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Diariamente, mais de 12 mil pessoas circulam pelo Terminal Integrado de Passageiros Antônio Farias, o TIP. Localizada na Zona Oeste da capital pernambucana, a rodoviária do Recife é a segunda maior do Brasil e conta com mais de 300 linhas de ônibus operando todos os dias em rotas diferenciadas, dentro e fora do Estado, e para alguns bairros da própria cidade - além de ser integrada ao sistema de metrô local.

Essa grandiosa porta de entrada e saída do Recife, no entanto, estava em desalinho com a personalidade da cidade. O prédio, construído em 1986, de linhas retas e cores cinzas, em nada remetia ao colorido e ao calor da cultura pernambucana. ‘Problema’ que foi resolvido em uma ação que vem ocorrendo dentro do projeto Colorindo o Recife.

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Painel da artista Ceci S. Foto: Reprodução/Instagram

Com curadoria do grafiteiro e um dos diretores do coletivo Pão e Tinta, Shell Osmo, o TIP foi o local escolhido para a atual etapa do projeto. A missão era levar as cores do São João pernambucano para a rodoviária, no entanto, a proposta acabou se enveredando por um outro caminho nas mãos dos artistas escolhidos e o que havia sido pensado para ser um 'pequeno mural' acabou tornando-se em uma revitalização do local. “O TIP não seria um painel compacto”, afirmou Shell em entrevista ao LeiaJá. 

Foram escalados para o trabalho os artistas Guto Barros, Ceci S., Ale Lopes, Tab e Leo Gospel. O desafio da equipe, segundo Osmo, era levar ao local as cores e história do povo recifense e pernambucano, o que resultou em murais multicoloridos e cheios de elementos tradicionais como o forró, o frevo e o maracatu. “(Agora), em qualquer lugar que você desembarca ou embarca, tem arte”, diz Shell. 

Parte do processo de transformação do TIP vem sendo mostrado pelo Instagram do Coletivo Pão e Tinta. Por lá, os artistas têm falado sobre o trabalho e a emoção de colocar sua arte em um lugar tão movimentado e importante para a cidade. A grafiteira Ceci disse: “Tá sendo emocionante. Tô me desafiando, nunca fiz nada do que tô fazendo agora é a primeira vez. Tá massa”. Já Guto Barros, que ficou responsável por transformar a fachada da rodoviária, falou: “É uma responsabilidade gigantesca dar uma cara nova pro TIP. Lidar com a fachada é lidar diretamente com a identidade do edifício”.  

Reprodução/Instagram

Arte na rua

Além dos painéis, que transformaram o TIP em uma verdadeira galeria de arte, os passageiros que passarem pelo lugar também poderão conferir a Mostra Urbana Popular de Arte, até esta quarta (23). Uma das paredes da rodoviária foi escolhida para exibir telas de diferentes artistas e a ideia é repetir a ação com o intuito de democratizar cada vez mais o acesso à arte. “As obras vão pra outros lugares, mas os pregos vão ficar lá e o espaço ali agora vai ser um espaço para receber arte”, garante Shell. 

Para a primeira edição da Mostra, foram selecionados 20 artistas, de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Os trabalhos expostos poderão ser adquiridos no Leilão Pão e Tinta, que acontece no dia 11 de julho de forma virtual. A iniciativa busca ajudar artistas e ateliês, que foram prejudicados pro conta da pandemia do novo coronavírus, além de oportunizar o acesso à obras artísticas com preços acessíveis. Os lances iniciais são de R$ 10 .  

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Colorindo o Recife

O projeto desenvolvido pela Prefeitura da Cidade do Recife, em parceria com grafiteiros locais, foi alvo de críticas por parte dos artistas no início deste ano. Segundo alguns grafiteiros, o trabalho vinha sendo desenvolvido sem o devido suporte, com falta de equipamentos para as pinturas em altura, falta de insumos básicos como alimentação e água e desacordos contratuais. 

Denúncias foram feitas através das redes sociais e da imprensa e, segundo Shell, após algumas reuniões com a gestão e alterações no projeto, a ação ficou mais de acordo com o que esperavam os artistas envolvidos. “Mudou o formato geral, tem muita coisa que a gente ainda tá batendo, mas talvez (consigamos) na próxima etapa, até agosto, a gente prevê. Realmente, (agora) o projeto está muito mais com nossa cara enquanto cena”.  


 

 

O artista francês-tunisino El Seed criou um imenso mural no Manshiyat, bairro da periferia do Cairo, no Egito. Batizado de "Percepção", a obra que está dividida em 50 edifícios é, segundo o autor, um convite para que as pessoas pudessem ver além da aparência física da área.

O mural levou três semanas para ser concluído e contou com a ajuda de mais de vinte pessoas. Mas para executá-lo, El Seed precisou burlar as leis. É que esse tipo de expressão artística foi considerada ilegal já que, segundo o governo local, o artista ilustrou os prédios de tijolos sem antes entrar em contato com as autoridades egípcias.

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Com o auxílio de algumas plataformas, andaimes e muitas latas de spray, El Seed contou ao site Hypeness que a equipe chegava de manhã e ia embora por volta das 20h. Apenas um padre local sabia o que estava acontecendo, já que o artista também quis proteger a comunidade e as pessoas envolvidas na ousada iniciativa.

Imagem noturna do mural no bairro de Manshiyat | Foto: Reprodução / Instagram: @elseed

Agora, totalmente concluída, a arte permanecerá viva pelo tempo que o governo permitir, trazendo a essência da arte de rua: a efemeridade.

por Junior Coneglian

O trabalho de uma das duplas mais conceituadas da arte urbana no mundo estará em cartaz a partir do dia 28, em São Paulo. Com mais de 60 obras, sendo 50 delas inéditas ou nunca exibidas no Brasil, os artistas paulistanos Otávio Pandolfo e Gustavo Pandolfo apresentam a exposição "Osgemeos: Segredos", na Pinacoteca do Estado. A primeira mostra panorâmica dos irmãos grafiteiros nascidos no bairro do Cambuci, no Centro, relaciona a beleza artística e a urbanidade e ficará em cartaz até 3 de agosto.

Com participações em mostras de instituições conceituadas, como o Hamburger Bahnhof de Berlim, na Alemanha, e o Museum of Contemporary Art (Moca), nos Estados Unidos, Osgemeos ocuparão ambientes no interior e no exterior da Pinacoteca. Com curadoria de Jochen Volz, a exposição apresenta pinturas, instalações imersivas e sonoras, esculturas, intervenções de arte ambiente, desenhos e cadernos de anotações. Tanto as ilustrações como os rascunhos nos papeis ainda são da fase adolescente dos grafiteiros e serão apresentados pela primeira vez ao público.

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Inspirados pela cultura hip hop que se instalou no Brasil em meados dos anos 1980, Osgemeos expressam fantasias, relações afetivas, questionamentos, sonhos, além de relatar experiências de vida da própria dupla nas obras. Familiarizados com o espaço urbano desde a infância, é neste ambiente que os irmãos Pandolfo permitem que o grande público acesse as criações artísticas emblemáticas já expostas em paredes de mais de 60 países, como Suécia, Portugal, Austrália e Cuba.

Além de serem vendidos na bilheteria da Pinacoteca, os ingressos da exposição também serão disponibilizados pela internet em breve.

Serviço

"Osgemeos: Segredos"

Quando: de 28 de março a 3 de agosto, de quarta a segunda, das 10h às 18h

Onde: Pinacoteca do Estado de São Paulo - Praça da Luz, nº 2, Centro, São Paulo - SP

Ingressos: R$ 15,00 (entrada); R$ 7,50 (meia-entrada para estudantes com documento comprobatório/carteirinha); Crianças de até 10 anos e maiores de 60 são isentos de pagamento. Aos sábados, a entrada é gratuita para todos

Informações: (11) 3335-5367

Quem transita pelas ruas do Recife, vez ou outra, se depara com muros coloridos repletos de desenhos. Mal imaginam que muitas dessas imagens falam sobre igualdade de gênero, empoderamento, feminismo e representatividade. Até recentemente dominado pelos homens, o grafite vem sendo tomado pelas mulheres, que através de suas obras exigem lugar de fala e buscam quebrar as barreiras impostas pela sociedade.

Uma dessas mulheres é Gabi Bruce, que está na cena há aproximadamente 18 anos e é uma das primeiras mulheres a ingressar no mundo do grafite no Recife. Quando começou, o mercado na capital pernambucana ainda era escasso e os poucos artistas que existiam eram, em sua maioria, homens.

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“Éramos cinco mulheres e participávamos ativamente da rede de resistência solidária e dos mutirões de grafite. Além do grafite, tínhamos uma zine, que era o ‘Rosas Urbanas Zine’, em que a gente começou a reunir o trabalho não só da gente, de ilustração e poesia visual, mas de outras mulheres que produziam poesia periférica na cidade”, conta Gabi. O grupo de mulheres pioneiras do grafite do Recife também fundaram o ‘Rosas Urbanas Crew’, o primeiro coletivo feminino de Hip Hop do Recife, que reunia mulheres e meninas que grafitavam e dançavam break.

Crédito: Divulgação e Arthur Souza/LeiaJáImagens

Alguns anos depois, em 2009, também com intuito de unir mulheres, foi criado o coletivo ‘Cores Femininas’ pela artista Jouse Barata. “Eu me sentia muito só, quando eu ia pra rua não tinha muitas mulheres pintando comigo. Eu pintava sempre com os ‘caras’ e por essa coisa de estar só, eu decidi fazer um trabalho voltado mais para as mulheres”, explica Jouse. O projeto é uma extensão do ‘Cores do Amanhã’, Organização Não Governamental (ONG) idealizada por Jouse e mais três artistas, desenvolvida no bairro do Totó, próximo ao complexo prisional Aníbal Bruno, na Zona Oeste do Recife. A iniciativa oferece oficinas gratuitas como aulas de capoeira, artesanato e grafitagem, para crianças e adolescentes.

A estudante de Artes Visuais pela Universidade Federal de Pernambuco, Nathália Ferreira é fruto do ‘Cores Femininas’. A moradora de Vila Rica, em Jaboatão dos Guararapes, conheceu o projeto em 2014 e descobriu sua vocação para o grafite. “Ia ter o ‘Colorindo Recife’, um festival promovido pela Prefeitura do Recife, em que os grafiteiros são chamados para pintar vários espaços públicos da cidade e quem tava organizando era o ‘Cores do Amanhã’, no túnel do Pina. Quando eu cheguei lá tava todo mundo pintando, todos os artistas da cena, os novos, os antigos e eu fiquei maravilhada”, relembra Nathália. Atualmente, a estudante ministra, todos os sábados, aulas de graffiti na ONG.

Para expor sua marca e a luta contra o racismo, Nathália optou por trazer representatividade para suas obras e retratar só mulheres negras. Elas também não possuem olhos em reverência a entidades ligadas às tradições religiosas de matriz africana e indígena. Já Gabi, que está em residência artística em São Paulo há algum tempo, além de retratar mulheres negras, trata da mitologia dos iorubás, religião afro-indígena brasileira. Jouse, por sua vez, fez da pressão estética em cima da mulher sua assinatura: uma boneca de olhos azuis e cabelos vermelhos acompanhada de mensagens de valorização da mulher.

Como reconhecimento do seu trabalho, Jouse foi homenageada, em maio de 2019, na publicação ‘Mulheres que mudaram a história de Pernambuco’, da premiação ‘Olegária Mariano’. Este ano, Gabi também foi eleita ‘Melhor Grafiteira’ pelo Prêmio Sabotage, único do país que reconhece as pessoas que contribuem para o movimento Hip Hop de forma política e social.

Apesar da crescente inclusão de figuras femininas no grafite, Gabi conta que a cena ainda é fechada para as mulheres, que o território da arte urbana vem sendo conquistado ‘com unhas e dentes’ e que o mercado é racista, machista e xenofóbico. Para ela, a situação se agrava quando se é mulher e negra. “A gente vai produzindo aos trancos e barrancos. Na resistência, na inspiração e na transpiração, para se inserir nesses espaços, mas não de bom agrado. As portas não são abertas, a gente tem que arrombar”, lamenta.

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A Sony Pictures convidou alguns dos maiores grafiteiros do Brasil para participar da ação de divulgação do filme Homem Aranha: no Aranhaverso. Eles vão pintar murais em pontos estratégicos de algumas cidades do país.

A ação acontece em muros de São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife e Manaus. Entre os grafiteiros escolhidos estão Maria Raquel Bolinho, Pedro Sageon Gurulino, Renato Moll, Alesandro Hipz, Adonay Garcia, Lucas Anão Vernieri, Leandro Raios e Adelson Boris.

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O filme apresenta a história do adolescente Miles e as infinitas possibilidades do Aranhaverso, onde qualquer um pode usar a máscara. O longa estreia no dia 10 de janeiro de 2019.

 

 

 

 

 

 

É comum encontrar carros que estão muitos sujos, pela rua, com rabiscos feitos, geralmente pedindo por uma lavagem. Porém, na Rússia, estes carros recebem verdadeiras obras de arte desenhadas pelo artista Nikita Golubev. Ele compartilha, pelas redes sociais, os trabalhos que faz em veículos que precisam de uma limpeza.  

Nikita é formado em Medicina, mas desenvolveu uma técnica de desenhar em superfícies empoeiradas que demanda o uso apenas de um pincel e de seus próprios desenhos. Assinando as obras como ProBoyNick, o artista às vezes pede autorização para desenhar nos veículos e, outras vezes, deixa surpresas para seus proprietários. Nikita batizou seu trabalho como "arte suja".

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Quem passa pelo cruzamento da Avenida Dantas Barreto com a Avenida Guararapes, na área central do Recife, na altura do Edifício Pernambuco, certamente já se deparou com um senhor sentado na beirada da pista desenhando no asfalto com gesso. Conhecido entre os comerciantes da região como 'Carlinhos Bala', em referência ao jogador de futebol, Manuel vive em situação de rua e sua arte é um cano de escape para resistir diariamente aos desafios de viver no centro urbano.

Sobre o apelido, Manuel conta que é por causa do cabelo cacheado semelhante ao de Bala, mas dispensa a comparação. “Se eu fosse o Carlinhos Bala, eu não tava aqui. Tava andando de avião, comendo coisas boas e jogando muita bola”, diz.  Em sua rotina, Manuel se divide entre a Avenida Dantas Barreto, onde passa a maior parte do dia desenhando, a antiga Ponte Giratória e o Cais de Santa Rita, no Bairro do Recife. No Cais, ele diz que faz as principais refeições quando tem um “trocado”.  

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Dos 70 anos vividos de Manuel, pelo menos 40 foram na rua. Na conta do morador de rua, há 20 anos ele desenha nas pistas do centro da capital pernambucana. O artista nasceu em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, e morou durante anos com sua mãe e seus familiares. Decidiu sair de casa porque era muito cheia. Manuel não especifica os detalhes que o levaram às ruas do centro, mas diz ser feliz com a profissão de artista de rua, apesar da pouca valorização das pessoas que circulam. “As pessoas não me ajudam, quase não ganho dinheiro”, lamenta.

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Como todo bom artista, Manuel tem seus métodos próprios e sua arte é espontânea. Não há uma hora exata para o início do expediente, mas por volta das 9h, ele já recolhe o material de trabalho, que fica guardado em cima de uma das paradas de ônibus e senta na calçada. Os traços são firmes, desenhos na maioria das vezes geométricos. Para que o contato do gesso com o asfalto não produza poeira e machuque os seus olhos, Manuel coloca o material dentro de um pote de margarina com água. “O gesso fica molhado e não sobe poeira para o meu rosto”, diz.

Os pertences de Manuel andam com ele o tempo todo. Tudo cabe dentro de um carrinho de feiras, daqueles de supermercado. Nele, caixas, lençóis de dormir, latas vazias para servir de prato e cigarros. Desenhando em frente a um estabelecimento de self-service, o cheiro da comida fresca o relembra a todo instante que ainda não comeu. “Hoje não consegui um dinheirinho pra me alimentar”, conta.

Apesar dos desafios, ele não desiste.Na esquina, onde pinta os chãos, a poucos metros da sua arte, passam ônibus e carros. Ele diz que não se preocupa e fica a uma distância segura para não ser atingido pelos veículos. Nem a chuva impede Manuel de seguir desenhando.

“Esse é o melhor desenhista que já conheci”, diz um sapateiro das proximidades do local. Um outro comerciante, dono de uma barraca em frente ao ponto de Manuel, conta ser um dos maiores fãs do artista. “Ele é conhecido por todo mundo que mora por aqui. Sua arte deveria ir para a televisão. Ele vai ficar mais famoso um dia”, torce o vendedor.

Entre um risco e outro, o branco do gesso contrasta com o asfalto. Aos poucos, a cada traço, a arte urbana de Manuel contribui para uma cidade mais bonita e menos cinza. No desenho, ele expressa suas idealidades e sentimentos. Famoso e querido pelos que transitam pela via, Manuel é reconhecido pela sua arte e faz da rua seu palco.

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A Cow Parade, um dos mais famosos eventos de exposição de arte de rua, aportou pela primeira vez no Nordeste brasileiro, e o destino escolhido para a sua 11ª edição no Brasil foi o Recife. Nascida na suíça, a exposição consiste na exposição de vacas estilizadas por artistas locais e que ficam espalhadas pelas cidades por onde passam. “O Marco Zero é o símbolo do Recife, e receber isso aqui, pela primeira vez no Nordeste, é muito importante. O evento tem repercussão internacional e colocará Recife nessa vitrine artística”, comentou Ana Paula Vilaça, secretária de Cultura, Turismo, Esportes e Lazer.

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Raoni Assis foi o eleito para realizar a tradicional pintura ao vivo da primeira vaca. O artista visual é um dos 55 artistas locais a pintar as vacas que serão espalhadas pela cidade a partir de outubro. Segundo o grafiteiro, a ideia para o desenho no animal esculpido tem inspiração em um texto lido recentemente por ele, ‘O Sertão’, de Ascenso Ferreira. “Hoje a gente começa o trabalho aqui a céu aberto, mas na verdade ainda vou passar um mês concluindo o projeto junto com outras pessoas em um galpão”, explica. Para a sua vaca, ele escolheu cores neons e um visual de caveira, que ainda será terminado ao longo do mês.

“Recife é, primeiramente, uma terra fantástica, Pernambuco é muito rico em artistas talentosos. Acho que vamos ter uma edição extremamente criativa. Vamos fazer as vaquinhas dançar o frevo, o maracatu”, disse Catherine Duvignau, representante da Cow Parade no Brasil. Ela destacou que a partir de hoje estão abertas as inscrições para os demais 54 artistas que tenham interesse em decorar as vacas. Para participar é necessário acessar o site da exposição, preencher a ficha de inscrição e enviar o desenho do projeto pensado para a pintura. A escolha será divulgada no dia 13 de setembro.

A primeira etapa do Museu de Arte de Rua (MAR), dedicado a valorizar e divulgar a arte urbana, começa a partir deste domingo (28). O primeiro mural a ser pintado fica na rua Moacyr Vaz de Andrade, no Tucuruvi, zona norte da cidade.

O projeto MAR apoiará intervenções de grafite em paredes e muros de áreas públicas, com o objetivo de colorir todas as regiões da cidade. Nesta primeira etapa, as propostas foram selecionadas pela Secretaria Municipal de Cultura com a ajuda de especialistas e artistas atuantes em diversas vertentes da arte urbana a partir de um edital elaborado. 

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A seleção foi realizada por meio de uma comissão composta por cinco membros: a artista e grafiteira desde 2002, Ana Carolina Meszaros do Amaral Rêgo, o pintor e escultor Ciro Ernesto Shunemann, artista Donizete de Souza Lima, artista e arte-educador também conhecido como Bonga, o professor Roberto Carlos Madalena e o mestre em Estudos Culturais pela Universidade de São Paulo, Antonio Eleilson Leite.

O grupo avaliou os 23 projetos inscritos, selecionando oito deles, sendo quatro em cada módulo previsto no edital. O Módulo 1, que contempla projetos de grupo de artistas ou coletivos artísticos com no mínimo seis integrantes, receberá o incentivo de R$ 40 mil. Para ele foram selecionados os seguintes projetos:

Linear Vertical Street Art

Proponente: Linear Vertical Street Art

Local: Pilastras do Viaduto Aricanduva

Arte Oficial, na Barra Funda 

Local: Muro público na Avenida Auro Soares de Moura Andrade, pertencente à CPTM e Estação de Metrô Palmeiras Barra Funda.

Outras quatro propostas foram selecionadas para o Módulo 2 do edital, que contempla projetos de grupo de artistas ou coletivos artísticos com no mínimo três integrantes. Cada proposta receberá o incentivo de R$ 10 mil. São elas:

“Educação” Via Lata, de Vila Mesquita

Proponente: Vandré Luis de Oliveira

Local: EMEF Edgard Cavalheiro, situada na Rua Porto da Gloria, 342 – Vila Mesquita

Grafiti é Inclusão, de Ermelino Matarazzo

Proponente: Guilherme Barcelos de Lima – Coletivo OZ

Local: Centro de Educação Infantil Jardim Verônica – Rua Rita de Souza, 30

Mural Daki, de Cidade Ademar

Proponente: Maycon Dany de Arauto

Local: Praça Christina Boemer Roschel – em frente ao AMA Jd. Icarai, Cidade Ademar

União das Favelas, Jaguaré

Proponente: Ivo Ferreira – Coletivo Favela

Local: CEU Jaguaré – Professor Henrique Gamba | Avenida Kenkiti Simonoto, 80 - Jaguaré

O Recife é palco, neste sábado (26), de um encontro que reúne grafiteiros brasileiros e internacionais, que através de sua arte colorem muros da Rua da Fundição, próximo ao Parque 13 de Maio, área central da capital pernambucana. O “Recifusion – Festival Internacional de Graffiti” chega a sua oitava edição comemorando, mais uma vez, o 27 de março, data que homenageia esse tipo de arte.

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“Do Caos a Lata” é o tema da edição deste ano, em uma referência ao álbum “Da Lama ao Caos”, de Chico Science. Segundo o produtor do Festival, Johny Cavalcanti, o líder do movimento mangue beat é uma inspiração para os artistas de rua. “Chico Science é uma referência muito forte, não só na música, mas visualmente também. Ele era um cara muito icônico, que influenciou de alguma forma os artistas urbanos”, destacou o produtor.

Pelos menos cinco países participam do evento, como Chile e Argentina. Entre as bandeiras levantadas pelos participantes, estão a liberdade artística, a presença de pessoas de várias comunidades e a participação feminina na arte. De acordo com Johny, o fato de participantes de várias partes do Recife e do mundo estarem no evento, ajuda a fortalecer o movimento. “O mais importante é fazer as pessoas se reencontrarem. A cena se fortalece muito. O movimento do graffiti é muito forte”, complementou o produtor.   

De nome artístico Smile, o grafiteiro Carlos Júnior conheceu o graffiti no início dos anos 2000, após ler revistas e apreciar obras feitas pela cidade de Goiania, onde ele reside. Através de um amigo do Recife, Smile foi convidado para participar do evento e mostrar suas técnicas de desenho. “O que me atrai no graffiti são as letras e as cores, principalmente. A questão da junção das cores, do brilho... O beco e a rua também me atraem no graffiti”, contou o grafiteiro.

Natural de Belo Horizonte, Nica (nome artístico) é uma das mulheres grafiteiras que participam do Festival. Como o evento estimula a participação feminina no meio artístico, ela acredita que a presença da mulher deve acontecer também em outras manifestações. “A participação da mulher é importante em qualquer meio que seja de manifestação artística e cultural. Não é muito fácil esta chegada e conquistar o espaço que a gente tem de direito, mas acho que se a mulher se impor, ela consegue ter seus aliados e ficar no lugar onde quiser. Eu sou muito a favor da igualdade entre o homem e a mulher”, afirmou a artista.

O argentino Emepece é um dos convidados estrangeiros. Para ele, o fortalecimento do graffiti é fator essencial para o respeito à arte de rua. “É fundamental. É uma arte legítima, genuína. Ela ocupa o espaço público, a rua... Sempre tem uma mensagem política ou uma revelação”, disse. Já o recifense Gustavo de Albuquerque, conhecido como Guga Baygon, antes de ingressar no graffiti, se arriscou no mundo da pichação. Quando pichava, Guga sempre colocava desenhos nas paredes, mas não sabia nada sobre grafitagem. Após participar de uma oficina, começou a conhecer, a partir de 1995, as técnicas e os valores do graffitti e desta forma não deixou de representar a arte.

“A grafitagem tira todo o caos que a galera coloca na cidade. O caos que o poder público não cuida e a cidade começa a ficar abandonada. A galera do graffiti começa a desenhar e diminui esse caos”, declarou o artista recifense, em tom de crítica a falta de cuidados do poder público em relação às construções públicas espalhadas pela cidade.

Além dos desenhos feitos pelos grafiteiros, outras atividades estão programadas, até o final da tarde deste sábado, na Rua da Fundição. Artistas musicais, principalmente do estilo rap, prometem agitar o público. É tudo gratuito e aberto aos interessados.   

Com informações de Jorge Cosme

 

Começa na próxima segunda (23), o 7º Recifusion. O projeto que tem o objetivo de divulgar a importância artística e social do grafifiti foca, nesta edição, na visibilidade e protagonismo feminino dentro da arte urbana.

Será realizada uma série de ações como workshops, roda de diálogo e a produção do painel artístico principal, alimentando a interlocução e apresentação das mulheres artistas no grafitti. Os selecionados para participar dos workshops foram divulgados, nesta quarta (18), no site do evento.

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Serão quatro oficinas diferentes, todas ministradas por mulheres. São elas, Laboratório de Aquarela, com Simone Mendes (PE), Iniciação Gráfica, com Gi Vatroi (PE), Mapeamentos Afetivos, com Dani Guerra (PE) e Juliane Xavier (PE) e Como promover sua arte nas Mídias Sociais, com Myrian Isis (PE). Os encontros vão até a próxima sexta (27).

Encerrando a programação do 7º Recifusion, as graffiteiras Priscila Lima (Witch - PB), Andreza Cintra (Deza - AL), Lídia Soares (Viber - MG), integrantes do Cores Femininas (PE) e Lara Buitron (PE), militante do movimento feminista, participam de uma roda de diálogo aberta à participação do público em geral. Será no Caramiolas Lab, às 14h.

Serviço

7º Recifusion

De segunda (23) a sexta (27) | 9h às 12h

Caramiolas Lab (Avenida Dantas Barreto, 324 - Edf. Pernambuco)

Gratuito

 

Roda de Diálogo Conquistando Espaços - A participação e produção 

 

feminina na arte urbana

Sexta (27) | 14h

Caramiolas Lab (Avenida Dantas Barreto, 324 - Edf. Pernambuco)

Gratuito

Nesta quinta-feira (19) A Casa do Cachorro Preto, em Olinda, fará uma sessão às 19h com o documentário Exit Through the Gift Shop, dirigido pelo artista de rua Banksy e que narra a história de Thierry Guetta. Mostrando a vida de quem pratica o grafitti na noite e as consequências desse ato, o filme trata de como estes elementos são absolvidos pela indústria cultural. A entrada é gratuita.

O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2011 e conta a história de Thierry Guetta, um videomaker francês que vive em Los Angeles. Aficionado pela street art, Guetta é obcecado por registrar com uma câmera cada momento de sua vida. Depois de acompanhar Banksy e outros artistas, Guetta decide ser um artista de rua também. Com o codinome Mr Brainwash, da noite para o dia ele se torna ídolo da indústria cultural.

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Banksy foi um veterano artista de rua com obras politizadas e sarcásticas, que estão espalhadas por diversas partes do mundo.  Não se sabe ao certo qual a verdadeira identidade dele, nem se ele seria de fato uma única pessoa, ou um grupo agindo sob um pseudônimo. O trabalho de Bansky nasceu da cena alternativa de Bristol, e envolveu colaborações com outros artistas e músicos. Sua obra tem um forte conteúdo social e de aversão aos conceitos de autoridade e poder. 

Serviço

Exit Through the Gift Shop - o filme de Banksy 

Quinta (19) | 20h

A Casa do Cachorro Preto (Rua 13 de maio, 99 - Cidade Alta)

(81) 3493 2443

Pela primeira vez no Brasil, as manifestações artísticas desenvolvidas no espaço público, que têm no grafite sua expressão mais conhecida, são tema de uma mostra de cinema. A partir desta terça (23), a Caixa Cultural no Rio apresenta Caradura – Mostra Internacional de Filmes de Arte Urbana, com uma seleção de curtas, médias e longas-metragens que retratam esse movimento artístico, presente hoje em todas as grandes cidades do mundo.

São cerca de 30 documentários, filmes experimentais e de ficção, que serão exibidos até o dia 4 de novembro, quando a primeira edição do Caradura terminará com um debate sobre a arte urbana no Brasil. Na programação, estão trabalhos de cineastas renomados, como os franceses Chris Marker e Agnés Varda, e o documentário Style Wars, premiado no Festival de Sundance, nos Estados Unidos, em 1984.

Para o curador da mostra, o chileno Pablo Aravena, a iniciativa é muito importante para fomentar a produção audiovisual sobre a arte urbana brasileira, “tão reconhecida e admirada fora do país”. Apenas dois longas - Pixo e Luz, Câmera e Pichação - e quatro curtas a serem exibidos na mostra são produções brasileiras. “A realização de filmes sobre esse tema ainda é algo muito novo no país”, afirma Aravena, produtor e curador de arte de rua que vive em Montreal, no Canadá.

As sessões da Mostra Internacional de Filmes de Arte Urbana serão de terça-feira a domingo, às 14h, 16h e 18h, com ingressos a R$ 2 e R$ 1, a meia-entrada. A Caixa Cultural fica na Avenida Almirante Barroso, 25, no centro do Rio. A programação completa do evento está disponível no site www.caixacultural.com.br.

O grafiteiro pernambucano Derlon Almeida, que criou um novo estilo de pintura de rua ao usar a linguagem da xilogravura nos muros da cidade, irá, no mês que vem, à Holanda para pintar uma das faces de um edifício de dez andares. Ele é um dos sete artistas participantes do festival "RUA: Reflexo on Urban Art", que leva brasileiros para pintar prédios no bairro de Amsterdam.

Derlon passará um mês na capital holandesa e irá pintar um prédio residencial. Ele adianta o tema do gigantesco painel: "Como o bairro em que vou pintar é muito miscigenado, tive a ideia de nascimento e vou pintar uma mulher segurando um bebê. No vestido dela terá vários desenhos", afirma. Ele aproveita o período em que ficará no país e participa ainda de uma exposição de arte - cujos paineis serão inéditos e feitos por lá - e também ministrará workshops para crianças locais.

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O artista calcula que duas semanas seja o tempo necessário para terminar o trabalho. É a primeira vez que Derlon pinta na Holanda, mas não na Europa. O pernambucano já levou sua arte para várias cidades da França. É a primeira vez também que realiza uma pintura tão grande, transformando um prédio em uma obra de arte. "Eu já tinha esse objetivo no Recife, mas infelizmente não há oportunidade. Conseguimos fazer lá fora, mas não conseguimos realizar aqui. E isso é um benefício para a cidade, urbanisticamente e culturalmente a cidade fica mais atrativa, vira até um ponto turístico e enriquece o ambiente urbano", reflete Derlon, que segue para a Holanda no próximo dia 12.

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