Claudia Priest, a trabalhadora humanitária francesa que foi sequestrada na República Centro-africana por milicianos 'anti-balaka', contou à AFP neste sábado ter sido agredida e ameaçada de morte pelos sequestradores.
"Eles eram realmente ameaçadores, tinham armas, punhais, machadinhas, e diziam: 'nós vamos matar você, vamos decapitar você'", declarou Priest, de 67 anos, durante entrevista em Bangui.
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Sequestrada na última segunda-feira na capital centro-africana, ela foi libertada nesta sexta-feira.
A francesa, que chegou ao país em 6 de janeiro para uma missão de duas semanas para a ONG humanitária católica CODIS, foi sequestrada ao lado de um funcionário centro-africano da organização, que também foi libertado.
Raptados enquanto passavam por uma das principais avenidas da capital, quando voltavam de Damara (70 km ao norte de Bangui), eles foram levados até Boy-Rabe, bairro reduto dos anti-balaka, no nordeste de Bangui.
"Eles me bateram, me chutaram quando eu caí, me arrastaram até uma clareira um pouco longe, em cima de um morro. Depois nós caminhamos, por pelo menos 15 km, durante horas e horas, e me cobriram para que não vissem que eu era francesa", contou Claudia.
A libertação foi "um alívio enorme", confessou. "Eu não achava que seria possível. Só quando eu vi o monsenhor Nzapalainga (arcebispo de Bangui), e ele me abraçou, foi que eu pensei: 'está tudo bem'".
As milícias 'anti-balaka' são formadas principalmente por cristãos e combatem rebeldes, essencialmente muçulmanos, da coalizão Seleka, que tomou o poder no país em março de 2013 para em seguida perdê-lo em janeiro de 2014. Os dois grupos são acusados de graves violações dos direitos humanos.
Os autores do sequestro protestavam contra a prisão de Rodrigue Ngaibona, aliás "general Andjilo", um de seus líderes, suspeito de ser um dos responsáveis por massacres de muçulmanos na capital centro-africana.