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A Faculdade Alpha, localizada na Boa Vista, região central do Recife, está lançando cursos gratuitos em parceria com o Governo do Estado. Esses cursos são presenciais e voltados para o público com mais de 18 anos. As aulas serão realizadas na própria faculdade a partir desta quarta-feira, dia 24, com horários de manhã, das 8h ao meio-dia, e à tarde, das 13h às 17h.

Elas ocorrerão todas as quartas-feiras para um grupo misto, formado por homens e mulheres, e exclusivamente nas quintas-feiras para mulheres. As inscrições devem ser feitas no site.

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Luciana Costa, diretora da Faculdade Alpha, destaca que os cursos são direcionados a pessoas interessadas em se capacitar e aprender uma nova profissão. A diretora informa que os cursos terão a duração de 10 encontros, totalizando aproximadamente 3 meses, com uma aula por semana e entrega de certificado ao término. "É muito importante que as pessoas interessadas realizem logo a inscrição no site, pois as vagas são limitadas", adverte a diretora.

Dentre as vagas disponíveis, merecem destaque os cursos de Assistente Administrativo, Empreendedorismo, Logística, Libras, Primeiros Socorros, Cuidador de Idosos, Informática Básica, Designer de Sobrancelha, Barbearia, Informática para Idosos e Manutenção de Computadores (turma exclusiva para mulheres).

O resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023 ainda não foi disponibilizado, mas muitos estudantes já estão na espera por informações e cronograma da edição de 2024. Ao LeiaJá, a pedagoga e especialista em avaliação, Joana Lira, aponta que o início é um momento necessário para planejamento e escolha de estratégias de estudos para o certame, que é a principal porta de entrada em universidades públicas e programa estudantis.

À reportagem, ela pontua cinco dicas para iniciar 2024 focado nos estudos para o Enem. Confira:

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1. Crie um cronograma: "Estabeleça um plano de estudo realista e bem organizado, distribuindo o tempo para cada disciplina de forma equilibrada e dentro da realidade";

2. Resolução de questões anteriores: "É importante praticar resolvendo questões de anos anteriores do Enem. Isso ajuda a entender a abordagem da prova e aprimora suas habilidades de resolução de problemas";

3. Foque nas áreas de dificuldade: "Dedique mais tempo às disciplinas em que você tem mais dificuldade, mas não negligencie as mais fáceis. Equilíbrio é chave";

4. Revisão constante: "Não deixe para revisar todo o conteúdo no final. Faça revisões regulares para reforçar o aprendizado, coloque este ponto no planejamento ou cronograma inicial";

5. Leitura atualizada: "Mantenha-se informado sobre atualidades por meio de leitura constante de jornais, revistas e sites confiáveis. A interpretação de textos é fundamental na prova".

O aumento dos impostos sobre os derivados de tabaco tem sido uma ferramenta eficaz para reduzir o consumo e pode ser ainda mais, concluíram estudos da universidade federal do Uruguai com financiamento internacional.

Em 2005, com a ratificação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Uruguai se colocou na vanguarda ao implementar medidas para frear o tabagismo, mas ainda há espaço para aumentar a carga tributária, que resultaria em um consumo menor e em um atraso da idade de início.

Assim mostraram pesquisas do Departamento de Economia (Decon) da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade da República, realizadas com a equipe Tabaconomia da Universidade Adolfo Ibáñez do Chile e da Fundação Bloomberg dos Estados Unidos.

"O Uruguai teve uma campanha integral de políticas contra o tabaco, com uma aceitação rápida da população", destaca Patricia Triunfo, economista do Decon.

Os espaços públicos livres de fumo atingem 100% desde 2006, a propaganda de derivados de tabaco está proibida desde 2014 e as embalagens neutras têm uma apresentação única desde 2019.

Em 2006, 32% da população entre 15 e 64 anos fumava, percentual que caiu para 28% em 2018. Hoje, a prevalência nessa faixa etária é estimada em 24%, o que equivale a cerca de 560 mil fumantes.

A queda no consumo de tabaco foi especialmente pronunciada entre os jovens de 13 a 17 anos: passou de 27% em 2003 para 8% em 2021. Ainda assim, 15% das mortes que ocorrem no Uruguai ainda se devem ao consumo de tabaco, e o tratamento de doenças ligadas ao tabagismo representa 17% do gasto total com saúde (1,5% do PIB). Apenas 26% dessa despesa é coberta pela arrecadação de impostos sobre o tabaco.

- Aumento de imposto -

O Uruguai aplicou em 2007 o Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) aos derivados de tabaco, até então tributados apenas com o Imposto Específico Interno (Imesi). Com isso, a carga tributária em relação ao preço do maço de cigarros da marca mais vendida passou de 39% em dezembro de 2005 para 65% em julho de 2007.

"No entanto, hoje temos o mesmo percentual de quando o IVA foi incorporado. O que propomos é atingir a recomendação mínima da OMS, de 75%, nos próximos cinco anos", diz Patricia.

Segundo os estudos, se o Imesi fosse aumentado 56% em termos reais entre 2024 e 2028, a população fumante cairia quase 21%, ou seja, haveria cerca de 70 mil fumantes a menos, e a arrecadação cresceria 5%.

Segundo Patricia, um aumento de 10% no preço do maço reduziria o consumo entre 6 e 7%. O maço de 20 cigarros custa hoje no Uruguai cerca de US$ 5 (R$ 24).

A pesquisadora do Decon Mariana Gerstenblüth destaca os benefícios de um aumento da carga tributária para 75%: o número de fumantes cairia, as pessoas adoeceriam menos, a arrecadação aumentaria e mais recursos seriam disponibilizados para políticas de saúde.

Os especialistas não ignoram a realidade do comércio ilegal, mas negam que um aumento de impostos levará fumantes para o mercado negro, como costuma alegar a indústria do tabaco.

"Há provas, dentro e fora da região, de que, mesmo com a presença do comércio ilegal, a redução do consumo acontece, assim como o aumento da arrecadação", disse ontem Wilson Benia, consultor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Uruguai, durante a apresentação das pesquisas.

O dia da aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023 se aproxima e os alunos que desejam mandar bem na prova para garantir uma vaga no ensino superior devem estar preparados para reforçar os principais assuntos que devem cair na prova.

Apesar de parecer muito perto, ainda é possível destacar conteúdos importantes que não podem faltar no seu estudo. Para ajudar os estudantes nessa reta final, os professores parceiros do Vai Cair No Enem listaram alguns temas importantes que os alunos não podem deixar de conferir.

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Veja a lista completa:

Linguagens (Prof. Roberto Falcão)

- Interpretação de textos

- Relações e elementos de coesão

- Funções da linguagem

- Figuras de linguagem

- Variantes linguísticas

- Arte de Vanguarda

- A Semana de 22

- A Pós-modernidade na arte e na literatura

Espanhol (Profª. Kilza Pascoal)

 - Leitura e interpretação de textos em língua espanhola (jornais em língua espanhola, como o El país e o Clarín)

- Heterosemánticos, heterogenéricos e heterotónicos

- Expressões idiomáticas

- Verbos

- Usos de SE

- Regras de acentuação (ver acento diacrítico)

Inglês (Prof. Filipe Queiroz)

- Simple Present

- Present Continuous

- Simple Past

- Past Continuous

- Simple Future

- Future Continuous

- Present Perfect Simple

- Present Perfect Continuous

- Past Perfect Simple

- Past Perfect Continuous

- Future Perfect

- Future Perfect Continuous

- Pronomes do Sujeito e do Objeto

- Pronomes Possessivos

- Voz Passiva

- Linking Words

Matemática (Prof. Erotides Marinho)

- Estatística: Média, Mediana

- Probabilidade/Combinatória

- Porcentagem e aplicações

- Escala

- Análise Dimensional

- Análise de gráficos

- Função Afim

- Figuras Planas: Retângulo, Trapézio, Triângulos, Circunferência (perímetro e área limitada)

- Geometria Espacial: Paralelepípedo, Cilindro (projeção ortogonal, área e volume)

- Sistemas de Medidas

- Figuras Planas: Retângulo, Trapézio, Circunferência e Arcos (perímetro e área limitada)

Biologia (Prof. André Luiz)

- Ecologia

- Citologia

- Genética com biotecnologia

- Programa de saúde

- Seres vivos

Química (Prof. Berg Figueiredo)

- Métodos de Separação de Misturas

- Oxidorredução e Eletroquímica

- Propriedades dos compostos orgânicos

- Características ácidas e básicas das substâncias

Física (Prof. Alan Soares)

- Fenômenos ondulatórios

- Circuitos elétricos e dimensionamentos (aplicações das leis de ohms, potência e energia elétrica)

- Termologia: Calorimetria e termodinâmica 

- Leis de Newton e suas Aplicações

História (Profª Cristiane Pantoja)

História do Brasil

- Pré colônia

- Administração Colonial (Portuguesa e Holandesa)

- Período Joanino 

- I Reinado e II Reinado

- Todas as Repúblicas 

- Ditadura Civil-Militar e Reabertura democrática

História Geral

- Antiguidade Clássica

- Idade Media 

- Formação dos Estados Nacionais e ligação com a América

- Renascimento 

- Reforma Prestante e Iluminismo 

- Revoluções Francesa e Industrial 

- I e II Guerras Mundiais - Nazifascismo e os tipos de Socialismos.

- Revolução Russa

- Guerra Fria 

- Partilha e independências da África e Ásia

Geografia (Prof. Charliton Soares)

- Globalização

- Meio Ambiente

- Agricultura

- Biogeografia

- Saneamento e Urbanismo

Sociologia (Profª Thaís Nunes)

- Surgimento da sociologia no século 19

- Movimentos sociais

- Mundo do trabalho

- Direito, cidadania e desigualdade social

Filosofia (Profª. Thaís Nunes)

- Surgimento da filosofia

- Filosofia medieval

- Filosofia moderna

- O pensamento contemporâneo

Enem 2023

Esta edição deste ano do Enem será realizada nos domingos 5 e 12 de novembro. Os estudantes devem apresentar um documento de identificação com foto válido e estar presentes no seu local de prova a partir das 12h, quando os portões abrem.

Para acessar mais informações sobre o exame, basta acessar a Página do Participante.

O Brasil é o segundo país, de um total de 37 analisados, com maior proporção de jovens, com idade entre 18 e 24 anos, que não estudam e não trabalham. O país fica atrás apenas da África do Sul. Na faixa etária considerada no relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 36% dos jovens brasileiros não estudam e estão sem trabalho.

“Isso os deixa particularmente em risco de distanciamento de longo prazo do mercado de trabalho”, alerta o relatório Education at a Glance, de 2022, que avaliou a educação em 34 dos 28 países-membros da OCDE, além do Brasil, da África do Sul e da Argentina. 

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Carlos Alberto Santos, de 18 anos, se esforça para mudar esta situação. Ele terminou o ensino médio no ano passado e, mais recentemente, um curso técnico de administração. Está há dez meses sem trabalhar, concluiu outros cursos complementares e busca uma colocação no mercado de trabalho.

  “Esse período é até preocupante porque ao completar meus 18 anos em março, ter saído do estágio, terminar os cursos, às vezes a gente naturalmente se sente meio inútil mesmo. Por um lado, perde a perspectiva, principalmente quando tem muito esforço, muita dedicação. Eu me inscrevi em várias vagas, eu já fui em muitas entrevistas em vários lugares, tanto em São Paulo quanto aqui próximo da minha cidade, e é realmente preocupante”, diz o jovem, que mora em Ferraz de Vasconcelos, cidade da região metropolitana de São Paulo.

De família de baixa renda, ele vive com a mãe e a irmã e guarda as lições do pai, já falecido. “Meu pai dizia para estudar e, se a gente quisesse realizar os nossos desejos, era importante que a gente tivesse como prioridade o estudo e se esforçasse. E minha mãe diz a mesma coisa, não sinto pressão, pelo contrário, mas eu sei que é importante ter um trabalho, quero ter o meu espaço e vou me dedicar para isso.” 

O jovem faz parte do Projeto Quixote, em São Paulo. Lá ele fez os cursos Empreendendo o Futuro e o Vivendo o Futuro. Com a preparação, ele espera ainda conseguir um trabalho. “Tenho tantos sonhos, tantos desejos e eu acredito que só dessa forma, enfim, com um trabalho, vou poder realizar, porque qualificação eu tenho, eu me esforcei, estudei, tirei boas notas, enfim, acho que é o melhor para mim”, diz Carlos Alberto, que pretende ainda estudar psicologia futuramente. “Gostaria de trabalhar em ONGs como o Quixote para ajudar jovens. Acredito que é importante, porque foi significativo para mim.” 

Entre as formações do Projeto Quixote, Carlos Alberto participou da formação para o mundo do trabalho, que busca desenvolver competências básicas para o trabalho e estimular o protagonismo de adolescentes em situação de vulnerabilidade social. 

Causas

Os motivos e a quantidade de jovens que estavam sem estudar e sem trabalhar variam conforme a renda familiar, mas se encontram nessa condição principalmente os mais pobres. “A situação dos jovens que não estudam, não trabalham e nem procuram trabalho tem relação com a origem socioeconômica. É comum entre os jovens de famílias mais pobres. A maioria são jovens mulheres, que tiveram que deixar de estudar e não trabalhavam para poder exercer tarefas domésticas, criar filhos ou cuidar de idosos ou outros familiares, reforçando esse valioso trabalho, que não é reconhecido como deveria. Nas famílias mais ricas, nessa condição estão jovens de faixa etária mais baixa, geralmente no momento em que estão se preparando para a faculdade”, afirma a socióloga Camila Ikuta, técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). 

Diagnóstico feito pela Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego revelou que, dos 207 milhões de habitantes do Brasil, 17% são jovens de 14 a 24 anos, e desses, 5,2 milhões estão desempregados, o que corresponde a 55% das pessoas nessa situação no país, que, no total, chegam a 9,4 milhões. 

Entre os jovens desocupados, 52% são mulheres e 66% são pretos e pardos. Aqueles que nem trabalham nem estudam - os chamados nem-nem - somam 7,1 milhões, sendo que 60% são mulheres, a maioria com filhos pequenos, e 68% são pretos e pardos. 

Brasília (DF) - Especial Jovem Nem-Nem. Arte: Agência Brasil Arte Agência Brasil

A economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e especialista em infância e juventude, Enid Rocha, reafirma que o fator de desigualdade de renda influencia a condição dos jovens nem-nem. 

“Tem o fator de renda, raça e gênero. São mulheres, são os negros - e os negros são mais pobres no Brasil”, destaca. Mas completa: “Há um conjunto de vulnerabilidades desses jovens, que não têm acesso a mais anos de estudos, não têm acesso à capacitação profissional e grande parte são mulheres, mais envolvidas nas tarefas domésticas e nos cuidados familiares. Com isso, elas liberam outra pessoa no domicílio para procurar trabalho e elas ficam responsáveis pelo trabalho não remunerado dentro do domicílio.” 

A socióloga Camila Ikuta, técnica do Dieese, acrescenta que, para auxiliar as mulheres jovens a voltarem a estudar e/ou trabalhar, é preciso ainda cuidar das crianças que elas cuidam. “Para amenizar essa situação, o país precisa de mais políticas públicas focadas na juventude, como a ampliação de creches públicas e de equipamentos de saúde, políticas de permanência estudantil e melhoria dos sistemas de qualificação e intermediação profissional nesse momento de transição entre escola e trabalho”, defende.

Na visão da economista do Ipea Enid Rocha, o preocupante é quando o jovem desengaja. “Ou seja, ele não faz parte da força de trabalho, não procura mais emprego e se desinteressou. É até um jovem difícil de encontrá-lo, porque não está inscrito em cadastros escolares e no Sistema Nacional de Emprego [Sine]”.

Impactos

A pandemia agravou a situação desses indivíduos, que tiveram que interromper a educação e a formação profissional. “Eles ficaram dois anos nessa situação. E estudos mostram que, quando os jovens ficam no mínimo dois anos fora do mercado de trabalho, sem adquirir experiência profissional e sem estudar, ele carrega essa ‘cicatriz’ profissional”.

A economista explica o termo: “Ele volta ao mercado de trabalho com esta marca de não aquisição de capital humano durante o tempo que ficou parado. E quando ele acessa um trabalho, entra em piores condições, com salários mais baixos, com inserção precária, ou seja, sem formalização. Isso traz uma ‘cicatriz’ ao longo da sua trajetória laboral. As empresas, ao compararem a trajetória de um jovem que ficou dois anos sem trabalhar e sem estudar com o outro, ele é sempre preterido ou recebe salários menores”, explica Enid. 

No artigo Os Jovens que Não Trabalham e Não Estudam no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, os técnicos do Ipea Enid Rocha Andrade da Silva e Fábio Monteiro Vaz mostram que o legado negativo do cenário pandêmico pode durar décadas.  Mas, na visão de especialistas, há medidas que podem ser adotadas para a reintegração desses jovens. 

Políticas públicas

Para a economista do Ipea, é preciso fazer uma busca ativa desses jovens que estão desengajados. “Saber onde eles estão e oferecer o que está faltando, oferecer uma segunda chance de escolarização. E o mercado de trabalho também deveria procurar esses jovens, dar uma oportunidade por meio, por exemplo, do programa de aprendizagem das empresas, que existem, mas, na verdade, dão preferência para aquele jovem com maior escolaridade. É um programa para incentivar as empresas a contratarem esses jovens, para adquirirem experiência profissional, mas não é o que acontece. A política ativa do mercado de trabalho deve fomentar a oferta de trabalho para esses jovens.”  O jovem Carlos Alberto sente essa falta de oportunidades.

“Além da qualificação, é preciso realmente dar oportunidade de uma vaga de fato. A pessoa pode ser qualificada durante o período que está no trabalho, os jovens podem estar sendo ajudados, sendo qualificados, mas ao mesmo tempo recebendo alguma renda para ajudar os familiares e se ajudar de alguma forma. Não é só focar na qualificação, só cursos não são suficientes. Acho muito pouco e ao mesmo tempo vago”, defende o rapaz. 

A economista do Ipea defende também a capacitação socioemocional e a mentoria individual.  “Outro item da maior importância é capacitar esse jovem com habilidades socioemocionais. Esses jovens não têm experiência para participar de uma entrevista de emprego, elaborar o seu currículo. Há programas de juventude na Itália, por exemplo, em serviços parecidos com o Sine no Brasil, em que o jovem faz o seu currículo com apoio, tem psicólogos e pessoas que o capacitam para entrevista profissional. Precisamos de uma gama de políticas, de programas que apoiem esse jovem que já está desengajado.”  

Porta-voz do Levante Popular da Juventude, Daiane Araújo diz que é preciso ampliar políticas de permanência e assistência estudantil - Arquivo pessoal/Divulgação A porta-voz do Levante Popular da Juventude, Daiane Araújo, defende políticas de permanência e assistência estudantil.

“O jovem está vivendo em um Brasil que voltou para o mapa da fome, com uma taxa de desemprego tão forte. Ele entra na universidade, mas é fruto das famílias que hoje estão na linha da fome, que estão desempregadas e que muitas vezes têm que fazer das tripas coração para ter no mínimo uma refeição por dia. É preciso pensar políticas de permanência estudantil, para que os jovens possam entrar nas escolas, nas universidades e conseguir permanecer.” 

O Levante Popular da Juventude é uma organização de jovens militantes voltada para a luta de massas em busca da transformação estrutural da sociedade brasileira. 

Outra medida, reforça Daiane, são as políticas voltadas para o primeiro emprego. “Esses jovens só encontram trabalhos mais ‘uberizados’ ou mais precarizados. É necessário refletir sobre uma política voltada para o primeiro emprego tanto dos jovens que estão saindo do ensino médio, mas, também do jovem que está saindo hoje do ensino superior com formação acadêmica e o mercado de trabalho não tem absorvido”, analisa Daiane Araújo, de 26 anos, estudante de arquitetura e urbanismo e também diretora da União Nacional de Estudantes (UNE). 

Na segunda matéria deste especial, veja como um projeto em Fortaleza ajuda a potencializar trajetórias e criar oportunidades para os jovens.

A primeira fase do 38º Exame da Ordem Unificado, promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), está marcada para o próximo dia 9 de julho. Nesta fase, a prova terá 80 questões objetivas das 18 disciplinas abordadas.

O Exame da Ordem dos Advogados é famoso por sua complexidade e exigência. Por isso, definir uma boa estratégia na resolução das questões pode ser crucial para um resultado positivo.

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Para ajudar os candidatos que estão se preparando para a prova, o professor de Direito do Trabalho, Agostinho Santiago, trouxe alguns dos assuntos mais e menos recorrentes na primeira fase.

Maior recorrência:

- Remuneração e salário;

- Contrato de trabalho;

- Direito coletivo do trabalho;

- Duração do trabalho;

- Extinção do contrato de trabalho;

- Responsabilidade por verbas trabalhistas

Menor recorrência:

- Conceito de Direito do Trabalho;

- Relação de trabalho e relação de emprego;

- Empregado;

- Empregado doméstico;

- Modalidades de contratos de emprego;

- Alteração do contrato de emprego;

- Interrupção e suspensão do contrato de trabalho;

- Dispensas individual, plúrima e coletiva;

- Estabilidade e garantias provisórias de emprego.

Crianças que frequentaram o segundo ano da pré-escola em 2020, com nove meses de atividades remotas devido à pandemia de Covid-19, tiveram perda de 6 a 7 meses de aprendizagem em linguagem e matemática se comparadas àquelas que vivenciaram o mesmo período da pré-escola em 2019, com ensino presencial.

O dado sobre o ritmo de aprendizagem das crianças antes, durante e depois da pandemia mostra ainda que aquelas que frequentaram o segundo ano da pré-escola em 2022, com a volta das atividades presenciais, tiveram ganho de 1 a 2 meses, na comparação com os alunos do mesmo período letivo em 2019.

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As informações são do estudo Recomposição das aprendizagens e desigualdades educacionais após a pandemia Covid-19: um estudo em Sobral/CE, produzido por pesquisadores do Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LaPOpE).

Embora os dois grupos de crianças (2020 e 2022) tenham vivido ao menos parte da pré-escola com ensino remoto, os resultados sugerem que as ações realizadas pela rede de ensino para mitigar os impactos da pandemia surtiram efeito nas crianças que concluíram a etapa em 2022.

Apoiada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, a pesquisa estimou os efeitos da pandemia no curto e médio prazo e traz evidências inéditas sobre a recuperação do aprendizado, com destaque para a qualidade da educação ofertada.

Para chegar aos resultados, o estudo acompanhou o desenvolvimento de 1.364 crianças matriculadas na rede pública municipal de Sobral (CE), que frequentaram o segundo ano da pré-escola entre 2019 e 2022.

A pesquisa observou que o grupo de crianças que vivenciou o segundo ano da pré-escola em 2020 – com maior período remotamente – aprendeu o equivalente a 39% em linguagem e 48% em matemática, se comparado àquele que frequentou esta etapa em 2019, de modo presencial. Já o grupo que terminou a pré-escola em 2022 aprendeu o equivalente a 111% em linguagem e 115% em matemática, na comparação com o grupo que frequentou o segundo ano da etapa em 2019.

De acordo com os pesquisadores, os resultados mostram os efeitos da reabertura das escolas sobre os ritmos de aprendizagem. As crianças do grupo de 2020, por exemplo, que vivenciaram o primeiro ano da pré-escola presencialmente, sofreram com a interrupção das atividades presenciais e a oferta remota na conclusão da etapa educacional.

Segundo Mariane Koslinski, pesquisadora do LaPOpE e uma das responsáveis pelo estudo, as incertezas da pandemia, as interrupções nas atividades, presenciais ou não, e todo o período de adaptação ao modelo remoto impactaram diretamente no ritmo de aprendizagem dessas crianças, que tiveram aprendizagem aquém daquelas que concluíram a etapa em 2019.

A pesquisadora destacou, no entanto, que a recuperação do ritmo de aprendizagem das crianças que concluíram a educação infantil em 2022 chama ainda mais atenção. “É curioso porque, como as crianças do grupo de 2020, as do ano passado também viveram parte da etapa no regime remoto”, disse Mariane, em nota.

“O que os resultados indicam é que, provavelmente, as ações da rede de educação de Sobral foram importantes para mitigar os efeitos da pandemia e acelerar o ritmo de desenvolvimento dessas crianças”, completou.

Entre as ações, a pesquisadora destacou programas de busca ativa, ampliação da oferta de tempo integral e a implementação de novo currículo para a Educação Infantil alinhado àBase Nacional Comum Curricular (BNCC).

Os pesquisadores reforçam ainda que os resultados do estudo não devem ser interpretados como um retrato do que aconteceu no resto do país. “A ausência de coordenação nacional nos anos de pandemia gerou um cenário extremamente desafiador para os gestores municipais e as respostas para os desafios da pandemia foram muito desiguais e inconsistentes quando comparamos estados e municípios pelo país”.

Para a gerente de Conhecimento Aplicado e especialista em educação infantil da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Beatriz Abuchaim, o desafio neste momento ultrapassa as esferas educacionais. “Diversas evidências mostram que a pandemia afetou desigualmente as famílias em questão de renda, acesso a serviços e a redes de apoio. Tudo isso trouxe impactos para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças”, afirmou Beatriz, em nota.

“Nesse sentido, as ações devem ser integradas e contemplar diversas esferas e níveis de governo. A responsabilidade por montar essa estratégia não pode ser só da área de educação”, acrescentou.

Recomendações

Os pesquisadores apresentam uma série de recomendações para os gestores de diferentes níveis a fim de mitigar os problemas apontados. Para o Ministério da Educação é recomendado que haja um protagonismo na elaboração de um plano nacional de recuperação de aprendizagem com aporte de recursos e apoio técnico para guiar as ações das secretarias estaduais e municipais de educação.

Já as secretarias estaduais de educação devem, entre outros pontos, oferecer apoio técnico e financeiro para que os municípios elaborem e implementem suas estratégias. As secretarias municipais de educação, por sua vez, devem implementar programas de busca ativa de crianças com foco na educação infantil e elaborar diagnósticos sobre os efeitos da pandemia no desenvolvimento das crianças e nas taxas de abandono e evasão escolar.

Os diretores e professores podem promover maior integração entre famílias e escolas incorporando estratégias bem-sucedidas de comunicação com famílias utilizadas durante a pandemia.

O iFood, empresa brasileira de tecnologia em delivery on-line, oferta novas bolsas de estudos para entregadores que buscam a certificação no ensino médio atavés do  programa Meu Diploma do Ensino Médio. A ação oferece curso preparatório gratuito para o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).

A inicitiva é realizada em parceria com a plataforma Termine Seus Estudos, que é especializada no curso preparatório para o Encceja. O curso preparatório é feito totalmente on-line. O exame, do governo federal, é realizado presencialmente e a aprovação garante a emissão do certificado de conclusão emitido pelas Secretarias de Educação e Institutos Federais, em conformidade com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inpe). 

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Após a primeira fase de inscrições para as bolsas, os interessados ainda terão a oportunidade de entrar para a segunda turma, que será em abril. Os entregadores que não foram aprovados no exame de 2022 ou que se inscreveram e não puderam comparecer, terão bolsas garantidas para estudar nesta edição do programa.

A SOS International Group, agência educacional canadense localizada nas cidades Toronto e Calgary, está realizando, no Recife, um seminário gratuito para discutir sobre os estudos de intercâmbio no ensino superior no Canadá.

O evento contará com a presença de três instituições da província de Ontário, a Sault College, Niagara College Canada e Conestoga International. Os temas abordarão os estudos superiores, cursos de certificados profissionais, técnicos, bacharelados, pós-graduações e imigração através dos estudos no Canadá.

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O Mais Ontário acontecerá às 19h no dia 31 de março, na rua Buenos Aires, número 80, no Espinheiro, bairro do Recife. Para se inscrever, basta acessar a página do evento.

Qualquer pessoa que já tentou estudar para uma prova, escrever um relatório ou ler um livro sabe como é difícil se concentrar por períodos significativos de tempo. Normalmente, os dispositivos digitais são a causa da interrupção, pois a internet e o smartphone exigem concentração. Especialistas apontam que o cérebro precisa de interrupções para “recalibrar”, mas os celulares agravam a desatenção. 

Em 2004, a professora de informática da Universidade da Califórnia, em Irvine, Gloria Mark observou trabalhadores em um dia típico no escritório. Usando um cronômetro, ela anotou cada vez que eles trocavam de tarefas em seus computadores, passando de uma planilha para um e-mail, para uma página da web e de volta para a planilha. Ela descobriu que as pessoas demoravam em média apenas dois minutos e meio em uma determinada tarefa antes de mudar.

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Quando a pesquisadora repetiu o experimento em 2012, o tempo médio gasto pelos funcionários do escritório em uma tarefa caiu para 75 segundos. E continua caindo a partir de então. “Nossos períodos de atenção em nossos computadores e smartphones se tornaram curtos, loucamente curtos, já que agora gastamos cerca de 47 segundos em qualquer tela em média”, escreveu a professora em seu novo livro “Attention Span: A Groundbreaking Way to Restore Balance, Happiness and Productivity”. 

Felizmente, existem maneiras de recuperar o controle de sua atenção. Os especialistas não exigem que abandone completamente a tecnologia, mas sim um autocontrole e alguns alarmes oportunos. Confira a seguir, três hábitos que podem ajudar com o desempenho de funções no dia a dia: 

Desative as notificações: É uma boa maneira clássica de reduzir as distrações, mas não resolverá por completo o problema. Em sua pesquisa, Mark descobriu que as distrações externas representavam apenas metade das interrupções do foco. A outra metade foi motivada por uma vontade interna de mudar de tarefa. O resultado foi que o número de interrupções externas diminuía e o de auto interrupções aumentava. De acordo com a professora, pegamos o celular porque precisamos de uma pausa. Ou seja, o cérebro não é capaz de se concentrar por um longo período de tempo.  

Faça pausas cronometradas: Para aumentar seu tempo de atenção, o professor emérito de psicologia da Universidade do Estado da Califórnia e coautor do estudo, Larry Rosen, recomenda empregar o que ele chama de “pausa tecnológica”. Antes de se concentrar em uma tarefa, reserve dois minutos para abrir todos os aplicativos favoritos no smartphone. Em seguida, defina um cronômetro de 15 minutos, silencie o telefone, coloque-o de lado e estude. Quando o cronômetro disparar, você tem mais dois minutos para verificar os aplicativos. Faça isso ao todo em 45 minutos. Os praticantes da técnica Pomodoro reconhecerão essa estrutura. 

Desenvolva autoconsciência: Outra estratégia recomendada por Mark é aumentar a sua autoconsciência sobre o uso da tecnologia. Quando os desejos de abrir o aplicativo ou ficar horas do smartphone vierem, pergunte o porquê disso. Mark e Rosen defendem que as pessoas inevitavelmente retornam aos seus velhos hábitos quando têm acesso novamente e não melhoram seu autocontrole. 

A vacina bivalente é significativamente mais eficaz em evitar as internações e mortes por Covid-19 em relação aos imunizantes originais. A conclusão está em dois estudos preliminares feitos nos Estados Unidos e na Escandinávia e publicados recentemente.

A eficácia do produto mais recente quando usado como segunda dose chega a 80%, ante 65% da inicial. O novo imunizante da Pfizer começou a ser oferecido nesta segunda-feira no País, marcando o início de uma nova etapa da imunização.

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FORMULAÇÃO

As vacinas chamadas de bivalentes induzem a produção de anticorpos contra a cepa original do vírus SarsCov-2 e também contra as novas variantes que surgiram ao longo da pandemia e hoje são predominantes. Por isso, segundo especialistas, são as mais eficientes dentre as disponíveis atualmente. O estudo americano, publicado na New England Journal of Medicine, foi feito com a vacina bivalente da Pfizer e a da Moderna em comparação aos imunizantes originais. O trabalho mostra que, quando usada como dose de reforço, a bivalente previne internações e mortes em 61,8% em relação à vacina original (24,9%).

O trabalho dos pesquisadores escandinavos (ainda sem revisão dos pares) mostra resultados ainda melhores. A dose de reforço da bivalente foi eficaz em 80% dos casos (de quadros graves e óbito), ante 65% do imunizante original. O extenso uso das vacinas bivalentes da Pfizer e da Moderna nos Estados Unidos e na Europa nos últimos meses mostra uma redução no número de hospitalizações e mortes, segundo as agências de diferentes países.

EVOLUÇÃO

Conforme o vírus causador da Covid-19 se espalhou pelo mundo, ele evoluiu, tornando-se mais facilmente transmissível e também mais eficiente em driblar a imunidade gerada pelo imunizante original. As novas vacinas foram desenvolvidas para fazer frente a essa realidade. Por isso, têm como alvo tanto a cepa original quanto as variantes. A vacina da Pfizer é voltada especificamente à neutralização da variante Ômicron, que é predominante hoje no mundo.

O Ministério da Saúde estima que 54 milhões de brasileiros sejam elegíveis a receber a nova vacina. A oferta ocorrerá em cinco fases, começando pelos mais vulneráveis: pessoas acima de 70 anos, pacientes imunossuprimidos a partir dos 12 anos, pessoas vivendo em instituições de longa permanência e comunidades indígenas, ribeirinhos e quilombolas.

Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), Renato Kfouri explicou que, para ser licenciada, a nova vacina demonstrou em testes em laboratório que a proteção oferecida pela bivalente é maior. "Os estudos clínicos ainda estão em fase inicial, mas tudo indica que há mesmo uma eficácia superior da bivalente", afirmou. "Mesmo faltando ainda dados mais robustos e precisos de estudos clínicos, esta é a vacina hoje recomendada, sobretudo para pessoas em grupos de risco."

RNA

Por enquanto só as vacinas feitas a partir do RNA mensageiro têm essa formulação bivalente. A vacina que está sendo aplicada no Brasil oferece proteção para a cepa original, Wuhan (nome do local onde surgiu a pandemia, na China) e para a variante Ômicron.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os smartphones estão se tornando cada vez mais versáteis, devido ao empenho das empresas desenvolvedoras em oferecer o máximo de recursos disponíveis em dispositivos móveis e compactos. Segundo a pesquisa “Panorama do uso de TI no Brasil”, realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 2022, estimou-se um número de 242 milhões de celulares inteligentes em uso no Brasil.

O levantamento também aponta que os smartphones são utilizados para a maioria das tarefas, como uso de bancos e mídias sociais, realização de compras. No entanto, para a psicóloga Ana Rodrigues, esses benefícios se confrontam com o descontrole no uso das telas. “A questão está no tempo de uso, nas formas de uso. O smartphone não é um vilão, mas o descontrole o torna nocivo à saúde”, declara.

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Estudos x Smartphones

Em relação aos estudos, a especialista afirma que a utilização dos dispositivos não é ruim para os estudantes, pelo contrário, pois podem ser ferramentas que auxiliam no processo. Ana defende que o exagero é o que pode trazer prejuízos à vida cotidiana, e consequentemente, aos estudos. “Ao invés de usá-las para estudar, perde-se o foco a cada notificação das redes sociais, por exemplo. Isso afeta diretamente a concentração e, assim, o prazer despertado pela tela toma lugar. A excessividade dessa exposição pode gerar insônia e ansiedade, além de diminuir a capacidade de concentração e socialização. Por consequência, acaba por afetar a aprendizagem”, explica. 

No caso dos jovens, a situação é mais delicada por ainda estarem em formação e não possuírem as funções executivas cerebrais desenvolvidas, ou seja, suas habilidades cognitivas e de autorregulação. “O não controle também pode causar sofrimento e transtornos psicológicos mais sérios como o caso da Nomofobia, descrita como “uso problemático” ou “compulsão” no uso de aparelhos eletrônicos como o celular. A nomofobia gera sintomas como ansiedade, irritabilidade, estresse, solidão”. 

Ana conta que alguns jovens têm conseguido utilizar os celulares como auxílio nos estudos sob estratégias como silenciar notificações; marcar um tempo determinado para pausas, com a finalidade de entrar nas redes e retornar aos estudos; usar também o computador sem redes sociais logadas; dentre outras possibilidades. Segundo a psicóloga, alguns estudantes ainda optam por desativar temporariamente as redes sociais, porque, se não o fizerem, não conseguirão se concentrar. 

“Vale destacar que a participação de pais ou cuidadores é de suma importância, tanto para o estímulo aos estudos, como no controle do uso de telas no cotidiano da família”, conclui.

Ouvir música é uma hábito comum no cotidiano das pessoas, tão comum que, muitas vezes, é feito em conjunto com outras atividades. Uma delas, por exemplo, é na hora de estudar.

Segundo uma pesquisa britânica, estudar ouvindo música pode melhorar o desempenho dos alunos. Para atingir bons resultados, o tipo de música deve ser selecionado de acordo a disciplina a ser estudada.

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Nos anos 1970, Georgi Losanov, médico e psicoterapeuta da Universidade de Sófia, na Bulgária, descobriu que a música barroca ativa o lado direito do cérebro, permitindo maior aprendizagem de novos conhecimentos, principalmente para cursos de línguas.

Música e aprendizado

Estudos também apontam que a música como ferramenta na sala de aula ajuda na expansão da linguagem, desenvolvimento do raciocínio lógico, memorização e no desenvolvimento emocional. 

A psicóloga Glória Luna explica que a música tem a capacidade de ampliar nossa capacidade de aprendizagem, pois consegue transmitir conteúdos densos de forma mais leve e lúdica, facilitando a memorização.

"Está crescente a gama de professores têm trabalhado assuntos mais densos através de música e outras atividades, trazendo isso para as salas de aula como ferramenta para agregar nesse aprendizado, nessa passagem de conteúdo, e a música vem ampliando os espaços porque nós somos seres musicais, e a música vem com o intuito de atravessar você com as notas, trazendo uma suavidade, uma coisa lúdica, e esses conteúdos que seriam mais densos para aprender, se tornam muito mais leves. Esse movimento lúdico facilita a comunicação do cérebro, a memorização fica melhor, temos uma maior plasticidade nas conexões neurais, resultando em uma aprendizagem mais facilitada", afirma.

"O professor que utiliza essa ferramenta, provavelmente vai atingir seu objetivo de repassar o conteúdo de uma forma leve, e que os estudantes consigam aprender esse conteúdo justamente pela leveza como é trazido. Mas, claro que poderá ter estudantes que não se identificam com esse método musical, mas o que temos visto em algumas literaturas é que a música, de fato, tem contribuído para o aprendizado", concluiu. 

O professor de química Berg Figueiredo é conhecido por utilizar a música em suas aulas como companheira de trabalho. Segundo ele, a metodologia aproxima o aluno da disciplina abordada promovendo um maior engajamento dos alunos na aula. 

"Quando falamos no ensino para facilitar o entendimento dos alunos, as metodologias ativas são pontos fortes que auxiliam na educação, e uma das utilizadas por mim são as músicas e paródias para promover um engajamento maior dos estudantes, um maior entendimento do conteúdo, pois as paródias, no geral, são um resumo do conteúdo trabalhado, ainda vai auxiliar no lúdico, que faz com que o aluno entenda e interaja melhor com a disciplina"

Dono de letras divertidas, e ao som de músicas atuais e animadas, Berg repassa todo conteúdo para seus alunos. Utilizando a música Tudo ok, rit musical do funk, o professor conseguiu ensinar cálculos químicos, confira a letra:

É hoje que tu pega cálculos químicos de uma vez,

É hoje que tu pega cálculos químicos de uma vez,

Reação Ok,

Balanceamento Ok,

Informações Ok,

Conversão Ok,

Pega a equação e aplica a regra de três,

Pega a equação e aplica a regra de três.

Presta atenção, não vai se arrepender,

Uma dica dessa nunca mais vai esquecer.

Uma dica dessa nunca mais vai esquecer.

Berg explica que, ao fazer os alunos cantarem, bater palmas, os inclui na aula fazendo com que eles se sintam parte da sala de aula. "No momento que você canta uma paródia, coloca o aluno para cantar, bater palmas, ele se sente parte da sala de aula, e isso auxilia e facilita o aprendizado. Então, sempre que eu posso, gosto de fazer o fechamento dos conteúdos com paródia porque serve para resumir o conteúdo trabalhado de uma forma mais lúdica, puxando aluno para a disciplina e facilitando o aprendizado", conclui o docente.

Nosso dia a dia é composto por tomar decisões. Escolher o que comer, o que vestir e onde ir são decisões que integram o viver humano, mas no mundo acadêmico e profissional existe uma gama de jovens que parecem não saber o que fazer da vida. Um estudo realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ou Económico (OCDE) aponta que, com 35,6%, o Brasil é o segundo país com maior percentual de jovens “Nem-Nem” do mundo, ficando apenas atrás da África do Sul, com 36% das pessoas na faixa etária entre 18 e 24 anos que nem estudam e nem trabalham no país.

Segundo o professor e sociólogo, Sidarta Soria, esse fenômeno é trazido pela desigualdade social encontrada no Brasil, já que 70% dos jovens que estão fora das escolas e do mercado de trabalho, pertencem a famílias de baixa renda.

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"Cerca de 70% desse contingente de jovens que não estudam e nem trabalham, pertencem à famílias mais pobres. A desigualdade social seria o primeiro fator estrutural para a incidência desse fenômeno, uma vez que temos uma maior concentração de jovens nessa condição nas famílias mais pobres", pontuou.

Um outro ponto que intensifica esses fatores, segundo Sidarta, é a conjuntura econômica do contexto. Para ele, a pandemia da Covid-19 provocou uma desaceleração na atividade econômica, o que intensificou a problemática de jovens fora do mercado de trabalho.

"Esse fenômeno Nem-Nem é intensificado pela conjuntura econômica adversa. A pandemia, por exemplo, não cria a situação, mas uma vez que ela acabou obrigando uma desaceleração econômica, por razões óbvias, como a população acabou tendo que ficar mais recolhida para diminuir a exposição ao vírus, houve uma desaceleração da atividade econômica e o problema fica intensificado batendo mais forte no contingente mais jovens", destacou.

Para além disso, o docente pontua a falta de perspectiva vista atualmente entre os jovens. O desalento com o mercado de trabalho e a evasão escolar são apontados por ele como os principais motivos que levam os mais novos a não irem em busca de desenvolvimento acadêmico e profissional. 

"Entre os fatores prováveis para explicar essa situação estão o desalento com o mercado de trabalho e a evasão escolar. No caso do Brasil, a evasão escolar bate mais forte levando em consideração que a maioria dos jovens nessa situação pertencem às famílias mais pobres, devido a insuficiência de recursos para manter crianças na escola e outros cursos básicos de sobrevivência". destacou.

Para a psicóloga Joana Helisa, a falta de investimento nos jovens tem sido uma das causas do esfriamento na procura pelo futuro profissional entre a faixa etária mais jovem. Segundo ela, o senso de urgência e imediatismo inserido na sociedade atual, tem intensificado ainda mais esse movimento.

“A geração de jovens tem forte papel no desenvolvimento das diversas áreas como a ciência e pesquisa, esportes, cultura, economia entre outros. O fator comportamental que chama atenção é a forma como essa atitude vem sendo naturalizada e aceita, uma vez que não há investimento suficiente na geração que não parece ser orientada, incentivada ou questionada sobre sua condição de vida atual, nos faz pensar sobre a forma como era conduzido nas gerações anteriores, será que “no tempo antigo” certas imposições funcionavam melhor? Naturalmente não cabe comparação quanto ao crescimento dos avanços tecnológicos que estamos vivendo, quando voltamos o olhar para 15, 20 anos atrás, percebemos que hoje a sociedade encontra-se inserida num senso crítico de urgência e imediatismo que aprisiona, adoece e nos faz desaprender a esperar”, afirmou.

A profissional ressalta ainda a importância da participação dos pais nesse processo. De acordo com ela, o caminho para reverter essa condição é educar os filhos para que sejam emocionalmente fortalecidos, assim saberão lidar com os obstáculos que surgirem e lidarão com eles da melhor forma.

“A forma como esse jovem é ensinado a lidar com suas angústias, conflitos, medos, expectativas e toda emoção não elaborada que pode gerar ansiedade, sensação de desespero e dúvida, fará toda diferença no início da vida adulta. Educar os filhos para se tornarem jovens fortalecidos emocionalmente pode ser um bom caminho. Amor e limite sempre são bem vindos no desenvolvimento da autoconfiança, bem como na capacidade de fazer escolhas saudáveis com clareza e autonomia. O filósofo Jean Paul Sartre dizia que “Toda escolha envolve risco, renúncias e incertezas”, e que “existir é escolher”. Portanto, se a pessoa não é capaz de fazer escolhas conscientes, como dará conta de atribuir sentido à própria existência?”, destacou.

“É possível ensinar os filhos a atravessar as angústias através do diálogo e da fala. A palavra sempre cura. É pela palavra que conseguimos dar o contorno necessário para enfrentarmos as nossas emoções que são próprias da condição humana”, concluiu.

O mês de janeiro é o mês de coisas novas, início do ano, novas oportunidades e  chances de criar hábitos como, por exemplo, cuidar da saúde mental. Infelizmente, muitos brasileiros ainda têm um certo preconceito em cuidar da mente com algum profissional da área. 

Um levantamento feito em setembro de 2021 pela SulAmérica, em parceria com o Instituto FSB Pesquisa, aponta que a saúde mental é, hoje, a principal preocupação da população. Porém, apenas 10% das mais de mil pessoas ouvidas nessa enquete tiram proveito da terapia. 

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Por isso, neste mês de janeiro é realizada a campanha Janeiro Branco, voltada a tratar dos cuidados com a mente. Mas você sabe como surgiu essa campanha? 

A Campanha Janeiro Branco surgiu no Brasil em 2014 e este ano o lema principal é “o mundo pede saúde mental”. A frase é um alerta para a maior visibilidade e prevalência de problemas emocionais a partir da pandemia iniciada em 2020 que provocou um aumento no diagnóstico de doenças psíquicas. Questões traumáticas como o luto e a vulnerabilidade passaram a ser mais frequentes e explicam este aumento.

Impacto estudantil

Estresse no trabalho, relacionamentos ruins, a espera pelo resultado das provas e tantas outras dificuldades podem gerar e agravar crises de ansiedade e depressão, agora, some-se isso, a pressão sofrida por estudantes que estão em busca de seu lugar no mundo. 

Uma pesquisa da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) realizada em 2016, apontou que o medo do futuro e a pressão por bom desempenho educacional estão deixando os universitários mais vulneráveis psicologicamente. O estudo indicou ainda que sete em cada dez alunos de instituições federais no Brasil sofrem de algum tipo de dificuldade mental ou emocional como estresse, ansiedade ou depressão. O levantamento incluiu dados de quase 940 mil graduandos, de 62 instituições, com idade média de 24 anos.

Para Arthur Cabral, aluno do curso de Ciências Biológicas na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a saúde mental de estudantes começam a ser afetadas já no período que antecede o Enem, já que é aí onde geralmente começam as cobranças por mais estudo, concentração e resultados positivos. 

"A saúde mental dos estudantes já começa a ser afetada desde o período pré-Enem, onde tem toda a fase de preparação, a pressão que você sofre dos seus pais para que você escolha um curso que dê dinheiro, ou a pressão social para a escolha de cursos que lhe dê um status como medicina, direito, e quando vai se aproximando o Enem, que você tem que dar seu máximo, já começam a ser vistos os gatilhos de ansiedade, pânico, porque  processo do próprio Enem é muito estressante", pontuou.

Apoio familiar  

A psicóloga Glória Luna, explica como a pandemia interferiu diretamente na saúde mental de estudantes, principalmente em período de Enem, onde a pressão pela busca da profissão, agradar familiares e até aceitação social acabam desenvolvendo transtornos psicológicos e emocionais. 

“Passamos por um momento muito difícil que foi a pandemia, e os estudantes entraram em contato com uma situação, com um ensino que não estava acostumado antes, não que já não houvesse ensino online, mas a grande massa não estava preparada para isso”, afirmou.

Glória pontua ainda que a participação e o apoio familiar são importantes na vida dos estudantes. Segundo ela, dialogar com os jovens e buscar compreender seus gostos é o caminho para ajudá-los a superar as dificuldades.

“O diálogo com seus filhos, seja ele de qual idade for. Se eu quero que meu filho tenha um resultado positivo, eu vou tentar apoia-lo, compreende-lo, entender que certas situações não são fáceis para eles, e entender que, de certa forma, estou ali para apoiar, não cobrar", destacou. 

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Pela primeira vez em Copas do Mundo, uma seleção pôde trocar no Catar um dos seus jogadores em campo sem queimar uma das substituições a que tinha direito. Foi a estreia da troca de atletas por concussão cerebral. A preocupação com esse tipo de lesão levou ao também inédito uso de um aparelho médico para avaliação imediata de casos de concussão, ainda no gramado, se necessário.

Mas o que levou a Fifa a se preocupar com este tipo de problema de saúde agora? Quais os riscos para os jogadores de futebol a curto e longo prazo em casos de choques de cabeça? E para praticantes mais jovens, como crianças e adolescentes das categorias de base dos clubes? Há risco de danos cerebrais em caso de simples cabeçadas na bola? Para responder estas perguntas, o Estadão foi atrás de estudos e especialistas em neurociência.

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O GAROTO DE HARVARD

As concussões cerebrais, que se caracterizam pela perda temporária de consciência, se tornaram preocupação para a Fifa nos últimos anos, na esteira de um movimento encabeçado por lideranças científicas dos Estados Unidos há pelo menos 30 anos.

Um dos pioneiros foi o americano Christopher Nowinski, dono de uma das histórias mais improváveis da ciência do seu país. Formado em ciências sociais pela prestigiada Universidade de Harvard, Nowinski resolveu aproveitar seus quase dois metros de altura para se aventurar nas lutas de WWE, conhecidas no Brasil por "Telecatch". Seu apelido era "The Harvard Boy" (o garoto de Harvard).

Mesmo teatralizados, os confrontos e as eventuais pancadas na cabeça causaram no americano a chamada Síndrome Pós-Concussional, que forçou sua aposentadoria na luta livre. Os sintomas, como tontura e confusão mental, fizeram Nowinski se interessar pelo tema. Ele foi fundo na pesquisa e, em 2006, transformou seus estudos no influente livro Head Games: Football’s Concussion Crisis ("Jogos de cabeça: a crise da concussão no futebol", em tradução livre).

De acordo com a revista científica The Lancet, uma das mais importantes do mundo, o livro do americano "causou ondas de impacto por toda a NFL", a liga de futebol americano dos EUA. A partir dali, a concussão cerebral se tornou um dos temas esportivos mais pesquisados no país. Nowinski, por sua vez, se aprofundou no tema. Tornou-se um neurocientista, obteve o título de PhD e ajudou a fundar a Concussion Legacy Foundation, entidade focada em estudos ligados à concussão.

A fundação, por sua vez, se tornou uma das entidades científicas mais poderosas dos Estados Unidos, com orçamento de dar inveja a grandes universidades. Não por acaso começou a financiar estudos ligados ao tema até em instituições brasileiras nos últimos anos - o estudo do cérebro do ex-boxeador Éder Jofre, por exemplo, é bancado pela entidade americana.

Enquanto crescia, a fundação ganhava espaço na imprensa, apresentando às famílias dos EUA os riscos apresentados pelo futebol americano praticado pelos seus filhos nas escolas. Como consequência, outros esportes, de menor impacto, ganharam atenção e cresceram entre o público americano, como o futebol tradicional. Não demorou, portanto, para os riscos da modalidade começarem a ser observados de perto, a partir da década de 2010.

RISCOS DO FUTEBOL TRADICIONAL

Com certo atraso, estas preocupações chegaram à Europa nos últimos anos. E, em agosto de 2022, a International Football Association Board (Ifab), entidade que define as regras do futebol, recomendou que crianças de até 12 anos evitem cabeçadas na bola. Os árbitros de campeonatos de base até receberam orientação para marcar falta nos jogos nestes casos.

Em comunicado, a Ifab disse que a medida é fruto de cuidados "a curto e a longo prazo". "Esta preocupação se torna aguda quando os jogadores são crianças porque seu corpo, seu cérebro e suas habilidades motoras estão ainda em desenvolvimento e talvez não tenham a força física e nem a experiência suficientes para minimizar possíveis riscos", explicou a entidade.

O neurologista brasileiro Renato Anghinah explica que, no caso das crianças, a preocupação está no choque entre cabeças e também no choque entre cabeça e corpo, principalmente porque os pequenos atletas ainda estão com seus cérebros em formação. A curto prazo, elas podem sofrer um Traumatismo Cranioencefálico (TCE). Depois de muitos anos, o risco está na chamada encefalopatia traumática crônica, doença do cérebro causada por inúmeras e repetitivas pancadas ao longo do tempo.

"Quanto maior o tempo de exposição às pancadas, maior a chance de desenvolver essa doença. Se eu proíbo as cabeçadas na bola, principalmente nesta fase de formação, quando o cérebro está em desenvolvimento, eu estou ganhando duas coisas: vou evitar que eventualmente provoque algum dano numa fase ainda em formação e estou diminuindo o tempo de exposição destas crianças. Reduzo, assim, de 25 a 30% o tempo de exposição que estes indivíduos tiveram aos traumas de crânio", disse ao Estadão Renato Anghinah, do Hospital das Clínicas e livre docente em neurologia pela USP (Universidade de São Paulo).

No mundo dos adultos, os choques de cabeça também preocupam. O especialista dá uma sugestão para reduzir essas cenas que se tornaram corriqueiras nas partidas de futebol. "Assim como o carrinho por trás, cabeçada na cabeça do outro por trás poderia gerar falta e cartão amarelo. Simples! É só uma questão de a Fifa querer mudar isso. Vai evitar a cabeçada? Não, mas o jogador, com certeza, vai ter mais cuidado nestes lances."

CABEÇADAS NA BOLA SÃO PERIGOSAS PARA O CÉREBRO?

Não há estudos provando qualquer dano ao cérebro de um jogador por conta de cabeçadas na bola. As pesquisas sobre o tema ainda são raras, mas uma delas analisou os possíveis danos cognitivos que o movimento poderia causar em cérebros de jogadores do Atlético-MG e do América-MG. Numa comparação com pessoas que não são atletas, o estudo publicado em 2019 na revista Frontiers in Neurology "não mostrou diferenças significativas em testes de performance", apontou.

A pesquisa teve entre seus autores o médico Paulo Caramelli, doutor em neurologia e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e o ortopedista Rodrigo Lasmar, que divide sua atenção entre o departamento médico do Atlético e o da seleção brasileira - esteve em cinco das últimas seis Copas do Mundo com a equipe nacional e operou Neymar em 2018.

Os autores são cautelosos e afirmam que o estudo não é definitivo e o tema exige mais pesquisas, principalmente a longo prazo. "Mais estudos, principalmente com um desenho longitudinal (maior alcance), são necessários para esclarecer o significado clínico da cabeçada como possível causa de dano cerebral, o que segue como um tema controverso e inexplorado, e para identificar os fatores de risco."

A preocupação dos especialistas, no momento, é quanto aos efeitos das cabeçadas (mesmo aquelas somente na bola), a longo prazo. No estudo, Lasmar, Caramelli e outros cientistas estimam que um jogador profissional alcance o número de 300 jogos numa carreira bem-sucedida, o que poderia gerar cerca de 2 mil cabeçadas na bola ao longo de uma trajetória profissional nos gramados.

Em breve artigo na revista Nature, os neurocientistas britânicos William Stewart e Alan Carson afirmam que ex-jogadores de futebol da Escócia analisados em pesquisa apresentaram maiores chances de doenças neurodegenerativas, como demência, Mal de Parkinson e de Alzheimer após a aposentadoria.

"Apesar de fazer parte do futebol desde a sua criação, poucos estudos avaliaram os efeitos a curto e longo prazo da cabeçada. Mesmo assim, em estudos de imagem do cérebro, declarações sobre cabeçadas no futebol são relacionadas a mudanças verificáveis na estrutura do cérebro", apontam os pesquisadores no artigo intitulado "Heading in the right direction", um trocadilho com a palavra "heading", que significa "cabeçada" e também "ir".

Também cauteloso, o estudo destaca que problemas cognitivos verificados em ex-atletas de 50 e 60 anos podem ter outras causas. Mas não descartam eventuais mudanças radicais no esporte, caso novas pesquisas apontem maior relação entre as cabeçadas e problemas de saúde a longo prazo.

FUTEBOL DE CAPACETE?

Especialistas do mundo científico não descartam mudanças radicais na prática do futebol no futuro em caso de eventuais estudos a confirmarem danos cerebrais. Um jogo sem a permissão de cabeçadas na bola ou a utilização de capacetes estariam entre os cenários hipotéticos.

Os capacetes poderiam ser uma solução parcial para o problema. "Não resolveria completamente, mas amenizaria com certeza. Seria como aconteceu com a exigência de usar capacete para pilotos de moto. Os números caíram muito. O índice de traumatismo foi lá embaixo. O impacto, em termos de sociedade, foi fantástico", afirmou ao Estadão o neurocirurgião Feres Chaddad, professor da Unifesp e chefe da Neurocirurgia da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Os médicos brasileiros, contudo, lembram que capacetes e outros equipamentos de proteção não servem para reduzir o impacto no cérebro em caso de uma forte desaceleração. Isso é algo comum no futebol americano, nos lances de "tackle" (impedir a passagem do rival), ou de falta, no futebol tradicional.

"Mais ou menos 50% das lesões cerebrais em jogos de contato são causadas pela desaceleração e aceleração do cérebro. Não precisa encostar na cabeça do indivíduo para ter lesão no cérebro", explicou Anghinah.

"Num momento, um jogador e seu cérebro estão a 30 km/h. Aí ele sofre o tackle. E, milissegundos, a velocidade vai a zero. O cérebro está solto e chacoalha dentro da caixa craniana. Um atleta pode sofrer um tackle, sem choque de cabeça, e cair desacordado no gramado. E nem bateu a cabeça. Por quê? Porque a desaceleração brusca pode lesar o cérebro."

PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO

Anghinah e Chaddad pedem mais pesquisas na área, principalmente com atletas já aposentados. Eles lembram que os problemas no cérebro só aparecem quando os jogadores já deixaram os gramados. E acreditam que, pela onda de profissionalização da gestão dos clubes de futebol, haverá maior abertura para pesquisas no futuro.

"Com as SAFs, os clubes passam a ter um dono. E o dono é o responsável pelo que acontece com o elenco do time. Hoje, se um clube sem SAF sofre algum problema, não acontece nada com o presidente. Já com a SAF os donos vão sofrer um processo ou perder dinheiro", afirmou Chaddad.

A Mills, empresa de locação de equipamentos, está com inscrições abertas para o programa TransFormar que oferece bolsas de estudos para jovens de baixa renda. A organização está oferecendo 10 bolsas de estudo em Petrolina para o curso de eletrotécnica.

As inscrições podem ser realizadas por jovens entre 18 e 28 anos que tenham cursado Ensino Médio em escolas públicas ou como bolsistas em escolas privadas. Além da bolsa integral do curso em instituições como Senai, ETE e Grau Técnico, o aluno, sem vínculo empregatício, receberá da Mills uma ajuda de custo mensal no valor de R$ 300,00.

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Além de Petrolina, as vagas do TransFORMAR estão distribuídas por outras 18 cidades do país: Fortaleza (CE), Teresina (PI), Cachoeirinha (RS), Rio Grande (RS), São Jose dos Pinhais (PR), Resende (RJ), Macaé (RJ) Montes Claros (MG), Pouso Alegre (MG), Osasco (SP), Cotia (SP), Sorocaba (SP), Barcarena (PA), Goiânia (GO), Rio Verde (GO), Rondonópolis (MT), Sinop (MT) e Três Lagoas (MS).

Os interessados podem realizar sua inscrição online até o dia 31 de janeiro na página do TransFormar no site da Mills.

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