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Ruas, rios, praias. Do centro ao litoral, o cenário da cidade é modificado pela constante presença do lixo, um dos maiores problemas urbanísticos, ambientais, sociais e econômicos da atualidade. Além disso, pela análise do lixo de uma cidade ou de um país podemos saber muito sobre a educação do povo do lugar.
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Segundo dados da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), a quantidade de lixo produzida na capital pernambucana, em toneladas, chega a ser, em média, 645 ao dia e 19 mil ao mês. No do lixo domiciliar juntamente com a varrição feita pelos garis, a média diária de lixo recolhida é de 1 mil, e a mensal, de 43 mil.
“No Recife, como em outros lugares, jogar lixo no chão chega a ser um impulso vicioso. Muitas vezes, o lixeiro está ao alcance da população, mas por conta dos maus hábitos juntamente com a falta de educação, torna-se mais cômodo jogar no chão”, opina a professora Jucy Rocha, 58 anos.
A regra pública é manter a cidade limpa, mas grande parte da população parece não se importar em contribuir com as normas. Por conta disso, assim como no Rio de Janeiro, em que, ainda esta semana, a Prefeitura anunciou que, a partir de junho, vai multar quem jogar lixo na rua, a cidade do Recife também tomará medidas semelhantes. Os valores são similares aos da capital carioca, entre R$ 150 e R$ 3 mil, dependendo do tipo de material e da extensão da poluição. Porém, ainda se estuda como essa cobrança será realizada.
Conforme informações da Prefeitura do Recife, o projeto deve ser concluído dentro de 90 dias e as novas ações terão início entre julho e agosto deste ano.
Em relação à punição, a psicóloga Maria Helena concorda com qualquer medida desde que seja feita de maneira correta e esclarecedora: “É preciso que se façam capacitações e várias outras ações que reforcem o porquê de não sujar e qual a importância disso para o mundo, pois, pessoas que não têm esclarecimento sobre o assunto, não darão a mínima atenção. Não acho que multar é errado. Só acho que, antes de cobrar, é preciso reeducar o cidadão”.
Crianças e meio ambiente: a importância da educação ambiental no ensino infantil
Respeitar o meio ambiente, saber separar o lixo e a importância da reciclagem, são alguns dos ensinamentos que pais e instituições de ensino devem passar para os pequenos. Somente assim, eles crescerão com a mentalidade de que, com pequenas ações, se pode fazer a diferença.
“Nossas crianças são o futuro do país, então, nada melhor do que ensiná-las, desde cedo, o que é certo e o que é errado e as vantagens de preservar o meio ambiente e ser um cidadão sustentável”, diz o vice-diretor do BJ Colégio e Curso, Eduardo Barbosa.
Para conscientizar os alunos, o vice-diretor explica que não são feitas ações isoladas e sim, métodos que ajudam a reforçar a ideia de responsabilidade e compromisso com o meio ambiente. “Reforçamos com estudantes do primeiro ano do ensino fundamental ao ensino médio a separar o lixo comum do orgânico. Assim, é uma forma dos estudantes incorporarem ao cotidiano deles, seja na escola, em casa, ou em qualquer outro lugar. E, caso eles venham a jogar lixo no pátio da escola, eles são imediatamente chamados atenção”, ressalta.
“Ano passado, eu resolvi tirar umas fotos de cada parte do colégio que os estudantes costumavam sujar com mais frequência e resolvi fazer uma breve apresentação. Com isso, eu consegui provocar uma conscientização neles e reforçar a importância do cuidado que se deve tomar com o local que frequentamos. Além disso, juntei também a equipe de limpeza para enfatizar o respeito que os estudantes devem ter com esses profissionais que, diariamente, sempre estão trabalhando para manter uma boa aparência da instituição. Foi uma abordagem pedagógica que encontrei para dialogar com eles e que funcionou bastante”, completa.
Para reforçar o compromisso junto aos pais, Barbosa deixa clara que a participação dos responsáveis pelas crianças nos trabalhos escolares faz com que eles acabem se envolvendo com o tema. “Nessa fase, em que a criança ainda está no ensino fundamental, é imprescindível a participação dos pais na realização dos trabalhos. Já fizemos um painel sobre reciclagem e diversos outros trabalhos ligados à sustentabilidade e meio ambiente que, indiretamente, acabamos educando os pais, além própria criançada”, afirma.
Conforme a psicóloga Maria Helena, “é fundamental que a criança tenha noções de conservação do meio ambiente e esse papel tem que partir, principalmente, dos pais. A função do colégio, nesse âmbito, é reforçar com ações, oficinas e trabalhos escolares. Não adianta nada os professores ensinarem que não pode jogar lixo no chão se as crianças se deparam com alguém de sua família fazendo isso”, frisa.
O pai de Sandy Lima Bastos, 9 anos, Sérgio Melo, 42, é um desses exemplos de pai que concorda que a educação ambiental deve começar em casa. Segundo ele, deve-se mostrar à criança, de maneira simples e didática, quais as consequências que a poluição pode causar ao ambiente. “Eu faço da minha casa uma sala de aula. Sento com minha filha e aponto os principais problemas que podem acontecer se ela jogar lixo no chão. Eu falo sobre questões de alagamento, entupimento de bueiros, os animais transmissores de doença que são atraídos pelo lixo, entre outros assuntos. Meu papel é deixá-la atenta aos possíveis problemas para que ela pense duas vezes antes de jogar algum papel de bombom ou qualquer outra coisa no chão. Caso ela não me desobedeça, eu chamo atenção. Se ainda assim, não adiantar, eu parto para o castigo, ou seja, corto tudo o que ela gosta”, conta Melo.
Sobre a falta de educação das pessoas com a cidade, ele dá sua opinião: “As pessoas poluem por puro comodismo. Sabem que a prefeitura irá limpar, logo, sujam sem peso algum na consciência. Não têm em mente que se trata de uma questão de educação e que, fazendo sua parte, se tornam maiores as chances de evitar problemas futuros. Eu, particularmente, tenho o hábito de colocar um lixeirinho dentro do meu carro e de reforçar junto a minha família a importância de reaproveitar materiais e não jogar tudo no fora. Por exemplo, com o óleo de cozinha, dá tanto para preparar outras comidas como produzir sabão”.
Melo ainda explica de onde veio esse seu compromisso assíduo com o meio ambiente. “Eu trabalhei em supermercados que reforçavam a importância de adquirir métodos sustentáveis ao dia a dia pessoal e profissional, o que acabou sendo um aprendizado para a vida toda e me estimulou a repassar ensinamentos para outras pessoas, não só à minha família. É importante ressaltar que o lixo é uma responsabilidade de todos. Somos nós que produzimos em nossas casas, no nosso trabalho, e, portanto, devemos nos responsabilizar pelo mesmo”, conclui.