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O secretário de Reformas Políticas do Ministério da Fazenda, Marcos Barbosa Pinto, deve anunciar nesta quinta-feira (20) um pacote de medidas de crédito,  o novo marco das parcerias público-privadas (PPPs) e concessões para estados e municípios. O novo marco tem potencial para gerar cerca de R $100 bilhões em investimentos.  

Com a proposta que terá garantias do Tesouro Nacional, a perspectiva é de que as obras sejam impulsionadas. Um dos maiores obstáculos para a iniciativa privada investir em projetos em parceria com prefeituras e estados é a garantia das contrapartidas. Em meio à retração na concessão de crédito e maiores taxas de juros, o secretário também deverá anunciar mais de dez medidas que impulsionam o crédito.

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Entre as medidas possíveis, estão a eliminação do teto de juros para os empréstimos entre particulares, com o objetivo de evitar o superendividamento por meio do cheque especial e rotativo do cartão de crédito.  

Atualmente, o juro de empréstimos entre pessoas físicas é a taxa Selic. O tema do crédito rotativo do cartão de crédito ainda está em discussão, segundo interlocutores da Fazenda, e não deverá ser anunciada nenhuma proposta para o tema já nesta quinta-feira. Os juros dessas operações chegam a 417,4% ao ano. Na última segunda-feira (17), após a reunião com representantes de instituições financeiras, o ministro Fernando Haddad disse que os bancos vão entregar um estudo ao governo e ao Banco Central  sobre como reduzir o nível de juros do cartão de crédito rotativo. 

A economista Viviane Varga foi nomeada secretária adjunta do Tesouro Nacional. O ato de nomeação está publicado em edição extra do Diário Oficial da União desta terça-feira (17).

Viviane Varga é graduada em Economia pela Universidade de Brasília (UnB) e mestre e doutora em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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Servidora de carreira desde 1995, ela ocupava o cargo de auditora federal de finanças e controle, com experiência em finanças públicas, gestão fiscal, financiamento e administração da dívida pública e análise macroeconômica.

Em nota divulgada nesta manhã, a Secretaria do Tesouro Nacional destaca que Varga já trabalhou em diversas áreas do instituição, em diferentes funções técnicas e de gestão. "Iniciou a carreira pela área da Dívida Pública, atuou na Subsecretaria de Gestão Fiscal, foi chefe da Assessoria Econômica, de Assuntos Legislativos e de Comunicação do gabinete do Tesouro Nacional, e recentemente trabalhou na Subsecretaria de Planejamento Estratégico da Política Fiscal."

Com a percepção de piora nas contas públicas e sucessivas mudanças de regras fiscais, o Tribunal de Contas da União (TCU) vai aprofundar este ano trabalhos de auditoria financeira nos números do Tesouro Nacional. A Corte vai produzir relatórios específicos em relação a empréstimos da União a Estados e municípios, além de um trabalho de auditoria exclusiva nos números da dívida pública federal.

Técnicos e ministros do TCU avaliam que o órgão deve aprofundar a análise nos empréstimos aos governos regionais, tendo em vista que a União tem, no total, R$ 650 bilhões a receber de Estados e municípios. Mais da metade desse valor já é considerado perda provável, segundo estimativas do próprio governo.

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Decisões do Poder Judiciário nos últimos anos ampliaram a insegurança jurídica dessas operações, no entendimento de membros do TCU, e podem estar acarretando perdas para o governo federal. Assim, há uma avaliação de que essas operações demandariam uma análise mais aprofundada do órgão, que já determinou que o governo evidencie riscos fiscais decorrentes de ações de conflito entre Estados e municípios e a União.

A dívida pública, por sua vez, já é objeto de trabalhos do TCU há alguns anos, mas sempre no âmbito de análises financeiras que também abordaram outros temas. Recentemente, o Tribunal entendeu que haveria a necessidade de dar mais confiança a esses números. Os auditores vão conduzir um trabalho específico sobre isso, com aprimoramento técnico. Fiscalizações e acompanhamentos relacionados às contas públicas do biênio 2021-2022 serão relatados pelo ministro Aroldo Cedraz.

Tributos

A administração tributária também será um dos focos do Tribunal este ano. Somente a partir de 2021, o TCU conseguiu auditar o órgão responsável pela arrecadação e seus dados, após vencer uma queda de braço com a Receita Federal que durou décadas. Hoje, há uma secretaria na Corte que cuida exclusivamente da análise da administração tributária e este ano, pela primeira vez, o parecer das contas do Executivo contará com um capítulo específico sobre o tema.

O órgão realiza atualmente um trabalho que analisa eventuais distorções em relação à tributação sobre o consumo. Ainda no âmbito tributário, uma das frentes do Tribunal será a análise das renúncias tributárias, que ganharão um capítulo específico nas contas deste ano, principalmente a prorrogação da desoneração da folha de pagamentos.

Já há um processo em aberto no TCU no qual são analisadas todas as renúncias de receita e despesas obrigatórias permanentes referentes ao ano de 2021. Lá, os técnicos vão avaliar se o governo cumpriu a Lei de Responsabilidade Fiscal ao sancionar a desoneração e conceder outras renúncias fiscais.

A conclusão da unidade técnica deve sair em fevereiro, e servirá de base para a análise das contas do governo, no meio do ano. Mesmo que a área técnica conclua que o presidente Jair Bolsonaro descumpriu a LRF ao sancionar o texto, membros do Tribunal afirmam reservadamente não acreditar que isso seja suficiente para que o plenário rejeite as contas, principalmente em ano eleitoral.

O ministro Jorge Oliveira, que trabalhou com Bolsonaro no Palácio do Planalto, será o relator das contas do presidente referente ao ano de 2021. Em 2019 e 2020, a Corte aprovou com ressalvas as contas apresentadas pelo Executivo.

O Ministério da Economia identificou um ataque de ransomware à rede interna da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), na noite da última sexta-feira (13). Em nota, a pasta informou que "medidas de contenção foram imediatamente aplicadas e a Polícia Federal, acionada".

O ransomware é um tipo software malicioso (malaware) utilizado por cibercriminosos para infectar um computar ou uma rede, bloqueando o acesso ao sistema e critpografando os dados.

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Os efeitos da ação criminosa estão sendo avaliados pelos especialistas em segurança da STN e da Secretaria de Governo Digital.

"Nesta primeira etapa, avaliou-se que a ação não gerou danos aos sistemas estruturantes da Secretaria do Tesouro Nacional, como o Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) e os relacionados à Dívida Pública. As medidas saneadoras estão sendo tomadas", diz a nota.

O Tesouro Nacional vai assumir o pagamento de uma dívida não paga de R$ 4,5 bilhões do Estado do Rio junto ao banco francês BNP Paribas. A informação foi confirmada em nota pelo Ministério da Economia, que acrescentou que vai buscar o ressarcimento do valor por meio de bloqueios de receitas do governo fluminense com o ICMS e o Fundo de Participação dos Estados (FPE).

No entendimento da Secretaria de Estado de Fazenda fluminense, porém, esses bloqueios estariam vedados por liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que manteve o Rio no Regime de Recuperação Fiscal (RRF).

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Segundo o ministério, pelo contrato de financiamento com o BNP Paribas - que teve aval da União -, o pagamento deve ser feito agora em até 14 dias úteis após o vencimento do empréstimo, no último dia 20. A dívida foi contraída num empréstimo de R$ 2,9 bilhões, tomado pelo Estado do Rio no fim de 2017.

O aval ao financiamento foi incluído no chamado Plano de Recuperação Fiscal fluminense, no âmbito do RRF - o Rio foi o único a recorrer ao mecanismo, criado em 2017 para socorrer Estados em dificuldades financeiras.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Criado para estimular a formalização no mercado de trabalho, o abono salarial está beneficiando principalmente os menos pobres. Essa é a conclusão de estudo do Tesouro Nacional divulgado essa semana sobre os gastos com benefícios trabalhistas.

De acordo com o estudo, 58,3% dos recursos do abono salarial pagos em 2017 foram apropriados pelos 50% menos pobres da população, que ganham mais de R$ 1.220 mensais, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre 1997 e 2017, a fatia paga aos 30% mais pobres caiu de 24% para 17%.

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Segundo o estudo, o abono salarial – espécie de 14º salário pago a trabalhadores com carteira assinada que ganham até dois mínimos – tornou-se um benefício mal focalizado por causa de valorização do salário mínimo. Essa política beneficiou os trabalhadores formais mais pobres, porém aproximou o salário mínimo do salário mediano da economia nas últimas décadas, deixando de concentrar-se na parcela mais pobre da população.

Para o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, o benefício passou a ser ineficiente na distribuição de renda. “O filho de bilionário que esteja no primeiro emprego e receba entre 1 e 1,5 salário mínimo pode ter direito a abono. É a regra do benefício. Já o Bolsa Família, pelo contrário, vai de fato para mais pobres, é bem focalizado. O Bolsa Família é um programa barato, que custa cerca de 0,5% do PIB [Produto Interno Bruto, soma dos bens e serviços produzidos]. Temos de tornar o gasto público mais distributivo”, disse Almeida ao divulgar o estudo.

Na reforma da Previdência, o governo tentou restringir o pagamento do abono salarial aos trabalhadores que recebem apenas o salário mínimo. A Câmara dos Deputados aumentou um pouco o limite, para 1,2 salário. O Senado, no entanto, derrubou a mudança na votação em primeiro turno, mantendo as regras atuais e reduzindo a economia com a reforma em R$ 76,4 bilhões nos próximos dez anos.

Gastos

O estudo analisou a evolução dos gastos do abono salarial e do seguro-desemprego. Segundo o Tesouro, as despesas com os dois principais benefícios trabalhistas do país continuarão a aumentar nos próximos anos em ritmo maior que o crescimento da economia e pressionarão cada vez mais o teto de gastos.

De acordo com o estudo, os gastos com o abono salarial subirão 41,6% de 2018 a 2030, numa expansão de 2,9% ao ano. As despesas com o seguro-desemprego saltarão ainda mais: 50,1% no mesmo período, equivalente a 3,4% ao ano.

Para estimar o PIB, o documento considerou as projeções da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia, que apontam crescimento da economia de 0,9% em 2019, 2,32% em 2020 e 2,5% ao ano de 2021 a 2023. Não foram divulgadas estimativas do PIB para os demais anos.

O Tesouro não pressupõe a mudança nas regras de concessão dos benefícios. Para o salário mínimo, o estudo considerou o reajuste apenas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) até 2022 e pelo INPC mais o crescimento do PIB de dois anos antes a partir de 2023.

Evolução

Apenas em 2018, o Brasil gastou R$ 53,6 bilhões (0,78% do PIB) com o abono salarial e o seguro-desemprego. Nos últimos dez anos, aponta o estudo, as despesas com os dois benefícios cresceram, em média, 1,5% ao ano acima da inflação, mais que a média de expansão do PIB de 1,3% por ano nesse intervalo.

O maior aumento ocorreu de 2009 a 2014: 7,9% de crescimento acima da inflação por ano, contra expansão média da economia de 3,4% do PIB. De 2014 a 2018, em contrapartida, os gastos caíram: 5,9% por ano descontado o INPC, enquanto o PIB recuou 1,2% anualmente no mesmo período. Apesar da queda nos anos recentes, o Tesouro considera que, no médio prazo, os gastos com o seguro-desemprego e o abono salarial crescem mais que o PIB.

Contradição

Na maioria dos países, o gasto com o seguro-desemprego cresce em períodos de recessão e caem em épocas de crescimento econômico. O estudo procurou desvendar por que ocorre o contrário no Brasil. “De fato, é bastante difundida a visão de que haveria uma relação direta e positiva entre a despesa com o seguro-desemprego e a taxa de desemprego. Entretanto, a relação observada na última década tem sido justamente a oposta”, destacou o levantamento.

Conforme o estudo, a formalização do mercado de trabalho nos anos de crescimento econômico e a política de aumentos reais (acima da inflação) do salário mínimo explicam o desempenho contraditório dos gastos com o seguro-desemprego. O trabalho destacou que a desaceleração da economia a partir de 2014 e a recessão em 2015 e 2016 interromperam a formalização do mercado de trabalho brasileiro.

Em 2001, 26,5% da população economicamente ativa trabalhava com carteira assinada. A proporção passou para 37,32% em 2013. Dessa forma, a ampliação dos gastos com o abono salarial e o seguro-desemprego decorreu da ampliação do público alvo dos programas. O gasto também foi influenciado pelo aumento real do salário mínimo.

 

Com o indicador que mede o risco de investir no Brasil em queda e investidores internacionais em busca de rendimentos maiores, o Tesouro Nacional emitiu nesta segunda-feira (4) cerca de US$ 3,0 bilhões em títulos da dívida externa. A venda foi feita com as menores taxas de juros desde 2012, quando o Brasil ainda tinha o selo de "bom pagador" das agências de rating, o chamado "grau de investimento".

A maior parte, cerca de US$ 2,5 bilhões, foi em um novo papel com prazo de vencimento de 30 anos, denominado Global 2050. Outros US$ 500 milhões foram da nova emissão de título com prazo de 10 anos, o Global 2029.Parte da emissão de longo prazo foi empregada na recompra de outros títulos que haviam sido colocados no mercado externo, muitos com custo maior e menor liquidez nas negociações. Essa "troca" de papéis ficou em torno de US$ 1 bilhão.

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Nas emissões que geraram "entrada" de investidores - ou seja, US$ 1,5 bilhão do Global 2050 e os US$ 500 milhões do Global 2029 -, a demanda superou em três vezes o volume ofertado no caso do papel de 30 anos e em cinco vezes no título de 10 anos. Foi a primeira vez que o Tesouro ofertou no mercado externo dois títulos de prazos diferentes de forma simultânea.

A "superoperação" foi avaliada positivamente pelo governo porque, além da demanda forte pelos papéis, as taxas de juros foram as menores em sete anos. A última emissão de título de 30 anos tinha sido em julho de 2016. Em março deste ano, houve emissão do Global 2029, com taxa de 4,5% ao ano, na época a menor desde que o Brasil perdeu grau de investimento, alcançando um montante total de US$ 1,5 bilhões.

Parâmetros

O anúncio de nova emissão de títulos globais do Tesouro funciona como uma forma de o governo estabelecer parâmetros para o mercado internacional em relação aos investimentos em empresas brasileiras. O coordenador do laboratório de finanças do Insper, Michel Viriato, explica que a curva de juros de longo prazo que esses papéis traçam ajuda a nortear os investidores estrangeiros na hora de comprar dívidas de empresas privadas brasileiras, os chamados bonds.

"O prêmio sobre a remuneração dos títulos do Tesouro americano (Treasure) é baseado no risco-país. Nesta terça-feira, 5, esse prêmio está em 2,65% acima do que paga o Treasure para os papéis que vencem em 2050. É condizente com o risco que o país oferece. Na dívida privada, o investidor de fora vai buscar pagar um pouco acima disso", disse ele.

Para o coordenador do curso de Economia da FGV em São Paulo, Joelson Sampaio, essa também é uma boa prática do Banco Central à medida que atrai um investidor de mais longo prazo. "É um investimento melhor para o país porque se reflete na economia real." / COLABOROU TALITA NASCIMENTO

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Tesouro Nacional informou nesta quarta-feira (29) que as contas do governo fecharam o mês de abril deste ano com o pior resultado desde 1998. Apesar do saldo positivo ter ficado em R$ 6,5 bilhões, ele é o menor nos últimos 21 anos.

 Normalmente o mês de abril traz contas do governo fechadas com superávits, que é quando a arrecadação federal supera as despesas, porque há maior arrecadação de impostos de grandes empresas. Já no mês de maio, há a compensação porque existe maior repartição de tributos com estados e municípios.

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 Entretanto, neste mês de abril a receita federal caiu 1,6%, de acordo com o Tesouro. Já as despesas aumentaram 0,5%. Com esses números, o governo tem bloqueado cerca de R$ 30 bilhões em gastos dos ministérios.

 Tomada como medida preventiva, o governo objetiva que a equipe econômica consiga cumprir a meta de resultado das contas para o ano. O governo prevê fechar 2019 com um rombo de R$ 139 bilhões.

A equipe econômica estuda limitar as taxas de juros que poderão ser cobradas por bancos em empréstimos a Estados dentro do novo programa de auxílio que está sendo elaborado pelo governo federal. Segundo o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, apurou, a avaliação no governo federal é que os financiamentos concedidos no passado tinham taxas altas para uma operação com garantia da União. Nesse tipo de operação, o risco das instituições financeiras é "quase zero" porque a União honra os pagamentos caso os Estados não paguem.

De acordo o Tesouro Nacional, o custo médio do estoque dessas operações fechou 2018 em 16,82% ao ano. A expectativa é que novos empréstimos poderão ter taxas bem inferiores, já que os juros básicos da economia estão no menor patamar histórico.

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Com caixas vazios, os Estados já estão se antecipando ao novo auxílio que está sendo preparado pelo governo federal e têm procurado bancos públicos e privados em busca de propostas para empréstimos dentro do novo programa. Nas últimas semanas, governadores e secretários de Fazenda têm mantido reuniões com bancos como BNDES, Caixa, Banco do Brasil e bancos privados estrangeiros e nacionais, como Santander, Bradesco, ABC e BTG Pactual, para negociar taxas e volumes que poderão ser emprestados depois que o novo programa da União for aprovado.

Segundo uma fonte que participa das negociações, os próprios bancos nacionais também têm se movimentado e começaram a, ativamente, agendar reuniões com as secretarias de Fazenda nos últimos meses. "Toda semana tem banco querendo agenda com secretário de Fazenda. Eu mesmo já me reuni com três bancos, dois públicos e um privado", afirmou um secretário de Fazenda estadual. Ele pondera, no entanto, que ambos os lados negociam ainda em termos preliminares. "A taxa de juro possível só será fechada quando a União anunciar em que termos vai oferecer a garantia aos empréstimos dos Estados", disse.

Sem a garantia da União, porém, Estados hoje já endividados só teriam acesso a financiamentos com taxas ainda mais elevadas. "Não acho que a União é a salvação, mas com esse aval, poderei pegar empréstimo a taxas melhores para sanar com meu problema de fluxo de caixa de curto prazo", afirmou outro secretário.

Enquanto alguns Estados têm cotado financiamentos novos, outros já iniciaram conversas com instituições das quais já são credores para renegociar dívidas atuais. De acordo com o secretário de Planejamento de Roraima, Marcos Jorge, para eles seria mais vantajoso rolar a dívida que tem hoje com bancos, cujas parcelas consomem cerca de 10% da receita mensal do Estado. "O que precisamos é de um período de carência, o que nos daria um fôlego, ou renegociar a dívida que temos hoje", afirmou.

Além dos bancos, Estados têm se reunido com organismos internacionais, como Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Banco Mundial - este último vem ajudando o próprio Tesouro Nacional na elaboração do novo socorro.

Segundo o secretário de Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles, no Estado não existe nenhuma decisão tomada sobre contrair novos financiamentos.

Programa

O novo programa de auxílio, no entanto, não deve garantir a liberação de recursos no curto prazo. Por isso, os Estados, que têm pressa, e os bancos já estão se movimentando. A ideia é deixar propostas e contratos já engatilhados para, quando o programa federal for aprovado, os recursos serem emprestados o mais rápido possível.

A equipe econômica trabalha para que o projeto, que depende da aprovação do Congresso Nacional, esteja pronto em cerca de um mês e tramite junto com a reforma da Previdência, o que servirá como "moeda de troca" para que o governo consiga o apoio dos governadores para as mudanças nas aposentadorias. As adesões ao novo programa devem começar ainda neste ano e durar até o fim do próximo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os poderes federais cumpriram, com folga de R$ 60 bilhões, o teto de gastos em 2018, divulgou hoje (29) o Tesouro Nacional. No ano passado, Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público da União e Defensoria Pública da União gastaram R$ 1,288 trilhão, contra limite de R$ 1,348 trilhão.

A diferença de R$ 60 bilhões, em tese dá mais margem de manobra para a União cumprir o teto de gastos para 2019, fixado em R$ 1,407 trilhão. No entanto, o Tesouro Nacional esclareceu que a maior parte da folga será usada para o pagamento de despesas obrigatórias.

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Embora o Orçamento Geral da União de 2019 tenha elevado em R$ 119 bilhões o limite de despesas sujeitas ao teto de gastos, o Tesouro informou que a maior parte desse valor cobrirá gastos obrigatórios, que crescerão R$ 124 bilhões. Enquanto isso, as despesas discricionárias (não obrigatórias) cairão R$ 5 bilhões este ano em relação ao executado no ano passado.

Segundo o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, somente reformas que reduzam gastos obrigatórios tornarão possível o ajuste fiscal, principalmente a reforma da Previdência. “A reforma da Previdência é essencial para reduzir os gastos públicos e aumentar os recursos para serviços públicos que podem ser prestados à população”, declarou.

No ano passado, todos os poderes federais gastaram abaixo do teto. O Poder Executivo gastou 95,5% do limite. O Poder Legislativo (Câmara dos Deputados, Senado e Tribunal de Contas da União) executaram 93,7% do teto. No Poder Judiciário federal, a execução chegou a 98,2%. A Defensoria Pública da União gastou 93,4% do limite. O Ministério Público da União foi o poder que mais gastou, com execução de 99,8%.

Depois de encerrar 2018 próxima da barreira de R$ 4 trilhões e em nível recorde, a Dívida Pública Federal (DPF) deverá chegar ao fim de 2019 entre R$ 4,1 trilhões e R$ 4,3 trilhões. Os números foram divulgados hoje (28) pelo Tesouro Nacional, que apresentou o Plano Anual de Financiamento (PAF) da dívida pública em 2019. 

De acordo com o PAF, que apresenta metas para a dívida pública para este ano, o governo criou um espaço para aumentar a fatia de títulos corrigidos por taxas flutuantes como a Selic (juros básicos da economia) e de papéis corrigidos pelo câmbio, caso a instabilidade no mercado financeiro se intensifique. Nesse caso, cairia a parcela da dívida prefixada (com taxas de juros fixas e definidas antecipadamente) e vinculada à inflação.

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Segundo o documento, a fatia dos títulos prefixados deverá encerrar o ano entre 29% e 33% da DPF. Atualmente, a participação está em 33%. A parcela corrigida por índices de preços deverá ficar entre 24% e 28%. Hoje, está em 27,5%.

A parcela da DPF vinculada à taxa Selic (juros básicos da economia) deverá encerrar 2019 entre 38% e 42%, contra os 35,5% registrados atualmente. Já a participação da dívida corrigida pelo câmbio, considerando a dívida pública externa, deverá encerrar o ano entre 3% e 7%. O percentual atual está em 4%. Os números não levam em conta as operações de compra e venda de dólares no mercado futuro pelo Banco Central, que interferem no resultado.

Em 2018, a DPF registrou uma leve piora na composição, com aumento de títulos corrigidos por taxas flutuantes, que subiram de 31,5% em dezembro de 2017 para 35,5% no mês passado. Por causa da greve dos caminhoneiros e da corrida eleitoral, que trouxeram instabilidade ao mercado financeiro, o Tesouro teve de rever o PAF em setembro do ano passado, aumentando a participação dos títulos vinculados à Selic na dívida do governo.

Em tese, os títulos corrigidos por taxas flutuantes aumentam o risco da dívida pública, porque a Selic pressiona mais o endividamento do governo quando os juros básicos da economia sobem. No entanto, com a queda recorde dos juros básicos no ano passado, o aumento da participação desses papéis beneficiou o Tesouro porque ajudou a segurar o pagamento dos juros da dívida pública.

Quando o Banco Central reajusta os juros básicos, a parte da dívida interna corrigida pela Selic aumenta imediatamente. A taxa de juros dos papéis prefixados é definida no momento da emissão e não varia ao longo do tempo. Dessa forma, o Tesouro sabe exatamente quanto pagará de juros daqui a vários anos, quando os papéis vencerem e os investidores tiverem de ser reembolsados.

O Plano Anual de Financiamento também abriu uma margem para diminuir o prazo da DPF. No fim de 2018, o prazo médio ficou em 4,1 anos. O PAF estipulou que ficará entre 3,9 e 4,1 anos no fim de dezembro. O Tesouro divulga as estimativas em anos, não em meses. Já a parcela da dívida que vence nos próximos 12 meses encerrará 2019 entre 17% e 20%. Atualmente, está em 16,3%.

Segundo o Tesouro, o governo tem dois mecanismos de segurança para assegurar a capacidade de financiamento em caso de crise econômica que não permita ao Tesouro lançar títulos no mercado. Em primeiro lugar, o governo tem reservas internacionais suficientes para pagar os vencimentos da dívida pública externa em 2019. Além disso, o governo tem um colchão para cobrir pouco mais de seis meses dos vencimentos da dívida pública interna, que totalizarão R$ 639,1 bilhões este ano.

Por meio da dívida pública, o Tesouro Nacional emite títulos e pega dinheiro emprestado dos investidores para honrar compromissos. Em troca, o governo compromete-se a devolver os recursos com alguma correção, que pode seguir a taxa Selic, a inflação, o câmbio ou ser prefixada, definida com antecedência.

O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou que se o governo Michel Temer não conseguir aprovar a reforma da Previdência este ano, não haverá nenhum impacto negativo para o mercado financeiro. Mas, segundo ele, o governo de Jair Bolsonaro deverá avançar nessa pauta em 2019.  

“Se [o governo Temer] aprovar algo infralegal esse ano, ótimo, é uma sinalização. Mas se não aprovar não é o fim do mundo. O que o mercado espera é a aprovação da reforma da Previdência no próximo ano. É necessária uma reforma da Previdência no país e o governo novo tem tempo de aprovar”, disse Mansueto. 

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O economista passou o dia no Centro Cultural Banco do Brasil com a equipe de transição do governo eleito de Jair Bolsonaro. Mansueto tratou do ajuste fiscal com a equipe de transição e apresentou números do governo Temer. “Devemos terminar o ano com déficit primário bem melhor que a meta, em torno de R$ 120 bilhões. Fui mostrar a dinâmica da despesa”. 

Ao deixar o local, Mansueto teceu elogios à equipe e disse que estão comprometidos em alterar as regras da Previdência. “Eu acho que o governo novo está muito comprometido em aprovar a reforma da Previdência. Tenho muitos amigos aí, funcionários públicos muito competentes, uma equipe muito comprometida com o ajuste fiscal, que quer fazer avaliação de gasto público, que quer fazer o ajuste fiscal cortando a despesa, não com [elevação da] carga tributária”, disse o secretário do Tesouro. 

Há possibilidade de o governo Temer tentar alterar regras previdenciárias ainda este ano por meio de projetos infraconstitucionais, conforme informou ontem o governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Mas o tempo para que os aliados do atual governo é curto. 

Mas o tempo para que os aliados do atual governo avancem no tema é curto. Na teoria, restam seis semanas para aprovação. Mas, na prática, são menos dias, porque tradicionalmente as sextas-feiras no Congresso são esvaziadas. E, para encurtar mais, na próxima semana há um feriado na quinta-feira (15).

A derrubada pelo Congresso dos vetos presidenciais às bondades do parcelamento das dívidas de produtores rurais de micro e pequenas empresas deixou até mesmo o Tribunal de Contas da União (TCU) de mãos atadas. Mesmo sem haver ainda uma previsão oficial do rombo fiscal que as medidas causarão, o órgão não poderá impedir que o governo aplique os benefícios aprovados pelos parlamentares.

O ‘Estadão/Broadcast’ apurou que a manobra de deputados e senadores para aumentar descontos a devedores da União criou uma espécie de "limbo" para a atuação do TCU. A derrubada em bloco de vetos ao Funrural e Refis dos pequenos negócios causou perda de R$ 10 bilhões em arrecadação pela Receita Federal, além de um impacto de cerca de R$ 3 bilhões para o Tesouro Nacional.

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Primeiro, o governo seguiu à risca as orientações do órgão do controle nesses casos e vetou todos os dispositivos que estavam em desconformidade com a Lei de Responsabilidade Fiscal. Depois, o Parlamento, aparentemente com aval do Planalto, reverteu essa decisão, aprovando leis que podem entrar em confronto com a própria LRF.

De acordo com uma fonte do tribunal, o TCU não pode tomar nenhuma ação para impedir que o governo regulamente e aplique as medidas. Sem poder agir diretamente no caso, restaria ao órgão apenas uma ação "educativa" e alertar para o risco de que manobras legislativas dessa natureza minem a credibilidade das contas públicas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Tesouro Nacional bancou R$ 122,3 bilhões em custos com as estatais federais entre 2012 e 2016, mas só obteve um retorno de R$ 89,3 bilhões em juros ou dividendos ao longo desses cinco anos - o equivalente a 73% dos gastos.

Boa parte do gasto foi direcionado às estatais dependentes, aquelas que não têm receitas próprias para bancar as despesas correntes e precisam do Tesouro. As chamadas subvenções somaram R$ 49,1 bilhões no período. O crescimento dessa conta foi contínuo até chegar a R$ 13,35 bilhões só no ano passado com essas empresas.

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As empresas estatais dependentes são aquelas que têm custos bancados com recursos do Orçamento Federal. O que o boletim mostra é que esse socorro cresceu ano a ano desde 2012, até atingir recorde no ano passado, justamente em meio à crise fiscal e à necessidade crescente de o governo se endividar para bancar seus próprios déficits.

O governo enviou ao Congresso Nacional recentemente um projeto de lei para criar um programa de recuperação e melhora empresarial para evitar que mais estatais federais passem a depender de recursos públicos para se manter. As empresas vão ter indicadores econômicos e financeiros monitorados para que seja possível aplicar medidas prévias, que evitem a piora da situação das companhias. "É uma espécie de ‘recuperação judicial’ das estatais", comparou o secretário de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do Ministério do Planejamento, Fernando Ribeiro Soares, em entrevista ao Estadão/Broadcast no início de dezembro.

Controle. A União controla 16 estatais dependentes de forma direta e outras duas de forma indireta, por meio de uma autarquia. Entre 2012 e 2016, essas empresas, que atuam em diferentes setores, receberam R$ 49,1 bilhões em subvenções do Tesouro no total.

A empresa que mais recebeu recursos nesse período foi a Embrapa (R$ 12,6 bilhões), seguida pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), que recebeu R$ 5,5 bilhões; e pelo Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), que contou com R$ 4,6 bilhões de subvenção.

No conjunto de todas as estatais (não só as dependentes), o governo tem tido um custo muito maior do que o retorno (sobretudo em dividendos). Entre 2012 e 2016, apenas em um ano essa relação foi positiva, maior que 1 (1,36 em 2014). Em todos os outros anos, a relação ficou abaixo de 1, o que indica dispêndios superiores aos retornos obtidos.

No ano passado, foi o pior ano da relação retorno x custo. Ficou em 0,20. Ou seja, a cada R$ 5 gastos, apenas R$ 1 real retornou ao Tesouro. "Essa evolução está associada, no período entre 2012 e 2016, ao aumento continuado dos gastos com subvenção e à queda das receitas com dividendos", afirma o boletim.

A conta mais ampla de custos inclui não só as subvenções para as estatais dependentes, mas também a injeção de capital por meio de instrumentos híbridos de capital e dívida (IHCDs) e de adiantamentos para futuro aumento de capital (AFACs).

"Cabe ressaltar que a melhoria do desempenho das empresas em 2017 aponta para a elevação da estimativa de receitas com dividendos, ainda que não o suficiente para superar as despesas com subvenções, as quais continuam se mantendo em patamares bastante elevados", diz o documento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aproveitou as condições de mercado neste ano para resgatar investimentos em participações acionárias. Até ontem, a instituição de fomento acumulou cerca de R$ 3,5 bilhões em vendas de participações em empresas neste ano. Na outra ponta, o BNDES desembolsou apenas R$ 160 milhões para comprar ações, ou seja, as vendas têm sido maiores do que os investimentos.

A diretora de mercado de capitais do banco, Eliane Lustosa, negou que seja uma estratégia para gerar caixa, disse que nada será vendido "na bacia das almas", mas destacou que "não existe ativo intocável". Maior investidor institucional do País, o BNDES tem R$ 68,6 bilhões em ações, segundo seu balanço financeiro.

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Dados do site do BNDES apontam a Petrobrás como destaque nas vendas. A participação do banco no capital total da petroleira caiu de 17,1% em 2016 para 16,5% no fechamento do segundo semestre deste ano, quando a fatia estava avaliada em R$ 27,3 bilhões, segundo o balanço financeiro. Outras participações que caíram foram na fabricante de autopeças Iochpe (de 9,1% para 6,0%), na geradora de eletricidade eólica Renova Energia (de 7,7% para 6,0%) e na fabricante de medicamentos Biomm (de 14,0% para 12,2%).

"Hoje, não existe na carteira do banco nenhuma ação que seja estratégica. Em todas as nossas participações, uma vez cumprido o nosso papel, a gente pode e deve buscar liquidez. Isso não tem a ver com a necessidade de recursos, tem a ver com uma gestão eficiente dos recursos", disse Eliane.

Diante da necessidade de o governo diminuir a dívida pública, o BNDES já antecipou R$ 50 bilhões este ano. Mais R$ 130 bilhões foram pedidos para 2018. Em artigo publicado em junho no Broadcast/Estadão, Sérgio Werlang, ex-diretor de Política Econômica do Banco Central (BC) e assessor da presidência da Fundação Getulio Vargas (FGV), defendeu a venda das ações do banco para devolver para o Tesouro.

Ajuda

Por escrito, Werlang disse que mantém a posição, ressalvando que não tinha dados sobre vendas recentes: "O BNDES não deveria ter carteira de ações. Isso é parte de um passado que deveria já ter sido deixado de lado. Além do mais, a carteira é de ações de empresas maduras, que não precisam de ajuda governamental".

O economista-chefe do banco Safra, Carlos Kawall, ex-secretário do Tesouro, também vem defendendo mais devoluções por parte do BNDES, mas vê esse movimento como algo separado da venda da carteira de ações. O banco não pode ter uma meta de venda de ativos, pois as operações de redução da carteira precisam de justificativa técnica e devem render lucro, com pareceres técnicos justificando. "Não dá para conciliar esse tipo de timing com o timing do repagamento (ao Tesouro)", disse o economista.

Isso não quer dizer que as vendas de ações não devam continuar, pois "não faz muito sentido" o BNDES ter grandes fatias em grandes empresas privadas. Para Kawall, o foco do banco no mercado deveria ser atuar menos no segmento de participação acionária e mais no segmento de títulos de dívida.

Eliane, do BNDES, disse que a diretriz de investimentos em participações acionárias já foi reformulada, conforme a política operacional instituída em janeiro. O foco agora está em operações menores, com caráter de inovação e capacidade de desenvolver o mercado. Nessa diretriz, o objetivo não é ficar para sempre com as ações. "Ativo no qual a gente já cumpriu o papel, que tem liquidez e tem preço, a gente vai desinvestir", afirmou.

Em paralelo à nova diretriz de investimentos, a diretoria do BNDES aprovou semana passada a construção de um código de "stewardship" (investimento responsável), com princípios e regras que vão pautar sua atuação como investidor institucional. O código deverá estar pronto até o fim de 2018. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo deve dobrar a previsão de arrecadação com a privatização da Eletrobrás no Orçamento de 2017. A estimativa de R$ 7,7 bilhões que consta no projeto é considerada conservadora e deverá ser alterada para um valor mais próximo de R$ 15 bilhões, segundo apurou o 'Broadcast/Estadão'.

O valor é referente à parcela que o Tesouro Nacional vai receber da Eletrobrás pelo pagamento de bônus de outorga no processo de privatização da companhia, quando a energia das usinas da empresa, hoje entregue pelo custo, poderá ser vendida a preços de mercado.

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A privatização poderá render entre R$ 30 bilhões e R$ 35 bilhões, segundo estimativas da área econômica, mas esse benefício será dividido entre Tesouro, Eletrobrás e os consumidores de energia, por meio de abatimentos futuros na conta de luz. A mudança está em discussão entre os ministérios da Fazenda, Minas e Energia, Planejamento e a secretaria executiva do Programa de Parcerias de Investimento (PPI).

Fernando Coelho Filho, que se licenciou do Ministério das Minas e Energia para reassumir seu mandato de deputado e votar a favor de Temer, disse ontem que a medida provisória irá à Casa Civil na semana que vem. "Estamos correndo para fechar."

Na quarta-feira (25) depois da divulgação da notícia pelo Broadcast, as ações da Eletrobrás foram destaque de alta na Bolsa. Os papéis ON fecharam o dia com valorização de 3,45%.

A MP que será publicada na próxima semana vai abrir caminho para a privatização e deve trazer soluções para passivos que se arrastam há anos e que poderiam reduzir o apetite dos investidores. O Planalto aposta nessa MP para dar ânimo à economia depois da votação na Câmara que arquivou a segunda denúncia contra Michel Temer.

Segundo fontes, a MP deve permitir um acerto de contas envolvendo a dívida da Eletrobrás com a Petrobrás. A União assumirá uma parte do débito, equivalente ao valor de R$ 3,5 bilhões. Esse pagamento será feito com o dinheiro do bônus de outorga. A medida pode elevar o valor de mercado da companhia.

O arranjo será uma solução para a proposta prevista na Medida Provisória 706, sancionada no ano passado, que permitiu que a União fizesse um aporte de até R$ 3,5 bilhões para a Eletrobrás atender regiões isoladas, majoritariamente no Norte do País, abastecidas por termoelétricas. Até hoje, esse valor nunca foi aplicado.

Esse dinheiro não cobrirá todo o rombo da Eletrobrás com a Petrobrás, que supera R$ 10 bilhões. A dívida decorre do fornecimento, pela petroleira, de combustível usado pelas termoelétricas, que não foi pago pelas distribuidoras da companhia. O problema terá de ser resolvido pela própria Eletrobrás.

Velho Chico

Após ser privatizada, a Eletrobrás terá de assumir alguns compromissos, como o projeto de revitalização do Rio São Francisco, que visa recuperar a capacidade de armazenamento dos reservatórios da região. O custo estimado é de R$ 500 milhões anuais, mas o prazo para concluir o projeto pode subir de 10 para 30 anos. Outro compromisso do qual o governo não abre mão é o compartilhamento dos benefícios da privatização e da descotização com os consumidores, por meio de abatimentos na conta de luz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As sucessivas declarações do presidente BNDES Paulo Rabello de Castro mostrando resistência à devolução antecipada de R$ 130 bilhões em 2018 ao Tesouro Nacional têm causado irritação na área econômica. O governo precisa do dinheiro para cumprir a "regra de ouro" do Orçamento, mas Rabello afirmou ontem que "não tem tanto cheque para passar para a viúva". Ele classificou de "ignorância financeira total" achar que o caixa da instituição financeira é necessariamente sacável.

Os embates nas declarações do governo e do BNDES têm crescido nos últimos dias e provocam saia justa e mal-estar nos bastidores. Para uma fonte da área econômica, o rombo de R$ 184 bilhões que existe para o cumprimento da norma no ano que vem já está dado e a antecipação é uma questão de necessidade do governo.

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Integrantes do banco dizem não conhecer de perto os números da equipe econômica sobre a regra de ouro e ressaltam a necessidade de avaliar a situação do BNDES e a demanda futura por crédito. O argumento da instituição é que uma antecipação significativa agora pode comprometer a capacidade de emprestar quando o País voltar a crescer e a investir.

A regra de ouro impede a emissão de dívida para o pagamento de despesas correntes. Ela está ameaçada por causa dos déficits do governo, que diminuíram a capacidade de investir e ao mesmo tempo aumentaram a necessidade de financiamento. Seu descumprimento representa crime de responsabilidade das autoridades e pode suscitar pedido de impeachment do presidente da República. O cenário é tão grave que o Tribunal de Contas da União (TCU) abriu investigação sobre o tema, como revelou o Estadão/Broadcast.

Rabello negociou a devolução de R$ 50 bilhões neste ano na tentativa de ganhar tempo e conseguir flexibilizar o valor da devolução restante ou buscar fontes alternativas de financiamento. Mas as propostas apresentadas não foram consideradas viáveis pela equipe econômica.

Com o impasse, Rabello elevou o tom e chegou a dizer que uma contribuição do BNDES para o cumprimento da regra de ouro em 2018 "é muito improvável".

Na avaliação de fonte da área econômica, o presidente do banco "está em campanha" para as eleições de 2018, em referência aos rumores de que ele seria candidato. Com recursos em caixa, o BNDES poderia ter posição mais atuante na aceleração do crescimento do ano que vem.

Sinal nessa direção seria a filiação de Rabello ao PSC, mas ele afirmou que o ato indica apenas um "movimento proativo". "Sou candidato a fazer o melhor possível no BNDES", disse. Para um integrante da área econômica, Rabello "precisa ir embora".

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, minimizou os ataques de Rabello. "Acho normal a defesa aguerrida do interesse direto da instituição pela direção, e estamos todos trabalhando para conseguir o melhor possível." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O impasse criado com o governo fez com que o BNDES montasse uma equipe especial para avaliar a possibilidade jurídica e técnica de adiantar os pagamentos dos empréstimos recebidos do Tesouro sem prejudicar sua capacidade de financiamento. Hoje, o banco calcula ter justamente R$ 180 bilhões em caixa e essa equipe vai medir quanto desse valor já está comprometido com desembolsos de contratos firmados ou em vias de conclusão.

O diretor de Crédito, Planejamento e Pesquisa do BNDES, Carlos Da Costa, afirma que há boa vontade do banco para negociar. Porém, chama a atenção para o fato de que assim como os administradores do governo precisam observar critérios de responsabilidade, o banco também está sujeito a "limites prudenciais". A instituição já deixou claro que o valor da devolução reivindicada pelo governo (R$ 50 bilhões em 2017 e R$ 130 bilhões em 2018) é apenas um "indicativo".

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O BNDES trouxe para a mesa de negociação com o governo uma cesta de medidas com o objetivo de reduzir o impacto que a antecipação dos pagamentos ao Tesouro Nacional poderá ter sobre o poder de fogo da instituição na concessão de crédito. Algumas das alternativas foram discutidas ontem, em reunião entre o diretor do BNDES e a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi. Segundo Da Costa, uma parte considerável dos recursos pedidos pelo governo está emprestada, financiando empresas: "É por isso que esses empréstimos têm um prazo para pagamento (ao Tesouro) que acompanha o prazo de pagamento das empresas".

O Tesouro repassou ao banco recursos com prazo de pagamento de até 30 anos. E o banco programou suas operações seguindo esse período de pagamentos. Agora, alega que precisa reforçar seu caixa para poder antecipar a devolução. Uma das possibilidades é o BNDES fazer captações no mercado doméstico com papéis de renda fixa e variável. Hoje, esse tipo de financiamento está parado. No mercado externo, o banco pode alavancar recursos com instituições financeiras. Nesse caso, necessitaria enviar recursos ao exterior. "É para alavancar mais recursos. É isso que os bancos fazem: deixam parte dos recursos e multiplicam isso", disse o diretor, ressaltando que o mercado externo está líquido e barato.

Segundo Da Costa, outra possibilidade é a venda de ações de empresas que estão na carteira do BNDESPar - o braço de participações do banco. "Podemos eventualmente vender ações do BNDESPar. Mas com prudência. Não podemos queimar o patrimônio do brasileiro."

Na devolução de R$ 100 bilhões, em 2016, R$ 40 bilhões foram pagos em títulos da dívida pública. Os R$ 60 bilhões restantes foram em dinheiro, após o "desfazimento" de operações compromissadas. Quando um banco "desfaz" uma compromissada, o Banco Central recompra esses títulos e paga em dinheiro para a instituição financeira. "Se é para abater dívida, (o pagamento) é (em) títulos. A compromissada não é dívida, é política monetária, abate a dívida temporariamente", afirmou o diretor da Área Financeira e Internacional do BNDES, Carlos Thadeu de Freitas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

De acordo com o Boletim de Finanças dos Entes Subnacionais, divulgado nesta quinta-feira (17) pelo Tesouro Nacional, o déficit previdenciário dos estados brasileiros apresentou crescimento de 10% em 2016.

O relatório mostra que o resultado passou de R$ 76,672 bilhões em 2015 para R$ 84,463 bilhões no ano passado. “Tal crescimento é indício do problema da insustentabilidade dos regimes de previdência estaduais, tendo em vista o consumo cada vez maior de recursos financeiros, que poderiam ser direcionados para atender e ampliar os serviços básicos exigidos pela sociedade”, diz o Tesouro em nota oficial.

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A análise também aponta uma diferença de R$29,5 bilhões entre o cálculo do déficit feito pelos próprios estados e o valor apurado pelo Tesouro Nacional. Os governos regionais informaram um déficit previdenciário de quase R$ 55 bilhões. Entretanto, nos cálculos do Tesouro, o déficit chegou a R$ 84,463 bilhões. “Os cálculos são feitos com ajustes necessários para apurar o custo real dos inativos e pensionistas para o Tesouro do estado”, diz a nota.

Segundo o documento do Tesouro, os números do estado de São Paulo respondem pela maior parte dessa discrepância (R$ 17 bilhões). “Isso é fruto da forma como esse estado apresenta o repasse de recursos para a cobertura do déficit previdenciário, tratando-o como um tipo de contribuição patronal suplementar para o RPPS (Regime Próprio de Previdência Social), o que acaba melhorando seu resultado.”

Servidores públicos já se articulam para recorrer à Justiça ou até mesmo paralisar serviços caso o governo leve a cabo a proposta de adiar os reajustes salariais já aprovados para 2018 e que custariam R$ 22 bilhões. A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, afirmou ontem que o estudo da medida está em linha com o objetivo da área econômica de revisar gastos obrigatórios. A medida não teria impacto neste ano, mas é uma alternativa para fechar as contas do Orçamento do ano que vem, que precisa ser apresentado até o fim de agosto e já traz dor de cabeça para o governo.

"O que pode ser feito é a postergação de reajustes em alguns meses, mas é preciso ver as bases legais para se fazer isso", afirmou Ana Paula. Nos bastidores, a secretária manteve uma postura crítica à concessão dos reajustes e hoje tem sido uma das maiores defensoras da revisão dos acordos, segundo apurou o Estadão/Broadcast.

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Ontem, Ana Paula ressaltou que a decisão do presidente Michel Temer de dar os aumentos foi tomada "com base na interinidade e nas negociações anteriores". Grande parte dos reajustes foi aprovada quando Temer ainda era presidente em exercício, antes do impeachment de Dilma Rousseff. Agora, Temer pode recorrer a expediente semelhante ao adotado pela antecessora, que em setembro de 2015 adiou aumentos para agosto do ano seguinte.

A indicação de que o governo planeja adiar os reajustes deve acirrar ainda mais os ânimos do funcionalismo em um momento já de ebulição por conta da restrição de recursos federais. A Confederação Nacional dos Servidores Públicos (CNSP) disse que entrará com ação na Justiça para impedir a postergação, caso a medida seja de fato anunciada.

O presidente da CNSP, Antonio Tuccilio, afirmou que o governo não foi transparente durante as negociações dos aumentos, uma vez que não ponderou sobre a situação delicada das contas públicas. "Falta gestão. A outra parte (governo) tinha de ter colocado o problema na mesa", disse. "Uma vez que o aumento foi decidido, ele tem de ser cumprido."

Mobilização

Os auditores fiscais da Receita Federal vão se reunir hoje para discutir o tema. A categoria foi uma das mais mobilizadas pelo reajuste, com paralisações e greves que afetaram desde o desembaraço de mercadorias em aduanas até a divulgação de dados sobre a arrecadação federal. "Certamente as entidades não ficarão paradas", disse o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Sindifisco), Claudio Damasceno.

O adiamento dos reajustes pode ser um dos instrumentos do governo para tentar cumprir a meta fiscal estipulada para 2018, de déficit de R$ 129 bilhões. A capacidade da área econômica em atingir esse objetivo no ano que vem já tem sido questionada, na esteira da pressão crescente por alteração da meta de 2017, para rombo superior aos R$ 139 bilhões fixados hoje.

A mudança na meta fiscal deste ano tem sido discutida internamente por técnicos da área econômica diante das incertezas que cercam uma série de receitas previstas pelo governo. A maior insegurança está nos R$ 25,7 bilhões esperados com concessões. Desse valor, R$ 19,3 bilhões ingressarão nos cofres da União apenas em novembro e dezembro, o que diminui a capacidade de ação do governo em caso de frustração. Foi essa constatação que levou o Tribunal de Contas da União a emitir alerta à equipe econômica sobre a chance real de descumprimento da meta neste ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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