Justificando as alterações nos quadros do 1º escalão do Governo de Pernambuco com os desafios econômicos e políticos previstos para este ano, o governador Paulo Câmara (PSB) afirmou, nesta quinta-feira (18), que está satisfeito com a sua equipe administrativa e pontuou que a escolha do estudante de engenharia, João Campos, para assumir o comando do gabinete da gestão como “acertada”.
Apesar das críticas recebidas tanto de setores da oposição como de muitos internautas nas redes sociais, o governador garantiu que o filho do seu padrinho político Eduardo Campos tem os atributos necessários para ocupar o cargo e integrar o núcleo de gestão diante de um ano “em que o clima de indefinição é muito grande”.
##RECOMENDA##
“Quem conhece João sabe que ele está preparado para iniciar a sua vida pública assumindo o cargo que assume hoje. Ele tem os atributos que considero necessários: a minha confiança, determinação, organização e sensibilidade política. Sensibilidade política tão necessária para momentos como este [de crises] para se entender os anseios e as angústias das pessoas”, destacou após a cerimônia de posse dos secretários que aconteceu no Palácio do Campo das Princesas.
Indagado pela imprensa sobre o possível uso do posto de João Campos como trampolim político para uma postulação a um cargo eletivo em 2018, Paulo Câmara não descartou a possibilidade. “João sabe muito bem que temos um trabalho a fazer, ele não é candidato em 2016 e só vamos discutir 2018 em 2018. Até lá ele tem que trabalhar muito, mostrar o serviço, crescer na vida pública. Ele está começando no momento certo”, observou ao dizer que foi a mesma idade que ele próprio entrou no Tribunal de Contas.
O governador também rebateu as acusações de que ele estaria reativando as capitanias hereditárias e disse que as pessoas estavam equivocadas quanto a João Campos. “Ele é um menino que conhece o serviço público, conhece a política, é focado, é estudioso e está com vontade de fazer com que as coisas aconteçam. Com certeza este clima vai ser modificado. As pessoas vão começar a conhecer ele mais de perto e vão ver que estão equivocados nesta interpretação”.
[@#galeria#@]
Além do ingresso de João Campos para a equipe administrativa, Paulo Câmara orquestrou algumas mudanças como a transferência de antigo chefe de gabinete, Ruy Bezerra, para a titularidade da Controladoria Geral do Estado (CGE) e do antigo controlador-geral, Rodrigo Amaro para o comando de uma Assessoria Especial para a implantação da empresa pública de recuperação de débitos e emissão de debêntures.
“Ruy está indo agora, muito mais preparado, fazer um papel que é fundamental. Procurarmos fazer mais com menos. Ele tem experiência administrativa e vai cumprir sua missão. Amaro vai cuidar de ir atrás de receita. Vai discutir e negociar as dívidas”, destrinchou.
Sob a ótica do socialista, as alterações “não mudam a filosofia de governar” dele. “É um grupo unido e que precisa estar muito focado para melhorar a receita, gastar menos e fazer mais. Temos muitos desafios, mas é preciso trabalhar muito e ter o pé no chão. Em cada ação vamos ter interesse de buscar o interesse público e nos colocar do outro lado da mesa”, disse. O governador garantiu ainda que não prevê mais nenhuma mudança no seu secretariado.
Protestos
Durante a posse, um grupo de cinco pessoas se posicionaram contrários a nomeação de João Campos para o cargo de chefe de gabinete. Liderados pela artista e ex-BBB, Bella Maia, o grupo exibia cartazes questionando a indicação do governador Paulo Câmara. Enquanto a cerimônia acontecia no Salão das Bandeiras, dentro do Palácio, eles entoaram gritos chamando o governador e perguntando: "cadê a nova política?".
Com a segurança reforçada, para prevenir justamente estas manifestações, o grupo enfrentou resistência da polícia, mas não houve confrontos. Indagada sobre o que os movia, Bella Maia disse que Câmara está reproduzindo padrões antigos.
"O que ele está fazendo é totalmente contrário, está reproduzindo padrões patriarcais que existem no Brasil desde a Proclamação da República. A bola da vez é a família Campos, mas isto existe há muito tempo", avaliou a artista.
A líder da mobilização ainda questionou a postura do PSB. "Dizem que o PSB veio para transformar a política do nosso estado, lá nas raízes do partido você vê uma linha de esquerda, como é que um governador coloca um cargo de chefe de gabinete um rapaz de 22 anos e que é filho de Eduardo Campos, as coisas se sucedem", disse.
O grupo deve retornar na próxima quarta-feira (24), a partir das 15h. A concentração será na Rua da Aurora.