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Autores paraenses apresentaram suas obras na Trilhas do Conhecimento, realizada pela Secretaria Municipal de Cultura (Semec), da prefeitura de Belém, na UNAMA - Universidade da Amazônia. O evento foi na quarta-feira (5), no campus Alcindo Cacela.
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Georgette Albuquerque, coordenadora das bibliotecas escolares do município de Belém, explicou que o evento é a apresentação dos trabalhos desenvolvidos no decorrer do ano, nas escolas da rede municipal. Os escritores paraenses foram uma das atrações. “A Trilha do Conhecimento está acontecendo pelo segundo ano e tivemos a felicidade de ser aqui na UNAMA. Temos o estande do sistema de biblioteca escolares, estamos com escritores paraenses e estamos também com as rádios dos alunos, da Escola Edson Luiz, fazendo a cobertura”, disse.
Para Telma Cunha, escritora paraense, que começou a escrever em 2016 e tem quatro livros publicados, é sempre uma alegria colaborar com esse tipo de ação. Entre as obras, a autora destaca sua autobiografia, "A cadeira mágica". “Conta a história da minha infância. Conta o meu desabrochar. Passei 20 anos guardada em casa, a maioria das pessoas não sabe, mas como tive poliomielite a minha família me protegeu demais, então só aos 20 anos eu fui para a escola e era através dos livros que eu podia vivenciar tudo o que as demais pessoas faziam. Foi através dos livros e da literatura que eu pude quebrar essa redoma e agora eu estou aqui voando no mundo grande das palavras, provocando as pessoas”, afirmou.
Telma, que é cadeirante, conta que ter iniciado os estudos aos 20 anos, e ser escritora paraense, é um incentivo para os estudantes do EJA (Educação de Jovens e Adultos). “Tenho ido às escolas, principalmente em escolas que tem EJA, e quando digo que comecei a estudar com 20 anos, vejo o brilho nos olhos das pessoas. Ouço ‘poxa, que legal. Ela conseguiu, eu também vou’. Sempre digo para as pessoas: cabe a gente decidir o que fazer com as pedras que tem pelo caminho. Ou a gente junta e faz uma armadura de pedra e fica com autoestima ou tropeça e cai. Eu, com essa minha fome de vida, resolvi juntar as pedras e estou aqui, feliz”, detalhou.
Para os escritores paraenses, os professores são os grandes parceiros na divulgação das obras para os alunos e valorização é tudo o que querem. “Qualquer ação que tenha por objetivo divulgar a nossa literatura, e o nosso autor, é bem-vinda. Eu sempre tiro meu chapéu de boto para esse tipo de ação, porque nós precisamos dessa vitrine. Sempre digo que os nossos grandes parceiros são os professores. Ai de nós, escritores, sem os professores para divulgarem nossas obras para seus alunos. Eu sempre dou graças quando vejo projetos como esses”, disse Antônio Juraci, que tem mais de 80 livros publicados.
Entre suas obras, o escritor destacou "Sapatos mágicos", lançamento deste ano. A obra, que é infantojuvenil, é resultado das oficinas que o autor ministrava na Casa da Linguagem, na qual ele começava a estória e os alunos terminavam. “É uma viagem no tempo e no espaço, feita por um pedreiro desempregado que encontrou um sapato no lixo e resolveu calçar. Quando calçou, tudo mudou. Na estória ele recebeu o sapato de um anão e o anão, para receber o sapato de volta, deu três moedas de ouro para ele. O pedreiro pensou que que havia sonhado, mas as moedas estavam no bolso dele. É uma viagem ao passado, na imaginação”, explicou Antônio Juraci.
O escritor Alfredo Guimarães, que trabalha com literatura há 33 anos e tem mais de 40 livros publicados, disse ver o crescimento desse movimento nas escolas, mas ainda acha pouco. Para ele, as universidades e escolas deveriam abrir mais espaços para os autores paraenses. “As livrarias não abrem espaço para a gente e as pequenas feiras, pequenos encontros pontuais, dão respaldo para a gente tanto no aspecto financeiro, quanto de difusão das nossas obras”, afirmou.
O livro "Contos do amor em flor", que está fazendo 28 anos da primeira edição, neste ano, foi um dos destaques do autor para o público adolescente e adulto. “Reuni contos com temáticas adolescentes, para um publico que está descobrindo sentimento, sexualidade também”, disse Alfredo.
Os leitores mirins tiveram uma divertida estória "O caboco enrolado, o jumento empacado e um cachorro aloprado", de Bela Pinto, escritora paraense, com 10 livros publicados. “Na estória, um caboco da Amazônia tem como amigos um jumento e um cachorro, com quem caminha pela Amazônia, trabalha, namora, faz tudo na companhia desses amigos, se desenrola uma estória muito engraçada”, explicou.
Paulo Maués, escritor que desenvolve trabalho de pesquisa sobre a literatura, especialmente de autores paraenses, e que também estuda o imaginário, as pesquisas coletando estórias e analisando os personagens do lendário amazônico tem rendido alguns resultados em forma de livros, como sua obra "Cobra Grande: terror e encantamento na Amazônia". “É uma pesquisa aprofundada a respeito da lenda da cobra grande em suas múltiplas variedades”, disse.
Na linha infantojuvenil, o autor tem "A loira do banheiro". “A estória é muito conhecida, praticamente uma lenda urbana que tem em todo o planeta, e em Belém não é diferente. Aqui circulam várias versões dela e seu fiz uma costura dessas diversas versões, a partir do que os meus alunos pequenos me contavam e o resultado foi o livro”, concluiu Paulo Maués.