As provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2020 foram realizadas em um período diferente do usual. Ao invés de ter sido aplicada em meados de outubro ou novembro, como em anos anteriores, a última edição processo seletivo foi em janeiro de 2021, devido à pandemia do novo coronavírus.
Após a divulgação do gabarito oficial, alguns alunos já sabem que precisarão voltar aos cursinhos preparatórios para prestar o Exame, visto que a quantidade de respostas corretas pode não ser suficiente para a aprovação. Aguardando o resultado do Enem, previsto para 29 de março, candidatos estão enfrentando uma dúvida proveniente da mudança do calendário: esperar a liberação das notas para tentar aplicação em alguma instituição de ensino, ou já começar a investir em um cursinho preparatório para prestar o exame novamente?
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Diante desse questionamento, o LeiaJá entrevistou educadores especialistas no Enem em busca de dicas sobre a decisão a ser tomada pelos feras. A professora de português e redação, e criadora de um curso preparatório, Fernanda Pessoa, afirma que tem conversado bastante com seus alunos sobre essa questão, mas reconhece que é uma decisão muito pessoal.
“Eu indiquei que os alunos, após o anúncio do gabarito oficial, vissem se eles têm chance real, porque muitos quiseram não se matricular somente por cansaço”, relata. Fernanda Pessoa explica que os estudantes que ainda não se matricularam correm o risco de ter muito assunto acumulado até retomarem os estudos. Segundo a professora, se o candidato aguardar o resultado do Enem e, posteriormente, do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), em abril, “significa dizer que até ele começar a rotina de estudos, ele vai estar em maio, que é praticamente o meio do ano”.
A candidata ao curso de medicina Letícia Freitas, 20 anos, decidiu pela rematrícula no cursinho por projetar que não tem grandes chances de passar na última edição. “Por mais que eu estivesse cansada pelo ano de 2020, que foi um ano muito pesado, e que se estendeu para 2021, eu preferi começar. Ainda que não começasse (...) com todo o ritmo, mas principalmente para pegar nas minhas dificuldades, para não perder tempo mesmo”, justifica.
Como já vem estudando para a prova, a jovem percebeu que não se sentiria confortável em ficar esperando o resultado. Coordenador do Curso Poliedro de São José dos Campos, São Paulo, Márcio Guedes ,afirma ser comum haver uma pausa breve nos estudos: "Muitos alunos, mesmo em anos sem calendários modificados, começam duas ou três semanas depois do início das aulas. São estudantes que precisam de um tempo, de férias, para assimilar o retorno. Como coordenador, garanto: esses alunos não perdem começando mais tarde, já que a complexidade das aulas é progressiva e o conteúdo está fresco na memória".
Uma preocupação recorrente é sobre o que pode acontecer caso o aluno só saiba que foi aprovado após ter efetivado a matrícula. Guedes esclarece que “é comum que em muitos cursos do segmento pré-vestibular haja taxas ou multas elevadas em caso de rescisão contratual". "Querendo ou não, é uma prática que penaliza o estudante que foi admitido na faculdade e não precisou concluir o cronograma. Portanto, leia atentamente o contrato e pesquise antes de tomar qualquer decisão, sempre considerando suas necessidades e o contexto em que se encontra", acrescenta.
Fernanda Pessoa ressalta que “essa questão de se matricular antes ou depois do resultado é algo muito ligado à segurança do aluno”. A professora aconselha procurar por cursinhos comprometidos em “devolver o valor da matrícula, caso esse aluno passe e traga para o curso o comprovante que foi aprovado na universidade, no curso que queria”.
Letícia diz saber sobre essa política de reembolso dos cursinhos, mas afirma: “Ainda que eu não conseguisse 100% recuperar o dinheiro que investi, acho que a alegria de passar seria tão grande que me compensaria".