aldeney Ribeiro Salvador, de 40, sequestrados e mortos em 16 de dezembro quando atravessavam a área indígena. Os corpos só foram encontrados numa vala no dia 3 de fevereiro, e enterrados, sob clima de protesto..

A suspeita é (de) que os índios tenham matado os três homens em vingança pela morte do cacique Ivan Tenharim, após um acidente de motocicleta, em 3 de dezembro.

"No relatório, que tem 60 páginas, o delegado pede a prisão de mais 25 pessoas, na maioria índios, acusados de coparticipação no crime", disse o advogado. Segundo ele, os índios tinham conhecimento dos crimes e atuaram para esconder a autoria das mortes.

A prisão dos índios acusados de matar três pessoas na Terra Indígena Tenharim, em Humaitá (AM), no sul do Amazonas, foi "desnecessária" e "danosa à sociedade", diz nota divulgada nesta terça-feira, 11, pela Defensoria Pública da União do Amazonas (DPU/AM). Os defensores federais Caio Paiva e Edílson Santana, assumiram o caso após o advogado contratado pelos índios, Ricardo Albuquerque, desistir da defesa, na semana passada.

"A Defensoria entende que a prisão, no atual momento processual, é desnecessária e mais danosa do que benéfica à sociedade e aos assistidos. Dessa forma, um pedido será encaminhado ao juiz responsável assim que contar com os elementos imprescindíveis à demonstração de sua desnecessidade", diz a nota distribuída à imprensa.

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Cinco índios da etnia tenharim foram presos pela Polícia Federal (PF) em 30 de janeiro, sob suspeita de terem sequestrado e matado o professor Stef Pinheiro de Souza, 43 anos, o representante comercial Luciano Ferreira Freire, 30, e o técnico Aldeney Ribeiro Salvador, de 40. Os três desapareceram em 16 de dezembro, quando atravessavam a área indígena, na rodovia Transamazônica (BR-230). Os corpos foram encontrados numa vala na segunda-feira, 03, e enterrados, sob clima de protesto, na sexta, 07.

A suspeita é de que os índios mataram os três homens em vingança pela morte do cacique Ivan Tenharim, após um acidente de motocicleta, em 3 de dezembro. O coordenador da Funai na região, Ivã Bocchini, que levantou a hipótese de que o cacique teria sido assassinado, foi exonerado do cargo.

Antes, revoltados com a falta de informações dos desaparecidos, manifestantes incendiaram carros, barcos e as sedes da Funai e da Casa de Saúde do Índio, em Humaitá, no dia de natal. Dois dias depois, vândalos destruiriam postos de pedágios dos índios na BR-230.

Falta de respeito

A mulher de Salvador, Célia Leal, custou a acreditar que os defensores tenham considerado a prisão dos índios como "desnecessária" e "danosa à sociedade". Célia disse que deveria contatar o delegado da PF Alexandre Alves, responsável pelo caso, para obter mais informações sobre o caso e saber se o inquérito foi concluído.

Além questionar a prisão dos índios, a Defensoria diz na nota que acompanhará "de perto" a investigação "supervisionando diretamente os mecanismos policiais e judiciais de colheita de elementos probatórios". Num pedido de habeas corpus preventivo, impetrado em janeiro, o advogado Albuquerque alegou que a PF teria colhido depoimentos dos índios sem a presença de advogado. O pedido foi negado pela Justiça.

Apesar da declaração, os defensores disseram que, "em respeito às famílias das vítimas envolvidas" e também para "atenuar a exposição da comunidade indígena Tenharim, que já se encontra duramente fragilizada com o ocorrido", não dariam mais detalhes sobre o caso, "por enquanto".

Sob um clima de tristeza e pedidos de paz e justiça, foram enterrados nesta quinta-feira, 6, os corpos dos três homens encontrados mortos na Terra Indígena Tenharim Marmelos, em Humaitá, no sul do Amazonas. Cinco índios da etnia tenharim estão presos desde o dia 30 de janeiro, acusados do crime.

O corpo do representante comercial Luciano Ferreira Freire, de 30 anos, foi enterrado no cemitério municipal de Humaitá. Depois do velório, realizado na casa da mãe de Luciano, cerca de 300 pessoas, segundo a Polícia Militar, seguiu em cortejo para o cemitério. Amigos e parentes de Freire usavam camisetas com as fotos dos três amigos e com frases pedindo justiça

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Em Apuí, as aulas foram suspensas em algumas escolas da cidade, para professores e estudantes acompanharem o velório e enterro do professor Stef Pinheiro de Souza, de 43 anos. Familiares e amigos do professor, que morava e lecionava na cidade, vestiram camisetas brancas com frases pedindo paz no campo. Além disso, faixas brancas foram fixadas em carros e diversas faixas apresentavam frases em homenagem ao professor. Cerca de 500 pessoas, segundo a Polícia Militar, acompanharam o enterro no cemitério municipal de Apuí.

O corpo do técnico da Eletrobras Energia Aldeney Ribeiro Salvador, de 40 anos, chegou a Manaus por volta das 18 horas (horário local) dessa quarta, 5. A cerimônia também foi acompanhada por centenas de pessoas.

Crime

Os corpos foram reconhecidos por familiares, na terça-feira, 3. De acordo com a Polícia Federal, eles foram rendidos e mortos com tiros na cabeça, provavelmente de espingarda. As vítimas viajavam pela rodovia Transamazônica quando desapareceram, no dia 16 de dezembro. De acordo com o delegado da PF em Porto Velho, Arcelino Damasceno, os suspeitos negam a autoria do crime.

A polícia ainda aguarda resultados de exames técnicos, que vão indicar a causa da morte, o tipo de arma ou munição empregado, a trajetória dos projéteis e as lesões. O crime seria consequência das disputas entre indígenas e moradores da região.

O desaparecimento dos três homens e a demora na investigação geraram revolta na população dos municípios de Humaitá, Apuí e no distrito de Santo Antônio do Matupi, em Manicoré. Em 25 de dezembro, moradores incendiaram carros, barcos e as sedes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Casa do Indígena em Humaitá. Durante os ataques, 145 índios se refugiaram no batalhão do Exército. No dia seguinte, moradores do Matupi invadiram a terra indígena e incendiaram postos de pedágio na rodovia Transamazônica.

A Força Nacional de Segurança foi deslocada para a região para compor uma força-tarefa com o Exército, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e PMs locais. O clima continua tenso na região. "Para quem sai de Apuí, esta é a única rota, mas dá medo", disse o técnico agrícola Paulo Jean Araújo Silva.

A Defensoria Pública da União (DPU) assumiu nesta quarta-feira, 5, a defesa criminal dos cinco índios acusados de assassinar três homens na Terra Indígena Tenharim Marmelos, em Humaitá (AM), após ser comunicada da desistência do advogado Ricardo Albuquerque. Contratado pela Associação Indígena Tenharim, Albuquerque atuará apenas nas ações civis que pedem a proteção dos indígenas da reserva.

A mudança na defesa ocorre um dia após o reconhecimento dos corpos encontrados pela Polícia Federal (PF) na área indígena como sendo das três supostas vítimas dos índios. Líderes indígenas decidiram pela interferência da DPU após reuniões com representantes da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind) e da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), a maior do País, com 75 organizações de nove Estados da Amazônia. "Como o caso ganhou grandes proporções, eles decidiram repassá-lo para nós", disse o chefe da DPU de Manaus, Edilson Santana Gonçalves Filho.

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Gonçalves Filho adiantou que deverá entrar com pedido de habeas corpus visando à soltura dos índios e também vai requerer a transferência de prisão. "Um defensor já esteve no presídio para verificar as condições dos presos. Se houver violação dos direitos humanos, vamos pedir a transferência, mesmo porque o processo deve correr pela Justiça do Amazonas", disse.

Funeral

Os corpos, localizados nesta segunda-feira, 3, foram reconhecidos no dia seguinte, nesta terça-feira, 4, pelos familiares e, nesta quarta-feira, seguiram do Instituto Médico-Legal (IML) de Porto Velho para o enterro nas cidades em que as vítimas residiam. O corpo do representante comercial Luciano Freire seguiu num comboio terrestre da PF e Polícia Rodoviária Federal até Humaitá, aonde chegou ao fim da tarde. A prefeitura cedeu um ônibus para o transporte dos parentes. O velório era realizado na casa da avó de Freire, na região central, e o enterro será na manhã desta quinta-feira, 6, no cemitério local.

O corpo do professor Stef Pinheiro, velado por parentes durante a noite em Porto Velho, seguiu também em comboio pela rodovia Transamazônica em direção a Apuí, a 380 quilômetros. Segundo a PF, os comboios foram necessários para garantir a segurança do translado. A direção da Eletrobras Amazonas cuidava do translado do corpo do técnico Aldeney Salvador, que era funcionário da empresa, para Manaus de avião. Segundo a mulher da vítima, Célia Leal, o sepultamento ocorrerá na manhã desta quinta-feira.

O advogado das famílias, Carlos Terrinha, disse que as famílias estão conformadas e de espíritos desarmados. "Elas querem apenas justiça." Ainda este mês, ele deve entrar, em nome das famílias, com ações de indenização contra a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a União.

O advogado Carlos Terrinha, que representa as famílias dos três homens que teriam sido mortos por índios na Terra Indígena Tenharim Marmelos, em Humaitá, no sul do Amazonas, confirmou na noite desta segunda-feira, 3, terem sido encontrados corpos na aldeia Taboca.

Segundo o advogado, o achado de restos mortais, possivelmente das vítimas dos índios, foi confirmado pela superintendência da Polícia Federal em Porto Velho (RO) à família do representante comercial Luciano Freire, um dos desaparecidos. O local seria próximo de onde foram localizados restos do veículo em que os três homens viajavam.

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Familiares do professor Stef Pinheiro, outro dos desaparecidos, também confirmaram terem recebido informações sobre o achado dos corpos. Uma viatura do Instituto Médico Legal (IML) da Polícia Civil de Porto Velho seguiu para a região e estaria levando os restos mortais para reconhecimento na capital do Estado de Rondônia.

Os homens desapareceram no dia 16 de dezembro, na rodovia Transamazônica, no interior da reserva. Cinco índios foram presos na semana passada, acusados de participação no sequestro e morte dos três homens - o professor Stef Pinheiro, o técnico Aldeney Salvador e o representante comercial Luciano Freire -, mas os corpos teriam sido ocultados.

A Polícia Federal intensificou nesta segunda-feira, 3, a busca por sinais dos três homens que teriam sido mortos pelos índios na Terra Indígena Tenharim Marmelos, em Humaitá, no sul do Amazonas. Uma viatura do Instituto Médico Legal (IML) da Polícia Civil de Porto Velho seguiu para a região, reforçando a suspeita de que teriam sido encontrados restos mortais na região. A travessia pela balsa do Rio Madeira, em Humaitá, foi fechada após a passagem de viaturas da PF. Até o início da noite, não havia confirmação sobre o encontro de corpos.

O advogado das famílias dos desaparecidos, Carlos Terrinha, disse ter recebido informações sobre o achado de restos humanos numa das áreas em que as buscas se concentravam, mas seria prematuro afirmar que os desaparecidos foram encontrados. O delegado da PF que comanda as buscas, Alexandre Alves, estava na reserva, próximo de Santo Antonio do Matupi, no km 180 da rodovia Transamazônica, mas o local não recebe sinal de celular. Cinco índios foram presos na semana passada, acusados de participação no sequestro e morte dos três homens - o professor Stef Pinheiro, o técnico Aldeney Salvador e o representante comercial Luciano Freire -, mas os corpos teriam sido ocultados.

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A defesa dos cinco índios presos por suspeita de assassinato de três homens na reserva Tenharim Marmelos, em Humaitá, sul do Amazonas, vai entrar com pedido de habeas corpus nesta segunda-feira, 3, visando à soltura dos suspeitos. De acordo com o advogado Ricardo Tavares Albuquerque, o pedido levará em conta a fragilidade das provas. "A Polícia Federal apresentou provas testemunhais, mas elas são genéricas e superficiais", disse, ressalvando que a defesa ainda não teve acesso a todas as peças do inquérito.

De acordo com Albuquerque, a defesa também vai pedir a transferência dos índios presos por estarem correndo risco de vida. Os indígenas estão no presídio Pandinha, uma penitenciária de segurança média, em Porto Velho (RO). O local, segundo ele, não oferece condições de segurança. "Meus clientes estão sendo submetidos a diversos tipos de violação dos direitos humanos, correndo até risco de vida. Por isso, vamos entrar com pedido de transferência", afirmou.

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Pontes

Tropas do Exército reforçaram a vigilância na Transamazônica, diante da ameaça dos índios de estourar pontes na rodovia em represália às prisões dos cinco indígenas da etnia tenharim. Na noite de sexta-feira, 31, índios se agruparam nas imediações da ponte sobre o rio Marmelo e os mais exaltados ameaçavam pôr fogo na ponte. Motoristas em trânsito na estrada foram escoltados em comboios pela Polícia Rodoviária Federal durante a travessia da terra indígena. Em janeiro, as lideranças indígenas haviam informado ao general Eduardo Villas Bôas, comandante militar da Amazônia, que iriam destruir as pontes caso a pressão contra os índios aumentasse. A PRF mantém bloqueios na estrada.

O advogado Albuquerque disse que um possível "estado de guerra" na reserva pode prejudicar a tentativa de libertar os índios presos. "Assim que vi a reportagem do Estadão, entrei em contato com eles na aldeia e pedi para não fazer protesto e manter a calma. Um clima de hostilidade só vai prejudicar eles", afirmou. Os líderes teriam garantido que não haverá retaliação contra as prisões e também afastaram qualquer ameaça de destruir as pontes.

Detalhes das mortes dos três homens vistos pela última vez no dia 16 de dezembro na Transamazônica foram revelados pela Polícia Federal aos familiares, segundo o advogado das famílias, Carlos Terrinha. Duas das vítimas, o professor Stef Pinheiro e o representante comercial Luciano Freire, foram baleadas quando ainda estavam no carro. O técnico Aldeney Salvador, funcionário da Amazonas Energia, teria descido do veículo e apresentado sua credencial, mas acabou sendo degolado. Os corpos teriam sido jogados no rio Marmelo. O veículo foi levado para a floresta e incendiado. A PF confirmou que as peças encontradas próximo de uma aldeia era do carro das vítimas.

A Associação Nacional dos Servidores da Funai (Ansef) e a Confederação Nacional dos Servidores Públicos Federais (Condsef) divulgaram nota condenando "o preconceito, a violência e a afronta aos direitos dos povos indígenas" durante os episódios de Humaitá. As entidades responsabilizam a "negligência do poder público" quanto ao tratamento adequado à compensação dos prejuízos que os índios sofrem há mais de 40 anos pela passagem da Transamazônica em seu território pelos conflitos na região.

Indígenas de várias aldeias das etnias tenharim e juiahui declararam-se em estado de guerra em protesto contra a prisão de cinco indígenas da etnia tenharim na quinta-feira, 30. As lideranças alegam que os índios são inocentes.

Os presos foram acusados de matar os três homens que desapareceram na rodovia Transamazônica, no dia 16 de dezembro do ano passado em Humaitá, no sul do Amazonas. Os índios, entre eles dois filhos do cacique Ivan Tenharim, tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça Federal por trinta dias e foram levados para a superintendência da Polícia Federal em Porto Velho (RO).

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A suspeita da polícia é que os três desaparecidos - o professor Stef Pinheiro, o representante comercial Luciano Freire e o técnico Aldeney Salvador - foram mortos em retaliação à morte do cacique. De acordo com o delegado Alexandre Alves, peças de um carro encontradas na reserva e depoimentos de várias testemunhas indicam que os homens foram sequestrados e assassinados pelos índios.

A força-tarefa, com integrantes do Exército, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal permanece em alerta na região e controla a Transamazônica no trecho que corta a reserva. O serviço de balsa no rio Madeira, suspenso na quinta-feira, foi retomado na manhã desta sexta-feira.

A permanência da Força Nacional de Segurança m Humaitá (AM), onde a população entrou em conflito com índios da etnia Tenharim, foi ampliada por mais 90 dias. A decisão está presente em portaria do Ministério da Justiça publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira (13). A Força Nacional foi enviada para reforçar a segurança local em 27 de dezembro, logo após o desaparecimento de três moradores que atravessavam a reserva indígena.

Segundo a portaria, a Força Nacional seguirá nos próximos três meses atuando em apoio a Polícia Federal em ações de policiamento ostensivo. O prazo de permanência da Força Nacional no local poderá ser prorrogado novamente.

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A tensão em Humaitá aumentou quando o técnico da Eletrobrás Amazonas Aldeney Ribeiro Salvador, o professor Stef Pinheiro e o comerciante Luciano Ferreira Freire desapareceram. A informação na cidade é que eles teriam sido sequestrados e mortos pelos índios Tenharim, que assim estariam vingando a morte do cacique Ivan Tenharim. A versão oficial da morte do cacique é que ele sofreu um acidente de moto na BR-230. Para os índios, ele foi assassinado por pessoas descontentes com a presença dos índios nas cidades e com a cobrança de pedágios para passar por suas terras, nos quais são cobrados valores de R$ 15 a R$ 100. Os índios negam a acusação de sequestro. Revoltados com os desaparecimentos, moradores incendiaram a sede da Funai, três carros e um barco.

O Diário Oficial desta segunda-feira também traz uma portaria que prorroga o emprego da Força Nacional por três meses na região de Santa Inês (MA), onde fica a reserva indígena Awá-Guajá. Decisão judicial determinou que os não-índios devem deixar a área em 40 dias. A Força Nacional já está no local desde o dia 5 de janeiro.

O caminhoneiro Jafre Rangel de Souza, com 25 anos na época, ficou 20 horas como refém dos índios tenharins, em 2006, em Humaitá, por ter se negado a dar carona a um grupo de indígenas. O sequestro ocorreu em março de 2006, mas o caso veio à tona nesta sexta-feira (10), com a apreensão, pela Polícia Federal, de um documento em que os próprios índios relatam a retenção de um caminhão Mercedes Benz e do homem que o conduzia. Desde o final de dezembro, a PF investiga o desaparecimento de três homens na área indígena no dia 16 de dezembro - o caso gerou conflito entre os índios e as populações de Humaitá, Manicoré e Apuí, cidades da região.

De acordo com o documento, o motorista foi rendido no km 120 da rodovia Transamazônica (BR-320) e levado com o veículo para a aldeia dos tenharins. Os índios exigiam que ele pagasse R$ 10 mil para que o veículo fosse liberado. Souza só foi liberado depois da chegada do administrador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), mas o caminhão continuou retido. Os índios lavraram um documento a que chamaram de "relatório de ocorrência" impondo a condição do pagamento para a liberação do veículo. O dono procurou a 8ª Delegacia Regional de Humaitá, que o encaminhou à Polícia Federal de Manaus. Sem solução, Souza acabou pagando a "multa" com a ajuda de outros caminhoneiros.

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Soldados especializados em operações na selva reforçaram nesta quarta-feira, 8, as equipes de busca pelos desaparecidos na reserva indígena Tenharim Marmelos, em Humaitá, sul do Amazonas. Nas incursões na floresta, agentes da Polícia Federal estão sendo orientados pelos especialistas para facilitar o deslocamento em áreas de difícil acesso. Os militares são procedentes de outros batalhões de selva do Exército na Amazônia e chegaram para se integrar a equipe do 54º Batalhão de Humaitá que já estava acompanhando as buscas.

O professor Stef Pinheiro de Souza, de 43 anos, o técnico Aldeney Ribeiro Salvador, de 40, e o representante comercial Luciano Ferreira Freire, de 30, desapareceram no dia 16 de dezembro quando seguiam de carro pela Transamazônica e passavam pela reserva. Familiares acreditam que eles foram mortos pelos índios, o que gerou uma revolta na região e a destruição de instalações indígenas. Tropas do Exército ocuparam a Transamazônica no final de dezembro, em apoio ao trabalho da Polícia Federal, que investiga o desaparecimento.

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Na terça-feira, familiares das supostas vítimas pediram ao general Eduardo Villas Bôas, comandante militar da Amazônia, que pusesse as forças especiais do Exército, com treinamento para combate na selva, para auxiliar nas buscas. De acordo com o general, os soldados vão ajudar os agentes da PF, a quem cabe o trabalho de investigação, a se locomover na floresta. "Essa entrada na selva não é em massa, é uma entrada para procurar sinais específicos, e nossos homens orientam os agentes, a quem cabe descobrir indícios", explicou.

As buscas se concentram na área do Igarapé Preto, onde foram encontradas partes de um carro queimado - supostamente o automóvel Gol 2010/2011 usado pelos desaparecidos. As peças do carro, um farol e pedaços de chassi, e alguns objetos, como uma caixa de remédios e uma garrafa plástica, encontrados no local foram encaminhados para perícia, mas até a tarde desta quarta-feira os laudos não tinham ficado prontos. De acordo com o delegado Alexandre Alves, há um esforço para antecipar o resultado da perícia, geralmente realizada num prazo de dez dias, tendo em vista a necessidade de dar uma resposta às famílias dos desaparecidos, mas existem protocolos que precisam ser observados.

Alves esteve em Porto Velho (RO), onde a parte mais técnica das perícias é realizada. O advogado das famílias, Carlos Terrinha, voltou a lamentar a falta de resultados. "Os familiares estão sem informações e numa angústia que já passou do limite." A esposa de Stef, Erisneia Santos Azevedo, de 36 anos, disse que ela e as outras esposas já não acreditam na possibilidade de seus maridos estarem vivos. "Já são 24 dias e o que esperamos agora é pelo menos ter um corpo para enterrar", afirmou, nesta quarta-feira.

Os índios vão reabrir dia 1º de fevereiro os pedágios na Transamazônica, em Humaitá, sul do Amazonas. A cobrança será feita apesar da ameaça de um novo ataque dos brancos que, no dia 26 de dezembro, atearam fogo aos postos instalados na área indígena. A decisão foi anunciada na presença de dois generais do Exército, entre eles o comandante militar da Amazônia, Eduardo Villas Bôas, em reunião com lideranças indígenas na aldeia dos tenharins, nesta segunda-feira, 6. O general havia pedido o fim do pedágio em nome da paz na região. Os conflitos começaram após o desaparecimento de três homens em área da reserva há 21 dias.

Além de terem se negado a atender o apelo, os caciques prometeram estourar as pontes e isolar a reserva caso haja novo ataque dos brancos. Eles foram informados de que estaria sendo preparada uma nova ação para o próximo dia 14. "O povo tenharim já decretou que o pedágio vai continuar, independente dos protestos de algumas pessoas. Demos um intervalo para não atrapalhar a força-tarefa (que busca os desaparecidos)", anunciou o cacique Aurélio Tenharim, depois de expor que o pedágio é uma compensação pela construção da Transamazônica na terra indígena, que teria causado mortes de índios. "Esperamos quatro anos para negociar e nenhum governo apareceu", afirmou.

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Villas Bôas, que estava na companhia do general Ubiratan Poty, comandante da 17ª Brigada de Porto Velho, do corregedor do Ministério Público Estadual José Roque Marques, e dos comandos da Força Nacional de Segurança e Polícia Rodoviária Federal, argumentou que a cobrança era ilegal e acirrava os ânimos, mas os índios não se convenceram. Disseram que ilegal era a atividade dos 'flanelinhas' nas cidades e que o pedágio é a principal fonte de renda das aldeias. "Não podemos caçar, plantar, nem cortar pau para fazer artesanato, pois o Ibama não deixa", afirmou Zelito Tenharim. Ele questionou a ausência de representantes do governo no encontro. "O general está aqui, mas cadê o Executivo? A construção de uma usina vai inundar parte da reserva, mas o projeto não foi discutido com os povos. Nós vamos cobrar por isso."

Os caciques das etnias tenharim e jiajoy prometeram colaborar com as investigações sobre o desaparecimento de três homens, no dia 16 de dezembro, no trecho da Transamazônica que corta a reserva. O episódio causou uma onda de revolta em Humaitá, no Natal, em que uma multidão destruiu a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) e outras bases indígenas na cidade. As famílias acusam os índios, que permanecem isolados na reserva, mas eles negam. Em documento entregue aos militares, os oito líderes pediram segurança do Exército nos limites da reserva e aos índios que estudam e trabalham na cidade. Pediram ainda um plano emergencial para atendimento na saúde, suprimento de alimentos e uma reunião com o governo em Brasília.

Investigações

Nesta terça-feira, 7, o general reuniu-se com o prefeito de Humaitá, José Cidenei Lobo (PMDB), e outras lideranças locais para discutir a crise. Do bispo dom Francisco Merkel ouviu um alerta: "Outros corpos podem surgir e a questão não pode ser resolvida ao nível local. Brasília tem de acordar." O encontro com as famílias dos desaparecidos teve choro e protestos. "Temos certeza de que nossos maridos foram mortos e queremos acabar com essa angústia. Tenho vergonha de ser brasileira porque, em outro país, um crime desses é cadeira elétrica", desabafou Erisneia Azevedo, esposa de Stef Pinheiro, um dos desaparecidos.

O general disse que as investigações da Polícia Federal estão no final e a conclusão deve ser anunciada nos próximos dias. Segundo ele, as provas devem esclarecer o desaparecimento e, se houve crime, os culpados serão punidos. Alertado pelo advogado das famílias, Carlos Terrinha, de que a cobrança do pedágio será uma "tragédia anunciada com derramamento de sangue", ele disse que a Força Nacional, a Polícia Rodoviária Federal e a Funai vão tentar demover os índios da cobrança. As forças permanecem na região até o fim do conflito.

As famílias dos três homens que desapareceram no dia 16 de dezembro quando cruzavam de carro uma reserva dos índios tenharim em Humaitá, no sul do Amazonas, querem que o Exército participe das buscas. Os familiares acreditam que os batalhões de infantaria de selva do Comando Militar da Amazônia têm equipes melhor treinadas para realizar buscas em mata fechada. Neste sábado, 4, completa uma semana que a Polícia Federal iniciou a varredura na região, mas ainda não houve resultado prático. "Os familiares estão impacientes e não entendem por que os batalhões especializados do Exército não estão participando das buscas", disse o advogado Carlos Terrinha, que representa as famílias dos desaparecidos.

Os batalhões de selva são unidades de elite do Exército brasileiro e se orgulham de ter os soldados mais preparados do mundo para operações em floresta. Por serem forças de ação rápida e estratégica, atuam principalmente em áreas de fronteira e têm unidades formadas por índios da região amazônica. Além do preparo militar, os soldados indígenas falam a língua e conhecem os costumes de vários povos. Uma das unidades, o 54º Batalhão de Infantaria de Selva, está sediado em Humaitá. "Não é razoável que, tendo homens tão preparados para operações na selva, o Exército esteja apenas dando suporte às ações da Polícia Federal e controlando o acesso à região", disse Terrinha.

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As buscas visam à localização do professor Stef Pinheiro e de dois amigos, o comerciante Luciano Ferreira Freire e o técnico Aldeney Ribeiro Salvador, que estavam de carro quando desapareceram. O veículo também não foi localizado, levando à suposição de que foram mortos pelos índios. Na noite de quinta-feira, o advogado conversou com o general Ubiratan Poty, comandante da 17ª Brigada de Porto Velho, ao qual é subordinado o batalhão de Humaitá, sobre a entrada do Exército nas buscas na selva. "Ele concordou com o argumento, mas disse que a decisão é superior." O advogado pretende aproveitar a visita que o general Eduardo Dias da Costa Villas Boas, comandante do Comando Militar da Amazônia, fará à cidade na segunda-feira para tratar do assunto. "Os familiares dos desaparecidos estão muito preocupados, pois as buscas não avançam. A entrada dos cães farejadores na área só ocorreu na quinta-feira e a informação que nos passaram é de que os cães estavam estressados", contou Terrinha. Ele disse ter entregue à Polícia Federal um croquis da área em que o carro foi visto pela última vez, sendo empurrado por índios, na região do Igarapé Preto. "O problema é a falta de informações, há um silêncio total sobre tudo."

O general Poty informou que a investigação sobre o desaparecimento dos três civis, em princípio, cabe à Polícia Federal. O trabalho do Exército, definido pelo Ministério da Defesa, é de apoio logístico, comunicação, alojamento, alimentação e orientação dos trabalhos na selva. Para isso, foram montadas bases avançadas ao longo da BR-230. O patrulhamento na rodovia cabe à Polícia Rodoviária Federal. Homens da Força Nacional de Segurança atuam na defesa da reserva e da integridade de quem trafega pela rodovia Transamazônica. O delegado Alexandre Alves, que comanda as buscas, estava na área das buscas e não foi localizado nesta sexta-feira.

Os 45 mil moradores de Humaitá, em plena selva amazônica, estão em guerra declarada contra os índios. Nessa cidade a 675 quilômetros ao sul de Manaus, a presença ostensiva de 500 homens do Exército, da Força Nacional e da Polícia Federal na região, desde sábado, 28, tem evitado novas violências, mas não serenou os ânimos. Desde o Natal, quando pelo menos 2 mil pessoas, revoltadas com o desaparecimento de três moradores na reserva, incendiaram a sede da Funai, a Casa de Saúde do Índio, veículos e um grande barco usado para atender a essa população, os indígenas foram banidos da cidade.

O conflito atual expõe um clima de tensão já vivido 125 anos atrás. No final do século 19, a Freguesia de Humaitá era alvo frequente de ataques de índios e os moradores decidiram mudá-la para o local atual. O tempo arrefeceu os ânimos. Até semanas atrás, os 1.446 integrantes das etnias tenharim, parintintin e mura, que habitam a Terra Indígena Tenharim Marmelos, eram presença constante em lojas, restaurantes, praças e locais de diversão de Humaitá. Apareciam de carro ou moto, faziam compras, iam a restaurantes e lanchonetes. Desde os incidentes, em que também os pedágios dos índios na Transamazônica foram queimados, não se vê um índio pelas ruas. Eles estão acuados nas matas da reserva, enquanto um grupo de 140 indígenas permanece asilado no 54º Batalhão de Infantaria de Selva de Humaitá.

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No domingo, 29, à tarde, a Justiça Federal, atendendo a pedido do Ministério Público Federal, determinou que "a União e a Funai" adotem "medidas de segurança, no prazo de 24 horas", para proteger as áreas indígenas. Na prática, as forças de segurança já estão agindo. No comando da 17ª Brigada de Porto Velho, o general Ubiratan Poty diz que "não há um conflito étnico" entre brancos e índios na cidade, mas admite que o desaparecimento das três pessoas "gerou uma reação" que já foi controlada e "tudo tende a voltar ao normal." A Polícia Federal e a Força Nacional estão rastreando a floresta com helicópteros e cães farejadores em busca dos desaparecidos, sem resultados.

O delegado da PF Alexandre Alves, que dirige as investigações, disse que os trabalhos vão continuar até tudo ser esclarecido. "Além do aparato que temos na área, trabalhamos com o serviço de inteligência." A população, no entanto, não faz concessões. "Enquanto não houver uma resposta para o que aconteceu lá, é melhor que os índios não apareçam por aqui", diz o garçom Edemilton Silva Palheta, de 27 anos.

'Seres humanos'

A funcionária pública Marlene Souza conta que muitos índios estão integrados na vida da cidade. "Temos índio aqui que é professor, a gente os respeita como seres humanos, mas como podemos confiar neles depois do que aconteceu? Revoltada, a população é capaz de tudo", alertou. O almoxarife Edvan Fernandes Fritz, de 29 anos, admite que não gosta dos índios. "Eles vêm à cidade, enchem a cara, fazem baderna e fica por isso. Agora que o povo reagiu, eles pegaram o peco (fugiram)", disse. "Índio é protegido pelo governo que nem bicho, então tem de ficar no mato, não tem que viver em dois mundos, no nosso e no deles." Segundo Fritz, o desaparecimento dos três amigos foi o estopim. "O cacique deles caiu da moto porque era um pé inchado (bêbado)."

Para o madeireiro Elias Trepak, de 60 anos, a cobrança de pedágio pelos índios, na Transamazônica, está na raiz do problema. "Temos dois Brasis: um, esse em que a gente vive; o outro, um Brasilzinho que o governo reservou para os índios." Segundo ele, há mais de seis anos os índios controlam a Transamazônica nos 140 quilômetros da reserva e não se faz nada.

As marcas da revolta ainda estão espalhadas pela cidade. Da sede da Funai e da Casa de Saúde do Índio só ficaram escombros. A dona de casa Wilma Oliveira da Paixão, de 24 anos, viu quando a multidão chegou, tombou e incendiou uma viatura e começou a depredar o prédio. "Logo alguém jogou uma bola de fogo, aí começaram a incendiar tudo." A carcaça da viatura continua na rua e o barco afundou no Rio Madeira, após o incêndio.

Solução

A assessoria do prefeito de Humaitá, José Cidinei Lobo do Nascimento (PMDB), acredita que o conflito só acaba com o esclarecimento da morte do cacique Ivan Tenharim e do desaparecimento dos três civis.

Procurado, o cacique Ivanildo Tenharim, que acompanha os índios no Batalhão do Exército, disse que não estava em condições de falar com a imprensa. Um índio que está escondido na casa de uma amiga, na cidade, e que se identificou como Damasceno, disse que os indígenas na reserva estão sem energia e passam privações. Segundo ele, a receita do pedágio é fonte de recursos para as famílias indígenas, que não podem explorar a floresta e recebem do governo federal um auxílio insuficiente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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