A situação do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) se agravou nesta quarta, com a decisão do PSOL de entrar no Conselho de Ética do Senado com uma representação pedindo a cassação de seu mandato, pela quebra do decoro parlamentar. O partido alega que as denúncias veiculadas na imprensa contra o parlamentar, "além de constituírem indícios da prática de atividades ilícitas", desprestigiam o Senado e a seus integrantes, "em flagrante prejuízo da já péssima imagem do Poder Legislativo". Se renunciar depois de aberto o processo no Conselho, Demóstenes se enquadraria como ficha suja.
Vice-presidente do Conselho de Ética, o senador Jayme Campos (DEM-MT), disse que não se sentirá constrangido se tiver de presidir o processo contra o colega de partido. Ele lembrou que, pelo Regimento, na ausência do presidente, cabe aos demais membros escolher seus substituto. "Se eu vier a ser escolhido, me sentirei com autoridade para fazer o trabalho", informou. Responsável pela indicação de três titulares do conselho, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), não quis dizer se o partido reivindicará o direito de eleger o novo presidente.
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Visivelmente constrangido, Demóstenes não participou da reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde era um dos mais atuantes, e nem das votações no plenário. Nos bastidores, colegas de partido disseram ser graves as notícias sobre o envolvimento do parlamentar com o bicheiro Carlos Eduardo Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Oficialmente, no entanto, ao contrário dos integrantes do PSOL, os demais parlamentares preferem conhecer o teor do inquérito da Operação Monte Carlo, que investigou as atividades chefiadas por Cachoeira em Goiás, antes de apoiarem a iniciativa de denunciar o colega no conselho.
Da parte da oposição, há a expectativa de o inquérito mostrar o envolvimento no esquema de parlamentares da base aliada ao Palácio do Planalto. Já os governistas, mostram-se cautelosos diante dessa possibilidade.
A representação do PSOL relaciona as denúncias contra o senador do DEM divulgadas até agora pela imprensa. Entre elas a de que Demóstenes se comunicaria com Cachoeira por meio de aparelhos Nextel, habilitados nos Estados Unidos para evitar grampos, e a de que ele receberia 30% dos valores recebido pelo empresário na exploração do jogo ilegal e que teria pedido um Ipad para o bicheiro.
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) justificou a iniciava de seu partido de denunciar o colega democrata, alegando que ouvido do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a informação de que há "dados consistente" para pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito contra Demóstenes. "Lamentavelmente, todas as informações já estão prestadas. O que nos resta agora é a formalidade do processo", alegou.