O Partido dos Trabalhadores (PT) encerrou as eleições municipais deste ano com um encolhimento no número de prefeituras em Pernambuco. A principal disputa protagonizada pela sigla foi no Recife com a candidatura de Marília Arraes – derrotada por João Campos (PSB) nas urnas. A corrida pelo segundo turno na capital pernambucana, nos últimos 15 dias, deu um tom mais amargo à aliança histórica estadual firmada pelo PT com o PSB.
O vai e vem de acusações e o fato da campanha de João ter adotado um tom duro, buscando angariar votos do chamado antipetismo deixou evidente um desgaste entre as siglas. Ao LeiaJá, o presidente estadual do PT, deputado Doriel Barros, afirmou, nesta segunda-feira (30), que será aberto um debate interno na sigla que pode definir, até 20 de dezembro, os rumos do pós-eleição para o PT no Estado, inclusive com a possibilidade de um rompimento oficial com o PSB.
##RECOMENDA##“Temos um calendário de discussão e só a partir dele vamos tomar a decisão. Já tínhamos agendado para dezembro, antes mesmo do resultado do segundo turno, uma reunião da Executiva e depois do Diretório. Como já estamos quase em dezembro, temos até o dia 20 para resolver tudo”, afirmou Doriel. “Agora os ataques foram duros, vamos fazer uma reflexão colocando a indignação que estamos diante desses métodos que foram usados nessa campanha”, emendou.
De acordo com o presidente do PT-PE, “o posicionamento político do partido em relação às eleições só será conhecido após muitas discussões internas”. “Uma das coisas que vamos fazer é um debate sobre a necessidade do partido se sobrepor as pessoas [aos políticos]. Seja de não mais permanência, apesar de termos contribuído diretamente com a eleição de Paulo Câmara em 2018, ou de seguir com a aliança vamos fazer isso após um intenso debate, inclusive entre as correntes internas. O PT é muito plural”, lembrou Doriel, afirmando ainda que é muito cedo para já discutir as eleições de 2022.
Na semana passada, o presidente estadual do PT, que antes havia se colocado contra a candidatura de Marília Arraes e defendia a legenda no palanque de João Campos, veio a público refutar o posicionamento da campanha do pessebista e o fato do prefeito eleito ter dito que não aceitaria nenhuma indicação política do PT para a sua gestão. Na ocasião, o dirigente chamou o então candidato de “imaturo”, cobrou respeito e foi direto ao ponderar que a aliança firmada entre as siglas não era por "bondade" do PSB, mas a parceria poderia ser revista a qualquer momento.
Após o resultado das urnas, com João escolhido por dos eleitores recifenses, Marília Arraes garantiu que fará articulações para a concretização de uma “nova oposição” ao PSB. O discurso de um reposicionamento também foi adotado pela deputada estadual Teresa Leitão.
“Eu defendo que esse afastamento seja imediato, que a gente passe por um reposicionamento na Alepe, entregue os cargos e passe a fazer oposição a um governo que nos atacou firmemente. Atacou nosso partido, nossas lideranças nacionais e cuspiu no prato que comeu”, salientou a parlamentar, uma das entusiastas, desde o início, da candidatura majoritária no Recife.
Se o PSB e o PT vão seguir aliados ou não, agora resta aguardar que os ânimos da disputa se acalmem e as lideranças petistas discutam internamente o assunto. Da parte do governador Paulo Câmara (PSB), ele já chegou a dizer que está aberto para seguir dialogando “com quem queira”.