Maria do Carmo Vilaça abre as portas da sorveteria, no bairro do Janga, com um sorriso largo e o olhar tranquilo. Aqui dentro ela é a Tia Carminha, figura indispensável para a produção e comercialização dos sorvetes. Além de ser a responsável pelas receitas e fabricação das delícias que oferece aos clientes, seu carisma e simpatia também são itens bastante procurados por quem frequenta o estabelecimento. Neste sábado (23), quando se celebra o Dia do Sorvete, não poderia haver personagem e história melhores para comemorar a data.
Tia Carminha começou a fazer sorvetes há 34 anos, estimulada pelo Tio Beto, dono de uma sorveteria que ela frequentava com o marido, em Casa Amarela. O começo foi tímido, mas ela logo pegou gosto pela tarefa e foi se aperfeiçoar. Fez vários cursos e num deles descobriu que não era necessário colocar gordura na sobremesa. Era o que ela precisava para aliar seu gosto por comida natural ao doce gelado: “Descobri que nao precisa botar gordura, a não ser que você more num lugar muito frio. Fiz do meu jeito e deu certo”. Adaptando e recriando os ensinamentos recebidos, ela chegou à sua própria receita, que prefere não dividir com ninguém.
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Em sua casa, Carminha abriu a sorveteria Mania. É lá que ela própria fábrica as coberturas, casquinhas e o sorvete, em dois ou três dias durante a semana. Muitos deles são feitos com frutas cultivadas no seu próprio quintal. Aliás, ela faz questão de usar apenas frutas frescas, sempre as da estação, pouquíssimo açúcar e nada de leite porque é "muito gorduroso". Para sorvetes como o de chocolate, ela usa o leite integral. Os demais sabores são, muitos deles, criações dela mesmo, como o de tortinha de limão. O resultado é um sorvete leve, adocicado na medida e feito com muito zelo e carinho. A sobremesa é aprovada por todos que a experimentam, inclusive famosos como o cantor Alceu Valença e o ator global Caio Blat, que já passaram pela sorveteria.
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Os clientes da Mania chegam de longe. “Vem gente de todos os lugares, de Piedade, de Igarassu, de Abreu e Lima…”, lista a proprietária. Mas as distâncias não parecem ser tanto esforço diante do atendimento especial dispensado pela Tia. Ela faz questão de não deixar ninguém sair de lá insatisfeito. “Uma vez, um menino me pediu um sorvete bem sujo, bem macabro. Eu fiz um sorvete de menta, com um pouco de chocolate e uma calda vermelha de morango. Quando ele viu, caiu no chão de tanto rir. E ele tomou muito sorvete.” Os desejos atendidos já resultaram em sorvetes de batata doce, mamão com laranja e até murici, uma fruta que a própria cliente trouxe do sertão. “Eu achei tão ruim o sorvete que eu dei todinho pra ela”, lembra Carminha aos risos. Mas ela revela que o sabor campeão de vendas é mesmo o de tapioca.
Em família
O sorvete sucesso absoluto há mais de três décadas, desde o início, é feito em pequena escala e a nível familiar. Carminha revende seus sorvetes apenas em uma outra sorveteria, a Saborear-te, de sua filha Laisa, localizada no Sítio Histórico de Olinda, e em alguns poucos restaurantes também de Olinda. “Vem muita gente querendo revender meu sorvete, eu não aceito porque eu não poderia fazer um sorvete desse em grande escala. Meu olho é pequenininho, não tenho vontade de ter um grande negócio, eu quero continuar assim. Depois que eu não estiver mais fazendo, se elas (as filhas) quiserem mudar o esquema elas podem modificar o meu sorvete. Mas enquanto eu estiver, quero que seja assim”. A outra filha, Simone, também a ajuda na unidade do Janga. E, para não quebrar a regra, até a cadelinha da família também é envolvida com os sorvetes, mas apenas na hora de comer. E é dessa maneira "simples" que Carminha se realiza: “Aqui é o meu mundo, aqui estou na minha casa. Não tem nada nesse mundo que tire a minha felicidade, eu faço realmente uma coisa que eu gosto.”
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Serviço
Sorveteria Mania
Rua Honorato Fernandes da Paz, 412 - Janga - Paulista
Segunda a domingo | 9h às 22h
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