A família do menino Miguel Otávio, morto após cair do prédio onde sua mãe trabalhava para o prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker, e sua esposa, Sarí Côrte Real, indiciada por abandono de incapaz após ter permitido que o garoto ficasse sozinho no elevador para ir procurar sua mãe, está organizando um protesto na noite deste domingo (5). Serão promovidos panelaços e um tuitaço durante a transmissão da entrevista concedida por Sarí ao programa Fantástico, da TV Globo. Os protestos estão sendo organizados por familiares do garoto, que criaram a página Luto por Miguel (@lutopormiguelofficial) no Instagram para divulgar e coordenar as ações.
O planejamento, segundo as postagens do perfil, é que durante a entrevista as pessoas façam vídeos gritando, batendo panelas e fazendo barulho, além de postar as tags #justiçapormiguel e #abandonotambemécrime. Os vídeos produzidos podem ser encaminhados para a família por meio do Whatsapp para que sejam compartilhados. O perfil também pede que os internautas o marquem em seus stories.
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Amanda Souza, prima de Miguel, contou ao LeiaJá que a decisão de organizar os protestos virtuais durante a entrevista de Sarí se deu pelo silêncio da acusada durante todo o período em que o inquérito transcorria na Polícia Civil e a família desejava que ela falasse publicamente, tomasse uma posição sobre sua responsabilidade na morte de Miguel.
“Queremos a sociedade gritando com a gente, estamos cansados de privilégios. Ela não se pronunciou esse mês todo e por quê agora veio se pronunciar? Se vitimizar para o público? Queríamos o POSICIONAMENTO [sic] da mesma desde o começo e ela não nos proporcionou. As emissoras tentaram de tudo pra ter contato com ela e ela não se pronunciou. Agora que a perícia tem um posicionamento vai pedir apelo? Não é justo!!! Queremos panelaço porque lá podemos gritar e mostrar o quanto estamos sofrendo pela perda de Miguel e o quanto queremos JUSTIÇA [sic]”, afirma Amanda.
A pandemia de Covid-19 é um fator que não pode deixar de ser levado em consideração nesse momento, uma vez que a doença matou, até então, 64.375 brasileiros. Este fato dificulta a realização de protestos de rua, uma vez que aglomerações podem espalhar o coronavírus (SARS-CoV-2), motivo pelo qual, segundo Amanda, a estratégia de protestos virtuais foi escolhida. “Não podemos de fato fazer algo a mais por conta do que está acontecendo no Brasil, se não fosse o vírus com certeza teríamos bem mais pessoas nas ruas”, disse a prima do menino Miguel Otávio.
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Conclusão do inquérito e indiciamento
O inquérito da morte de Miguel Otávio foi concluído na última quarta-feira (1º) e Sarí Côrte Real indiciada por abandono de incapaz seguido de morte, após uma investigação que durou 30 dias, conduzida pelo delegado da Polícia Civil, Ramon Teixeira.
“Entendemos, de forma fundamentada nos autos, ser perfeitamente capaz o cometimento de um crime de abandono por uma conduta omissiva. O fechamento da porta do elevador [Sari retira braço e permite que o equipamento se feche] foi acachapante para a produção do resultado. 60% das unidades condensadoras apresentavam tela de proteção, outras 40% não. Uma pequena maioria dos moradores enxergou os riscos da área. Não é difícil prever que, dentre incontáveis áreas sem redes, com escadarias, lajes técnicas desprotegidas, piscina, diversas seriam as formas de se alcançar o resultado morte indesejado, mas previsível”, disse ele.
Antes da divulgação do resultado do inquérito, Sarí teve que prestar depoimento na delegacia, que abriu mais cedo para recebê-la com o intuito de prevenir que ela sofresse violência física. Em sua defesa, uma das alegações da acusada foi a de que apesar das imagens da câmera do elevador mostrarem suas mãos se movendo junto aos botões, ela teria apenas “simulado” apertá-los para convencer o Miguel a sair do elevador.
Apesar do esforço da Polícia, a saída dela da delegacia não foi nada tranquila, uma vez que a informação do depoimento se tornou pública e tanto a família de Miguel como outras pessoas se concentraram em frente ao local. Ao ir embora, Sarí foi acompanhada por gritos de revolta que a chamavam de “assassina”.
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