O policial acusado de matar um jovem artista de rua em Panguipulli, no sul do Chile, um caso que gerou protestos violentos na cidade, permanecerá detido provisoriamente conforme determinou neste sábado (6) um tribunal do país.
O agente, que não teve sua identidade divulgada, foi preso ontem (5) após ter atirado diversas vezes, em plena luz do dia, contra o artista de rua Francisco Martínez em Panguipulli, que fica a cerca de 800 quilômetros da capital Santiago. O caso provocou indignação no país e derivou em protestos violentos na cidade, nos quais centenas de moradores atearam fogo na prefeitura e em outros prédios públicos.
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Durante um audiência de custódia realizada neste sábado (6) e transmitida pela Internet, o tribunal decidiu conceder mais dois dias de detenção para o policial para que a promotoria possa reunir provas e apresentar formalmente a denúncia na próxima segunda-feira (8).
O incidente ocorreu na sexta-feira (5), no centro da pequena cidade de 32.000 habitantes, quando dois policiais realizavam um controle de identidade, que obriga todos a mostrarem seus documentos por lei. Durante a verificação, o jovem malabarista, que portava alguns facões que utilizava em suas performances para arrecadar dinheiro nos sinais de trânsito, se recusou a cooperar com os policiais.
Em seguida, houve uma discussão entre Martínez e os agentes, que o ameaçaram com suas armas e fizeram disparos contra o solo. De acordo com imagens divulgadas nas redes sociais, o jovem avança contra um dos agentes, que acaba disparando à queima-roupa contra ele. Segundo as informações divulgadas pela Polícia de Investigações do Chile, o malabarista foi atingido por pelo menos cinco disparos.
O tenente-coronel dos Carabineiros, a polícia militarizada do Chile, Boris Alegria Michellod, disse, citado pela agência de notícias Associated Press, que o jovem insistiu em avançar contra os policiais, que, "em defesa de sua própria integridade e de suas próprias vidas, decidiram e tiveram que fazer uso das armas de fogo, em um contexto de legítima defesa''.
Por sua vez, o prefeito da cidade Rodrigo Valdivia, disse, citado pela agência AFP, que o jovem malabarista era "uma pessoa pacífica", que estava em situação de rua, e lamentou a atuação dos policiais no incidente e nos protestos que se seguiram.
A polícia chilena foi alvo de críticas devido à conduta violenta de seus agentes e por cometer violações dos direitos humanos durante as manifestações ocorridas no país em 2019. Após os distúrbios, uma comissão especial foi formada para elaborar um projeto de reforma que atualmente se encontra em tramitação no Congresso do país.