O rito que o processo de impeachment deverá seguir no Congresso Nacional, definido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na noite dessa quinta-feira (17), gerou divergências entre os deputados federais que compõem a base governista e a oposição. Os ministros do STF definiram, entre outras coisas, que a Câmara Federal apenas autoriza ou não a instauração do processo de impeachment, enquanto o Senado pode optar por arquivar o processo. Além disso, anulou a eleição para a comissão especial que aconteceu no último dia 8.
"A forma com que a comissão foi eleita é completamente divergente da Constituição e, ao mesmo tempo, desprestigiante para com os partidos políticos, que são os elementos que precisam ser fortalecidos na democracia", afirmou a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA). Na eleição venceu a chapa avulsa, formada por partidos de oposição e dissidentes da base governista.
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Corroborando o argumento de Portugal, o líder do PSOL, deputado Chico Alencar (RJ), afirmou que a opção de o Senado decidir se arquiva ou não o processo “foi correta”. "O Senado não é apenas uma casa de acolhimento de uma decisão da Câmara. Num Congresso bicameral, ele também é parte decisória até sobre o prosseguimento ou não do pedido de impeachment, que é o ponto mais fundamental e grave da Constituição brasileira no nosso sistema político”, disse.
Já o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) afirmou que a decisão do Supremo foi uma manobra política para favorecer o governo atual. "Enquanto há toda uma preocupação do legislador na Constituição brasileira com o trâmite da Câmara, o Supremo, ao interpretar a Constituição, não leva para o Senado Federal o mesmo princípio, de que teria que ser por um número proporcionalmente similar ao da Câmara e não por maioria simples numa mera comissão", frisou.
Apesar da análise do democrata, o líder da Minoria, deputado Bruno Araújo (PSDB), afirmou que a decisão do Supremo não foi uma derrota para a oposição, porque o rito do impeachment ficou definido, mas ele criticou a decisão do tribunal de não permitir chapas avulsas para a instalação da comissão especial do impeachment.
"Na realidade, o que o Supremo decide é que não há eleição. Há uma homologação, ou sim ou não. O Supremo transfere o poder de deliberação do Plenário para uma ditadura dos líderes, o que não parece muito democrático. Respeitamos a decisão, mas discordamos. Isso é ruim para a discussão democrática no ambiente interno dentro da Câmara", disse o líder da Minoria.
Bruno Araújo afirmou que, até fevereiro, quando ocorrerá a votação para a nova comissão especial, os partidos de oposição vão trabalhar na mobilização dos políticos e da sociedade para conseguir o quórum para a instalação do processo de impeachment.
*Com a Agência Câmara.