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Grupos de rebeldes da República Centro-Africana assumiram o controle de uma cidade localizada a 750 quilômetros a leste de Bangui neste domingo (3), mas permanecem longe da capital, onde os resultados provisórios das eleições presidenciais serão anunciados na segunda-feira.

"Os rebeldes controlam a cidade, eles estão em toda parte", disse à AFP Rosevel Pierre Louis, chefe do escritório regional em Bangassou da Missão da ONU na República Centro-Africana (Minusca).

Os rebeldes atacaram a cidade de Bangassou no sábado e assumiram o controle após várias horas de combate. O exército centro-africano "abandonou sua posição e está em nossa base", acrescentou Pierre Louis.

"Os corpos de cinco pessoas foram encontrados", tuitou Minusca, sem dar mais detalhes. Cerca de quinze feridos foram atendidos e evacuados pelos Médicos Sem Fronteiras (MSF), disse a ONG.

Uma coalizão de grupos armados lançou uma ofensiva em 19 de dezembro para tomar a capital Bangui e, assim, interromper a realização das eleições presidenciais de 27 de dezembro.

No entanto, os rebeldes não conseguiram avançar para a capital devido à intervenção das forças de paz da ONU, o exército centro-africano, paramilitares russos e soldados de elite ruandeses.

Os resultados provisórios das eleições presidenciais serão conhecidos na segunda-feira, mas os resultados finais não serão anunciados até 19 de janeiro. O presidente cessante Faustin Archange Touadéra é o favorito nas eleições.

Nas primeiras eleições presidenciais depois da guerra civil, o ex-primeiro-ministro Faustin-Archange Touadéra foi eleito presidente da República Centro-Africana. O resulado foi anunciado neste sábado (20) em Bangui, capital do país, pela Autoridade Nacional Eleitoral (ANE).

No segundo turno das eleições presidenciais, anunciados pela presidente da ANE, Madeleine Nkouet Hoornaert, Toudéra conseguiu 62,71% dos votos. Ele foi o último primeiro-ministro do ex-Presidente François Bozizé, derrubado por um golpe de Estado em 2013.

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O adversário, Anicet-Georges Dologuélé, também ex-primeiro-ministro, obteve 37,29%. Agora, os resultados devem ser validados pelo Tribunal Constitucional de transição.

O primeiro turno das eleições ocorreu em 30 de dezembro. A segunda etapa foi realizada no último domingo (14).

Um dos países mais pobres do mundo, a República Centro-Africana vive uma crise política iniciada em 2013  com a deposição do Presidente François Bozizé pela coligação Seleka, de maioria muçulmana. O evento desencadeou combates entre os partidários desta coligação e milícias cristãs, conhecidas como anti-Balaka.

O Papa Francisco fez nesta segunda-feira (30) uma visita de grande valor simbólico à mesquita de um bairro muçulmano de Bangui, capital da República Centro-Africana, cenário de atrocidades em 2013 em um conflito com tom religioso. "Cristãos e muçulmanos são irmãos e irmãs", disse Francisco.

"Os que clamam que acreditam em Deus também devem ser homens e mulheres de paz". O pontífice se reuniu com os líderes muçulmanos do bairro PK 5, em uma área que foi cenário de violência sectária. A visita acontece sob fortes medidas de segurança, com o apoio da força da ONU no país (Minusca).

Os "capacetes azuis" ONU (10.900 homens em todo o país), o contingente militar francês (900) e a polícia centro-africana devem patrulhar Bangui até o fim da visita papal. Nas imediações da mesquita aconteceram confrontos armados entre os Seleka, milicianos principalmente muçulmanos, e os milicianos cristãos e animistas, conhecidos como "anti-balaka".

Mauro Garofalo, da comunidade católica de Sant'Egidio, afirmou que a comunidade muçulmana esperava o papa com fervor e esperança. Depois da visita à mesquita, o pontífice seguiu para o complexo esportivo que leva o nome de Barthelemy Boganda, um sacerdote católico indígena, "pai da pátria", morto em 1960, pouco depois da proclamação da independência.

No estádio, com capacidade para 30.000 pessoas, celebrará a última missa de sua viagem ao continente africano. A etapa de um dia e meio em Bangui já pode ser considerada um sucesso, apesar das críticas dos céticos. O papa, enérgico ante a espiral de vingança, foi recebido com fervor, apesar do ódio que persiste entre a população.

No domingo, não citou a palavra muçulmano, consciente de que este conflito tem raízes políticas. Francisco defendeu a unidade e pediu que as pessoas não cedam "à tentação do medo do outro, do desconhecido, do que não é parte de nosso grupo étnico, nossas opiniões políticas ou nossa confissão religiosa".

Um Ano Santo, o "Jubileu da Misericórdia", sobre o perdão, começará em 8 de dezembro, mas foi inaugurado no domingo com a abertura de uma "porta sagrada" na catedral de Bangui.

A prefeita de Bangui, Catherine Samba-Panza, foi eleita nesta segunda-feira a presidente interina na República Centro-Africana. Ela tem pela frente a difícil tarefa da restaurar a paz no país, tomado pelos confrontos entre muçulmanos e cristãos.

Samba-Panza foi escolhida na segunda rodada de votação realizada por um Parlamento de transição, quando conquistou 75 votos, contra 53 de Desiré Kolingba, filho do ex-presidente Andre Kolingba. Após o anúncio do resultado, os integrantes do Legislativo cantaram o hino nacional em comemoração. Fonte: Dow Jones Newswires.

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