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Mesmo autorizados pelo governador Paulo Câmara a retomar as celebrações presenciais desde a última segunda-feira (22), a maioria dos templos religiosos de Pernambuco preferiu adiar o reencontro e adaptar-se à nova realidade imposta pela Covid-19. Preocupados com a segurança dos fiéis, católicos e evangélicos adequaram ritos tradicionais, ajustaram a estrutura das paróquias e compreenderam que a modernização é um processo necessário para o futuro da fé cristã.

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Máscaras já abafam os cânticos, a hóstia não é mais oferecida na boca e as orações já não são feitas de mãos dadas. Ao mesmo tempo que é comemorado, o 'novo normal' evidencia o distanciamento entre as paróquias e os seguidores, que ainda se habituam a sentar afastados uns dos outros. Tapetes higienizadores e totens de álcool gel, também foram inseridos ao cenário, junto aos termômetros, que controlam o acesso na entrada.

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Com a primeira missa presencial da Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida, no bairro do Ipsep, Zona Sul do Recife, ocorrida nesse sábado (27), o padre João Carlos explica que o reinício foi levemente adiado para que as igrejas se reestruturassem e atendessem ao protocolo necessário. Com a permissão de apenas 30% da ocupação, o templo que cabe 1.200 fiéis optou em abrir as portas para receber 280 pessoas durante a liturgia.

Com informativos e sinalizações por todo ambiente, o religioso conta que a Arquidiocese de Recife e Olinda autorizou excepcionalmente a entrega 'delivery' da comunhão aos incapacitados ou àqueles que estão inseridos no grupo de risco. O ofertório também foi alterado e deve ser feito com a cálice tampado. Já as doações deixam de ser coletadas e passam a ser entregues em envelopes ao término das missas, em um esquema de saída controlada.

O padre João Carlos ainda destaca que a aproximação entre a igreja e a internet ficou mais acentuada pela proposta de lives e através do contato nas redes sociais. Para o controle da lotação, a paróquia criou uma plataforma de cadastro online e acompanha o acesso ao espaço. Após a inscrição, um QR code é gerado, junto com o número do assento que o fiel vai ocupar.

Quando o altar se estende até sua casa

Já habituada com a 'internetização', a Paróquia Betesda, integrante da Episcopal Carismática do Brasil, em Olinda, voltou aos cultos presenciais na última quarta-feira (24) e se preparou para contornar os obstáculos da comunicação a distância. Com câmeras, equipamentos de captação e um estúdio de transmissão, o reverendo Rubem Marcel comemora o sucesso da interação com o público evangélico

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Há 11 anos promovendo celebrações online, o pastor conta que um ministério específico foi designado para planejar e desenvolver todo conteúdo audiovisual, seja online ou produzido. Muito dessa antecipação ao atual cenário é fruto da relação próxima que mantém com paróquias da França, Espanha e Portugal, locais que sofreram com a Covid-19 antes do Brasil e já tinham experiência para contornar as adversidades da pandemia.

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Movimento República de Emaús teve início em 1970, em Belém, depois que o padre Bruno Sechi chegou à cidade, procedente da Sardenha, Itália. Salesiano de Dom Bosco, padre Bruno trabalhava com jovens da periferia da Itália e assumiu a missão de desenvolver ações em prol da juventude da capital paraense. Em 29 de maio, Padre Bruno morreu, aos 80 anos. O legado ficou.

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Em Belém, Padre Bruno organizou uma missa da juventude. Convidava músicos jovens para tocar e depois reunia todos para debater o Evangelho e assuntos da época. O jovens eram dos bairros da Pedreira e Sacramenta. A partir das reflexões do Evangelho, os jovens se inquietaram e decidiram sair da reflexão e passar para a ação.

Segundo Georgina Kalife, pedagoga efetiva de Emaús, essa ação consistia em colocar em prática o Evangelho, buscando o próximo. “Os jovens mais maduros saíam à noite em ronda pela cidade, principalmente na área do Ver-o-Peso, Presidente Vargas, para ver as pessoas que estavam na rua”, contou.

O movimento ganhou uma casa atrás da arcebispado, cedido pelo bispo da época, Dom Alberto Gaudêncio Ramos, e ali foi construído o Espaço do Pequeno Vendedor, que foi inaugurado no dia 12 de outubro de 1970. “Nós, jovens daquela época, íamos pela feira, pelo comércio fazendo abordagem, conversando com as crianças, com os adolescentes e convidando para o almoço. Na época eram 0,20 centavos, um preço simbólico, porque uma das características do movimento sempre foi não ser um trabalho assistencialista, mas ser um trabalho de inclusão e participação do próprio sujeito", destacou Georgina.

Segundo a pedagoga, os meninos tinham que se sentir dignos comprando o seu almoço. "Eles não iam lá para pegar uma esmola. Nós fazíamos um momento de convivência e após o almoço tinha reunião, tinha reflexão e partir disso foi se formando cooperativa a partir das atividades que eles desenvolviam na rua”, contou Georgina.

A partir dos trabalhos desenvolvidos pelas crianças e adolescentes foram organizadas cooperativas por voluntários do movimento. O objetivo era orientar contra a exploração dos meninos, que trabalhavam como jornaleiros, engraxates, sacoleiros, picolezeiros.

Segundo Georgina, que trabalhou desde o início do movimento, a importância do Padre Bruno foi fundamental. "Sua visão em relação ao trabalho era a humanização, acreditando que poderia fazer uma sociedade mais justa", disse.

A pedagoga diz que o padre tinha uma característica que era muito própria: convencer as pessoas. “Quando ele falava, seus olhos brilhavam e ele arrastava pelo exemplo. Ele não era só de falar, ele fazia. Então uma das coisas que era muito importante nessa situação toda de motivação era quando ele começava a falar da situação de injustiça, situação de opressão, e de que não era isso que Cristo tinha vindo anunciar. A questão da perspectiva do reino dos céus, que é uma sociedade plena, essa era a motivação principal”, relatou Georgina.

Com o conhecimento que tinha, Padre Bruno conseguiu montar o projeto da Campanha de Emaús, a grade coleta de móveis e eletrodomésticos para a oficina de reforma do Movimento. “Quando ele lançou essa campanha, ele conseguiu envolver grande parte da sociedade local. As pessoas se comprometiam a ficar horas e horas trabalhando com ele, planejando, fazendo contatos para conseguir fazer os roteiros. Era um trabalho de liderança, ele vivia pensando exatamente nesse aspecto da inclusão”, disse.

O dia da campanha entrou para a cultura de Belém. Uma vez por ano, num domingo, caminhões recolhem o material oferecido pelos moradores do centro e da periferia para a oficina. Reformados, os objetos são vendidos e o dinheiro é no trabalho em prol de crianças e jovens atendidos: creches, escolas, atividades lúdicas.

A República de Emaús promove a socialização por meio de musicalização, teatro e do Projeto Adolescente Aprendiz, para jovens em situação de vulnerabilidade. O espaço, hoje, fica no bairro no Bengui. “Nós chamamos de socialização e que dá uma certa continuidade do trabalho que se originou lá no Ver-o-Peso, com os meninos trabalhadores de rua. Hoje não tem mais essa característica de pegar os meninos da feira que tinha no Ver-o-Peso, em São Brás. Hoje se concentra uma grande parte aqui no Bengui, que é uma situação de exclusão que as crianças vivem, por falta de espaço para brincar, falta de moradia, os pais com subemprego. A situação de risco e vulnerabilidade desses jovens é muito grande”, contou.

A outra frente de Emaús é a defesa dos direitos que funciona no Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), criado pelo Movimento. A grande coleta de Emaús concorre para esse trabalho de sensibilização da sociedade. "Anualmente, quando a campanha é lançada, tem sempre uma carta; essa carta tem um tema escolhido em assembleia geral pelos grupos dos meninos, os grupos das crianças", explicou Georgina.

Há um outro lado que a República também trabalha, que é a participação nos conselhos de direitos das crianças e dos adolescentes. “Nós temos participação direta na elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), com o movimento nacional de meninos e meninas de rua. Então essa questão do protagonismo das crianças e dos adolescentes é uma bandeira que a gente também defende, que faz com que os meninos se empoderem nessa perspectiva de lutar pelos seus direitos”, finalizou Georgina.

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Padre Bruno vive na luta por justiça e amor ao próximo

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O fundador e idealizador do Movimento República de Emaús, padre Bruno Sechi, morreu numa sexta-feira, 29 de maio, aos 80 anos, em Belém. A Arquidiocese de Belém informou que ele teria apresentado sintomas da covid-19 e estava se recuperando, mas as complicações avançaram. Segundo amigos mais próximos e familiares, o padre foi encontrado desacordado dentro de casa, levado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas não resistiu.

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 “Seria triste vivermos numa sociedade onde não haja lugar para solidariedade”, disse padre Bruno Sechi em uma das últimas entrevistas. Natural da Sardenha, na Itália, Bruno Sechi, também conhecido carinhosamente por bispos, sacerdotes e amigos como "campeão da caridade", tem mais de 50 anos de história em Belém do Pará, terra na qual ele se sensibilizou com a vida de crianças e adolescentes das periferias, que ficavam expostos ao risco de violência e afastados da escola para ajudar a família vendendo produtos diversos nas ruas e feiras da capital.

Na década de 70, padre Bruno fundou o Movimento da República do Pequeno Vendedor, no bairro da Cremação, com o intuito de retirar e transformar com oficinas educacionais a realidade de meninos e meninas que trabalhavam nas ruas e feiras do local.

O padre se dedicou durante décadas aos combates à desigualdade e era um defensor dos diretos humanos e da justiça social. Na década de 80, Bruno Sechi ganhou destaque mundial participando de ações políticas no Brasil, que resultaram na criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Segundo o pároco da Paróquia Cristo Peregrino, padre Nilton César Reis, o padre Bruno foi um homem que fez história e marcou a Arquidiocese de Belém e as igrejas do Brasil e do mundo. Ainda jovem veio para o Brasil como missionário e se doou para os mais necessitados. Passou por várias paróquias, dedicando-lhes a sua vida, e a sua última experiência paroquial foi na paróquia São João Paulo II, no bairro do Marco. “Ele deixa esse legado de amor e de paixão pelo que fazia, mas também de compaixão pelos menos favorecidos”, afirma o paroco. “Continuará vivo em nossa memória e lembrado, sobretudo em cada sorriso e vitória de nossas crianças e adolescentes”, complementa.

O diácono permanente da Arquidiocese de Belém, Edson Alves, conheceu Bruno Sechi em 1979 quando recebeu a missão de Dom Alberto Ramos, então arcebispo metropolitano, de acompanhar um padre que trabalhava com a juventude. “Eu não sabia que esse padre viria ser o padre Bruno. A partir daquele momento começamos a estabelecer um relacionamento de troca de conhecimento, ele era uma pessoa muito sábia, apaixonado pelo jovens e crianças, amava os seus ideais”, afirma.

“A lembrança mais bonita que tenho do padre Bruno foi quando realizamos um treinamento de liderança cristã na cidade de Bragança. Eu tive a oportunidade e a surpresa de encontrá-lo. Sempre tive um apreço muito grande por ele. Se hoje sou diácono, devo a ele, que me ensinou a lutar pelos direitos e querer uma sociedade mais justa”, declara Edson Alves.

Para o diácono, o Movimento de Emaús tem uma importância muito grande para a sociedade, porque ele é o chamado para a consciência da solidariedade e do respeito aos direitos das crianças e dos adolescentes. “O padre Bruno era a pessoa que estendia as mãos e o Movimento são os braços que acolhem cada uma dessas crianças, jovens e adolescentes”, afirma, sobre a importância do padre na vida das gerações que passaram pelo o projeto. “Ele nunca será esquecido e permanecerá vivo nos corações e na lembrança de todos nós”, complementa.

Sempre de braços abertos

A professora Patrícia Nascimento conheceu o padre Bruno Sechi quando ele chegou para ser o vigário paroquial na Paróquia São Domingos de Gusmão, na Terra Firme, na época em que ela frequentava um grupo da Pastoral da Juventude. “Sempre acolhedor, ouvia a todos e dava muita atenção. Desde o início eu e os outros jovens cultivamos uma relação de amizade com o padre Bruno. Fazíamos as reuniões de grupo e almoço no domingo na casa dele”, afirma. “Sempre foi essa que estava disposta a receber de braços apertos quem frequentasse o seu lar”, complementa.

“Certa vez eu e os meus amigos da Pastoral da Juventude tivemos a ideia de fazer uma serenata na porta da casa dele na noite do seu aniversário. Ele fazia aniversário no dia 31 de julho. Então, do dia 30 para o dia 31 sempre íamos para a janela cantar uma música e desejar parabéns. Lembro-me das vezes que nós ficávamos cantando por muito tempo até ele acordar, pois já estava dormindo. Ano passado, ele já estava com um bolinho esperando a gente, porque sabia que todos os anos nós íamos lá”, conta Patrícia.

Para a professora, a grande importância do Movimento República de Emaús é a oportunidade que muitas crianças e jovens têm de transformar as suas realidades por meio de formação técnica. “A oportunidade faz com que o Emaús se torne importante para a construção da formação política que vai torná-los multiplicadores dessa capacidade social na vida deles e vida de outros jovens. O legado do padre Bruno é o comprometimento com a solidariedade capaz de transformar o mundo”, afirma Patrícia Nascimento.

Referência na defesa dos direitos da infância

A jornalista Adelaide Oliveira conta que conheceu o padre no início da vida profissional de comunicadora. Nos anos 90, Bruno Sechi já era uma referência quando se tratava de falar sobre os direitos da infância da juventude. Ele deixou de ser apenas uma fonte jornalística e a jornalista criou laços afetivos com ele. “Conheci mais da imagem daquele homem que passava uma aparência de alguém frágil naquele corpo franzino, mas era gigantesco e extraordinário”, afirma a jornalista. “Um ser humano disposto a ouvir e a aconselhar, eu abusava às vezes, ele me aconselhou em momentos importantes, sempre sensato e paciente. Ele cuidava do seu rebanho de especial. Qualquer pessoa podia ir e pedir um conselho, não interassava se era mais ou menos próximo, ele ia tratar a todos com muito carinho e cuidado”, complementa.

Recentemente, a jornalista teve a experiência de trabalhar com o padre Bruno Sechi no programa de televisão "Pensando Bem", da emissora TV Nazaré. “Ele me ligou e conversou sobre o convite para apresentar e formatar o programa. Quando não pude estar mais à frente, ele virou apresentador e não se intimidava, não era um papel que dominava, mas entendia como poucos o conteúdo que falávamos naquele programa", relata. "O padre Bruno não tinha nenhum preconceito com pauta, nem com as mais espinhosas”, afirma a jornalista.

“O padre Bruno Sechi tinha um sonho e eu acho que precisa ser de todos nós também, que era construir e fundar, se possível em 2020, o Museu dos Direitos da infância e da Juventude. Mostrar a luta a favor dessas crianças no momento em que ninguém olhava para elas como seres de direitos. Ele andava nas feiras de Belém e chegava junto com aquela criança que estava trabalhando e com os responsáveis para entender o porquê dela estar ali”, afirma a jornalista. “Manter o trabalho no Movimento de Emaús e as lideranças que foram feitas através de todo esse trabalho do padre Bruno é fundamental. São homens e mulheres que têm 50 anos, ou até mais, e tiveram suas vidas salvas por ele, que percebeu aquelas pessoas e tirou da invisibilidade”, complementa.

Um legado que atravessa a cidade

O historiador e professor Michel Pinho afirma não ter tido muita proximidade com padre Bruno Sechi, mas acompanhou o que ele fazia. “Tive contato quando entrei na universidade em 1993 e ele abriu na cidade de Emáus, no Bengui, uma turma de preparação de pré-vestibular para alunos trabalhadores na turma da noite. Ficava impressionado com a empolgação de ver aquelas pessoas depois de trabalhar o dia inteiro se predispuserem a ficar até 22 horas estudando. A minha carreira profissional tem uma mão muito forte do padre Bruno”, afirma.

“Uma das memórias mais tocantes foi do ano passado. Fui convidado pelo o Movimento Emaús a fazer uma fala sobre a história da cidade na década de 80 para os dias de hoje, falar sobre o que mudou e qual a importância do movimento. Quando terminei a palestra lembrei ao padre Bruno a história da Lígia Constantino, que é minha avó postiça e lutou na década de 70 e 80 pelas mulheres camponesas e eles juntos fizeram ações em relação às pessoas mais vulneráveis do campo, da cidade e da Amazônia. Terminei a fala e ele me pediu um abraço, sempre muito afetuoso, e vai marcar pelo o resto da vida”, declara Michel Pinho.

"O legado do padre Bruno atravessa a cidade de forma mais clara possível. Você tem um padre Bruno no Jurunas, um na Cremação, um no Curió, um padre Bruno no Guamá, você tem um padre Bruno na Terra Firme, entre outros bairros. Faz parte de constituir a memória do padre Bruno, de alguém que escolheu estar onde as pessoas mais precisam e é dele como líder político, líder religioso e líder social que vamos ficar com essa memória. Poucas pessoas marcaram a história dessa cidade e da Amazônia como ele marcou”, afirma o historiador.

Amizade, solidariedade, religiosidade

A aposentada Mariza Mendes, participante do grupo Movimento Independente de Pessoas Idealistas (MPI), conheceu o padre Bruno Sechi por meio do marido que pertenceu ao primeiro grupo de voluntários na República do Pequeno Vendedor. Ficou  afastada por um tempo do Movimento Emaús e depois, com uma amiga do grupo dos anos 70 e a pedido do padre, formou o grupo MPI para arrecadar alimentos para o Dia da Campanha.

 “Nós nos reuníamos uma vez por mês para arrecadar recursos para comprar alimentos. Passávamos o domingo com o padre Bruno, almoçávamos todos juntos e fazíamos a reunião. Era um dia de muita alegria e confraternização”, afirma Mariza Mendes. “Ultimamente todos estavam muito preocupados com essa situação da pandemia, e que pudesse faltar recursos para a arrecadação. Inclusive ele foi à televisão pedir para que a sociedade participasse. Padre Bruno estava muito preocupado com o Movimento Emaús”, complementa.

Segundo a aposentada, o legado que o padre Bruno Sechi deixa para a sociedade é o princípio da solidariedade, da amizade e da religiosidade. Ele plantou uma semente na área do movimento social, diz. "Era um padre que não vivia dentro da igreja, e sim no meio do povo e da comunidade. Ele deixa uma saudade muito grande em todos nós. Vamos dar continuidade ao projeto dele”, afirma.

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Por Amanda Martins.

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Uma das principais emissoras de inspiração católica no País, a TV Pai Eterno desautorizou o pedido de ajuda em forma de verbas publicitárias feito por um de seus padres-apresentadores ao presidente Jair Bolsonaro, acompanhado de uma oferta para apresentar notícias positivas sobre ações do governo. O episódio, revelado pelo Estadão, repercutiu mal na Igreja e agravou a divisão interna entre a ala conservadora, mais simpática ao presidente, e os considerados progressistas, críticos a Bolsonaro.

O missionário redentorista Welinton Silva apelou ao presidente citando que a TV Pai Eterno passa por "dificuldades" de arrecadação e que o segmento católico de comunicação como um todo tem ficado "esquecido". "A nossa realidade é muito difícil e desafiante, porque trabalhamos com pequenas doações, com baixa comercialização, e dentro dessa dificuldade estamos precisando mesmo de um apoio maior por parte do governo para que possamos continuar comunicando a boa notícia, levando ao conhecimento da população católica, ampla maioria desse País, aquilo de bom que o governo pode estar realizando e fazendo pelo nosso povo", disse o presbítero.

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"Esse é um segmento que tem ficado esquecido, que é o segmento de comunicação católico. Precisamos ter mais atenção para que esses microfones não sejam desligados, para que essas câmeras não se fechem."

A TV Pai Eterno disse que o padre Welinton Silva, apresentador que participou em 21 de maio de videoconferência com Bolsonaro, havia recebido um convite pessoal do líder do governo na Câmara dos Deputados, major Vitor Hugo (PSL-GO). Por isso, a emissora considera que o encontro era "informal" entre o presidente, a Frente Parlamentar Católica e convidados da Igreja.

Em verdade, o encontro virtual era uma agenda pública oficial do presidente, transmitida pela Presidência da República, e o padre Welinton Silva disse representar a TV Pai Eterno. Além disso, parlamentares também o citaram como representante da TV.

"Na ocasião, a participação do Pe. Welinton se deu, unicamente, enquanto religioso e comunicador, já que é jornalista e, atualmente, faz parte também do quadro de colaboradores da TV. Mesmo que ele tenha referenciado sua participação como representativa, afirmamos que ele não estava representando a emissora. A TV Pai Eterno não recebeu convite e nem enviou nenhum representante com pauta específica para a videoconferência", disse a TV, em nota divulgada no domingo, dia 7. "Percebemos que o Pe. Welinton fez uso de seu livre direito de expressão não representativa, mesmo tendo afirmado de forma diferente, para manifestar seu pensamento do modo que considerou apropriado."

No ar desde 2019, a TV Pai Eterno é ligada ao santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), sendo a mais nova das geradoras de conteúdo católicas. O padre Welinton convidou Bolsonaro para visitar o local. A TV e o santuário são iniciativas dos missionários redentoristas, que também mantêm a TV Aparecida, e haviam manifestado "desconforto e discordância". A Comissão de Mídias Redentoristas afirmou que a oferta dos padres e leigos católicos a Bolsonaro era um "atentado à unidade da Igreja" e "falta de compromisso com o Evangelho".

"A TV Pai Eterno nunca fez e não faz barganhas", disse a emissora, em nota que repete as palavras usadas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reproduzidas pelo veículo oficial do Vaticano. A emissora disse trabalhar em comunhão com a CNBB e a Signis Brasil, rede católica que congrega veículos de comunicação.

A CNBB se disse "indignada" com a conversa entre Bolsonaro, deputados de Frente Parlamentar Católica e representantes de emissoras, entre eles sacerdotes e leigos. A entidade dos bispos brasileiros, que não participou do encontro, afirmou que a Igreja não faz "barganha".

O Estadão apurou que as verbas estatais, de diversas esferas de governo, são uma importante fonte de receita para veículos de comunicação de cunho religioso, que recebem doações de fiéis e têm poucas inserções de propaganda comercial. Um exemplo é o da Rede Vida, uma das maiores emissoras comerciais de viés católico no Brasil. Segundo seu presidente, o empresário João Monteiro de Barros Neto, a publicidade federal caiu 85% no governo Bolsonaro. A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus agravou o desfalque no caixa.

Na reunião presidencial, também houve pedidos para liberar mais outorgas para rádios e TVs da rede católica, por parte do padre Reginaldo Manzotti, da Tv Evangelizar. Ele sugeriu que os veículos católicos poderiam "estar juntos" do presidente, no momento que o governo sofre exposição "negativa" na imprensa.

Procurados pelo Estadão por mais de uma vez, a TV Pai Eterno e o padre Welinton Silva não responderam, tampouco o padre Reginaldo Manzotti. O líder do governo e a Presidência da República não retornaram os contatos da reportagem. O espaço está aberto para as manifestações.

O padre Fábio de Melo fez uma revelação surpreendente na última quarta (15). Ao participar de uma live com a apresentadora Márcia Goldsmicht, o religioso contou que quase largou a batina por causa de uma grande paixão. Ele relembrou o passado e deu detalhes da história. 

O padre contou que tudo aconteceu pouco antes de ser ordenado. A história de amor entre ele e uma mulher, que não foi identificada, durou cerca de cinco meses e balançou o coração do religioso. Por fim, ele disse que foi o conselho de um outro padre que o ajudou a passar pela experiência. “Na época, o Padre Leo, um padre que foi muito presente na minha vida, ele me deu um conselho nada ortodoxo. Ele virou e falou assim: 'Você não vai deixar de viver esse amor. Você fez votos temporários, você ainda não é nada definitivo, você está ensaiando, vai que essa mulher é a mulher da sua vida'. Ele foi muito sábio em me aconselhar a viver aquela situação".

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Enfim, a “paixão avassaladora” do padre Fábio terminou por escolha da sua amada, que pôs um pnto final no relacionamento. "Parecia que o mundo tinha acabado, chorei, chorei, chorei muito. Uma mulher linda, linda, linda e inteligentíssima", relembrou o religioso. 

A Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em São Bento do Sul-PR, montou um confessionário no pátio da igreja para que os fiéis se confessem sem precisar descer do carro. O 'drive-thru' foi uma maneira de manter o ato religioso e evitar a propagação do novo coronavírus.

A iniciativa começou no último domingo (29). Segundo o padre Phábio Bosco, a ideia foi sugerida por um sacerdote de Portugal. Outras paróquias no país também estão aplicando a ideia.

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Nas redes sociais, a iniciativa foi elogiada. "Esse nosso padre nos surpreende a cada dia", disse a internauta Vivi Silveira. "Muito linda essa iniciativa", escreveu a usuária Eliane Runschka. O padre tem feito as missas por transmissões ao vivo no Facebook.

 

A Paróquia Nossa Senhora da Saúde, em Belo Jardim, no Agreste de Pernambuco, tem feito as celebrações com as fotos dos fiéis coladas nos bancos. A campanha #ficaemcasa foi divulgada pelas redes sociais e mais de mil fotos foram recebidas. Os fiéis estão impedidos de participarem das celebrações religiosas devido ao decreto do Governo de Pernambuco que proíbe a aglomeração acima de dez pessoas para evitar a disseminação do novo coronavírus.

A quantidade de imagens recebidas foi tanta que a igreja não está mais recebendo imagens para impressão. Os fiéis podem, entretanto, trazer as imagens já impressas.

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Na paróquia, a missa é realizada todos os dias às 15h. A igreja tem divulgado o roteiro das celebrações para que as pessoas possam acompanhar de casa. A campanha é inspirada em ações realizadas na Itália e pelo padre Reginaldo Manzotti, do Paraná.

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No último domingo (29), o padre Luis Cesar celebrou no Facebook uma missa para os fiéis. As pessoas que estavam em casa, por causa da proliferação do novo coronavírus, acompanharam na internet as palavras de conforto do religioso. Mas o que o pároco não esperava era que a transmissão na rede social ganhasse repercussão. Sem querer, ele ativou os filtros da plataforma.

Durante um dos cânticos, o padre surgiu de chapéu e óculos escuros, faixa na cabeça e medalha no pescoço e também de bigode roxo. Percebendo que algo não estava saindo bem, Luis Cesar continuou a live. Ao final, ele se desculpou.

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"Desculpe os efeitos, acionei sem ver, para iniciar a gravação da bênção. Deus quer também um pouco de alegria. A intenção foi mesma de oração, os efeitos foram sem intenção", explicou. No seu perfil do Facebook, o religioso declarou: "Peço que não me ridicularizem e nem usem estas imagens para denegrir minha pessoa e o ministério sacerdotal. A todos meu abraço, oração e bênção".

Após o ocorrido, o padre Fábio de Melo repercutiu o vídeo. "Tão logo ele percebeu o acontecimento, levou na brincadeira e fez questão de deixar o conteúdo. Alegou que a alegria é fundamental. Caso queira, deixe um comentário carinhoso pra ele no Instagram da paróquia", escreveu ele.

Confira:

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Com as celebrações religiosas presenciais suspensas, em razão do coronavírus, um padre católico decidiu levar a bênção aos fiéis de uma forma inusitada e sem risco de transmissão do vírus. Com um avião agrícola usado para pulverizar lavouras, o padre Emerson Rogério Anizi, da Catedral Metropolitana de Botucatu, espalhou água benta sobre as populações desta cidade e da vizinha São Manuel, no interior de São Paulo. Outras cidades já pedem a bênção aérea do sacerdote para proteção contra a doença.

Padre Emerson decolou do aeroporto de Botucatu vestindo os paramentos religiosos e levando um ostensório, peça dourada que abriga o Santíssimo Sacramento, conforme o rito católico. Ele, que também usava luvas e máscara, acompanhou a pulverização com água benta em um avião bimotor, proferindo as orações da bênção. "Vamos derramar a água abençoada em todas as famílias, não importa a religião, porque estamos juntos com o mesmo Deus. Pedimos essa força para fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, mas confiando em Deus nesse momento que nos desafia", disse, em vídeo postado na página oficial da catedral.

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O padre dirigiu as bênçãos também às equipes de saúde, segurança e limpeza das ruas. Ele pediu atenção especial para os idosos, enfermos e pessoas que estão encarceradas. "Peço ao bom Deus que nos proteja, nos livre do mal, e para que cada um tenha consciência do que deve ser feito, pois juntos somos mais fortes. Não tenhamos medo, mas prudência e vigilância. Que Deus nos abençoe e cuide das nossas famílias."

Padre Emerson disse que sua iniciativa pode aliviar a tensão e levar conforto para as pessoas que enfrentam o confinamento social devido ao coronavírus. "É uma forma de mostrar que ninguém está sozinho, que Deus está cuidando de todos nós."

Conforme a secretaria da igreja, moradores e até prefeitos de outras cidades entraram em contato para pedir a bênção do alto em suas cidades, mas a estrutura não pode ser disponibilizada com frequência. O padre disse que a invocação que fez durante a bênção foi extensiva a toda a população brasileira.

A atitude do padre dom Giuseppe Berardelli, de 72 anos, comoveu os italianos pelo seu senso de humanidade e compaixão com o próximo. O religioso foi vitimado pela Covid-19 no último dia 15, após recusar-se a utilizar um respirador comprado pelos paroquianos para ele. Giuseppe cedeu o aparelho para que um paciente mais jovem pudesse ser salvo.

“Ele é um ‘Mártir da Caridade’, um santo como São Maximiliano Kolbe, que em Auschwitz [campo de concentração nazista da 2ª Grande Guerra] se ofereceu para tomar o lugar de um homem condenado que tinha família, morrendo em vez dele”, comparou o padre jesuíta James Martin.

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Informações apontam que dom Berardelli era muito querido na região de Lovere, uma comunidade na região da Lombardia. O local fica na região de Bérgamo, tida como a que mais sofre com o novo coronavírus na Itália.

Nesta segunda-feira (23), a Itália já registrou 6.077 mortes em decorrência da pandemia. Mais de 63 mil casos foram contabilizados pela Defesa Civil. Contudo, o chefe do órgão, Angelo Borrelli, acredita que o número seja maior. “A relação de um doente certificado para cada 10 não censeados é verossímil”, admitiu ao jornal La Republica.

Capela do Hospital Papa Giovanni XXIII, em Bergamo, epicentro da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2). Um veterano padre se depara com seis caixões, um deles com um número de telefone. A esposa, impossibilitada de velar o marido por causa do confinamento imposto pelo governo da Itália, queria que o sacerdote lhe telefonasse para uma última oração antes do sepultamento.

"Disseram-me: 'Telefone para essa pessoa, ela não tem como estar presente e queria que você, antes de sepultá-lo, fizesse uma bênção'. Um assistente do hospital ligou para a família, e eu rezei o Pai Nosso com eles", conta o frei Aquilino Apassiti, que, aos 84 anos, já viu muita coisa nesta vida, mas nada como as cenas de tristeza provocadas pela pandemia em Bergamo.

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Essa província de 1,1 milhão de habitantes é a mais atingida pelo novo coronavírus na Itália, com 6.471 contágios e um número incerto de mortes, já que a Defesa Civil divulga apenas a quantidade de óbitos por região. O próprio prefeito da cidade de Bergamo, Giorgio Gori, admite que muitos idosos morreram em casa ou asilos e escaparam às estatísticas.

Se fosse um país, a província seria líder em número de casos em termos proporcionais, com 580 para cada 100 mil habitantes, mais de cinco vezes a média da Itália (101/100 mil hab.). Fotos de caminhões militares em fila para transferir corpos dos sobrecarregados crematórios bergamascos para outras regiões italianas rodaram o mundo e ilustraram o drama de uma província que sequer consegue sepultar seus mortos.

E quando consegue, é na ausência da família, impedida de sair de casa para o adeus definitivo. Os funerais estão proibidos em toda a Itália desde 8 de março, como forma de evitar que cerimônias de despedida acabem levando outras pessoas ao descanso eterno.

"Era um homem que a esposa havia levado ao hospital três ou quatro dias antes. Quando recebeu a notícia do falecimento, deixou esse número para ligarmos para ela. Rezei o Pai Nosso, e foi marcante para mim. Já estou acostumado a essa romaria em casas mortuárias, sempre tem parentes, flores, um nome, mas agora não há nada", conta frei Aquilino à ANSA, em seu português aprendido durante os anos como missionário no Pará e no Maranhão.

"Nunca experimentei algo assim", acrescenta. E quem diz é um padre que, em 1944, ainda criança, viu um bombardeio matar mais de 270 pessoas em sua cidade natal, Dalmine, na província de Bergamo, quando as forças aliadas avançavam pelo norte da Itália para derrubar o nazifascismo. Quem diz é um sacerdote acostumado à dura realidade dos hospitais e a acompanhar pacientes para hemodiálises, quimioterapias, transfusões.

"Certa vez, entrei na câmara mortuária e parecia uma coisa de guerra. Ver os corpos sobre a mesa anatômica… Eram quase 25 pessoas em um único dia", relata frei Aquilino, descrevendo uma dor ampliada pela solidão na hora da morte. "É a parte mais dura de um momento terrível, porque os parentes não podem estar presentes." Brasil - Hoje a situação em Bergamo, embora crítica, parece dar sinais de desaceleração: em 22 e 23 de março, a província teve crescimento de 5,9% e 4,1%, respectivamente, nos contágios pelo novo coronavírus, contra uma média de 12,6% nos 10 dias anteriores.

Frei Aquilino, no entanto, não pode mais dar conforto aos fiéis: após um superior contrair o Sars-CoV-2, o padre foi colocado em quarentena com outros sacerdotes na última quarta-feira (18).

Mas, mesmo isolado, tenta alertar os brasileiros para o perigo do novo coronavírus. "O isolamento é sagrado, a única maneira de nos livrar desse perigo. Tratar esse momento com superficialidade é brincar com a vida", diz o padre, em um alerta para o país que foi sua casa por mais de duas décadas e ainda enfrenta o estágio inicial da pandemia, com cerca de 2 mil casos e mais de 30 mortes.

O italiano atuou como missionário no Maranhão e no Pará entre 1989 e 2013 e acreditava que viveria no Brasil até o fim de seus dias, mas voltou para casa para acompanhar um colega que faria hemodiálise. Logo após o retorno, foi diagnosticado com câncer no pâncreas e, depois de uma cirurgia, ouviu de um médico que tinha de seis meses a um ano de vida. "E aqui estou, trabalhando", diz o padre, seis anos mais tarde.

Agora, em isolamento obrigatório e sem poder ajudar os pacientes do novo coronavírus, frei Aquilino espera que os sacrifícios gerados pela pandemia não sejam em vão. "É um momento epocal. Se isso não mudar nosso coração, terá sido tempo perdido." 

Da Ansa

Qual seria a postura de Jesus Cristo diante de alguns temas sociais da atualidade? Como ele se posicionaria, que lado defenderia? Um teólogo e um padre foram convidados a responder essas perguntas. Em comum, os dois acreditam que Jesus estaria envolvido com as pautas de direitos humanos.

“É impossível ser um seguidor de Jesus Cristo sem um profundo compromisso com os direitos humanos”, avalia Sérgio Vasconcelos, coordenador do departamento de teologia da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).

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 Violência

 De janeiro a setembro deste ano, o Brasil teve mais de 30 mil mortes violentas. Apesar de elevado, há uma queda de 22% no número de homicídios em relação a 2018. As mortes cometidas pela polícia, entretanto, aumentaram, assim como superlotação dos presídios e o número de presos provisórios.

"Existe um desejo nosso quase antropológico do olho por olho, dente por dente. Mas Jesus representa uma outra lógica, do perdão, da misericórdia, de estar disposto a acolher qualquer pessoa em atitude de reconhecimento de culpa. É uma incoerência um cristão que é a favor da pena de morte”, diz o teólogo. 

 Segundo o padre Josenildo Tavares, coordenador arquidiocesano de pastorais, Jesus não estaria do lado do punitivismo, pois teve um estilo de vida de não-violência. “Com o próprio Judas, que o traiu, ele não usou de violência. É inadmissível que da boca de um cristão saiam palavras como essa de 'bandido bom é bandido morto'. Lamentamos muito outras igrejas e até líderes católicos posando com arma na mão, lideranças de comunidades fazendo 'arminhas'”, avalia o religioso.

Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Abriu-o e encontrou o lugar onde está escrito: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor. Então ele fechou o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. Na sinagoga todos tinham os olhos fitos nele; e ele começou a dizer-lhes: ‘Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir’. (Lucas 4:17-21)

 Crise migratória

 O drama de pessoas refugiadas ocorre em todo o planeta. O Brasil tem lidado com refugiados venezuelanos, que fogem da crise instalada em seu país. A Operação Acolhida, criada durante o governo de Michel Temer, já interiorizou mais de 13 mil venezuelanos. Há um temor que o país, principalmente o estado de Roraima, esteja à beira de um colapso social. 

Vasconcelos destaca que, desde o antigo testamento, um dos critérios para salvação é o acolhimento do estrangeiro, do órfão e da viúva. "A gente não pode esquecer que o próprio Jesus também foi estrangeiro. Ele teve que fugir do Egito por causa da perseguição de Herodes.”

"Jesus diria: 'eu também fui imigrante'", diz o padre, fazendo um paralelo com a atualidade. "Eu sou pároco das Graças [no Recife] e lá estamos presente na vida dos venezuelanos. É triste, eles são índios, não falam espanhol, não falam português."

“Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia.” (Mateus 5:7)

Desigualdade social

 O teólogo Sérgio Vasconcelos diz que pobreza, injustiça e exclusão do ser humano são sinais do anti-reino de Deus. "Nesse sentido, diante dessas injustiças, com certeza Jesus teria uma postura profundamente crítica. Jesus se colocaria no centro dessa questão, combateria a opressão."

O padre reforça que Cristo nasceu em um contexto de desigualdade social. "Jesus tinha um vínculo com os marginalizados. Hoje dizem que isso é comunismo, socialismo. A gente lamenta muito que as pessoas polarizem algo que está além do partidarismo". Tavares acrescenta: "Com certeza Jesus estaria do lado dos mais pobres."

 Segundo relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) neste ano, o Brasil é o sétimo país com maior desigualdade de renda, ficando à frente apenas de países do continente africano. Os dados foram coletados em 2017. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) mostrou, também este ano, que apesar da melhora nos índices de desnutrição no país, a parcela que passa fome no Brasil ainda é considerável. 

 “Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram.” (Mateus 25:35-36)

Homofobia

Sobre a homossexualidade, Vasconcelos destaca que não há relatos bíblicos de Jesus se confrontando com essa temática. "Nesse sentido, a gente entra em um terreno imaginativo", salienta o professor. "O que a gente sabe é que ninguém, absolutamente ninguém, hétero ou homo, ou trans, seja que categoria for, é excluído do desejo universal de salvação de Jesus", diz o teólogo.

O padre Tavares é mais cauteloso em sua fala, mas acredita que Jesus estaria do lado das vítimas. "Eu posso dar minha opinião, mas não posso usá-la para lhe agredir. Eu posso discordar, mas não tenho o direito de lhe reduzir a uma coisa. Recife é uma cidade em que já mataram muitos travestis. Em nome de quem? De Deus, de Cristo? Que sacristia é essa que leva a eliminar?", questiona o pároco. "No outro mora Deus, mora o sagrado, é um irmão. Quando a gente acolhe, a gente cresce", completa. 

 No início deste ano, o Grupo Gay da Bahia, entidade que registra dados de violência contra LGBTs há décadas, divulgou o relatório de 2018. Foram registradas no último ano 420 mortes de LGBT, sendo 320 homicídios e 100 suicídios. Segundo os dados, a cada 20 horas um LGBT é morto ou comete suicídio no Brasil.

“Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus.” (Mateus 5:9)

Ataque aos direitos humanos

O teólogo Sérgio Vasconcelos diz que, "de forma clara e absoluta", Jesus seria um defensor dos direitos humanos. "Seria impossível a Declaração de Direitos Humanos sem a contribuição da cultura judaica cristã. Mesmo pensadores que são ateus dão esse reconhecimento", salienta o professor.

Segundo o pesquisador, os direitos humanos buscam preservar a dignidade humana, mesmo intuito de Cristo. "Jesus tinha profunda convicção  que o reino de seu pai passa pela dignidade da pessoa humana. Não há um biblista ou teólogo sério que discorde disso."

 O padre Tavares destaca que a sociedade costuma criticar os direitos humanos, mas que essa não seria a postura do filho de Deus. "Não tenho dúvida que ele estaria dando voto de aplauso aos direitos humanos."

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Um homem identificado como Luiz França de Lima, de 25 anos, foi detido nessa terça-feira (3) sob a acusação de fingir ser padre para aplicar um golpe superior a R$ 100 mil. Durante dois anos, ele morou com um casal que pretendia desfazer o casamento da filha. Desconfiadas, as vítimas denunciaram o suspeito, que será indiciado por estelionato.

Após descobrir que o marido da filha era homossexual, os pais decidiram anular o matrimônio. Assim, conheceram o golpista, que garantiu ser padre e contou que passava por uma situação difícil. Muito religiosos, a família decidiu acolhê-lo.

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Natural de Pernambuco, o suspeito tinha batina e chegou a comandar uma missa no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Nas redes sociais, Luiz dizia ter cursado duas universidades na Europa e possuía doutorado. Para manter o golpe, ele também enviou o convite para uma suposta ordenação como diácono, que seria realizada na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Para manter as aparências, ele saía da residência por volta das 7h, alegando que iria "rezar missas". Contudo, mantinha uma quitinete próxima à casa das vítimas e chegou a adquirir terrenos com o estelionato. Para conseguir mais dinheiro, informava que precisava realizar viagens ou que mais recursos eram necessários para o processo de anulação do casamento.

Mais um cãozinho fiel entrou em uma igreja para receber carinho. O animal vive na rua e esperou o fim de uma missa em Ibatiba, no Interior do Espírito Santo, para ser mimado pelo padre. Felpudo entrou no templo e permaneceu ao lado do religioso, que atendia fiéis. 

O Padre Gelson de Souza explicou que, em uma oportunidade, o cachorro invadiu a igreja e foi recebido com um cafuné. Desde então, ele frequenta as missas da paróquia.

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Um padre polonês, de 71 anos, morreu após ser estrangulado dentro da Igreja Nossa Senhora da Saúde, localizada no Centro de Brasília. O corpo de Kazimerz Wojno - ou Casemiro, como era conhecido - foi encontrado com arame farpado enrolado no pescoço, além de estar com pés e mãos amarradas, apontou a Polícia Civil. Vários objetos foram roubados.

As autoridades acreditam que quatro homens planejaram uma emboscada e atacaram o padre após a celebração de uma missa, na noite desse sábado (21). "Ainda não caiu a ficha. Ele vai fazer muita falta, já está fazendo na verdade. Não dá pra acreditar que ele se foi de uma maneira tão violenta, triste. Casemiro sempre andava com uma máquina fotográfica, registrando todos os momentos da igreja. Tem detalhes dele em todo canto", relatou o padre Firmino ao Uol.

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Kazimerz somava 46 anos de sacerdócio, desses, 20 foram à frente da igreja brasiliense. Em nota, a arquidiocese de Brasília lamentou o fato e pediu orações.

Só neste ano, esta é a terceira vez que a igreja é roubada. Nas outras oportunidades foram furtados o sacrário -avaliado em R$ 20 mil- e todas as caixas de som -estimadas em R$ 10mil. "Cansamos de denunciar pra polícia os inúmeros furtos, arrombamentos. O padre foi uma vítima da violência do DF que não tem fim. Agora, ele morreu de uma forma brutal, por bandidos que não tem medo de nada", declarou o frequentador Laercio Lima.

Uma foto agitou a internet nesta quarta (18). Na imagem, um homem de sunga vermelha, corpo malhado, óculos escuros e cabeça baixa foi apontado como sendo o padre Fábio de Melo. Ele ainda não veio a público desmentir a identidade, mas a alegria de internautas mais animadas durou pouco: o homem já foi identificado e não é o religioso.

O rapaz da foto é o personal trainer goiano Leandro Ferreira, de 28 anos, que afirmou ter ficado chocado com a repercussão. Segundo o catraca Livre, a assessoria do padre já esclareceu que não era ele nas imagens, e que Fábio de Melo tem se divertido com a situação.

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Um padre foi preso em Palmas-TO, na segunda-feira (26), por abusar sexualmente de um jovem pernambucano de 18 anos. Marco Aurélio Costa da Silva já havia sido preso em 2015 por mostrar pornografia para um adolescente de 16 anos. As informações são do G1.

O pernambucano relatou ter ido para Tocantins atraído pela promessa de uma carta de indicação para ser seminarista. O padre teria alegado que a carta só valeria se assinada a próprio punho, fazendo com que a vítima viajasse.

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O jovem disse estar em cárcere privado desde a última quinta-feira (22). Ele relatou que o padre tentou embriagá-lo na primeira noite e forçou relações nos dias em que o rapaz esteve no apartamento. Ele só conseguiu fugir após o padre esquecer a chave na porta. O caso foi registrado como estupro e tráfico de pessoas.

A Diocese de Porto Nacional emitiu uma nota sobre o caso. No texto, o bispo diocesano e membro sinodal Romualdo Matias Kujawski destaca que o padre estava suspenso da Ordem desde o dia 10 de julho de 2018. "O sacerdote já não desempenhava nenhum tipo de atividade vinculada a esta Diocese, e encontrava-se aguardando o cumprimento de sua sentença". A Diocese afirma repudiar quaisquer atos que violem a integridade humana.

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Um padre de 41 anos foi preso no município de Marcelino Vieira-RN por abuso sexual. Segundo a Polícia Civil, Francisco Claudenes Alves Ciríaco, conhecido como Padre Claudenes, teria estuprado quatro adolescentes no município de Tenente Ananias.

Francisco exercia a função de padre da Igreja Veterocatólica do Brasil, com sede na cidade de Feira de Santana-BA, voltada à evangelização no Nordeste do país. Entre 2009 e 2012, ele esteve à frente da Paróquia de Marcelino Vieira.

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O padre foi candidato do Partido da República (PR) ao cargo de vereador em Marcelino Vieira nas eleições de 2016. Ele não foi eleito.

Segundo as investigações, o suspeito teria praticado os crimes de estupro de vulnerável e exploração sexual contra os quatro adolescentes. Após ser ouvido na delegacia no sábado (24), Francisco Claudenes foi encaminhado ao sistema prisional.

Um padre desviou cerca de R$ 400 mil da paróquia para gastar com homens que conheceu em um aplicativo de relacionamentos e o aluguel de uma casa de verão. Joseph McLoone, de 56 anos, foi preso na Filadélfia, Estados Unidos.

O líder religioso regia uma paróquia de Downingtown, no estado da Pensilvânia, desde 2010, mas há cerca de um ano começou a levantar suspeitas de desvio, quando iniciaram as investigações.

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Segundo o Philadelphia Magazine, Joseph abriu uma conta secreta a qual transferia doações da paróquia. Além de arrecadações, a quantia era mantida com pagamentos de celebrações de casamentos, funerais e missas aos falecidos.

O padre utilizava o dinheiro para custear jantares caros, viagens e até alugou uma casa de veraneio em Ocean City, estado de Nova Jersey. Além disso, ele transferiu dinheiro para homens que conheceu em um aplicativo de paquera - Grindr -, um deles era um presidiário.

 

Um padre da Igreja Ortodoxa Russa foi suspenso por um ano após ferir um bebê durante o batismo. O momento violento protagonizado pelo sacerdote Foty Necheporenko foi registrado por familiares do menino, que foi empurrado contra a pia batismal, no último sábado (10), em Gatschina. Em sua defesa, o sacerdote garantiu que apenas cumpriu o "dever religioso".

Nas imagens é possível ver que a mãe ainda tentar tirar a criança dos braços do padre, mas é impedida. "Ele [o padre] fez tudo para magoar o menino. Percebeu que ele era grande, que não era possível mergulhá-lo numa pia tão pequena. Eu estava com medo, corri para ele. Tentei pegar no menino. E quase me queimei porque o meu lenço tocou nas velas que estavam à volta da pia batismal", contou a mãe Anastasia Alexeeva ao Sky News. Ela revelou que o menino sofreu arranhões nos ombros e pescoço, além de apresentar sinais de "pânico e histeria".

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Em comunicado, a diocese local pediu desculpas pela atitude e afirmou que Foty havia sido banido das atividades. Ele também foi impedido de vestir roupas clericais e conduzir celebrações por um ano.

 Em resposta, o padre Necheporenko afirmou que "o bebê não engoliu água nenhuma, nem bateu nas paredes da pia batismal", e continuou, "sirvo há 26 anos e sempre batizei crianças assim. Cumpri meu dever religioso", enfatizou.

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