Autoridades se reuniram nesta segunda-feira (21), em um auditório da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), para debater as pautas relacionadas ao metrô do Recife (Metrorec). A audiência pública aconteceu durante a tarde, após uma manhã de vistorias em estações de metrô na cidade, assim como a visita ao espaço onde ficam alocados os metrôs inativados, conhecido como “cemitério dos metrôs”.
Participam da audiência o presidente do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE), Luiz Soares, o superintendente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Dorival Martins, além de parlamentares como o senador Humberto Costa (PT-PE) e deputado federal Túlio Gadelha (Rede-PE).
##RECOMENDA##
Orçamento antigo
Uma das demandas dos metroviários é o reajuste salarial e do piso da categoria. O último pedido feito pelo Sindmetro-PE foi um aumento de 7%, mas a proposta dada pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST). Além disso, o pedido de retirada da CBTU do Programa Nacional de Desestatização (PND). Segundo Dorival Martins, as ações que precisam ser feitas dependem de um orçamento que está além da realidade atual da administração do transporte. “A gente pegou um orçamento que não foi esse governo que fez, na verdade, então eles estão fazendo uma série de ajustes. Então tá o que tá sendo possível tá sendo realizado. E as negociações continuam” afirmou Martins.
Leia também:
Greve do metrô é a mais duradoura da categoria em PE
Metroviários denunciam abertura do metrô antes do horário
Metrô do Recife volta em horários de pico nesta sexta
Rui Costa afirma que vai incluir MetroRec no Novo PAC
Público no auditório da Unicap. Foto: Rachel Andrade/LeiaJá
Parlamentares participam dos debates
Presente na audiência, o deputado federal Túlio Gadelha explanou que as necessidades do metrô vão além de reajuste salarial dos servidores, evidenciando os investimentos urgentes que devem ser feitos em toda a estrutura do equipamento. “Além de mais investimentos para a expansão da linha, precisa-se de investimentos para aquisição de novos carros, investimento para manutenção das linhas, requalificação do quadro de servidores e funcionários que temos hoje na CBTU. São 1500, mas estudos mostram que precisa, pelo menos, de 2500 pessoas trabalhando”, afirmou ao LeiaJá.
“Como todo o sistema metroviário é custoso, nunca será superavitário. Por isso que precisa de investimentos públicos. Por isso que a discussão de privatização é uma discussão perigosa. Porque não existe empresa que tem interesse de assumir uma gestão de uma empresa que é deficitária por sua natureza. Então a gente tem que discutir parcerias públicos-privadas, mas de maneira que o Estado ou o Governo Federal façam a gestão desse equipamento”, complementou.
O parlamentar listou alguns dos pontos que precisam ser levados em consideração no cálculo dos investimentos financeiros que devem ser demandados, seja por meio de uma parceria público-privada ou algum adiantamento, como do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Há possibilidade de investimentos do BNDES já foi comprovada que se precisa de 245 milhões pra recuperação da via permanente que é a via, são as vias férreas, né? O sistema de eletrificação também precisa de 304 milhões pra recuperação do material rodante que são os carros que se precisam ser reformados, precisam de reparos e fazer os que estão andar também e de 260 milhões de reais pra recuperação e requalificação das edificações. Então a gente tem esses estudos feitos juntos aos metroviários, tem acompanhado essa pauta, só que agora a gente precisa de apoio do Governo Federal para fazer esses investimentos substanciais”, declarou.
Única solução é ‘retomada dos investimentos’
De acordo com a vereadora do Recife Liana Cirne (PT), a imagem de sucateamento do metrô acaba sendo usada como justificativa para uma possível privatização. “Vou usar como como exemplo Santa Cruz, o meu time, que às vezes a gente tem a impressão de que houve um plano de precarização do clube para se vender a proposta da sua privatização, da sua venda, como algo que é a única solução. Então a gente cria um problema para apresentar uma falsa solução. O metrô só tem uma solução de fato que é a retomada dos investimentos”, declarou a vereadora.
“A privatização de serviços públicos sempre implica o aumento da tarifa pro usuário e a piora da qualidade dos serviços. Só que quando você precariza tanto o serviço a ponto de todo mundo começar a criticar, você propõe uma falsa solução, essa solução seria a privatização, e as pessoas podem comprar uma ideia equivocada de que essa solução resolveria o problema”, disse Cirne.