Mesmo após mais de três meses, o resultado eleitoral que levou o governador Paulo Câmara (PSB) à reeileição ainda divide opiniões. De fato, os pernambucanos ficaram divididos: o pessebista teve 50, 7% dos votos válidos, derrotando o então rival Armando Monteiro Neto (PTB). Passada a acirrada disputa, uma pergunta não quer calar: como será o seu segundo mandato? As promessas de campanha serão cumpridas? Que perfil deverá ser seguido?
A depender do governador, os “avanços” continuarão. No discurso de posse realizado no último dia 1° de janeiro, em cerimônia que aconteceu na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Paulo chegou a dizer que tinha “orgulho” em afirmar que Pernambuco não parou de avançar, apesar da “crise tremenda” que o Brasil enfrentou. Ele ainda ressaltou, na ocasião, que o seu projeto político foi aprovado e manifestado democraticamente pela maioria dos pernambucanos, nas doze regiões do Estado.
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No entanto, apesar da confiança do governador, o panorama geral não é de tanta segurança. Na avaliação do cientista político Vitor Diniz, o segundo mandato será mais desafiador do que o primeiro porque os pernambucanos foram atingidos em cheio pela crise econômica e, agora, irão cobrar do governo estadual “um novo ciclo” de desenvolvimento com a volta de emprego e investimentos.
“No segundo mandato, o governador Paulo Câmara deve fortalecer sua base de sustentação para poder aprovar medidas necessárias, que muitas vezes não contam com forte apoio popular. A situação financeira dos Estados é gravíssima e os próximos anos ainda serão desafiadores. Será preciso muita gestão e disciplina fiscal para vencer os desafios”, ressaltou Diniz.
O termo “crise” foi bastante utilizado pelo governador durante o primeiro mandato ora ao justificar o não andamento de algumas obras, ora para ressaltar que sua gestão conseguiu realizar alguns feitos “apesar da crise”. Câmara chegou a culpar o então governo Temer (MDB) pelo atraso em obras que, segundo ele, dependia da verba federal como os recursos necessários para obras de barragens de contenção de enchentes na Zona da Mata Sul.
Outro fator também deve ser determinante para o desenvolvimento do Estado: a relação que deve ser construída entre o governador e o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Apesar do socialista, em primeiro momento, ressaltar que Pernambuco não iria admitir nenhuma submissão nem mesmo aos poderes mais altos da República, posteriormente o socialista depois diminuiu o tom ao tocar no assunto.
Recentemente, Câmara avisou que aguarda um encontro com o militar com o objetivo maior de mostrar os projetos necessários ao Estado como, por exemplo, terminar obras como a Adutora do Agreste e de começar outras. Segundo ele, toda a conversa será feita com “espírito público, pé no chão e serenidade”.
Para Vitor Diniz, a relação do governo estadual com o presidente Bolsonaro tem que ser pragmática. “A União ainda detém certo poder de investimento, necessário para garantir a execução e finalização de importantes obras no estado”, alertou.
O governador também deve ser peça-chave para uma decisão que não está tão distante assim: a escolha de algum correligionário para disputar a prefeitura do Recife em 2020. Um dos nomes especulados para participar do pleito é o do deputado federal eleito João Campos (PSB), que teve uma votação histórica em Pernambuco alcançado mais de 400 mil votos.
Assim como foi apadrinhado por Eduardo Campos, em 2014, quando seu nome ainda não era conhecido pelos pernambucanos, Paulo Câmara também deverá liderar a escolha do nome que deve sucedê-lo em 2023. “Como uma das principais lideranças do PSB, o governador será fundamental na escolha das duas candidaturas, no entanto sua força na escolha vai depender do sucesso do seu segundo mandato”, ressaltou o cientista.
Em meio às incertezas sobre o segundo mandato, uma coisa é certa. A postura do governador deve continuar sendo a mesma: de otimismo e de comemoração quanto aos resultados obtidos. Nessa terça (15), ele chegou a afirmar que Pernambuco estava no “caminho certo” em relação a um tema que muito preocupa os brasileiros: a violência urbana.
De acordo com dados divulgados, o Estado alcançou uma diminuição de 23,2% no número de homicídios, em relação a 2017, representando a maior redução nos registros de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) desde a criação do Programa Pacto Pela Vida, em 2007. “Muita coisa tem que ser feita, ainda há muito que melhorar, mas estamos em um caminho positivo e é nesse caminho que vamos seguir, com reduções de mês em mês”, disse em um discurso já costumeiro.
Já nesta quinta (16), o governador se reuniu com os três senadores pernambucanos, Jarbas (MDB), Humberto (PT) e Fernando Bezerra Coelho (MDB) para debater a continuidade de projetos e ações prioritárias para o desenvolvimento social e econômico do Estado. Câmara disse que, em conjunto, é possível fazer com que as ações andem de forma mais célere no âmbito do Governo Federal.