Tópicos | Cultura Pernambucana

Em meados da década de 1980, o Carnaval da pequena cidade de São José Ferrer, na Mata Norte de Pernambuco, se viu ameaçado. O cantor da orquestra que animaria a folia do município passou mal depois de uma bebedeira e o maestro, desesperado, se viu com pouco tempo para arrumar um substituto. Logo alí ao lado, como quem não quisesse nada, um jovem rapaz de apenas 13 anos, Edilson Carlos. O garoto já era conhecido por tocar saxofone por aquelas bandas e foi chamado para salvar a festa. E salvou.

A partir dali, o menino que sonhava em ser artista começou a trilhar o seu caminho. Cantava forró ao lado de um padrinho sanfoneiro e frevo na orquestra da cidade. Os ritmos tradicionais de Pernambuco viraram o seu "feijão com arroz". O sonho de brilhar nos palcos foi trilhado a pé, em caminhões de banana que o levavam de carona à capital Recife, e nos ônibus 1002 que também faziam o caminho até a cidade grande. Edilson, hoje conhecido como Ed Carlos, se perdeu, literalmente, várias vezes nessas idas e vindas; mal sabia ele que estava se perdendo pelos caminhos certos e hoje, o cantor celebra seus 30 anos de carreira.

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Ed começou pra valer cantando forró no Cavalo Dourado, hoje o Baile Perfumado, localizado no bairro do Prado, no Recife. Ele conseguiu uma vaga por insistência da tia, que trabalhava no lugar mas, apesar de ter conquistado o público e o contratante, precisou suportar a desconfiança de outros artistas que diziam que o jovem não tinha o menor jeito de forrozeiro. Os longos cabelos negros do cantor lhe davam ares de roqueiro e até Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, lhe deu ordens para que os cortassem. Não o fez até hoje.

Em 1988, Ed conquistou o seu primeiro reconhecimento. Venceu o festival Frevança, como compositor, com a música Frevo Alegria. O que ele queria mesmo era cantar, mas foi impedido por não ser conhecido do público. Quem executou sua canção foi Bubuska Valença que o levou ao palco quando a canção chegou à final. Ed Carlos cantou observado por 'monstros' do frevo: Edson Rodrigues, Ademir Araújo, Jota Michiles e Getúlio Cavalcanti; e não fez feio. "Subi anônimo no palco, ao lado do meu intérprete, e fiquei em segundo lugar. Um menino com 18 anos de idade, entre os feras, aquela nata de compositores da época", relembra o artista.

No ano seguinte, ele voltou ao palco do Frevança e saiu de lá com o prêmio 'Sombrinha de Prata’, como cantor revelação. A partir daquela data - que ele estabeleceu como o começo oficial de sua carreira -, Ed cantou em vários outros palcos. Os compositores de frevo passaram a procurá-lo, um "indiozinho sem pedigree, sem costas quentes nem parentes importantes", como ele próprio diz, e  passou a cantar as composições de todos eles. Foi assim que ele acabou se tornando o intérprete que mais gravou frevos de um compositor só e ganhou uma posição no RankBrasil, livro dos recordes brasileiros. "Foi acontecendo, não fiz isso de propósito. Foi uma consequência mesmo", diz.

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Dos festivais, Ed Carlos partiu para as ruas. Cantou em inúmeros blocos de Carnaval pelas periferias da capital pernambucana e comandou a Frevioca do Galo da Madrugada por cinco anos. Uma conquista suada, o próprio cantor pediu o 'emprego' na Secretaria de Cultura, após vencer um festival, e , apesar da desconfiança inicial dos gestores, conseguiu. "Nunca tive moleza, não. Esse é o grande lance dessa conquista toda", diz. Ele virou o cantor oficial da Frevioca e se 'graduou' em Galo. “Em cinco anos a gente se forma, né? Eu me formei em Galo da Madrugada”, brinca.

Ed acredita ter corroborado para que o frevo, esse ritmo tão popular, se tornasse ainda mais "do povo". Ele passou a animar o Carnaval do Recife e, driblando vaidades e desconfianças, foi construindo seu nome. Até que cansou. Foi namorar com o maracatu de baque virado, tendo passado cinco anos ao lado do Nação Pernambuco, em Olinda; e cantou com Antúlio Madureira, quando surgiu o icônico Passo da Ema. Do namoro com o Nação vieram três temporadas na Europa. Na última delas, o  pernambucano resolveu ficar por lá, fazendo shows e cantando todos os ritmos de seu lugar de origem.

Na Europa, Ed passou pela França, Alemanha e Itália, entre outros países. Ele encantou os 'gringos' e, também, muitos brasileiros que conheceram lá no velho Continente as particularidade de sua própria cultura. "Vi um pernambucano pedindo desculpas porque saiu de Olinda sem conhecer sua cultura e conheceu comigo lá. Hoje eu sou reconhecido em casa, mas tudo isso aconteceu fora. Foi aí que eu vi que estava no caminho certo". O cantor é considerado um dos artistas que mais divulgou a cultura pernambucana mundo afora e ganhou até um prêmio, concedido pela Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo (Abrajet), por isso.

'A música nossa de cada dia'

A experiência de Ed Carlos foi adquirida, não só pela sua dedicação à música, mas, também, pelo seu convívio com grandes mestres da cultura pernambucana. Ele reconhece a importância de ter aprendido com os maiores e, de maneira respeitosa, cita seus professores: "Minha relação com os mestres foi muito forte. Com Mestre Salú, com Ademir Araújo, o pessoal de Badia, Dona Selma do Coco... Da minha geração, eu sou o único artista que tem amizade em todos os segmentos".

Mas, além da amizade, o cantor pode orgulhar-se de ser um dos poucos artistas gabaritados para trafegar entre as mais diversas manifestações tradicionais de Pernambuco. Para não deixar dúvidas, já gravou Luiz Gonzaga, excursionou com Dona Selma do Coco e com o maracatu, cantou para Ariano Suassuna e dividiu composições com Mestre Salú, por exemplo. "Virei um arquivo vivo da minha geração. Eu cantei o forró de véio, o frevo de desocupado e o maracatu de negro e macumbeiro", brinca.

Ed Carlos 'para baixinhos'

As três décadas de carreira de Ed Carlos parecem apenas um começo quando se observa sua relação com a criançada. O cantor tem o costume de chamar crianças ao palco em seus shows e tem sido o animador oficial do Calunguinha, prévia infantil do Homem da Meia-Noite. "Essa coisa com a criança tem muito a ver comigo, até pq eu sou criança 24 horas por dia, não tenho maldade com ninguém e criança também não tem, então elas percebem isso em mim".

Ele vê nessa relação uma verdadeira renovação de seu público. para os pequenos, uma oportunidade de conhecer mais sobre a cultura pernambucana e curtir com um artista consagrado da área. "Hoje eu tenho fãs dos sete aos 70 anos. Tanto as crianças lá do Calunguinha como as senhorinhas do Bloco da Saudade. Todo dia eu encontro uma criança de oito, 10 anos que vem me dar um abraço. Isso não tem preço, é realmente uma renovação".

'Eu sou o frevo'

Para celebrar as três décadas de carreira, Ed Carlos tem preparado algumas surpresas. Ainda este ano pretende lançar um álbum autoral e também pensa em fazer um DVD. Apesar da longa estrada, o cantor ainda trabalha com a energia e o fôlego de iniciante, pronto para todas as oportunidades que, assim como no começo, ele está disposto a agarrar: "São 30 anos de coisas bacanas que aconteceram e estão acontecendo. São 30 anos de verdade fazendo o que eu faço com amor. Pra mim, ainda faltam muitos anos, isso é só a continuidade de um sonho que se tornou realidade".

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No início da tarde desta terça-feira (21), familiares do Mestre Camarão ainda se solidarizavam uns com os outros no Hospital Santa Joana, na área central do Recife. Salatiel D’Camarão, filho do sanfoneiro, revelou que o corpo do pai deve ser velado no Recife, mas segue para a capital do forró, Caruaru, no Agreste, onde será enterrado. 

“Minha mãe está vindo para cá e ainda vamos definir onde será o velório aqui. Em Caruaru, será na Câmara dos Vereadores”, disse o filho do músico que morreu às 8h10 desta terça-feira, aos 74 anos, em decorrência de uma infecção generalizada. Reginaldo Alves Ferreira, nome de batismo do Mestre, nasceu em Brejo da Madre de Deus e, em 2002, foi condecorado com o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco. 

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Há sete anos, Camarão fazia hemodiálise e, segundo o filho, nos últimos meses começou a afetar o coração. Na última quinta-feira (16), deu entrada no Hospital Santa Joana e, desde então, sofreu complicação no quadro clínico. Mestre Camarão é considerado um dos fundadores da primeira banda de forró do país, tendo sido afilhado musical de Luiz Gonzaga e contemporâneo de músicos como Dominguinhos. 

A história dos valores e da cultura de Pernambuco podem ser estudados mais aprofundadamente por quem se interessar em fazer pós-graduação no assunto. A Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire) abriu inscrições para o curso de Cultura Pernambucana, voltada para a quem já concluiu o ensino superior, preferencialmente em áreas como história, letras, turismo e áreas afins das ciências sociais e humanas. 

São 40 vagas para o curso, que tem um ano de duração, além de quatro meses destinados para a elaboração de monografia. As aulas acontecem nas sextas-feiras, das 18h30 às 22h e nos sábados das 8h às 12h e das 13h às 16h. O investimento é de R$ 40, além das 17 parcelas de R$ 275, correspondentes à duração do curso. Mais informações podem ser obtidas por meio dos telefones (81) 2122-3529 e (81) 2122 3530, ou pelo edital. A Fafire fica na Avenida Conde da Boa Vista, no bairro de mesmo nome, Centro do Recife.

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Doze de Março, dia de comemorar o aniversário da capital pernambucana, Recife. A Veneza Brasileira está em festa. Seus 478 anos de história e tradição estão  sendo celebrados com uma programação repleta de atividades culturais. Apresentações de Maracatu, Cavalo Marinho, Orquestras de Frevo e a bateria da escola Gigantes do Samba, fizeram a festa no Palco montado na Praça do Arsenal. 

As festividades começaram por volta das 17h, com muita animação. Os grupos de Cavalos Marinhos, que foram amplamente difundidos pelo Mestre Salustiano, representaram a beleza da cultura pernambucana. “Pra gente é sempre uma honra ser convidado pela prefeitura para prestigiar esse aniversário maravilhoso. O Recife é uma cidade ímpar, onde o turismo e a cultura está crescendo. É uma honra participar da homenagem a esta cidade, que não esquece os artistas da terra”, afirmou Pedrinho Salustiano.

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A festividade virou tradição para algumas pessoas. A taróloga Graça Caminha, de 85 anos, mora há 33 anos em Porto Seguro, na Bahia. Mas a distância e a idade não é empecilho para essa senhora, que faz questão de participar anualmente, da festa em comemoração a sua cidade natal. “Eu não moro mais aqui, mas o aniversário da cidade para mim é de lei. É o momento de me deparar com as minhas raízes e reencontrar a família. Não poderia perder esta festa linda, que vou continuar acompanhando em quanto puder”, ressaltou dona Graça.

O tradicional corte do bolo foi realizado por volta das 18h30 e contou com a participação de representantes do cenário político. O prefeito do Recife, Geraldo Julio,  fez as horas da casa. O primeiro pedaço foi dedicado as mulheres, que teve seu dia celebrado no último domingo (8). “Dedico o primeiro pedaço a todas as mulheres, não só de Recife, Pernambuco, mas do mundo. Elas têm um papel importante na sociedade e vem conquistando cada vez mais espaço na nossa história”, disse.  

O ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, morto em agosto do ano passado,  foi lembrado pelo seu amigo e correligionário. Geraldo Julio ressaltou que Eduardo sempre terá seu espaço reservado na história de Pernambuco. “Eduardo sempre estará presente nos nossos pensamento, na nossa vida, na história de Pernambuco e de todo Brasil. Em momentos como esse, que ele sempre esteve conosco, a gente lembra mais. Mas sua imagem e a lembrança sempre se fará presente, independente dele não estar mais entre nós”, concluiu o prefeito.

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara,  não poderia deixar de marcar presença  nas comemorações. Pela primeira vez participando das festividades à frente do Executivo estadual, o governador comentou que na posição de gestor, a comemoração passa a ter um novo significado. “A gente passa a ter um olhar diferenciado, com o propósito de trabalhar muito para continuar no caminho certo. Queremos lutar em favor do Recife, em favor de Olinda, em favor de Pernambuco e das pessoas que mais precisam”. Câmara ainda completou citando  a importância das parcerias na sua gestão. “A responsabilidade é muito grande, mas sabemos que com boas parcerias com nossos prefeitos a gente tem condição de caminhar junto e melhorar nosso estado".

O encerramento das homenagens ao aniversário do Recife será comandado pelo cantor Lenine, que sobe ao palco por volta das 20h30.

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Filho do escritor Maximiliano Campos, neto de Miguel Arraes, um dos incentivadores do Movimento de Cultura Popular (MCP) na década de 60, sobrinho do cineasta Guel Arraes e amigo íntimo do escritor Ariano Suassuna, Eduardo Campos, como homem público, também deixou um legado para a cultura pernambucana. Entre outras marcas, duas áreas receberam maior atenção do ex-governador do Estado: os investimentos no Fundo Pernambuco de Incentivo à Cultura (Funcultura) e o cinema pernambucano, que conta atualmente com um orçamento fixo anual no Funcultura na ordem de R$ 11,5 milhões.

Foram mais de sete anos à frente do Governo de Estado (de 2007 a 2014) e, consequentemente, das políticas públicas implantas em Pernambuco. No âmbito da cultura, quando Eduardo Campos assumiu o governo a instituição responsável pela elaboração e gestão das políticas culturais do Estado era a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), que até 2011 estava vinculada à Secretaria de Educação. Ainda em 2007, Ariano Suassuna, escritor cuja recente morte emocionou o ex-governador no dia do anúncio, foi nomeado secretário especial de Cultura de Pernambuco, cargo vinculado ao gabinete do governador, mas sem responsabilidade de gestão cultural.

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Retrospectiva: Eduardo Campos e a Cultura de Pernambuco

Em 2011, início do segundo mandato de Campos, foi criada a Secretaria de Cultura (Secult/PE), que passou a centralizar e responder pelas políticas culturais de Pernambuco, incluindo a Fundarpe.  A Secult/PE inicialmente contou com Fernando Duarte como o primeiro secretário, mas hoje é comandada por Marcelo Canuto. Segundo informações da Secult/PE, em 2007 o orçamento destinado para a cultura foi de R$ 46 milhões, e para 2014 a previsão orçamentária estava na ordem de R$ 133 milhões. Em relação à gestão da Fundarpe, Severino Pessoa passou a responder pela presidência do órgão público em 2011.

Campos morre no mesmo dia do falecimento de Arraes

Investimentos no Funcultura

Criado em 2003, o Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura foi uma das iniciativas públicas na cultura que mais cresceu em recursos durante a gestão de Eduardo Campos. Antes de 2007, primeiro ano da gestão socialista no Estado, o Fundo tinha um orçamento médio de R$ 4 milhões ao ano. A partir do primeiro ano de governo de Campos, o orçamento subiu para R$ 8,1 milhões e hoje conta com R$ 33,5 milhões de caixa, garantidos pela Lei 15.225/2013. Desse montante, R$ 11,5 milhões são destinados ao Funcultura Audiovisual – também criado em 2007 e voltado para o fomento do cinema local.

Funcultura Audiovisual e cinema pernambucano

Atualmente, o Edital do Programa de Desenvolvimento do Audiovisual de Pernambuco – Funcultura Independente está na sua sétima edição. Com incentivo do Governo do Estado, realizadores e profissionais do cinema podem inscrever projetos nas áreas de produção, difusão, formação e pesquisa na área audiovisual. Dentre os projetos contemplados este ano, além dos novos realizadores, cineastas com mais anos de estrada também integram a lista. Alguns exemplos são Lírio Ferreira, com Sangue Azul, Renata Pinheiro, com Amor, Plástico e Barulho, Cláudio Assis, com Piedade, Marcelo Pedroso, com Brasil S/A, Gabriel Mascaro, com Ventos de Agosto, e Prometo Um Dia Deixar Essa Cidade, de Daniel Aragão

Kleber Mendonça Filho, diretor de filmes premiados como O Som Ao Redor, lamentou a morte do ex-governador de Pernambuco no Facebook. “A importância de Eduardo Campos na área de cinema-cultura em Pernambuco já é histórica, factual, creio que livre de partidarismos. Tratou o cinema pernambucano com respeito, pela primeira vez. Eu lembro como era antes. Salvou o Cinema São Luiz da extinção, transformando-o num equipamento de cultura, o que não é pouca coisa", comentou o cineasta pernambucano, relembrando ainda o momento em que Campos convidou os realizadores para discutir sobre a sétima arte produzida no Estado.

Música terá Funcultura específico, afirma secretário

FPNC e Sistema Nacional de Cultura

Criado em 2008, segundo ano de governo de Eduardo Campos, o Festival Pernambuco Nação Cultural (FPNC) se tornou um momento de culminância das diversas ações e políticas culturais do Estado. Além dos shows de atrações nacionais e locais, o evento congrega mostras de todas as linguagens artísticas, como cinema, teatro, dança, circo, fotografia e artesanato, entre outras, além de encontros de cultura popular e de povos tradicionais, oficinas e seminários.

De 2007 a 2011, a média era de cinco edições do festival realizadas por ano. A partir do início do segundo mandato de Eduardo Campos e com as mudanças na gestão das políticas culturais do Estado, o festival passou a ter uma média de dez edições anuais - com destaque para o Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), que passou a integrar o FPNC - e a percorrer todas as regiões pernambucanas.

No que diz respeito ao Sistema Nacional de Cultura (SNC), no dia 22 de novembro do ano passado o governador de Pernambuco Eduardo Campos anunciou a adesão do Estado ao Sistema Nacional de Cultura (SNC), após boatos de que a Secretaria de Cultura seria extinta. Pernambuco tem agora dois anos para estruturar o Plano Estadual de Cultura e reformular o Conselho Estadual de Cultura, as duas pendências que faltam para a inserção completa no sistema. Já há um projeto de lei que cria este novo conselho em discussão, e em relação ao Plano Estadual de Trabalho, a Secult/PE informa que está recompondo sua Comissão Interna de Trabalho para cumprir a agenda de reuniões, fóruns e validação com a sociedade civil. No entanto, prazos ainda não foram divulgados.

O Cais da Alfândega, no Bairro do Recife, ficou lotado, neste domingo (16), para reverenciar Nena Queiroga e a música pernambucana durante a gravação do DVD Nena Queiroga: Pernambuco para o Mundo. “A gente tem que ter muito orgulho do que temos, e disso eu tenho”, declara Nena para o público. 

Com muita alegria e amor pelo o que faz, Nena traz a ciranda, maracatu e o frevo para seu DVD. A gravação marca os 30 anos de carreira da cantora, que contou um pouco da sua trajetória ao LeiaJá. Serão 28 faixas, entre músicas inéditas e sucessos da música pernambucana no DVD previsto para ser lançado em maio deste ano.

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Muito querida na cena pernambucana, Nena recebeu vários artistas convidados para participarem do show. A primeira a subir no palco com a cantora foi a baiana Ivete Sangalo, que cantou Morena Tropicana, de Alceu Valença, e finalizou a participação com o sucesso Poeira. Durante o encontro, as duas declararam o amor que sentem uma pela outra e por Recife. “Estar no Recife é um tesão que não acaba mais”, fala Ivete.

O show foi um verdadeiro abre-alas da folia de Momo, com direito a bonecos gigantes, serpentinas e sombrinhas de frevo. O show seguiu com a participação de Maria Gadú, que cantou Anunciação, também de Alceu Valença. Em conversa com o LeiaJá, a cantora conta como conheceu Nena Queiroga. “Conheci Nena há alguns anos, através de Lula Queiroga, no Guaiamum Treloso. Participar desse show é um convite maravilhoso”, diz Gadú. 

A festa continuou com a participação de Ylana Queiroga, filha de Nena e também backing vocal da mãe. As duas protagonizaram um dos momentos mais emocionantes do show ao cantar Tempo, música de Siba que está inclusa no álbum de Ylana, lançado em 2013. Ao LeiaJá, Ylana fala sobre esse dia tão especial para sua mãe. “É um marco na vida da família e dos fãs. O DVD encerra um ciclo para começar outro”, conta. 

Do xote ao frevo, a festa seguiu com a participação do Maestro Spok, que declarou seu amor a Pernambuco junto com o público tocando, em seu saxofone, um trecho do Hino de Pernambuco.  Depois foi a vez do Coral Edgard Moraes cantar com Nena o frevo de bloco Último regresso. O show também teve as participações de Elba Ramalho, que entrou com Voltei Recife; Maestro Forró, Almir Rouche; Gustavo Travassos; Ed Carlos; Nonô Germano e André Rio. Logo depois foi a vez de Luiza Possi cantar ao lado de Nena a música A Gandaia Das Ondas/ Pedra e Areia. Sobre sua amizade com Nena, Luiza conta que começou no bloco Quanta Ladeira em 2009. “Sempre que venho ao Recife, canto com ela”, declara Luiza. Já o maracatu tomou conta da multidão quando a Orquestra Lucas dos Prazeres subiu ao palco. Amigo de Nena, Lenine também participou desse momento tão especial para a cantora. Nena entoou A ponte e os dois terminaram ao som de Alzira e a Torre

Fã de Nena Queiroga, a ex-BBB Bella Maia foi prestigiar esse marco importante na carreira da cantora. A bailarina fala sobre a importância de uma artista como Nena para a música pernambucana. “Nena é o sol, ela ilumina quando canta. Ela brilha e traz uma energia maravilhosa”, declara Bella ao LeiaJá. Animados no meio da multidão, Tâmisa Costa, de 20 anos, e William Dário, 24, não economizam nos elogios ao show. “Foi perfeito”, diz o publicitário. “Nena está representando bem a função de mostrar Pernambuco para o mundo”, comenta Tâmisa, que também elogiou a escolha do repertório e dos convidados.

 

Tudo caminhava para ser mais uma sexta-feira de música gratuita, debate cultural e troca de experiências na Rua da Aurora, área central do Recife. Na programação, as bandas Malícia Champion e a alemã Jazzanova, que se apresentaria pela primeira vez na turnê pelo Brasil. No entanto, o "Som na Rural" desta sexta (7) não aconteceu. Por determinação do secretário de Mobilidade e Controle Urbano, João Braga, o projeto de cultura itinerante idealizado por Roger de Renor só poderia ser realizado até 18h. 

A licença para a atividade foi negada, o veículo do projeto multado e a indignação tornou-se sentimento compartilhado por quem estava no local ou soube por amigos. Em entrevista ao Portal LeiaJá, Roger falou sobre a repressão, a repercussão e a manifestação já marcada para a próxima sexta-feira (14). 

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LeiaJá – O impedimento da realização do Som na Rural ecoou muito nas redes sociais, na imprensa, e a maioria das pessoas se mostrou revoltada quanto à ação. Como você avalia essa repercussão e a demonstração de apoio de tanta gente?

Roger de Renor – A gente teve apoio de muita gente, artistas da Zona da Mata, do teatro, da dança. Isso ainda vai repercutir no show de quem já tem palco no Carvanal, ou seja, é um prejuízo político para a Prefeitura que poderia ter sido evitado, se o secretário João Braga agisse em harmonia com a Prefeitura e conhecesse os projetos da comunidade. Projeto, inclusive, que tem o apoio da Secretaria de Turismo. 

LJ – Você falou que o secretário de Turismo, Felipe Carreiras, entrou em contato por telefone para dizer que houve uma falta de comunicação. Mas e o secretário João Braga, falou diretamente contigo?

RR – Entrou nada, só veio a ordem. Marcamos uma reunião com o secretário de Turismo na próxima segunda-feira (10), às 15h30. Estou muito curioso para saber o que vão dizer. Acredito que vão revogar a decisão, mas mesmo que não permitam, nós já convocamos todo mundo, artistas, para a próxima sexta-feira, na Rua da Aurora, uma manifestação pela liberdade da cidade. Entendemos que não se precisa de autorização para se reunir numa praça e vamos discutir justamente isso, debater este ato que apenas agrava esta época de “toque de recolher” no Carnaval de Recife.

LJ – Em nota, a Prefeitura disse que o pedido da licença foi fora do prazo e que o veículo foi notificado por estar em cima da calçada. 

RR – Sobre o prazo, isso só afirma a incoerência deles. Como avaliar um projeto que já é executado há dois meses? Reforça o autoritarismo da Prefeitura. A multa está aqui comigo, 127 reais. O agente da CTTU me abordou e perguntou se eu não sabia que era proibido estacionar carro na calçada, que era infração gravíssima. Eu falei “eu não estou vendo carro nem calçada, eu vejo um palco e um cenário”. 

LJ – A Jazznova, banda alemã de destaque mundial, iria se apresentar no Som na Rural desta sexta-feira. Como foi lidar com isso, com esse “cartão de visita” para artistas de fora?

RR – Pois é, cara, seria a primeira cidade que eles iam tocar na turnê pelo Brasil, estavam muito ansiosos para tocar, doidos para interagir com essa coisa do carnaval. Vários artistas estavam à espera da apresentação, como DJ Dolores. Foi feio, infeliz para a cidade, pela falta de conhecimento da Secretaria que cuida da parte mais visceral da cidade, a mobilidade.  

LJ – Em crítica a estes impedimentos da Prefeitura, uma turma criou o Black Bloco de Carnaval e a prévia está marcada também para a sexta-feira (14), na Rua da Aurora. Faz parte da mobilização?

RR – Vai ser discutido lá também. O Black Bloco vai sair no carnaval mesmo e a ideia é criar um bloco para sair às duas horas da manhã, por conta da questão do horário. Quero ver se vão apreender o bloco. Vai ser mais um ranking para Recife, cidade onde o primeiro bloco de carnaval foi preso só por sair às ruas. 

Conhecido no cenário musical brasileiro, Don Tronxo lança novo CD nesta quarta-feira (22). Frevo Acústico traz 12 faixas e busca enaltecer a cultura pernambucana através de personagens como Ariano Suassuna, Luiz Bandeira e Capiba. O lançamento será às 19h, na loja Passadisco, que fica no bairro do Parnamirim. A entrada é gratuita.

O novo disco possui 12 faixas e reúne trabalhos de compositores como Marcondes Sávio e Rubem Valença. Na noite do lançamento, Don Tronxo fará um show dedicado ao trabalho do compositor Carlos Fernando, que faleceu em 2013. 

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Entre as faixas do disco Frevo Acústico estão Brilhos e Fantasias, Recife Acordou FervendoFrevo ganhou o mundo. As duas primeiras são composições do próprio Don. Já a parceria com Marcondes Sávio, resultou em oito canções do CD.

 

Serviço

Lançamento do novo CD de Don Tronxo

Quarta (22) | 19h

Loja Passadisco (Shopping Sítio da Trindade, Estrada do Encanamento, 480, Loja 07 – Parnamirim)

Gratuito

(81) 3268 0888

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O deputado estadual e líder da oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Daniel Coelho (PSDB), denunciou em seu discurso, nesta segunda-feira (2), o descaso no prédio em que funciona o Museu de Arte Contemporânea (MAC), em Olinda. Mesmo sendo localizado em um equipamento tombado pelo Iphan, de acordo com Coelho, existem rachaduras e infiltrações no local, que não põe em risco só o prédio, como também as mais de quatro mil obras lá expostas. 

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“A situação do MAC é terrível. Após vários pedidos de pessoas ligadas à cultura, fomos até o museu semana passada para verificar como ele se encontrava. A situação é grave. Não há um só real do governo investido em sua conservação. A gente faz um apelo para que o governo do Estado tenha a compreensão de que a cultura merece uma ação permanente e não apenas investimentos em shows”, destacou o tucano.

Ainda segundo o oposicionista, a Fundarpe está realizando no MAC, um arrolamento de suas obras e os problemas estruturais são evidentes. O local onde está sendo feito o trabalho não tem energia elétrica e o funcionário que realiza o trabalho o faz no escuro e no calor. Não há telefones no museu. E, segundo funcionários, o repasse de verbas prometido pela Fundarpe para realização de obras estruturais não foi feito.

“O que mais revolta é a imensa verba para a cultura que o Governo do Estado dispõe, e, mesmo assim, o museu fica abandonado desta forma”, afirmou Daniel Coelho.

Em aparte, a deputada Terezinha Nunes (PSDB) lembrou da dificuldade que o governo tem em cuidar de seus prédios públicos, mas citou o caso do MAC como emblemático. “O MAC não pode ficar dessa forma, o governo não pode se dar ao luxo de correr o risco de perder um acervo tão valioso, cujo prédio corre risco até de desabar”, disparou Terezinha.

 

 

Confira o Programa Opinião Brasil 67, que fala sobre a cultura Pernambucana e recebe, no estúdio, o secretário de Cultura Renato L e o músico Naná Vasconcelos.

O programa Opinião Brasil é produzido numa parceria com o núcleo de comunicação social da Faculdade Maurício de Nassau e é apresentado por Paulo Oliveira.

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