O Prefeito de Garanhuns, Izaías Régis (PTB), declarou em entrevista ao LeiaJá que mesmo diante da decisão do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), que determina a reinserção da peça O Evangelho Segundo Jesus Rainha do Céu na programação oficial do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), não irá ceder o espaço do Centro Cultural de Garanhuns à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) para a encenação do espetáculo.
A única exceção aberta por ele foi o caso de ser obrigado por força de decisão judicial. Ele afirma que sua gestão não tem nenhuma participação na montagem da programação do FIG e, portanto, não teria relação com a decisão em questão.
##RECOMENDA##“A Prefeitura não tem a ver com a decisão do TJ porque a grade do festival é da Fundarpe e do governo do estado, que chega aqui e coloca simplesmente um pacote, bota o que quer na grade do Festival de Inverno, não pergunta à Prefeitura, não pergunta à sociedade, não participamos em nada”, disse o prefeito.
No entanto, de acordo com informações fornecidas pela assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) na tarde desta quarta-feira (25), “O juiz Enéas Oliveira da Rocha, da Vara da Fazenda Pública de Garanhuns, está preparando a intimação para o oficial de justiça intimar as partes, a Prefeitura do Município de Garanhuns e a Subprocuradoria do Estado”.
Antes do cancelamento da peça, Izaías já havia declarado que não cederia o Centro Cultural, local escolhido pelo Estado para a realização do espetáculo, e agora reafirmou seu posicionamento diante dos novos fatos a respeito do caso.
“Eu continuo dizendo, o nosso Centro Cultural não está a disposição da Fundarpe. Se quiser fazer onde ia ser antes, eu não vou permitir, o nosso Centro Cultural vai ser fechado (...) mas Justiça é Justiça, se eu for obrigado eu vou fazer [o que for determinado]”, afirmou o prefeito.
O prefeito ainda se queixa de uma suposta falta de transparência por parte do Governo do Estado no que diz respeito ao conteúdo da programação do festival. “A Fundarpe errou quando não comunicou o que seria esse evento”, afirmou ele, que também questionou a decisão do TJPE, que além de determinar a reinserção da peça instituiu uma multa em caso de descumprimento.
“Eu não sei se a Justiça acertou. O estado não está garantido a segurança da gente, é assalto todo dia, quanto mais num negócio desse! Tem que pensar em tudo isso”, afirmou o prefeito, que também conta que já houve protestos promovidos por grupos de jovens contrários à peça e que supostamente há um empresário na cidade confeccionando camisas com os dizeres “Deus me fez homem” e “Deus me fez mulher”. Apesar de ter feito um “alerta” sobre a possibilidade de conflitos na cidade devido à encenação do espetáculo, o prefeito afirma que “não estou incitando nada, graças a Deus eu sou da paz”.
Izaías afirmou que o seu posicionamento se deve ao fato de que ele foi eleito para representar a população e que a maior parte da cidade não quer que a peça seja encenada lá. “Somos uma cidade do interior do nordeste, temos que admitir que somos conservadores não estamos acostumados ainda com isso (...) a família cristã de Garanhuns, da qual eu sou representante mor, pede a mim que não permita”, diz ele.
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