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O escritório Marcondes & Mautoni (M&M) confirmou na quinta-feira (1) que fez pagamentos à empresa LFT Marketing Esportivo, do empresário Luís Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula. O escritório havia informado na quarta-feira (30), ao ser procurado pelo jornal O Estado de S. Paulo, que "jamais fez qualquer 'repasse' a qualquer empresa ou pessoa". Em nova nota, argumentou na quinta-feira que considera o significado de "repasse" diferente de "pagamento". A LFT também divulgou nota, com o mesmo argumento. "A M&M ratifica que jamais efetuou qualquer "repasse" a qualquer empresa ou pessoa. A palavra 'repasse' possui uma carga semântica negativa, que não se coaduna com a atuação de empresas idôneas. A M&M é uma empresa idônea e, como qualquer outra nessa condição, faz seus pagamentos de forma regular, em conformidade com a legislação", justificou.

A assessoria de Luís Cláudio Lula da Silva divulgou nota na quinta-feira sobre a reportagem: "Ao contrário do exposto, a Marcondes & Mautoni não fez 'repasses' à LFT. Mas tão somente pagou por projeto contratado e executado e o valor recebido pela LFT Marketing Esportivo foi contabilizado e declarado legalmente. E o que é mais importante, e que desmonta a vinculação a lobby político, é que. tanto a celebração dos referidos contratos, como a execução dos projetos e seus pagamentos, ocorreram entre 2014 e 2015 e a reedição da MP 471, é de 2009.

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A LFT explicou que, "ao contrário do exposto, a Marcondes & Mautoni não fez 'repasses' à empresa, mas tão somente pagou por projeto contratado e executado e que o valor recebido foi contabilizado e declarado legalmente." Em nova nota, explicou ontem que, "tanto a celebração dos referidos contratos como a execução dos projetos e seus pagamentos, ocorreram entre 2014 e 2015". A empresa argumentou que a MP 471, cujos incentivos tiveram validade de 2011 a 2015, foi editada em 2009. Por isso, alegou, não há como estabelecer "relação causal" entre a norma e os pagamentos.

O ex-ministro das gestões Lula e Dilma Gilberto Carvalho, citado em anotação de agenda de lobista, informou ontem que não teve reunião com representantes de montadoras dias antes da edição da MP.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em tempos de baixa popularidade e crise econômica, com atrasos em repasses para programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida, o governo Dilma Rousseff acelerou pagamentos às centrais sindicais - tradicionais motores de mobilização popular, ligadas a partidos políticos.

Dados obtidos pela reportagem mostram que, entre janeiro e abril deste ano, já foram transferidos R$ 166,6 milhões às seis entidades habilitadas a receber uma parte do que é arrecadado com o imposto sindical no País. O tributo é recolhido de trabalhadores com carteira assinada. O montante é 66% maior que o pago no mesmo período de 2014 (R$ 100 milhões) e já quase chega ao que foi transferido ao longo de todo o ano passado (R$ 180,1 milhões).

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O polêmico repasse de dinheiro às centrais começou em 2008, por meio de lei autorizada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde 1943 até aquele ano, apenas sindicatos, federações e confederações recebiam. Com a nova política, nos últimos 7 anos, as centrais obtiveram dos governos petistas, ao todo, R$ 1 bilhão.

O governo sustenta que os pagamentos são calculados com base em critérios técnicos, baseado na quantidade de trabalhadores com carteira assinada e no valor dos salários. A velocidade com que os recursos são transferidos, no entanto, depende do gestor.

CUT

A entidade mais contemplada é a Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT. Maior central do País, com 2,7 mil sindicatos filiados, a CUT, no entanto, é contrária ao uso de imposto sindical. A central entende que o movimento sindical deveria se financiar somente com taxas negociadas junto a cada categoria de trabalhadores. Mesmo fazendo oposição ao repasse, a CUT abocanhou mais de R$ 340 milhões desde 2008. Procurada, a entidade não respondeu aos pedidos de entrevista até o fechamento desta edição.

Em segundo lugar há uma briga acirrada entre a Força Sindical e a União Geral dos Trabalhadores (UGT). Entre 2008, quando o repasse do dinheiro começou, e 2012, a Força Sindical foi favorável aos governos de Lula e Dilma. O quadro mudou a partir de 2013, com o afastamento político do ex-presidente da central, o deputado Paulinho da Força, que fundou o Solidariedade, partido do qual é presidente nacional. Paulinho é um dos principais entusiastas do impeachment da presidente Dilma Rousseff. A Força recebeu neste ano R$ 40 milhões, patamar pouco superior aos R$ 37 milhões obtidos pela UGT.

"Continuo leal à presidente Dilma, que vai superar as dificuldades políticas que ela enfrenta hoje. O movimento sindical perdeu a unidade por questões partidárias recentemente, mas devemos nos esforçar para manter a proximidade nos temas do mundo do trabalho", disse Ricardo Patah, presidente da UGT e integrante da direção nacional do PSD, partido de Gilberto Kassab, ministro das Cidades.

A UGT atribui o aumento de sua arrecadação à conquista de sindicatos. Quanto mais sindicatos e mais trabalhadores representados por essas entidades, mais dinheiro do imposto sindical uma central recebe. No ano passado, a UGT tirou da Força a Federação dos Comerciários de São Paulo, entre outros sindicatos.

"A queda de arrecadação ocorreu em parte por alguns sindicatos que saíram da central, mas o principal é o início de uma tendência: com o aumento do desemprego, menos trabalhadores contribuem com o imposto sindical", disse Miguel Torres, presidente da Força e integrante do Solidariedade.

CSB

Além disso, o governo também incluiu no bolo a Central de Sindicatos Brasileiros (CSB). Ligada ao PMDB, a CSB apoia a presidente Dilma Rousseff e contou com ajuda do ministro do Trabalho, Manoel Dias, para obter o registro. A área técnica do ministério foi contrária ao repasse para a CSB por entender que havia irregularidades na documentação da entidade. Com a decisão do ministro, a CSB passou a receber dinheiro este ano - foram R$ 6,9 milhões.

Além da questão política há um imbróglio jurídico envolvendo o repasse de dinheiro do governo às centrais sindicais. Desde 2008 tramita no Supremo Tribunal Federal uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) que questiona essa transferência. O STF julgou o caso até 2010, quando houve um pedido de vista do então ministro Carlos Ayres Brito. Ele se aposentou, sendo substituído Luís Roberto Barroso. O caso, que está empatado com três votos a três, continua parado desde então.

O ajuste fiscal imposto pelo governo federal já compromete a prestação de serviços básicos de assistência social à população carente e o atendimento a crianças, adolescentes e idosos em situação de risco em centenas de cidades brasileiras. Gestores municipais de Assistência Social reclamam que, desde dezembro do ano passado, o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) suspendeu o repasse de recursos aos municípios do Fundo Nacional de Assistência Social.

A conta passa de R$ 1,5 bilhão, segundo estimativa do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas), entidade que reúne os 5.570 secretários municipais da área. Os repasses federais aos municípios do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) são a principal fonte de recursos para a gestão de programas e serviços de atendimento básico à população em situação de risco, como moradores de rua, dependentes químicos e vítimas de violência.

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Na sexta-feira, secretarias municipais de Assistência Social paralisaram as atividades. O Congemas calcula a participação de gestores de mais de 3 mil cidades. A ideia foi chamar a atenção para as consequências de uma possível interrupção dos serviços financiados pelo fundo, como o funcionamento dos Centros de Referência em Assistência Social (Cras) e Centros de Referência Especial em Assistência Social (Creas), além da atualização do cadastro do Bolsa Família.

O presidente do Congemas, José Rodrigues, disse que os atrasos nos repasses começaram em setembro de 2014 e, a partir de dezembro, foram suspensos na maioria dos municípios. "Iniciamos o quinto mês do ano e os repasses referentes a 2015 ainda não foram feitos. O que foi repassado é referente aos atrasados do ano passado."

Ele reclama de não haver qualquer sinalização do MDS em relação a uma data para resolver o problema. "O que o ministério nos diz é que estão esperando o ajuste fiscal e um decreto de contingenciamento que o governo federal vai baixar para ver o que fazer", afirmou Rodrigues. Segundo ele, isso é algo inédito no Serviço Único de Assistência Social (SUAS), que em 2015 completa 10 anos de existência.

Em nota, o ministério afirmou que repassou aproximadamente R$ 600 milhões para os fundos municipais de assistência social, mas não informou se o valor se refere a parcelas deste ano ou se são repasses atrasados relativos ao ano passado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depois de deflagrada a fase da Operação Lava Jato batizada de "A Origem", a Caixa Econômica Federal informou que suspendeu os pagamentos de serviços prestados pelas empresas IT7 e Borghi/Lowe e que não contratará os serviços dos dois fornecedores alvo da Polícia Federal e do Ministério Público até que sejam concluídas as apurações do caso.

Os contratos sob suspeita teriam favorecido o ex-deputado paranaense André Vargas, ex-dirigente do PT que deixou o partido após ser envolvido no escândalo da Lava Jato. O Ministério Público Federal recolheu provas em quatro supostos esquemas nos quais Vargas teria usado o cargo público para obter vantagens de natureza pessoal. Entre eles, contratos fictícios de publicidade e na área de tecnologia da Caixa.

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O banco estatal já tinha informado que abriu investigação interna para a apuração do caso logo que a operação veio à tona. Segundo a Caixa, a comissão terá um mês para a realização dos trabalhos.

"A Caixa Econômica Federal esclarece que nos relatórios da Polícia Federal e do Ministério Público, que deram embasamento à Operação A Origem, não houve nenhuma indicação de prática de irregularidade pela Caixa ou por seus empregados", diz a nota enviada pela assessoria de imprensa.

Documentos

A instituição informou que enviou cópia dos processos de licitação dos fornecedores e dos contratos firmados à Polícia Federal, ao Ministério Público, à Controladoria-Geral da União (CGU) e ao Tribunal de Contas da União (TCU). Segundo o banco, são cerca de 30 mil processos, que foram transferidos do arquivo de Goiânia para o edifício-sede da Caixa, em Brasília. Os documentos estão em "ambiente seguro e com acesso controlado". O banco afirmou estar à disposição dos órgãos para os esclarecimentos necessários.

O Ministério da Saúde designou uma comissão interna de sindicância para averiguar supostas irregularidades no contrato de publicidade da pasta apontadas pela Lava Jato. A comissão é formada por três integrantes e tem um mês (até 13 de maio) para a conclusão dos trabalhos. O ministério também suspendeu os pagamentos à agência acusada de sublocar outras prestadoras de serviços para repassar valores para o ex-deputado e para seu irmão Leon Vargas. Os dois foram presos pela PF, mas só o ex-parlamentar segue na carceragem.

A pasta também vai repassar as informações dos contratos de publicidade no período analisado pela PF - janeiro de 2009 a março de 2015 - à CGU, ao TCU e ao Ministério Público, "para reforçar as medidas de controle e auxiliar nas investigações".

A reportagem tentou falar com Nicole Trauczynski, advogada de André Vargas, mas não conseguiu localizá-la na noite de ontem no celular. Ela fez a defesa de Enivaldo Quadrado na Lava Jato, também investigado no mensalão. Quadrado colaborou com os investigadores e já obtém os benefícios disso.

O advogado Alexandre Augusto Loper, que defende o empresário Leon Vargas, afirmou que só vai se pronunciar quando tiver "claramente a noção de que crimes querem imputar" no cliente dele.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O sindicato dos servidores do Itamaraty (SindItamaraty) marcou para o início da próxima semana uma manifestação pedindo a liberação dos recursos para pagamento do reembolso de aluguéis no exterior. O complemento ao salário dos servidores, que chega, em alguns casos, a 70% dos vencimentos, deixou de ser pago em outubro e também ainda não foi repassado em novembro, somando dois meses de atraso. O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, afirma que o problema "está sendo solucionado".

O sindicato também instruiu os servidores a buscarem a ajuda da assessoria jurídica para obter o reembolso não apenas dos aluguéis, mas de multas e outros prejuízos que possam ter tido com o atraso do pagamento. Nas últimas semanas, as reclamações pelo atraso se multiplicaram no ministério.

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Sem orçamento desde agosto, quando os recursos previstos acabaram, o Ministério das Relações Exteriores depende da liberação pelo Palácio do Planalto de um crédito suplementar, já aprovado pelo Congresso, mas ainda não autorizado pela presidente Dilma Rousseff. Já há alguns meses o Tesouro vinha atrasando o repasse mensal chamado duodécimo, usado para pagar as despesas correntes. Todos os meses, os recursos eram repassados no último dia possível. Como o Itamaraty precisa trocar os reais por dólares antes de distribuir para os postos no exterior, o dinheiro já estava chegando com atraso. Em outubro, parou de chegar.

O orçamento do ministério este ano caiu pela metade de 2013, e o contingenciamento em março retirou mais R$ 200 milhões, deixando as Relações Exteriores com apenas 0,16% do orçamento global da União.

O governo vai renegociar R$ 130 bilhões dos empréstimos concedidos pelo Tesouro Nacional ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado o banco ganhará mais tempo para começar a pagar sua dívida. A repactuação das condições dos empréstimos dará mais folga ao caixa do BNDES e reduzirá a necessidade de um novo aporte de recursos da União ainda neste ano.

Esses repasses foram feitos pelo Tesouro, a partir de 2009, para garantir crédito barato às empresas e estimular o crescimento da economia. A pedido do Tesouro e sem alarde, a autorização para a renegociação da dívida foi incluída no texto da Medida Provisória (MP) nº 651 pelo relator, o deputado Newton Lima Neto (PT-SP). A MP deve ser votada nesta terça-feira, 14, no plenário da Câmara dos Deputados.

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Uma fonte graduada do governo, que falou sob a condição de anonimato, informou que, como esses contratos de empréstimos já estão em fase de amortização, o fluxo de caixa do banco ficará mais apertado daqui para a frente. Com a renegociação dos prazos de pagamentos, o Ministério da Fazenda vai demorar mais tempo para começar a receber a dívida, aumentando o custo financeiro das operações.

No entendimento do Tesouro, é melhor fazer um ajuste do fluxo de pagamento do que ter de realizar um aporte maior de recursos ao BNDES. "O objetivo não é mudar a taxa (de correção dos empréstimos), mas reduzir a necessidade de novos aportes", disse a fonte. "Estamos tentando não fazer um novo aporte este ano." A emenda incluída na MP dá ao ministro da Fazenda liberdade para definir as novas condições financeiras e contratuais dos empréstimos. A remuneração é equivalente à Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), hoje em 5% ao ano.

Fontes do Ministério da Fazenda informaram, porém, que não está descartado um novo empréstimo até o fim do ano, independentemente do resultado das eleições. Em 2014, foram repassados R$ 30 bilhões ao banco. A dívida do BNDES com o Tesouro somava em agosto (último dado disponível) R$ 451,1 bilhões, o equivalente a 8,9% do Produto Interno Bruto.

Renegociação

O Ministério da Fazenda já havia renegociado R$ 238,2 bilhões da dívida do banco em condições mais favoráveis. Essa repactuação aumentou o custo do Tesouro com o subsídio dado pela União para bancar as taxas mais baratas que o BNDES oferece às empresas. Somente neste ano, o custo do subsídio dos empréstimos será de R$ 23 bilhões para os cofres do governo. Em quatro anos (2012 e 2015), atingirá R$ 79,7 bilhões.

Outro alívio concedido ao banco, a pedido do governo, foi a inclusão pelo relator no texto da MP 651 da redução do custo de uma capitalização feita pelo Tesouro em 2009. Do total de R$ 11 bilhões aportados na época, R$ 5 bilhões terão a correção reduzida para, no máximo, TJLP. Segundo a lei aprovada na época, o BNDES deveria remunerar o Tesouro com base no custo de captação dos recursos. A redução do custo para uma parte desse valor, segundo o governo, permitirá ao banco se enquadrar nos limites exigidos no chamado Acordo de Basileia, que trata das regras prudenciais internacionais a serem seguidas pelas instituições financeiras.

O custo elevado dos empréstimos e o baixo crescimento da economia colocaram a política de repasse de recursos do Tesouro ao BNDES no centro do debate econômico nas eleições. O candidato da oposição à Presidência, Aécio Neves (PSDB), tem feito duras críticas a essa política, principalmente pela falta de transparência. Os empréstimos do Tesouro não têm impacto na dívida líquida do setor público, mas foram responsáveis pelo aumento da dívida bruta do governo, que deve fechar acima de 60% do PIB, nível mais alto desde 2009. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Rogério Caffarelli, informou que decreto publicado nesta quarta-feira (8) estende a alíquota zero do IOF às operações destinadas aos projetos de infraestrutura para operações de crédito de outros bancos repassadores de recursos do Tesouro Nacional. A medida, disse ele, vai estimular os projetos.

"Certamente não é só o BNDES que fará o repasse de recursos vindos do Tesouro. O que estamos fazendo é trazer uma realidade, que já existe para o BNDES, aos demais bancos repassadores", afirmou o secretário. Até então, só os recursos do BNDES tinham alíquota zero do IOF.

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"Estamos estendendo isso para os demais bancos repassadores de recursos do Tesouro Nacional", explicou. Segundo ele, o decreto "acerta" as condições para que não haja situação distinta entre os bancos. "Como teremos doravante um incremento sobremaneira das concessões, poderá acontecer que não só o BNDES faça o repasse dessas operações. De maneira que poderá ser feito pela Caixa Econômica, Banco do Brasil, etc.", ponderou Caffarelli.

A renúncia estimada com a isenção é de R$ 29,9 milhões em 2014; R$ 35,11 milhões em 2015 e o mesmo valor em 2016. O decreto também fixou alíquota zero para as operações de crédito efetuadas pelos agentes financeiros da Finep.

Segundo Caffarelli, a Finep já tinha a alíquota zero do IOF no repasse direto, mas, quando fazia a operação por intermédio de algum parceiro, este acabava não podendo ter acesso à isenção do tributo. "Estamos fazendo isso para que a Finep possa aumentar a sua capilaridade de ação no País", afirmou. A alíquota do IOF que incidia nessas operações era 1,88%. O repasse indireto é feito por bancos de desenvolvimento e agências de fomento.

O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, defendeu para uma plateia de prefeitos um "aprofundamento com responsabilidade" do debate sobre reforma tributária e política. Disse ainda que os prefeitos podem contar com a SRI "para que esse diálogo não seja apenas um diálogo filosófico, que seja efetivamente o encaminhamento das soluções".

Em sua fala, Berzoini reconheceu os problemas enfrentados pelos municípios diante da ampliação de suas atribuições, feitas pelo Congresso, que é uma das principais queixas dos prefeitos. "Como fortalecermos de forma responsável a economia dos municípios vis à vis a ampliação das obrigações que os municípios têm recebido do Congresso Nacional o que certamente merece ter contrapartida em condições de realizar", disse o ministro, lembrando as "desigualdade entre os municípios".

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Berzoini destacou ainda a importância da revisão do pacto federativo, para que ele seja "mais eficaz para distribuir melhor o conjunto de recursos". Pregou também a necessidade de "reestruturar as relações federativas no nosso País, mais do que negociarmos o mérito superficial". O ministro lembrou que ocorreram várias mudanças constitucionais em questões tributárias desde a Constituinte, mas que "foram feitas de maneira açodada e precipitada em momentos difíceis".

Berzoini participou de almoço oferecido pelos participantes do III Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável, em Brasília. Pouco antes, o prefeito de Porto Alegre e presidente da Frente Nacional de Prefeitos, José Fortunati (PDT), organizador do encontro, distribuiu uma carta que foi enviada aos 11 candidatos à Presidência, apresentando as reivindicações das prefeituras para o novo governo. Entre os pedidos mais repasses da União para os municípios e renegociação da dívida das prefeituras. Para Fortunati, a distribuição de recursos pelo governo federal é "desvantajosa" para as cidades.

A carta encaminhada aos presidenciáveis foi dividida em três tópicos. Além de pedirem melhor distribuição dos recursos, tratam da questão da mobilidade urbana, pedindo que sejam pactuadas fontes de financiamento para a gratuidades e benefícios tarifários para usuários do transporte público. Este é um dos pontos em destaques nas reivindicações de junho do ano passado. A candidata do PSB, Marina Silva, tem em sua pauta a proposta de criação do passe livre.

Na carta aos presidenciáveis, os prefeitos falam da preocupação com a criação de pisos nacionais, como o dos professores, pelo Congresso, sem a respectiva indicação da fonte para pagamento, e pedem aumento da participação dos municípios no bolo tributário, aperfeiçoando os critérios de distribuição do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

A pedido da Caixa Econômica Federal, a Advocacia-Geral da União (AGU) criou uma câmara de conciliação para arbitrar um conflito interno no governo envolvendo atrasos nos repasses do Tesouro Nacional ao banco estatal para o pagamentos de despesas com programas sociais, como o Bolsa Família. Questionada pela área de fiscalização do Banco Central (BC) por causa de "descompassos" nos saldos dessas contas que bancam 15 diferentes programas sociais, a Caixa pediu o auxílio da AGU. "A Caixa fez um pedido para abrirmos na AGU uma câmara de conciliação, que serve para resolver conflitos entre órgãos da União", afirmou ao jornal "O Estado de S. Paulo" o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams. A câmara envolve a Caixa, o Banco Central e o Tesouro Nacional. "Os trabalhos da câmara podem evoluir para um parecer técnico", afirmou Adams.

A Caixa é a responsável pelos pagamentos dos benefícios sociais, mas a maior parte deles é financiada com dinheiro do Tesouro Nacional e uma minoria com recursos de Estados e municípios. Os atrasos nos repasses do Tesouro para a Caixa, que tem mantido os pagamentos em dia, poderiam ser a razão da "discrepância" apontada pelo Banco Central no balanço da Caixa Econômica Federal.

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No ano passado, a Caixa recebeu R$ 71 bilhões para o pagamento de 249 milhões de benefícios dos diversos programas sociais. A maior parte dessa receita é de desembolsos do Tesouro. No primeiro semestre deste ano, o banco estatal recebeu R$ 45 bilhões de repasses.

O atraso nos repasses melhora as contas públicas ao reduzir as despesas do Tesouro e elevar o desempenho da economia que o governo faz para pagar os juros da dívida pública, o chamado superávit primário.

No momento, segundo a Caixa, o saldo da conta de repasses é "regular", isto é, está positivo. A movimentação para o pagamento do Bolsa Família, por exemplo, fechou julho no azul em R$ 502 milhões. Esta, também, foi a resposta do Tesouro Nacional.

"Os repasses da Secretaria do Tesouro Nacional para pagamento de benefícios sociais, entre eles o Bolsa Família, seguem a programação financeira e não há qualquer anormalidade no processo de transferência. O saldo nas contas dos programas sociais está atualmente positivo", disse o Tesouro, por meio de assessoria de imprensa.

De acordo com os contratos firmados entre os ministérios e a Caixa, onde o banco estatal funciona como gestor dos programas, são previstos atrasos nos repasses financeiros do Tesouro para a Caixa. Quando esses atrasos acontecem, o banco é obrigado a continuar os pagamentos normalmente sem que haja problemas na ponta final.

Atrasos

Nos contratos, o processo de repasses garante recursos para pagamentos dos benefícios dos programas sociais e prevê ainda a compensação dos custos financeiros decorrentes da diferença entre os saldos positivos e negativos, informou a Caixa. São esses saldos que o Banco Central fiscaliza.

Mesmo estando previsto nos contratos, esse tipo de operação ligou a luz amarela no Banco Central, que pediu explicações à Caixa de descompassos entre as receitas e as despesas na conta dos repasses governamentais. Ou seja, o déficit recorrente preocupou o órgão regulador do sistema financeiro nacional. Se o saldo for positivo, o banco repassa o valor estabelecido aos ministérios. Se negativo, os ministérios devem ressarcir a Caixa.

"Referida rotina decorre do fato de que os valores de pagamento diário dos programas sociais são baseados em estimativas, que podem se confirmar ou não em razão do comportamento do saque dos benefícios", afirmou, em nota, a Caixa Econômica Federal.

Procurado pela reportagem, o Banco Central afirmou, por meio da assessoria de imprensa da instituição, que não faz comentários específicos sobre suas atividades de fiscalização. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) enviou nesta segunda-feira, 24, ofício à Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara pedindo que o colegiado convoque o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para que ele explique os repasses da Caixa Econômica Federal e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao 6.º Congresso Nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), promovido em Brasília.

Realizado em Brasília há duas semanas, a marcha terminou em conflito com a Polícia Militar do Distrito Federal na Praça dos Três Poderes e deixou 32 feridos, sendo 30 policiais. Os valores liberados sem licitação pela Caixa (R$ 200 mil) e pelo BNDES (R$ 350 mil) à Associação Brasil Popular (Abrapo), entidade ligada ao MST, foram revelados pelo jornal O Estado de S. Paulo.

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"Exigimos uma explicação para este absurdo. Dinheiro público sem licitação está irrigando o caixa de um movimento que atua à margem da lei, promove depredação e, com se não bastasse, recebe o afago da presidente Dilma Rousseff", disse Goergen, em nota encaminhada por sua assessoria. O ofício também pede que os membros da Comissão de Agricultura aprovem a convocação dos presidentes da Caixa, Jorge Hereda, e do BNDES, Luciano Coutinho, para tratar do tema. De acordo com a nota encaminhada por Goergen, o caso publicado hoje pelo jornal será discutido pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), em reunião agendada para o início da tarde desta terça-feira, 25.

Parlamentares do DEM continuam fiscalizando as ações do programa Mais Médicos. Nesta quarta-feira (12), os democratas Mendonça Filho, Mandetta (MS) e Ronaldo Caiado (GO) protocolaram uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) para que o órgão investigue os repasses do governo a Organização Panamericana da Saúde (OPAS) pelo programa que trás profissionais de outros países para cuidarem dos pacientes brasileiros.

Na representação, os parlamentares pedem que o TCU examine os termos do contrato entre o governo brasileiro e a OPAS para trazer médicos cubanos ao país. O documento revela que a forma de contratação desses profissionais contraria as diretrizes da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), vinculada ao Ministério de Relações Exteriores (MRE).

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Segundo a ABC, a utilização de acordos de cooperação internacional para a contratação de pessoas físicas pressupõe a prestação de consultorias com o objetivo de transferência de know-how, para promoção de mudanças qualitativas na área que se pretende desenvolver (por exemplo, instalação de bancos de leite, desenvolvimento de novas técnicas de cultivo agrícola etc).

Ao contrário do que especifica a lei do Mais Médicos, esses profissionais estão prestando um serviço ao País, com cumprimento de carga horária caracterizando vínculo trabalhista e não estão aqui para um curso de especialização. De acordo com representação, “Em não prosperando o argumento da especialização na modalidade ensino-pesquisa-extensão, há que se demonstrar no bojo deste acordo internacional o know-how transferido à medicina e ao País por esses médicos, para atendimento às diretrizes estabelecidas pela Agência Brasileira de Cooperação. De outra forma, restará caracterizado nesse acordo firmado entre Brasil e Cuba, com intermediação da OPAS, o simples recrutamento de profissionais médicos exclusivamente para suprirem a carência de mão de obra na área de saúde, clara relação trabalhista, o que é proibido”.

Além disso, com a saída da médica cubana Ramona Rodriguez veio à tona a presença da Sociedade Mercantil Comercializadora de Serviços Médicos Cubanos S.A., entidade que aparece no contrato assinado pela profissional. “Pelos termos explicitados pela Agência Brasileira de Cooperação, caracteriza-se desvio de finalidade o uso de subcontratos nos projetos de cooperação técnica internacional”, especifica a representação.

Recursos

O documento encaminhado ao TCU mostra que, multiplicado o valor da “bolsa” por 4 mil médicos cubanos, daria um total de R$ 344 milhões pagos pelo governo brasileiro, no período de oito meses. “Sabendo-se que apenas 22% são realmente repassados para os profissionais, a indagação que se faz é: qual a destinação de R$ 268,32 milhões transferidos pelo Brasil para Cuba, em apenas 8,6 meses, por força deste Termo de Cooperação? Levando-se em conta que este 3º Termo de Ajuste ao 80º Termo de Cooperação tem vigência até 26 de abril de 2018, esta cifra passará, e muito, da casa dos bilhões de reais”, questionam os parlamentares. Os valores descritos acima estão expressos em um acórdão do TCU e foram informados pelo próprio Ministério da Saúde no ano passado.

“São recursos públicos, sujeitos, portanto, à fiscalização dos art. 70 e 71, da Constituição Federal. Por isso entendemos que devam restar esclarecidos por essa Corte de Contas a destinação destes valores, bem como a legalidade, legitimidade e economicidade dos pagamentos efetuados pelo governo brasileiro”, atestam os deputados.

 

Os executivos do setor de distribuição de energia elétrica compareceram em peso nesta terça-feira, 21, ao Ministério de Minas e Energia (MME) para pedir ao governo a prorrogação dos repasses do Tesouro Nacional para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), em um esforço para cobrir um rombo financeiro bilionário das companhias de distribuição em 2014.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Leite, o governo mostrou boa vontade em estudar alternativas para lidar com esse problema. No final do ano passado, a entidade apresentou cálculos que projetavam o descompasso de caixa entre cerca de R$ 8,6 bilhões até R$ 13,1 bilhões, no pior cenário. Esse rombo, causado pela exposição involuntária das distribuidoras e pelo gasto com o uso de energia térmica - que é mais cara -, além do adiamento das bandeiras tarifárias para 2015, tem potencial para acabar com o desconto de 20% nas contas de luz alcançado pelo governo em 2013.

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"Viemos apresentar uma diagnóstico da situação do setor e lembrar que, se as medidas (uso de CDE) não tivessem sido tomadas em março de 2013, teríamos uma inadimplência generalizada nas distribuidoras", disse Leite. "Ainda estamos acompanhando o período chuvoso para termos uma noção mais clara dos impactos nos nossos custos, mas existem alternativas que podem ser negociadas e que permitiriam um reajuste anual das tarifas compatível com o desconto nas contas de luz e com o caixa das companhias", afirmou.

De acordo com o executivo da Abradee, essas alternativas ainda estão sendo estudadas e se encontram em uma fase embrionária. Por isso, Leite não forneceu detalhes sobre quais medidas poderiam ser adotadas, além do uso da CDE por mais um ano. Estiveram presentes na reunião 17 grupos empresariais responsáveis pelas 41 distribuidoras associadas à Abradee, que abastecem 99% do mercado consumidor cativo de energia elétrica.

Após a presidente Dilma Rousseff ter criticado publicamente a paralisação de obras, a base aliada conseguiu nesta terça-feira, 17, na Comissão Mista de Orçamento (CMO) retirar quatro das seis obras que tinham recomendação de suspensão de repasses no Orçamento de 2014 por indícios de irregularidades graves. Apenas duas obras das quais o Tribunal de Contas da União (TCU) tinha levantado os problemas não poderão receber recursos no próximo ano.

A pressão do governo sobre o TCU vem sendo constante nos últimos anos. A lista de obras com recomendação de paralisação vem caindo a cada ano. Neste ano, o tribunal recomendou inicialmente o congelamento de repasse para sete obras. Posteriormente, comunicou ao Congresso a liberação de uma delas, da ferrovia Norte-Sul. Ontem, os deputados e senadores da comissão aprovaram o relatório do deputado Afonso Florence (PT-BA), ex-ministro de Dilma, retirando outras quatro. Com isso, nenhuma obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ficou entre as que terão restrição de passes, pois todas as três que estavam na lista foram retiradas.

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O argumento dos aliados é o mesmo utilizado pela presidente em ataque ao TCU em novembro. "Paralisar obras é algo extremamente perigoso. Porque depois ninguém repara o custo. Se houve algum erro por parte de algum agente que resolveu paralisar não tem quem repare, a lei não prevê", disse Dilma, na ocasião. Em seu relatório, Florence afirma que a paralisação é uma medida extrema e que causa "inevitáveis prejuízos financeiros, econômicos e sociais". O TCU afirma que cumpre seu papel fiscalizador ao recomendar as paralisações e ressalta ser do Congresso a prerrogativa.

As duas obras que tiveram a suspensão de repasse mantidas são as de esgotamento sanitário no município de Pilar (AL) e de construção de uma avenida às margens do rio Poty, em Teresina (PI). Em ambos os casos foi identificado sobrepreço.

As obras liberadas pela comissão que fazem parte do PAC são a construção da Ferrovia Oeste-Leste no trecho de Caetité-Barreiras (BA), a construção da ponte sobre o Rio Araguaia na BR-153, em Tocantins, e a implementação e pavimentação da BR-448, no Rio Grande do Sul. Sobre esta última, Dilma já tinha afirmado que a concluiria "de qualquer jeito". A outra obra retirada é a da Vila Olímpica de Paranaíba (PI), que não consta do PAC.

O PDT em Santa Catarina divulgou nota ontem, na qual desqualifica o depoimento de John Sievers, e exalta a "idoneidade" do ministro Manoel Dias. Segundo o texto, causou "surpresa e indignação" o relato de um "ex-militante que há algum tempo vem passando por sérios problemas pessoais e transtornos de conduta". O PDT alegou que Sievers renunciou ao cargo de vice-presidente da Juventude em 2012 e "sumiu do Estado". Na nota, queixou-se de que as declarações são contraditórias, pois ele reclamou à Justiça salário por serviços ao partido. Ao Estado, Sievers disse que a ação é de período posterior a 2008, quando teria trabalhado na sede do PDT.

"Achamos uma tremenda maldade utilizar uma pessoa fragilizada. Vimos, por meio desta, desqualificar não somente a fonte utilizada pelo jornal, mas também fazer uma defesa intransigente da idoneidade da nossa instituição e dos serviços prestados pelo ministro", diz a nota, assinada pelo presidente da Juventude do PDT-SC, Levi Elói dos Santos.

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A advogada da ADRVale, Ana Helena Boos, disse anteontem desconhecer, com base nos documentos que analisou, vínculo de Sievers com a entidade. "Te adianto que não tenho conhecimento dessa pessoa no quadro de funcionários de nenhum dos nossos projetos", disse. Ontem, o Estado não conseguiu contato com a advogada. Fábio Machado não foi localizado ontem.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) revela que uma entidade contratada pelo Ministério do Trabalho e Emprego repassou dinheiro a militantes do PDT catarinense sem comprovar se, de fato, os serviços foram prestados. A lista inclui o ex-presidente da Juventude do partido em Santa Catarina, John Sievers Dias, que, em entrevista ao Estado, disse que o ministro Manoel Dias (PDT-SC) montou esquema para que funcionários da legenda recebessem da Agência de Desenvolvimento do Vale do Rio Tijucas e Rio Itajaí Mirim (ADRVale), detentora de convênios com a pasta.

A CGU fiscalizou convênio firmado pelo Trabalho com a agência em 2007, por meio do qual recebeu R$ 6,9 milhões para projeto de qualificação de trabalhadores. De acordo com o relatório obtido pelo Estado, a entidade não comprovou a contratação de ao menos 55 profissionais para atividades ligadas aos cursos oferecidos. Para os auditores do órgão, isso "impossibilita evidenciar que os valores pagos a esses profissionais contratados estejam amparados em documentação idônea ou que os mesmos tenham efetivamente prestado seus serviços".

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Da relação, constam pessoas enquadradas como vigilantes, auxiliares de serviços gerais, instrutores e coordenadores. Sievers aparece em documentos fornecidos pela ADRVale como "assistente de programação". Segundo ele, na verdade, trabalhava para a Universidade Leonel Brizola, responsável pela formação da militância do PDT.

Além de Sievers, figura na lista, como "auxiliar administrativo", Fábio da Silva Pereira Machado. Ele é filiado ao partido e, segundo Sievers, também foi indicado por Dias para receber "salário" da entidade.

A lista de profissionais apresentada pela ADRVale tem inúmeras coincidências com o quadro de militantes do PDT. Ao menos 17 são filiados ao partido em Santa Catarina ou eram em 2008, época em que, segundo Sievers, houve a ordem para que pedetistas recebessem na condição de "funcionários fantasmas" da entidade.

Um deles é André Tomé Igreja, que tem carteira do PDT desde 2007 e, atualmente, ocupa o cargo de coordenador-geral de Parcerias Empresariais no Ministério do Trabalho. Da lista de contratados também constam coordenadores do partido em Santa Catarina e até candidatos, como Caubi dos Santos Pinheiro, que concorreu a uma vaga de vereador em Guaramirim (SC) no ano passado. Segundo os documentos da ADRVale, ele trabalhava como "vigilante".

Ao Estado, Sievers disse ter sido chamado por Manoel Dias, ou "Maneca", a uma conversa em 2008, na qual acertou com representantes da ADRVale o pagamento mensal de cerca de R$ 1,3 mil pelos serviços que ele prestava à Universidade Leonel Brizola. Na época, Dias era presidente do PDT-SC e comandava ainda a instituição de formação da militância. Também teria participado do encontro o atual chefe de gabinete do ministro, Rodrigo Minotto.

Segundo o relato de Sievers, ainda filiado ao partido, coube a ele telefonar para uma funcionária da entidade, que anotou seus dados para os pagamentos, que teriam ocorrido entre fevereiro e agosto daquele ano. "O Maneca até olhou pra nós e disse: ‘Resolvido?’. Ele falou em torno de R$ 1.300 por mês. Nós entramos em contato lá. Foi com uma menina, que acredito que era uma secretária. Ela pediu nome, RG, conta bancária. A partir daquele momento, no começo de mês, a gente ligava todo mês e cobrava", contou.

Dias e Minotto informaram ao Estado que "não havia fontes de recursos" para Sievers, porque o trabalho dele era "de militante". Em nota, eles disseram que a ADRVale não tinha nenhuma relação com o PDT.

A agência, no entanto, era dirigida por dois filiados ao partido no Estado, Osmar Boos e Militino Angioletti, que se desvincularam da sigla em julho. O Ministério do Trabalho firmou ao todo seis convênios com a entidade, que recebeu R$ 11,3 milhões em recursos. As parcerias são do período em que Carlos Lupi (PDT-RJ) comandava a pasta.

O governo mineiro negou qualquer favorecimento à Rádio Arco Íris. Questionado sobre o valor repassado à emissora entre 2003 e 2010, o Executivo alegou que não seria possível informar o montante "tendo em vista a distância no tempo e o fato de documentos se encontrarem arquivados" juntos de cerca de 500 mil outros relativos aos repasses feitos às agências de publicidade encarregadas dos pagamentos de "centenas de veículos".

A Secretaria de Governo de Minas afirmou que os pagamentos feitos pelas agências à rádio seguiram os mesmos critérios utilizados para definição de investimentos em outras cerca de 300 emissoras do Estado. Disse que a rádio nunca foi beneficiária de "nenhum tipo de patrocínio". O governo salientou que a emissora, "líder do segmento jovem", solicitou sua retirada do plano de mídia do governo "para evitar o uso político-eleitoral".

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Em nota, o PSDB de Minas afirma que a representação dos deputados tenta usar o MP estadual "com intuito de gerar falsas acusações contra o governo de Minas Gerais e caluniar o senador Aécio Neves". Afirmou que não cabe a apropriação das atividades do órgão "para finalidade político-partidária" e que "causou estranheza a iniciativa atípica de um promotor, fugindo ao rito da instituição, de reabrir uma ação já investigada e concluída pelo mesmo Ministério Público". Na nota o PSDB não cita o promotor João Medeiros, mas cobra conclusões de representações feitas na Promotoria contra o deputado Rogério Correia.

"O que nós queremos é respostas para a denúncia que fizemos", reagiu o petista. Medeiros disse que as representações foram distribuídas para uma promotora e não tinha informações sobre o andamento do caso.

Aécio não comentou. Andréa Neves, que consta como sócia administradora da rádio, também não quis falar sobre o assunto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mais de 80% dos repasses feitos aos comitês das campanhas do 2.º turno em São Paulo não podem ser rastreados. A maior parte do dinheiro que financiou as candidaturas à Prefeitura de Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB) foi arrecadada por diretórios nacionais, estaduais e municipais, e só então entregue aos candidatos - o que impossibilita a identificação dos doadores.

A chamada "doação oculta" não é ilegal. Empresas interessadas em contribuir com campanhas podem fazer repasses aos partidos, que depois transferem o dinheiro para comitês de campanha ou para as contas abertas pelos próprios candidatos. Algumas empresas usam esse expediente para evitar que sejam ligadas a candidatos específicos e políticos eleitos no futuro.

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Os petistas arrecadaram R$ 36,7 milhões, dos quais R$ 27,3 milhões têm como origem a direção nacional do partido. No total, não poderão ser rastreados 83,4% dos repasses feitos aos comitês que financiaram parcialmente as campanhas de Haddad e dos vereadores da coligação.

A maior parte dos recursos arrecadados pelos comitês petistas foi usada na campanha de Haddad. Segundo os números apresentados pelo partido ao Tribunal Superior Eleitoral, 60,2% (R$ 22,1 milhões) do dinheiro doado aos comitês foi repassado diretamente ao candidato a prefeito. O restante do dinheiro foi destinado aos candidatos a vereador ou usado para pagar despesas dos comitês, como a contratação com advogados, e contas de luz e água.

Os comitês que financiaram partes das campanhas de Serra e dos vereadores de sua coligação receberam doações de R$ 33,9 milhões. Desse total, só 18% foram arrecadados diretamente pelos comitês. O diretório estadual repassou indiretamente aos comitês R$ 15 milhões e a direção nacional transferiu R$ 12,7 milhões para financiar as campanhas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

O Ministério do Turismo suspendeu temporariamente a execução e o repasse de recursos de todos os convênios celebrados com entidades privadas sem fins lucrativos, destinados à qualificação dos profissionais do setor de turismo, em especial aqueles firmados no âmbito do Programa Bem Receber Copa, conforme já havia antecipado pelo jornal Estado de S.Paulo. Portaria publicada nesta segunda-feira (26) e no Diário Oficial da União informa que a decisão considerou entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU) acerca dos riscos aos cofres públicos que possam advir dos projetos do programa.

Relatórios do TCU mostraram que parte do dinheiro dos convênios, destinado a treinamento e qualificação de trabalhadores para a Copa de 2014, estava sendo desviado por ONGs ligadas a fundações pertencentes a parlamentares.

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A portaria publicada hoje no Diário Oficial determina também o bloqueio das contas específicas dos respectivos convênios e determina à Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo e à Secretaria Nacional de Políticas de Turismo que façam o levantamento dos convênios que estão em execução, indicando nome da entidade, espécie e número do instrumento, início e fim da vigência, valores repassados e pendentes, porcentual executado, e dados bancários. Além disso, as secretarias deverão observar o cumprimento da legislação aplicável à matéria, conforme determinação do TCU.

Beneficiadas por R$ 3,5 bilhões nos cofres federais apenas no ano passado, as organizações não governamentais (ONGs) contam com um estímulo para terem o nome envolvido em irregularidades: a incapacidade de fiscalização pelo Poder Público. Em 2010, 45,7 mil convênios não tiveram a prestação de contas analisada, num total de R$ 21,1 bilhões empenhados (autorizados) e cuja aplicação não teve qualquer acompanhamento. O valor equivale a 54,9% – mais da metade – dos R$ 38,4 bilhões em convênios fechados desde 1999 entre a União e entidades sem fins lucrativos.

Os números constam do Relatório das Contas de Governo do Exercício de 2010, aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em junho com ressalvas. De acordo com o levantamento, 2.780 entidades deixaram de entregar a documentação, mas o principal problema ocorre com as organizações que enviaram os esclarecimentos, mas não tiveram a prestação de contas verificada. Ao todo, 42.963 convênios estavam nessa situação no fim do ano passado, num atraso médio de seis anos e dez meses na análise dos papéis.

Em relação a 2009, o valor das prestações de contas não analisadas, por falta de encaminhamento dos documentos ou pela demora dos órgãos concedentes, subiu 12,1%. Na comparação com 2006, a diferença é ainda maior: 120%. Há cinco anos, o montante dos convênios não fiscalizados somava R$ 9,58 bilhões.

Se a fiscalização da atuação das entidades sem fins lucrativos leva tempo, a punição é mais rara. A estatística mais recente, divulgada pela comissão parlamentar de inquérito (CPI) das ONGs, que começou em 2007 e só teve o relatório publicado em dezembro do ano passado, apontava que apenas 2,7% dos convênios firmados entre 1999 e 2006 foram considerados inadimplentes e tiveram a liberação de recursos suspensa pelo governo federal. Se forem levados em conta os contratos que chegaram a ser suspensos, mas tiveram a punição revertida, o total chega a 3,3%.

Auditor do TCU que atuou como técnico da CPI das ONGs, Henrique Ziller diz que a descentralização e a falta de pessoal para a análise dos contratos são os principais responsáveis pela ineficiência no monitoramento das ONGs. “De fato, os órgãos de controle não têm condições de realizar qualquer trabalho de acompanhamento na enorme quantidade de convênios com entidades não governamentais”, avalia. No curto prazo, ele defende a fiscalização por amostragem para diminuir a impunidade: “Seria uma quantidade muito pequena, mas que seria fiscalizada e serviria de exemplo”.

Atualmente, a análise das prestações de contas não é centralizada em um ministério, mas cabe apenas ao órgão federal responsável pelo convênio. O mesmo ocorre com a escolha das entidades que recebem recursos públicos. “Essa fragmentação abre caminho para um festival de favorecimento pessoal, por meio de convênios e parcerias que o Poder Público não tem estrutura para fiscalizar”, diz Ziller, que também é presidente do Instituto de Fiscalização e Controle (IFC).

Diretora executiva da Associação de Organizações Não Governamentais (Abong), Vera Marzagão diz que, pelo menos no nível federal, esforços para melhorar a transparência têm sido feitos. Ela cita o Portal da Transparência (www.portaltransparencia.gov.br) e o Portal dos Convênios (www.convenios.gov.br). Para Vera, o grande problema está na escolha das entidades que atuam em parceria com o Estado. “Mecanismos de controle existem até demais. O que não há é critério para a distribuição dos recursos”, critica.

Criado em 2008, o Portal dos Convênios contém registros de convênios firmados pela União com estados, municípios e entidades sem fins lucrativos. No endereço, o cidadão tem acesso aos documentos da assinatura e ao acompanhamento das ações desenvolvidas. No entanto, a prestação eletrônica de contas está sendo elaborada há quase três anos. A demora foi criticada pelo TCU no relatório das contas federais de 2010. O órgão recomendou que o Ministério do Planejamento, responsável pelo portal, remaneje analistas de informação para acelerar a conclusão da ferramenta.

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