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O bispo Honorilton Gonçalves e mais três líderes da Igreja Universal do Reino de Deus foram acusados e indiciados pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC) de Angola por lavagem de dinheiro associação criminosa. As informações são do UOL.

Além de Honorilton, conhecido por ser uma pessoa de confiança do bispo Edir Macedo, o bispo angolano Antonio Pedro Correia da Silva, ex-presidente da igreja no país, e os pastores Valdir de Sousa dos Santos e Fernando Henrique Teixeira, ambos brasileiros, também são réus. Teixeira é ex-diretor da TV Record África.

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Os conflitos em Angola começaram quando a maioria líderes religiosos do país passaram a acusar dirigentes brasileiros de vários crimes, entre eles racismo, fraudes, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, expatriação de capitais e imposição de vasectomia aos pastores. 

Segundo o UOL, o bispo Felner Batalha, porta-voz da chamada Reforma angolana, chegou a enviar uma carta a Edir Macedo relatando os problemas e pedindo providências, mas não obteve respostas. Em decorrência disso, em junho de 2020, o grupo assumiu o controle de quase 400 templos da Universal Angola. 

Em 19 de abril deste ano, a Record teve suas atividades suspensas no país africano, a razão apontada foi o fato da emissora ser dirigida por um extrangeiro, Fernando Teixeira, ao contrário do que prevê a lei local que exige que a função seja legalmente exercida por um angolano.

Tentativa de fuga

Honorilton Gonçalves, que foi vice-presidente artístico da Record no Brasil até 2013, é enxergado como o principal dirigente da igreja Universal Angola. Ele teria tentado fugir do país em setembro do ano passado, mas foi impedido por autoridades migratórias. A Universal do Brasil nega a informação.

Ainda de acordo com o UOL, o fundador da igreja Universal do Reino de Deus e proprietário da Record TV, Edir Macedo, chegou a pedir ajuda ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para tentar interceder junto às autoridades de Angola. Bolsonaro teria enviado uma carta ao presidente angolano João Lourenço reivindicando um “tratamento adequado” aos brasileiros e à Universal, mas não obteve resultado. O governo angolano tem sido favorável a religiosos locais.

A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), controlada pelo bispo Edir Macedo, tem investido em expansão internacional (10 mil templos espalhados em mais de 100 países) e está no centro de uma série de acusações que incluem evasão de divisas na ordem de 100 milhões de dólares (R$ 548 milhõs na cotação atual), racismo e vasectomias forçadas a membros da igreja em Angola. 

As informações foram dadas por Dinis Bundu, obreiro da IURD em Angola há 18 anos e porta-voz de um movimento de pastores locais contra o domínio de Edir Macedo e seus representante direto no país, Honorilton Gonçalves. Em entrevista concedida à revista Veja, Bundu conta que o levante começou por discriminações sofridas pelos pastores que não são brasileiros e se agravou com exigências feitas a eles, como a realização de vasectomias. 

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“São muitas razões, que vão desde recebermos metade do salário pago aos religiosos nascidos no Brasil até não ter acesso às casas dos condomínios da igreja. Mas há coisas mais graves. O Honorilton Gonçalves exige a castração de pastores, a vasectomia como forma de todos viverem exclusivamente para a Universal. Para ele, tem de aguentar tudo calado”, afirmou o obreiro, que também fez relatos de perseguição a bispos angolanos que se insurgiram e lideram o movimento. 

Atualmente, o movimento dos pastores locais em Angola já tomou o controle de 110 igrejas, o que corresponde à metade do total existente no país. Como reação ao que foi classificado por Edir Macedo como “golpe”, Dinis Bundu conta que a Igreja Universal começou a vender patrimônio e enviar grandes quantias de dinheiro não declarado para o Brasil. 

“Desde que iniciamos as reivindicações no ano passado, o Honorilton passou a vender casas, condomínios e terrenos da Universal. Por que acabar com o patrimônio da igreja? Há também o problema da evasão  de divisas. Só no ano passado, foram enviados ao Brasil 100 milhões de dólares sem declaração alguma ou registro”, disse o porta-voz do movimento. 

Questionado sobre o faturamento da igreja em Angola, Bundu afirmou que a quantia arrecadada é muito maior. “Tem pastores que compram casas, condomínios, carros… Ou seja, essa quantia poderia ser maior e nem tudo vai para o Brasil”. afirmou o religioso, que tem expectativa de ver mais pastores se insurgirem contra o domínio central da Igreja Universal no país. 

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