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O doleiro Alberto Youssef afirmou em delação premiada perante a força tarefa da Operação Lava Jato que a pedido do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa "entregou alguns numerários" para o ex-deputado Cândido Vaccarezza (PT)."Tive relação com ele (Vaccarezza), sim. A pedido do Paulo Roberto Costa eu entreguei alguns numerários ao Cândido Vaccarezza. Foram 3 ou 4 vezes", afirmou Youssef, em depoimento gravado pela Procuradoria da República."

Segundo o doleiro, o ex-diretor da estatal lhe pediu que entrasse em contato com Vaccarezza porque estava dando uma ajuda para o petista. "Paulo Roberto pediu que eu tirasse dos valores que eu estava recebendo e entregasse ao deputado. Deveria retirar esses valores dos valores que eu retirava para o Partido Progressista."

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"Eu até o questionei. Mas ele falou: não tem como, tem que ajudar, tem que retirar dos valores que você recebe."

Em outra fase do longo relato, Alberto Youssef disse: "Na verdade, o Paulo Roberto até tinha me pedido que eu entregasse um pouco mais e eu reduzi um pouco o valor. Se eu não me engano, ele tinha pedido para entregar R$ 300 mil, R$ 400 mil, alguma coisa assim. Eu interferi, dizendo que não tinha caixa para tanto e reduzi os valores."

"Estive na casa dele (Vaccarezza) em São Paulo, se não me engano, no bairro da Mooca, para entregar valores que o Paulo Roberto Costa pediu que eu entregasse", afirmou o doleiro. "Foram 3 ou 4 vezes de R$ 150 mil."

Ele disse que "não se recorda a época da entrega". "Isso foi enquanto o Paulo Roberto estava na diretoria de Abastecimento. Isso deve ter acontecido entre 2010 e 2012, até quando ele saiu. Depois da morte do José Janene (ex-deputado, que morreu em 2010)."

O doleiro esclareceu como era o fatiamento da propina, incluindo um ex-assessor de Janene, João Cláudio Genu. "Eu recebia 100% e depois fazia o fatiamento: 30% pro PRC, 5% para mim, 5% para o Genu, os outros 60% iam para o Partido. Eu retirei do contexto global. Da receita, eu retirei aquele valor por alguns meses seguidos e entreguei ao deputado Vaccarezza."

O doleiro disse que Paulo Roberto Costa "não vinculou (os pagamentos) a um fato específico, simplesmente falou que estava dando uma ajuda."

Ele disse que fez as entregas de propinas pessoalmente ao ex-líder do PT na Câmara. A força tarefa perguntou ao doleiro se ele sabia de algum envolvimento de Vaccarezza com a Máfia do Asfalto - organização que agiu em quase uma centena de prefeituras no interior de São Paulo fraudando licitações. Youssef disse que nunca soube disso.

Ele afirmou que "tinha contato com Vaccarezza, conversava por BBM (Programa de conversa pelo celular)".

Ele disse que não sabe por que Vaccarezza não pediu recursos para o caixa do PT. "Isso foi uma ajuda que o Paulo Roberto Costa deu ao Vaccarezza. Fui sozinho fazer as entregas."

Na época em que seu nome foi ligado ao de Youssef, o ex-deputado rechaçou as alegações de recebimento de dinheiro por parte do doleiro e afirmou que o próprio Paulo Roberto Costa negou em sua delação que tenha mandado o doleiro fazer os repasses.

"Tudo isso é mentira, Youssef nunca entregou dinheiro na minha casa, ele diz com riqueza de detalhes que o Paulo Roberto Costa mandou ele entregar e Paulo Roberto diz que é mentira, que não mandou entregar", afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. A reportagem não localizou o suposto depoimento de Costa que nega os repasses a Vaccarezza.

"Sou inocente e as acusações a mim são todas infundadas. Qualquer análise mais detida dos depoimentos vai dizer que são coisas ditas por terceiros, não tem nenhuma ligação telefônica, nenhum torpedo, nenhuma testemunha", continuou o parlamentar.

A defesa da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) acesso aos vídeos nos quais o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef fazem menção ao nome da parlamentar no processo de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato.

Até agora, a defesa teve acesso à cópia do inquérito em que Gleisi é investigada, no qual constam os termos dos depoimentos de forma escrita, com narração do que foi dito pelos investigadores. Diante da notícia de que o STF liberou à imprensa nesta semana parte dos vídeos dos depoimentos, a defesa solicita ao Tribunal o acesso ao material audiovisual.

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"Embora seja de extrema importância o acesso aos vídeos respectivos - até porque as referências à senadora Gleisi Hoffmann e ao ex-ministro Paulo Bernardo -, à defesa foi franqueada apenas a extração de cópias físicas dos autos", alega a advogada da senadora, Verônica Abdalla Sterman.

Em depoimento no âmbito da Lava Jato, Youssef disse ter repassado R$ 1 milhão para a campanha da petista em 2010 ao Senado. Segundo o doleiro, o valor foi entregue em um shopping em Curitiba (PR). Já Costa disse que, no início de 2010, Youssef o avisou que o ex-ministro Paulo Bernardo, marido de Gleisi, pediu um "auxílio financeiro" no valor de R$ 1 milhão para a campanha da petista.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República, o repasse é apontado também em anotação feita por Paulo Roberto Costa em uma agenda com descrição da propina paga a políticos.

A advogada de Gleisi pede que o material seja disponibilizado antes da data em que a investigada for chamada para depor. Caso não seja possível, a defesa solicita que sejam entregues ao menos os termos de depoimento que constam no inquérito da petista.

O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) rebateu, em nota encaminhada ao Portal LeiaJá, as afirmativas da delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, divulgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na noite dessa segunda-feira (9). Em defesa própria, o socialista pontuou que “não atuou na coordenação ou captação de doações para a campanha à reeleição do ex-governador Eduardo Campos” – falecido em agosto de 2014 – e “não conhece ou manteve contatos com o Sr Alberto Yousseff”.

O senador não integra a lista encaminhada pelo procurador-geral de Justiça, Rodrigo Janot, ao STF para investigação de parlamentares. A ausência na lista, segundo a nota encaminhada por Fernando Bezerra Coelho, é pressuposto de inocência nos esquemas de corrupção da petroleira. O socialista disse que “não tem conhecimento da existência de qualquer indício ou prova contra ele no âmbito das investigações realizadas pelo Ministério Público Federal”. 

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A delação premiada

Em depoimento de delação premiada, Paulo Roberto Costa afirmou a Justiça que Bezerra Coelho pediu uma doação de R$ 20 milhões para a campanha de Campos a reeleição do governo de Pernambuco, em 2010.  Na época, Bezerra era secretário do Desenvolvimento de Pernambuco e dirigente do Porto de Suape, que receberia o petróleo produzido pela Refinaria Abreu e Lima, segundo a delação. 

De acordo com o delator, o valor foi pedido por Bezerra Coelho ao doleiro Alberto Yousseff e foi pago consórcio Ipojuca Interligações, formado pelas empresas Iesa e Queiroz Galvão. O dinheiro teria sido entregue no início de 2010, segundo a delação.

Enquanto era interpelado pela Polícia, ex-diretor da Petrobras foi questionado porque as empresas do consórcio fariam essa contribuição à campanha de Eduardo Campos. "As empreiteiras encaravam tais contribuições como empréstimos, ou seja, esperavam ter o retorno desses recursos por meio das obras que seriam feitas no futuro", explica no depoimento. 

O deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS), que consta na lista de políticos que serão investigados por suposto envolvimento na Operação Lava Jato, anunciou que irá interpelar judicialmente o doleiro Alberto Youssef por tê-lo citado em delação premiada como um dos beneficiários no esquema de corrupção da Petrobras.

"Não tenho outra alternativa que não seja recorrer à Justiça para que ele prove o que disse", afirmou a jornalistas em Porto Alegre. De acordo com depoimento do doleiro, Goergen e outros deputados da bancada gaúcha do PP recebiam uma "mesada" que variava entre R$ 30 mil e R$ 50 mil.

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O parlamentar nega qualquer envolvimento com os delitos relacionados à Operação Lava Jato. "Espero que ele (Youssef) seja punido porque não vejo razão para meu nome aparecer na lista (da Procuradoria-geral da República)", disse. Na entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira, 9, Goergen revelou que "estranha" o fato de seu nome ter sido citado uma única vez na delação premiada, em fevereiro de 2015, justamente num momento em que fazia "alto enfrentamento" tanto à cúpula nacional do PP como ao governo federal.

"Quero saber se (a investigação) tem alguma motivação política", falou. O diretório estadual do PP não apoia a aliança do partido com a administração de Dilma Rousseff (PT) e chegou a entrar na Justiça no ano passado para tentar impedir o resultado da convenção nacional, que chancelou a participação da sigla na coligação petista.

Goergen alega que o esquema denunciado por Youssef é anterior à sua chegada a Brasília, em 2011. "Ele (o doleiro) cita recursos que eram dados a parlamentares líderes da bancada (que depois repassavam a 'mesada' a outros deputados) quando eu nem estava lá", conta.

O deputado se licenciou do diretório estadual do partido para se defender, porque não gostaria de prejudicar o PP/RS. Também abriu seus sigilos bancário e telefônico e se colocou à disposição da CPI da Petrobras para esclarecimentos. Além de Goergen, outros cinco políticos do PP/RS serão investigados - os deputados federais Luis Carlos Heinze, José Otávio Germano, Afonso Hamm e Renato Molling e o ex-deputado federal Vilson Covatti.

Quando perguntado sobre a conduta dos colegas, Goergen disse que "não pode falar pelos outros" e limitou-se a afirmar que a bancada gaúcha do PP é "extremamente desunida". Sobre o PP nacional, Goergen não poupou críticas. Disse que o envolvimento do partido com esquemas de corrupção é conhecido desde o processo do mensalão.

Segundo ele, a legenda utiliza "métodos diferentes" há bastante tempo. "Eu cobrava do meu partido que fizesse política, e a gente não tinha mais a condição de fazer (política)", falou ao explicar que chegou a pensar em deixar a legenda. "Não há dúvida de que o PP nacional acabou. Temos é que rever posição do PP/RS."

O doleiro Alberto Youssef disse, em depoimento na Operação Lava Jato, que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinham conhecimento da "estrutura que envolvia a distribuição e repasse de comissões" na Petrobras. Durante o processo de delação premiada, Youssef afirmou que "tanto a presidência da Petrobras como o Palácio do Planalto" sabiam do esquema.

Questionado sobre a quem se referia ao mencionar Palácio do Planalto, Youssef citou os nomes de Lula, Dilma, e parte da cúpula do governo do ex-presidente: Gilberto Carvalho, Gleisi Hoffmann, Antonio Palocci, José Dirceu, Ideli Salvatti e Edison Lobão.

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O trecho da delação de Youssef que cita Lula e Dilma aparece no pedido de abertura de inquérito encaminhado pela Procuradoria-Geral da República para investigar a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, descartou a possibilidade de investigar a presidente Dilma Rousseff.

"Em complementação ao termo de declarações realizado na data de ontem, o declarante gostaria de ressaltar que tanto a presidência da Petrobras, quando o Palácio do Planalto tinham conhecimento da estrutura que envolvia a distribuição e repasse de comissões no âmbito da estatal", relatam os investigadores sobre o depoimento de Youssef.

Na sequência, explicam: "Indagado quanto a quem se referia em relação ao termo 'Palácio do Planalto', esclarece que tanto a presidência da República, Casa Civil, Ministro de Minas e Energia, tais como Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, Ideli Salvatti, Gleisi Hoffmann, Dilma Rousseff, Antonio Palocci, José Dirceu e Edison Lobão, entre outros relacionados".

As evidências apontam, segundo a Procuradoria, que Gleisi recebeu R$ 1 milhão em agosto de 2010 para custear sua campanha. As investigações demonstram "que o apoio político aos operadores do esquema de contratos ilegais e corrupção de agentes públicos mantidos no ambiente da Petrobras era algo imprescindível", aponta a peça da PGR. A petista será investigada por suposta prática de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O juiz Sérgio Moro aceitou o pedido da defesa do doleiro Alberto Youssef e determinou que ele seja submetido a um novo interrogatório no dia 31 de março de 2015, às 10 horas. A defesa de Youssef solicitou um novo depoimento à Justiça Federal do Paraná em uma das 11 ações penais em que ele é réu. A ação refere-se à acusação de que Youssef teria liderado uma quadrilha que evadiu cerca de US$ 500 milhões entre 2009 e 2013 por meio de importações fictícias com base em contratos de câmbio firmados por empresas de fachada. Dentre as empresas utilizadas para evadir o dinheiro estão a Labogen e a Piroquímica.

Segundo a defesa do doleiro, que firmou acordo de delação premiada e tem obrigação de colaborar com as investigações, o objetivo do novo depoimento é "para que esse órgão julgador possa sentenciar os eventos (supostamente) delitivos constantes na incoativa da maneira mais justa e correta", assinala a petição encaminhada, no mês passado, à Justiça Federal.

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O argumento da defesa acatado por Moro é que, na ocasião do primeiro depoimento do doleiro sobre o caso, anterior à firmação do acordo de delação premiada, ele permaneceu calado. "A Defesa de Alberto Youssef, por sua vez, requereu a designação de novo interrogatório, sob o argumento de que, conquanto à época de seu depoimento tenha permanecido em silêncio, atualmente, após a formalização do acordo, pretende esclarecer questões atinentes a este processo", destaca a decisão de Moro.

Um dos principais delatores da Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef pediu à Justiça Federal no Paraná o perdão judicial em uma das 11 ações penais na qual é acusado de lavar R$ 1,16 milhão do ex-deputado José Janene, (PP-PR), que morreu em 2010, no esquema do mensalão.

O pedido foi feito nas alegações finais da ação, prestes a ter uma sentença do juiz Sérgio Moro. No documento assinado pelo advogado Antonio Figueiredo Basto e sua equipe, responsável pela defesa do doleiro, os defensores pedem que a denúncia seja julgada improcedente e, caso o juiz não tenha esse entendimento, que seja concedido o perdão judicial ao doleiro. "Haja vista sua colaboração ser efetiva com resultados relevantes para a elucidação dos fatos nesta e em outras ações penais", assinala o texto.

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Caberá ao juiz Sérgio Moro, ao dar a sentença, decidir se acolhe ou não o pedido da defesa do doleiro. Youssef decidiu colaborar com a Justiça após ser preso na Lava Jato e ser denunciado pelo Ministério Público Federal em diversas ações penais que lhe deixaram na iminência de pegar uma condenação superior a 50 anos de prisão. Em seus depoimentos, que ajudaram a embasar os pedidos do procurador-geral da República Rodrigo Janot de abrir inquéritos para investigar 54 pessoas no Supremo Tribunal Federal, o doleiro chegou a citar os nomes da presidente Dilma Rousseff e do presidente nacional do PSDB, Aécio Neves. Janot decidiu pedir o arquivamento dos inquéritos contra os dois.

Além de Youssef, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que também colaborou com a Justiça, pediu perdão judicial em outra ação da Lava Jato na Justiça Federal.

Lavagem

Segundo a denúncia do MPF, neste episódio Youssef é acusado de liderar uma quadrilha que lavou R$ 1,16 milhão recebido por Janene no escândalo do mensalão e investido na empresa Dunel Indústria, no Paraná. Em uma de suas audiências na Justiça Federal, o próprio doleiro admitiu que mantinha uma conta corrente conjunta com o ex-deputado José Janene, que foi o responsável pela indicação de Paulo Roberto Costa para a diretoria de Abastecimento da estatal petrolífera, em 2004.

Youssef declarou que, por orientação de Janene, repassava valores a "agentes públicos" e usava para isso um segundo doleiro, Carlos Habib Carter, dono do Posto da Torre, em Brasília, para entregar os valores. Ele disse que parte do dinheiro vinha do caixa de construtoras.

Atualmente, o doleiro está preso em caráter preventivo e poderá ficar no máximo cinco anos preso como parte das 23 cláusulas de seu acordo firmado com o Ministério Público Federal, que prevê ainda que ele devolva suas propriedades e participações que possui em empresas. Além disso, caso sua condenação nas ações penais nas quais já é réu ou nas que ainda possam surgir contra ele somem 30 anos de prisão, todos os processos e inquéritos policiais que ainda tramitarem contra ele serão suspensos por um período de dez anos.

A CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados definiu, nesta quinta-feira (5), quem serão os primeiros convocados a prestar depoimentos ao colegiado. Os nomes foram anunciados pelo relator, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).

Na lista estão os ex-presidente da estatal Sérgio Gabrielli e Graça Foster; a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard; o doleiro Alberto Youssef; o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa; e o ex-gerente executivo de Engenharia da Petrobras, Pedro Barusco.

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Os trabalhos do colegiado serão divididos em quatro sub-relatorias, anunciadas pelo presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB). Ele também ressaltou que a comissão só vai investigar os fatos e o período que constam do ato de sua criação. Isso significa que a CPI vai se concentrar no período entre 2005 e 2015.

Sob protestos, as sub-relatorias criadas são as seguintes: superfaturamento e gestão temerária na construção de refinarias; constituição de empresas com a finalidade de praticar atos ilícitos;  superfaturamento e gestão temerária na construção e afretamento de navios de transporte, navios-plataforma e navios-sonda; e  irregularidades na operação da companhia Sete Brasil e na venda de ativos da Petrobras na África. Elas serão comandas pelos deputados Altineu Côrtes (PR-RJ), Bruno Covas (PSDB-SP), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e André Moura (PSC-SE), respectivamente.

O doleiro Alberto Yousseff afirmou, em depoimento de delação premiada na Operação Lava Jato, que o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) – falecido em agosto de 2014 - recebeu R$10 milhões em propina do superfaturamento das obras da Refinaria Abreu e Lima. O valor, segundo informações divulgadas nesta terça-feira (3) pelo jornal Folha de São Paulo, foi pago a partir de contratos do consórcio Conest entre 2010 e 2011, para que o governo não criasse dificuldades no andamento das obras.

Além do suposto envolvimento de Campos, de acordo com a reportagem, o deputado federal Eduardo da Fonte (PP) e o ex-deputado federal Sérgio Guerra (PSDB) – falecido em março de 2014 – também foram beneficiados com as irregularidades.

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Da Fonte teria recebido uma parcela do suborno como doação oficial de campanha. O valor foi, segundo o periódico, extraído de um contrato da Queiroz Galvão de cerca de R$2,7 bilhões para a instalação de tubovias na Refinaria. A negociação foi articulada por Fernando Soares, o Baiano.  Do total da propina, R$10 milhões seriam destinados para impedir a criação de uma CPI no Congresso para investigar a estatal, onde Sérgio Guerra passava a ser o beneficiado. 

Defesa

O Portal LeiaJá entrou em contato com o deputado Eduardo da Fonte, que afirmou desconhecer as denúncias. “Condeno a prática de atos ilícitos, todos sabem disso. Vou confiar na Justiça”, resumiu em defesa própria.

Já o PSB e a família de Campos disse, em nota encaminhada ao jornal de circulação nacional, que repelia "veemente a tentativa de envolver uma pessoa que não está aqui para se defender”. "Todo o Brasil sabe que a obra objeto da denúncia é executada pela Petrobras, contratos feitos pela diretoria da empresam sem conexão com o Governo de Pernambuco.”

Investigadores da Operação Lava Jato encontraram nas buscas no escritório do doleiro Alberto Youssef, em março de 2014, cópia de documento de alteração societária de uma empresa especializada em consultorias para prefeituras, o Instituto Tebar, que pertence ao deputado estadual de São Paulo eleito pelo PT Luiz Fernando Teixeira Ferreira. Luiz Fernando - como é conhecido - é irmão do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), ex-líder do PT na Câmara.

O fundador do instituto é muito próximo do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT) - apesar de não ter cargo no governo local. O documento foi encontrado em meio ao material recolhido pela PF no escritório de Youssef, em São Paulo - local onde eram tratadas as propinas pagas por empreiteiras do cartel a agentes públicos e políticos alvos da Lava Jato. O parlamentar não está sob investigação, nem o Instituto Tebar.

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"Não faço ideia do que esse documento poderia estar fazendo com Youssef. Nunca tive nada com ele", afirmou o deputado eleito, que será empossado no dia 15.

Ele disse não haver irregularidades nos serviços prestados pelo instituto para prefeituras e reagiu com indignação ao saber da existência de um documento da empresa em meio aos papeis apreendidos no escritório do doleiro, alvo central da Operação Lava Jato.

O Instituto Tebar - Fomento, Desenvolvimento, Especialização e Modernização da Administração Pública foi criado em 1993, em São Bermardo do Campo, na Grande São Paulo, por Luiz Fernando. Está registrado em seu nome e no de sua mulher.

A empresa é especializada em dar cursos de formação para gestões municipais, em especial na área de licitações. Em uma página oficial na internet, o Instituto Tebar informa que "iniciou a discussão da modernização da administração pública, principalmente no que toca às licitações e contratações".

O documento que estava em poder de Youssef tem seis folhas com registro em cartório da quarta alteração contratual da empresa, datado de 1º de julho de 2011. O documento trata de uma alteração de endereço da empresa e foi recolhido em abril do ano passado, durante buscas no escritório de Youssef. O documento foi anexado aos autos da Lava Jato.

Como não havia interesse específico para as investigações da Petrobras, o material não foi analisado e não houve aprofundamento de apurações sobre o caso. O deputado eleito pelo PT informou que vai buscar informações sobre essa documentação. "Meu contador é de São Bernardo, não tem absolutamente nada, não tenho nem noção de quem seja esse senhor (Alberto Youssef)", afirmou Luiz Fernando. "Isso é uma aberração, essa documentação estar lá (no escritório do doleiro da Lava Jato). Não conheço esse pessoal, não tenho nenhuma relação, zero."

Cardozo

O parlamentar ressaltou que nunca prestou serviços para a Petrobras. O Instituto Tebar teve em seu quadro técnico, quando foi criado nos anos 90, o atual ministro de Justiça, José Eduardo Cardozo.

O ministro protagonizou nos últimos dias um polêmico capítulo da Lava Jato. Ele admitiu ter recebido advogados de empreiteiras que estão sob suspeita de formação de cartel na Petrobrás. O ministro foi procurado por defensores dos empresários capturados no dia 14 de novembro de 2014, quando foi deflagrada a Operação Juízo Final, sétima fase da Lava Jato que fez ruir o poderoso braço econômico do esquema de corrupção e propinas na estatal petrolífera.

O episódio provocou críticas abertas do juiz federal Sérgio Moro, que conduz todas as ações da Lava Jato. Ele classificou de "interferências políticas indevidas" a estratégia das empreiteiras em buscar socorro do governo. O juiz sugeriu ao ministro que cuide de dar condições estruturais e independência à Polícia Federal, afeta ao Ministério da Justiça.

O nome do ministro ainda consta da lista do "corpo técnico" do Instituto Tebar. A empresa - conhecida hoje apenas como Instituto Tebar de Treinamento S/C Ltda. - enfatiza em seu site a importância de "corpo técnico". Outro nome dos quadros técnicos é o do próprio deputado Luiz Fernando.

Luiz Fernando afirmou que Cardozo nunca foi contratado nem recebeu pelo seu trabalho no Instituto Tebar. "Ele deu aula em um dos cursos. Isso foi lá por 2000. Faz mais de 12 anos que o Zé nunca mais deu nenhuma palestra para gente, nada."

O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) afirmou que deu várias aulas para o Instituto Tebar no começo da década de 90 e que recebeu pelo trabalho absolutamente regular. "Dei muita aula, mas foi há mais de 20 anos." O período, lembra o ministro, foi entre 1993 e 1995.

"Na década de 90, não sei quando foi criado, mas quando conheci o Luiz Fernando logo depois da Lei de Licitações, a 8.666 de 1993, entrar em vigor. E na época o Instituto Tebar organizava muitos cursos sobre licitação no País", destaca Cardozo.

Ele afirmou que estava fora da política ou cargos públicos naquele período. "Teve um período de dois anos que fiquei advogando e dando aula", explicou o ministro. Ele disse que chegou a ser um dos principais professores a dar aula para a empresa.

O ministro explicou que as aulas que dava eram pagas pela empresa, mas que nunca teve vínculo empregatício nem prestou consultoria para o Instituto Tebar. Cardozo chegou a ser convidado para ser sócio do negócio, mas não aceitou.

O doleiro Alberto Youssef informou à Justiça Federal do Paraná que pretende prestar novo depoimento ao juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato, em uma das 11 ações penais em que ele é réu. Segundo a defesa do doleiro, que firmou acordo de delação premiada e tem obrigação de colaborar com as investigações, o objetivo do novo depoimento é "para que esse órgão julgador possa sentenciar os eventos (supostamente) delitivos constantes na iniciativa da maneira mais justa e correta", assinala a petição encaminhada à Justiça Federal.

Nesta ação penal, na qual Youssef é acusado de liderar uma quadrilha que evadiu cerca de US$ 500 milhões entre 2009 e 2013, o doleiro ficou em silêncio em sua audiência perante o juiz realizada no ano passado, pois sua delação ainda não havia sido homologada. Ainda assim, o Ministério Público Federal entendeu que Youssef faz jus à diminuição da pena neste processo "em virtude de sua colaboração para o esclarecimento de diversos outros fatos, cujas declarações foram prestadas perante à Polícia Federal", afirmaram os procuradores da força-tarefa.

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Na ação todas as testemunhas já foram ouvidas e as defesas já apresentaram suas alegações finais (últimos argumentos antes da decisão do juiz), mas como Youssef é um colaborador, o juiz Sérgio Moro ainda pode decidir se aceita o pedido e realiza nova audiência com o doleiro.

Atualmente, Youssef está preso em caráter preventivo e poderá ficar no máximo cinco anos presos como parte das 23 cláusulas de seu acordo firmado com o Ministério Público Federal, que prevê ainda que ele devolva suas propriedades e participações que possui em empresas. Além disso, caso sua condenação nas ações penais nas quais já é réu ou nas que ainda possam surgir contra ele somem 30 anos de prisão, todos os processos e inquéritos policiais que ainda tramitarem contra ele serão suspensos por um período de dez anos.

Evasão

A petição foi encaminhada na ação penal em que Youssef é acusado de liderar uma quadrilha que evadiu cerca de US$ 500 milhões entre 2009 e 2013 por meio de importações fictícias com base em contratos de câmbio firmado por empresas de fachada. Dentre as empresas utilizadas para evadir o dinheiro estão a Labogen e a Piroquímica, do também réu da Lava Jato Leonardo Meirelles, apontado como testa de ferro do doleiro.

De acordo com a denúncia, a quantia foi enviada para offshores no exterior controladas pelos réus e as transações envolveram empresas e/ou bancos na China, Coreia, Canadá, Formosa/Taiwan, Taiwan, Índia, Uruguai, Estados Unidos, Itália, Hong Kong, Ucrânia, Bélgica, Liechtenstein e Costa Rica. Além disso, a denúncia acusa o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, apontado como laranja do Youssef, e o doleiro pela lavagem de dinheiro com a compra de um imóvel avaliado em R$ 3,7 milhões.

A Justiça Federal mandou soltar nesta sexta feira, 20, o executivo João Procópio Junqueira Almeida Prado, apontado como operador do doleiro Alberto Youssef, personagem central da Operação Lava Jato. A decisão é do juiz Sérgio Moro, que conduz todas as ações da Lava Jato. Moro estabeleceu condições para soltar o executivo. João Procópio não poderá deixar o País e terá de comparecer a todos os atos processuais da Lava Jato.

O executivo é um dos réus da operação. Segundo a Procuradoria da República ele mantém contas no exterior por onde transitou valores de Youssef. O juiz também impôs a João Procópio que promova o encerramento dessas contas. O juiz acolheu pedido dos advogados Ricardo Berenguer e Eduardo Sanz, que defendem João Procópio. "A decisão é muito justa", disse Ricardo Berenguer.

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Segundo a Força Tarefa da Lava Jato, João Procópio seria "importante subordinado de Alberto Youssef, com ele trabalhando no escritório de lavagem de dinheiro deste em São Paulo". Os procuradores federais da Lava Jato sustentam que o executivo está "envolvido diretamente em condutas de lavagem de dinheiro de recursos desviados da Petrobras."

Ao mandar expedir alvará de soltura de João Procópio, o juiz Moro destacou "compromissos assumidos recentemente pela defesa e pelo acusado, não em colaboração premiada, mas apenas o compromisso de encerrar as contas e auxiliar na disponibilização dos extratos e repatriação dos ativos".

"Entendo que é possível rever a prisão cautelar", assinalou o magistrado. "Esclareço que tais compromissos não envolvem qualquer confissão de João Procópio quanto a culpa dos crimes, mas são importantes para esvaziar os riscos que motivaram a prisão cautelar. Não implicam ainda em qualquer renúncia de direito pelo acusado João Procópio, uma vez que a própria defesa já admitiu, o que também é a tese da acusação, que as contas no exterior pertenciam e eram controladas, de fato, por Alberto Youssef, embora indicado nominalmente João Procópio como beneficiário."

Sérgio Moro considerou, ainda, "cumulativamente a elevada idade do acusado, 68 anos, e especialmente que, tendo ele atuado de maneira subordinada, os riscos em sua colocação em liberdade são bem menores do que os que envolvem os principais personagens do suposto esquema criminoso, como o próprio Alberto Youssef, os dirigentes das empreiteiras e beneficiários dos desvios de dinheiro".

Além de entregar o passaporte à Justiça, o suposto operador de Alberto Youssef está proibido de mudar de endereço sem prévia autorização judicial e de manter contato com o doleiro. Também não pode celebrar contratos de qualquer natureza, direta ou indiretamente (através de empresa), com a administração pública ou com fornecedores de mercadorias ou serviços da Petrobras.

O doleiro Alberto Youssef movimentou cerca de R$ 28 milhões do que chamou de "caixa 2" da empreiteira OAS entre janeiro de 2013 e janeiro de 2014. Em sua delação premiada, Youssef afirmou que esses recursos foram movimentados à parte do esquema de desvios na Petrobras. A quantia registrada consta de planilha apreendida na sétima etapa da operação, realizada em novembro do ano passado, quando foram presos executivos de construtoras acusadas de integrar um cartel que atuava na estatal.

Na planilha apreendida estão indicados valores, datas e os locais para onde o doleiro enviava ou até mesmo buscava dinheiro em espécie.

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Youssef admitiu que operava o caixa paralelo da OAS e de outras empreiteiras, recebendo 3% de cada operação. Ao ser confrontado com a planilha de pagamentos, confirmou que algumas das siglas fazem referência a sedes da construtora e endereços residenciais em diferentes Estados para onde ele ou pessoas indicadas levaram dinheiro. O doleiro ressaltou, contudo, que "pelo que sabe" essas movimentações irregulares não têm relação com a estatal petrolífera.

Em seu depoimento, Youssef explica que os valores entre parênteses na planilha indicam a "saída" de dinheiro da contabilidade paralela, isto é, a entrega de dinheiro em espécie, e os demais valores indicam a entrada de receita. Levantamento feito pelo jornal O Estado de S.Paulo, considerando apenas os valores de entrada, mostra que a contabilidade paralela da OAS operada pelo doleiro recebeu durante todo ano de 2013 e até 15 de janeiro de 2014, R$ 28 milhões, dos quais ao menos R$ 23 milhões "saíram", ou seja foram entregues em diferentes regiões do País.

"Vista da referida planilha, esclarece que pode identificar valores entregues na sede da OAS, o que é representado pela sigla ‘SP’; que a sigla RJ representa valores entregues pelo policial Jayme ‘Careca’ (Jayme Alves de Oliveira, um dos 'mulas' do doleiro e também réu na Lava Jato) junto a sede da empresa na capital fluminense", detalha Youssef em sua delação.

Ainda segundo o delator, "a sigla POA refere-se a entrega de valores junto ao estádio do Grêmio Futebol Porto Alegrense onde a OAS mantinha um escritório e onde entregou R$ 66.000 e R$ 500.000". A sigla, que aparece várias vezes na planilha, também faz referência a um "endereço residencial", segundo o doleiro.

Youssef confirmou que seus carregadores de dinheiro também fizeram entregas em Minas Gerais, Salvador (BA), Maceió (AL), Natal (RN) e Recife (PE). O delator explicou que "dentre os locais de entrega existiam endereços de destinatários desses recursos, e não de sedes da OAS".

O doleiro explicou em sua delação que a planilha foi elaborada por "José Ricardo, diretor ou gerente da empresa OAS ligado a área financeira e a fim de estabelecer um controle sobre os recursos movimentados pelo declarante". O executivo da OAS José Ricardo Nogueira Breghirolli foi preso na Lava Jato e é réu na ação penal contra ele e outros cinco dirigentes da empreiteira. Procurada, a OAS afirmou por meio de nota que "nega veementemente" as acusações de Youssef.

Operação

Na delação Youssef também explica como funcionava o esquema de lavagem de dinheiro no exterior que permitia a ele trazer os recursos ao Brasil. Ele admite que operava valores para OAS e outras empresas utilizando as contas da companhia Santa Tereza Services no banco suíço PKB, que ficam em nome de João Procópio, operador de contas de Youssef e réu na Lava Jato.

Por meio dessa conta, Youssef repassava a quantia para contas de outros operadores, como Leonardo Meirelles, apontado como testa de ferro do doleiro, que traziam o dinheiro de forma ilícita ao Brasil para que Youssef distribuísse nos endereços indicados pela OAS. O doleiro afirmou ainda que cobrava 3% do valor dos depósitos para trazer o dinheiro ao Brasil e entregar "em quaisquer lugares que fossem determinados pela empreiteira", no País.

O secretário Nacional de Finanças do PT, João Vaccari Neto, negou veementemente nesta quinta-feira, 12, que tenha recebido qualquer quantia em dinheiro por parte do doleiro Alberto Youssef.

Em nota, a Secretaria de Finanças do PT reagiu às declarações do doleiro em delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato. "Dessa forma, são absolutamente mentirosas as afirmações feitas por esse senhor (Youssef), em processo de delação premiada, tanto no que concerne a uma suposta entrega de dinheiro para sua cunhada (Marice Correa) quanto em um suposto encontro em um restaurante".

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Segundo a Secretaria de Finanças do PT, "a afirmação de Youssef causa profunda estranheza, pois sua contadora, Meire Bonfim Poza, declarou à CPI Mista da Petrobras, no último dia 8 de outubro, que não conhece e que nunca fez transações financeiras com Vaccari Neto".

"Essa Secretaria de Finanças reitera que todas as doações que o Partido dos Trabalhadores recebe são feitas na forma da lei e declaradas à Justiça", assinala a nota.

O ex-ministro José Dirceu negou, em nota divulgada nesta quinta-feira, 12, as declarações do doleiro Alberto Youssef de que teria recebido recursos ilícitos do empresário Julio Camargo, da Toyo Setal. "O ex-ministro José Dirceu repudia, com veemência, as declarações do doleiro Alberto Youssef de que teria recebido recursos ilícitos do empresário Julio Camargo, da Toyo Setal, ou de qualquer outra empresa investigada pela Operação Lava Jato.

O ex-ministro também afirma que nunca representou o PT em negociações com Julio Camargo ou com qualquer outra construtora. "As declarações são mentirosas. O próprio conteúdo da delação premiada confirma que Youssef não apresenta qualquer prova nem sabe explicar qual seria a suposta participação de Dirceu". O ex-ministro também esclarece que, depois que deixou a chefia da Casa Civil, em 2005, "sempre viajou em aviões de carreira ou por empresas de táxi aéreo."

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Alberto Youssef revelou em sua delação premiada que os ex-ministros José Dirceu e Antônio Palocci eram "as ligações" do lobista e operador de propina na Petrobras Julio Gerin Camargo com o PT. O doleiro - alvo central da Operação Lava Jato - apontou que o nome José Dirceu consta no registro de contabilidade de propina com a rubrica "Bob" - suposta referência ao apelido de um ex-assessor do ex-ministro da Casa Civil.

"Julio Camargo possuía ligações com o Partido dos Trabalhadores, notadamente com José Dirceu e Antonio Palocci", afirmou Youssef. Segundo o doleiro, o lobista tinha uma pessoa que era responsável pela contabilidade das propinas operadas por ele na Petrobras, em nome de empreiteiras do cartel.

O doleiro afirmou ainda não sabe sobre valores que teriam sido repassados a Dirceu, mas contou que o ex-ministro, depois de deixar o governo Luiz Inácio Lula da Silva, utilizou o jato Citation Excel que pertence ao lobista Julio Camargo.

"Não sabe dizer quantas vezes o avião foi utilizado por José Dirceu e nem a razão do uso. Mas pode afirmar que Julio Camargo e José Dirceu são amigos", registraram os investigadores da Lava Jato no termo de delação 11 do doleiro.

O advogado que defende Palocci foi procurado, mas ainda não se manifestou.

Alberto Youssef revelou em sua delação premiada que os ex-ministros José Dirceu e Antônio Palocci eram "as ligações" do lobista e operador de propina na Petrobras Julio Gerin Camargo com o PT. O doleiro - alvo central da Operação Lava Jato - apontou que o nome José Dirceu consta no registro de contabilidade de propina com a rubrica "Bob" - referência ao apelido de um ex-assessor do ex-ministro da Casa Civil.

"Julio Camargo possuía ligações com o Partido dos Trabalhadores, notadamente com José Dirceu e Antonio Palocci", afirmou Youssef.

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Segundo o doleiro, o lobista tinha uma pessoa que era responsável pela contabilidade das propinas operadas por ele na Petrobras, em nome de empreiteiras do cartel.

Trata-se de Franco Clemente Pinto. "Franco é homem de confiança de Julio Camargo e o responsável pela contabilidade de pagamentos ilícitos a título de propina e caixa 2", afirmou Youssef. Segundo o doleiro, Franco armazenava toda movimentação de propina em um "pen drive", acessado com senha.

"Eram utilizadas siglas em tal contabilidade ilícita", explicou o doleiro. "A de José Dirce era 'Bob'." Youssef diz ter visto várias vezes o registro de contabilidade.

O doleiro afirmou que ainda não sabe sobre valores que teriam sido repassados a Dirceu, mas contou que o ex-ministro, depois de deixar o governo Luiz Inácio Lula da Silva, utilizou o jato Citation Excel que pertence ao lobista Julio Camargo.

"Não sabe dizer quantas vezes o avião foi utilizado por José Dirceu e nem a razão do uso. Mas pode afirmar que Julio Camargo e José Dirceu são amigos", registraram os investigadores da Lava Jato no termo de delação 11 do doleiro.

Os advogados que defendem Dirceu e Palocci foram procurados, mas ainda não se manifestaram.

O juiz Federal Sérgio Moro decidiu nesta quinta-feira (12) retirar o sigilo dos depoimentos de delação premiada prestados pelo doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. A decisão foi tomada após o ministro Teori Zavacki, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviar à Justiça Federal no Parará as declarações que não envolvem citados que têm foro privilegiado.

Nos depoimentos, Youssef e Costa relataram como funcionava o esquema de cobrança de propina e de superfaturamento nos contratos firmados pelas diretorias da Petrobras, fatos investigados na Operação Lava Jato. Os dois também relatam como eram feitos os pagamentos a partidos políticos e ex-parlamentares.

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Na decisão, Moro explicou que não se trata de vazamento de informações. "Seguindo os mandamentos constitucionais, o trato da coisa pública, aqui incluído o processo de supostos crimes contra a administração pública, deve ser feito com transparência e publicidade. Não se presta o Judiciário para ser o guardião de segredos sombrios", decidiu.

O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa vão prestar novos depoimentos sobre o envolvimento de parlamentares e demais autoridades com foro privilegiado na Operação Lava Jato. As medida foi autorizada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator dos processos oriundos da investigação na Corte.

Os novos esclarecimentos foram requeridos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chefe da força-tarefa de procuradores que atuam nas investigações sobre desvios de recursos da Petrobras.

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Após as oitivas, Janot deve denunciar ao STF as autoridades com prerrogativa de foro, como parlamentares. Segundo o procurador, as denúncias devem ser remetidas até o final deste mês. Os investigados que não se reelegeram serão julgados pelo juiz  Sérgio Moro, da Justiça Federal em Curitiba. 

A força-tarefa da Lava Jato pediu a redução da pena do doleiro Alberto Youssef pela metade em uma das 11 ações penais da Lava Jato nas quais ele é réu na Justiça Federal do Paraná. O pedido tem como base o acordo de colaboração premiada firmado pelo doleiro com o MPF.

Na solicitação, o próprio Ministério Público Federal reconhece que a delação do doleiro não ajudou na apuração dos crimes investigados nesta ação, mas ainda assim ele "faz jus à diminuição da pena em virtude de sua colaboração para o esclarecimento de diversos outros fatos, cujas declarações foram prestadas perante à Polícia Federal", afirmam os procuradores da força-tarefa, que citam ainda o depoimento do doleiro à Justiça Federal em outubro do ano passado, quando ele revelou a existência do esquema de pagamento de propinas em contratos da Petrobrás para beneficiar PT, PMDB e PP.

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A ação já está com os autos conclusos e aguarda apenas a sentença do juiz Sérgio Moro, que vai determinar as penas dos réus e pode acolher, ou não, o parecer do MPF. A ação estava suspensa aguardando a homologação da delação de Youssef pelo Supremo Tribunal Federal, ocorrida no ano passado, para que o magistrado pudesse levar ela em consideração na sentença.

Atualmente, Youssef cumpre três anos de prisão como parte das 23 cláusulas de seu acordo firmado com o Ministério Público Federal, que prevê ainda que ele devolva suas propriedades e participações que possui em empresas. Além disso, caso sua condenação nas ações penais nas quais já é réu ou nas que ainda possam surgir contra ele somem 30 anos de prisão, todos os processos e inquéritos policiais contra ele serão suspensos por um período de dez anos.

Evasão

A petição foi encaminhada na ação penal em que Youssef é acusado de liderar uma quadrilha que evadiu cerca de US$ 500 milhões entre 2009 e 2013 por meio de importações fictícias com base em contratos de câmbio firmado por empresas de fachada. Dentre as empresas utilizadas para evadir o dinheiro estão a Labogen e a Piroquímica, do também réu da Lava Jato Leonardo Meirelles, apontado como testa de ferro do doleiro.

De acordo com a denúncia, a quantia foi enviada para offshores no exterior controladas pelos réus e as transações envolveram empresas e/ou bancos na China, Coreia, Canadá, Formosa/Taiwan, Taiwan, Índia, Uruguai, Estados Unidos, Itália, Hong Kong, Ucrânia, Bélgica, Liechtenstein e Costa Rica

Além disso, a denúncia acusa o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, apontado como laranja do Youssef, e o doleiro pela lavagem de dinheiro com a compra de um imóvel avaliado em R$ 3,7 milhões.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), negou nesta segunda-feira (9), que tenha tido encontro com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato e considerado com um dos principais integrantes do esquema de desvios ocorridos na Petrobras.

A negativa ocorreu após o senador ser questionado sobre declarações dadas à imprensa por Meire Poza, ex-contadora de Youssef. Segundo ela, o peemedebista se reuniu com o doleiro para tratar de uma operação milionária de compra de debêntures para a Marsans Viagens e Turismo, uma agência que tinha o doleiro como um dos investidores.

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"Sinceramente, a chance de que eu possa ter tido encontro com essa gente é zero. Absolutamente zero. Nenhuma chance", afirmou Renan. O presidente do Senado também negou conhecer o doleiro. "Não sei nem quem é. Não conheço nenhum desses. Não sei quem é, nunca ouvi falar, só pelos jornais", ressaltou.

Em outubro do ano passado, Meire Poza relatou em sessão da CPMI da Petrobras que, na manhã do dia 12 de março, ela e Youssef tomaram café juntos, ocasião em que o doleiro disse que, naquela noite, ele conversaria com Renan Calheiros para tratar do aporte de R$ 25 milhões da Funcef. Segundo ela, a outra parte da operação, também no valor de R$ 25 milhões, já tinha sido acertada com o PT e seria feita por meio da Postalis.

A ex-contadora de Youssef afirmou ainda, na ocasião, que era preciso "acertar esta ponta, que era do PMDB". Ela disse que a operação com a Funcef não se concretizou porque o doleiro foi preso por envolvimento na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, no dia 17 de março, a segunda-feira posterior ao suposto encontro com Renan.

As declarações de Renan ocorreram após encontro com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo o senador, a reunião foi feita como objetivo de "harmonizar" uma agenda comum nas duas Casas. "As duas Casas são conclusivas, uma com relação à outra e será melhor se trabalharem juntas. É uma agenda socioeconômica que priorize a reforma política", ressaltou.

Segundo ele, na semana após o recesso do carnaval será realizada sessão do Congresso para apreciação de vetos presidenciais. Após o recesso, também deverá entrar em discussão a votação do Projeto da Lei Orçamentária Anual de 2015. "Há um desejo no sentido de que o relator Romero Jucá possa receber emendas dos parlamentares novos", afirmou Renan.

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