Tópicos | OIT

Um total de 40 milhões de pessoas no mundo ainda são vítimas da escravidão, enquanto outras 152 milhões de crianças são obrigadas a trabalhar. Dados divulgados nesta terça-feira pela ONU e pela Organização Internacional do Trabalho revelam que a escravidão moderna é ainda uma realidade.

O levantamento aponta que mulheres e meninas são desproporcionalmente afetadas. Elas representam 71% das pessoas em situação de escravidão, quase 29 milhões.

##RECOMENDA##

Dezesseis milhões de pessoas trabalham em condições de escravidão como domésticas, na construção civil ou na agricultura. Na indústria do sexo, são 5 milhões de vítimas pelo mundo. Outras 4 milhões de pessoas são obrigadas a trabalhar pelas próprias autoridades.

No caso das Américas, quase 2 milhões de pessoas ainda seriam vítimas da escravidão moderna. São 24 milhões na Ásia e 9 milhões na África.

O que também chama a atenção das autoridades é que uma a cada quatro vítimas da escravidão é menor de idade, cerca de 10 milhões de crianças. Destas, 5,7 milhões ainda são obrigadas a se casar. No que se refere ao trabalho infantil, o principal empregador é a agricultura, onde estão 70% dos menores. No setor de serviços, estão 17% das vítimas.

O epicentro do problema do trabalho infantil continua sendo a África, com 72,1 milhões de pessoas. Na Ásia, são 62 milhões, contra 10,7 milhões nas Américas.

Forçado

Outro fator considerado pela ONU é o número de casamentos forçados, um indicador que também apontaria para uma situação de dependência total. No ano passado, 15,4 milhões de pessoas estariam nessa situação. Nos últimos cinco anos, ocorreram 6,5 milhões desses casamentos.

Para Guy Ryder, diretor-geral da OIT, o mundo não atingirá suas metas de desenvolvimento sustentável enquanto não aumentar de forma dramática os esforços para lutar contra essa realidade. "O fato de que, como sociedade, ainda temos 40 milhões de pessoas na escravidão moderna é uma vergonha para todos", alertou Andrew Forrest, presidente da fundação Walk Free. "Isso precisa acabar", apelou.

Nos últimos 14 anos, 9.853 pessoas foram resgatadas de condições análogas às de escravo só no Estado do Pará, a grande maioria do sexo masculino, com idade entre 18 e 24 anos, declarados pardos, mulatos, pretos ou mestiços. Esses e outros dados mais específicos sobre essa população vulnerável podem ser encontrados no Observatório Digital do Trabalho Escravo, uma iniciativa multidisciplinar nascida da cooperação entre o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Na região Norte, os Estados do Pará e do Amapá aparecem, respectivamente, no 1° e no último lugar do ranking com relação ao número de operações e resgates, naturalidade e residência declarada dos trabalhadores. Desde 2003, ano de lançamento do 1º Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, a região Norte acumula 14.330 ocorrências de resgates em 608 operações realizadas.

##RECOMENDA##

De acordo com os dados do Observatório, o Sudeste do Estado do Pará é a região com os maiores índices no período de 2003 a 2017. O município paraense com maior número de resgates é Ulianópolis, com 11 operações realizadas e aproximadamente 1.288 resgatados, seguido dos municípios de São Felix do Xingu (813 resgates) e Marabá (643 resgates).

O município com maior número de egressos (naturalidade ou pessoas nascidas no local) é Goianésia do Pará, com 165 casos, seguido de Itupiranga (142) e Redenção (137). O município com maior número de residentes (trabalhadores que declararam residir no município) é Redenção, com 488 casos, seguido de Itupiranga (142), Paragominas (318) e Goianésia do Pará (299). Os maiores índices de inspeções realizadas no Estado são nas cidades de São Felix do Xingu, com 89 inspeções, seguido de Marabá (61) e Rondon do Pará (57).

O Pará lidera o ranking nacional com maior número de resgates, contabilizando 9.853 casos, fica na 3ª colocação no quesito Naturalidade dos trabalhadores (2.989) e em 2º no quesito Residência Declarada (5.242 casos). Já o Amapá aparece na 25ª posição do ranking com 26 resgates, a maior parte deles no município do Oiapoque, extremo Norte amapaense, com 1 operação e 23 resgates. Em seguida aparece a capital Macapá com 2 operações e 3 resgates. Quanto à naturalidade, do total de resgatados, 4 são naturais do Amapá, dois deles nascidos em Macapá, 1 em Pedra Branca do Amapari e 1 em Santana. Quanto ao número de residentes em cada município, 13 declararam residir no momento do resgate no município de Santana, 5 em Macapá, 2 em Mazagão, 1 em Itaubal e 1 no Oiapoque.

O Observatório está disponível na internet com acesso totalmente gratuito. Os números também retratam os perfis socioeconômico, socioprodutivo, piores formas de trabalho e outros, além de detalhar escolaridade, faixa etária e de sexo das pessoas encontradas em condições análogas à escravidão. Com isso, espera-se que as informações reunidas no Observatório municiem o desenvolvimento de novas iniciativas e aumentem a eficiência e a efetividade de ações hoje executadas pelos governos, ONGs, instituições do setor privado e nas academias, por meio da produção e disseminação de conhecimento científico.

Lançado no dia 31 de maio de 2017, com objetivo de disponibilizar dados da situação do trabalho escravo nos Estados brasileiros, o Observatório Digital do Trabalho Escravo compila bancos de dados governamentais de várias fontes, incluindo registros administrativos, dados censitários, dados domiciliares e dados do Sistema de Indicadores Municipais de Trabalho Decente da OIT. A inovadora ferramenta de gestão do conhecimento e de promoção do trabalho decente tem potencial para embasar políticas públicas de erradicação do trabalho escravo no Brasil, a fim de que passem a ser mais orientadas por dados e evidências, promovendo o desencadeamento, o monitoramento e a avaliação de iniciativas de prevenção em escalas federal, estadual e municipal a partir do envolvimento de agentes públicos e privados. 

Acesse https://observatorioescravo.mpt.mp.br/ e saiba mais.

Da assessoria de Comunicação do MPT/PA-AP.

Orientação que determina apoio aos migrantes no mercado de trabalho foi aprovada na Conferência Internacional do Trabalho da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, na Suíça, na sexta-feira (16). A Recomendação nº 205, que recebeu o título de Emprego e Trabalho Decente para a Paz e a Resiliência, determina a proteção dos trabalhadores que deixaram seus países devido a situações de crises causadas por conflitos ou desastres naturais. O texto substitui um documento de 1944, que tratava apenas de casos de guerra.

O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, comemorou a aprovação que leva os países signatários a adotarem um procedimento que já ocorre no Brasil. A nova recomendação garante proteção a todos os trabalhadores em um país, sejam eles migrantes ou refugiados.

##RECOMENDA##

“Ficamos muito orgulhosos do resultado, porque essa recomendação está alinhada com as políticas e leis brasileiras sobre o tema. Ao contrário do que ainda acontece em muitos países da Europa principalmente, no Brasil a legislação não discrimina os trabalhadores migrantes”, destacou o ministro.

A aprovação da recomendação também beneficiará os brasileiros que moram e trabalham no exterior, porque aumenta a proteção internacional como um todo. Estima-se que haja mais de quatro milhões de brasileiros nessa situação. Além de migração, a 106ª Conferência Internacional do Trabalho da OIT, que se encerrou nesta sexta, debateu outros temas importantes, como o desenvolvimento sustentável.

LeiaJá também

--> 91% dos resgatados de escravidão vêm de locais de baixo IDH

--> OIT pede que Brasil assine protocolo contra escravidão

O Smart Lab de Trabalho Decente, parceria do Ministério Público do Trabalho (MPT) com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), lançou o Observatório Digital do Trabalho Escravo na última quarta-feira (31). A nova plataforma reúne informações de diversos bancos de dados a respeito do tema com o objetivo de de contribuir para a atuação de gestores públicos, sociedade civil, pesquisadores, jornalistas e na formulação de políticas públicas de combate à escravidão moderna. 

De acordo com dados retirados do observatório digital, 91% dos trabalhadores resgatados de situação de trabalho escravo vêm de municípios que apresentaram um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) baixo em 1991, enquanto que 32% dos trabalhadores vieram de cidades que também tinham IDH-M baixo em 2010, vinte anos depois, sem apresentar melhora. 

##RECOMENDA##

O procurador do Trabalho Luís Fabiano de Assis, que também é co-coordenador do Smart Lab pelo MPT, explica que esse dado “Trata-se de uma evidência muito clara da correlação existente entre pobreza, déficits de desenvolvimento humano e vulnerabilidade social, que facilita o aliciamento para o trabalho escravo”. 

Na opinião do diretor do Escritório da OIT no Brasil, Peter Poschen, o observatório digital permite que gestores entendam e combatam efetivamente as causas do problema, indo além da fiscalização e da repressão. 

“A iniciativa gera informações e conhecimentos que apoiam a defesa e a promoção das normas e princípios fundamentais do trabalho, além do combate às antíteses do trabalho decente, como o trabalho infantil e o trabalho forçado. Isso é muito relevante dado que o Brasil é um país com muitos dados e relativamente poucas informações, pois estes dados geralmente ficam isolados e não é possível compor uma imagem em conjunto sobre a situação”, afirmou Poschen.

Trabalho Decente 

O conceito de Trabalho Decente foi formalizado em 1991 e sintetiza a missão da OIT de promover oportunidades de trabalho em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidades humanas. 

O Smart Lab de Trabalho Decente é um laboratório multidisciplinar de gestão do conhecimento, instituído por meio de um acordo de cooperação técnica internacional entre o MPT e a OIT para a promoção do Trabalho Decente no Brasil. Além do Observatório Digital do Trabalho Escravo, o Smart Lab também lançou o Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho.

*Com informações do MPT

LeiaJá também 

--> Zara sofrerá punição maior em casos de trabalho escravo

--> Quase mil pessoas escravizadas foram resgatadas em 2016

--> OIT pede que Brasil assine protocolo contra escravidão

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançará a campanha “50 For Freedom” (50 Pela Liberdade), que busca o apoio de 50 países contra o trabalho forçado, às 16h desta terça-feira (9) em uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos do Senado, em Brasília.

Estarão presentes o diretor da OIT no Brasil, Peter Poschen, o especialista técnico sobre Trabalho Forçado da OIT, Houtan Homayounpour, o ministro do Tribunal Superior do Trabalho e membro do Comitê de Peritos da OIT, Lélio Bentes, o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury e o conselheiro de curadores do Fundo das Nações Unidas sobre Formas Contemporâneas de Escravidão, Leonardo Sakamoto, entre outras autoridades.

##RECOMENDA##

O protocolo da OIT de 2014 conta com 13 assinaturas até o momento e complementa a Convenção 29 da organização, realizada no ano de 1930 para reforçar o combate às novas formas de escravidão moderna.

Durante a sessão, haverá a exibição de um vídeo com depoimentos de vítimas de trabalho escravo, concedidos ao Embaixador da Boa Vontade da OIT, Wagner Moura. Um trabalhador resgatado de condições análogas à escravidão estará presente e entregará uma carta à Casa Civil, pedindo a assinatura do protocolo.

Além disso, um painel digital será instalado no Senado e mostrará em tempo real as postagens publicadas pelos brasileiros em apoio à ratificação do protocolo, através das hashtags #50FF, #50ForFreedom e #AssinaBrasil.

O nome da campanha se refere à convocação da OIT e de seus parceiros (a Confederação Sindical Internacional e a Organização Internacional dos Empregadores) para que 50 países ratifiquem o Protocolo até 2018.

O protocolo prevê a atuação na prevenção ao trabalho escravo, na proteção e reabilitação das vítimas por parte dos países, que devem garantir proteções legais aos trabalhadores reforçando a fiscalização e da adoção de medidas para educativas para informar a população a respeito de crimes como o tráfico de pessoas. O protocolo também garante que as vítimas tenham acesso a ações jurídicas e indenização mesmo que elas não residam legalmente no país onde trabalham.

LeiaJá também

--> Reforma 'praticamente legitima trabalho escravo'

--> Brasil prestará contas à OIT sobre trabalho forçado

--> MPT recomenda rejeição total ao projeto do trabalho rural

--> Justiça condena fazendeiro por explorar trabalho escravo

O assédio sexual é uma conduta criminosa passível de punição com detenção de 1 a 2 anos e a pena pode ser aumentada em até um terço caso a vítima seja menor de idade, chegando a 2 anos e 8 meses. Além disso, a demissão por justa causa e o pagamento de multa também são penalidades previstas para assediadores. Apesar disso, muitas vítimas, quase sempre mulheres, ainda deixam de denunciar o assédio por medo, vergonha, descrença na punição dos agressores ou falta de informação sobre a quem podem recorrer em busca de reparação e punição da pessoa que cometeu o crime.

O LeiaJá conversou com a procuradora do Ministério Público do Trabalho de Pernambuco Melícia Carvalho e com a jornalista Nana Queiroz, que já foi vítima de assédio sexual quando ainda era estagiária, para entender o que caracteriza o assédio sexual, como as vítimas podem denunciar, como os agressores podem ser punidos e qual é o papel das empresas e da Justiça no combate a esse crime. 

##RECOMENDA##

Definição

De acordo com o artigo 216 A do Código Penal, assediar sexualmente no ambiente de trabalho é “Constranger alguém com intuito de levar vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente de sua forma de superior hierárquico, ou ascendência inerentes a exercício de emprego, cargo ou função”. Já a Organização Internacional do Trabalho (OIT) define o assédio sexual como “Atos de insinuações, contatos físicos forçados, convites impertinentes, desde que apresentem umas das características a seguir: a) ser uma condição clara para dar ou manter o emprego; b) influir nas promoções na carreira do assediado; c) prejudicar o rendimento profissional, humilhar, insultar ou intimidar a vítima”. 

Como explica a procuradora Melícia Carvalho, são várias as atitudes que podem caracterizar o assédio. “É qualquer conduta mesmo, paquera, palavras, tentativa de seduzir, sedução imediata, qualquer forma de conduta com intenção de favor sexual, seja cantada, tocar, apalpar como fez o ator José Mayer com a figurinista da Globo, mas não precisa chegar a este ponto, o meio é muito amplo”. Para ela, também é importante esclarecer que apesar de a maior parte dos casos ocorrerem com homens na posição de assediadores e mulheres como vítimas, conforme evidencia a pesquisa da OIT mostrando que 52% das mulheres em idade economicamente ativa de todo o mundo já sofreram assédio sexual, a lei brasileira não impõe marcações de gênero na questão, podendo o assédio partir também de mulheres contra homens e também entre pessoas do mesmo gênero.

Limites

Quando questionada sobre qual a diferença entre elogios normais e a conduta criminosa que caracteriza o assédio sexual, Melícia explica que o problema está, como diz a lei, na intenção da pessoa que assedia e não se detém diante da negativa da vítima. “O limite é a intenção do assediador. Precisamos ter cuidado para entender a questão sem banalizar as discussões. A vítima vai perceber se a conduta é de intenção ilícita, de seduzir e se favorecer, se o elogio é no sentido de cercar, seduzir, de intenção que vai além de uma simples gentileza, aí é que passa a ser um possível assédio, mas passar e dizer ‘bom dia você tá bonita, tá elegante’ não é”.  Não é raro, segundo ela, que a vítima não denuncie logo no primeiro momento e a situação continue acontecendo e se agrave, sendo a insistência também um fator que configura a conduta como assédio.

“Em geral a vítima sente que o assediador vai ficando mais agressivo, direto e incisivo quando não é correspondido, e aí se caracteriza o assédio. Quando a vítima diz não, há pessoas que recuam, mas o assediador que tem a conduta criminosa não se detém e se torna insistente, cada vez mais persuasivo e constrangedor porque o que ele quer é o favor sexual, então ele não desiste com um simples ‘não’. Vale lembrar que não precisa que seja uma conduta repetida, basta ter esse intuito, mas é comum a vítima ficar na dúvida ou a pessoa recuar e se desculpar, mostrando que não era exatamente assédio porque não tinha aquela intenção de conseguir um favor de satisfazer a lascívia a qualquer custo”.

Diferenciando assédio sexual e assédio moral

Outro esclarecimento necessário é o fator da hierarquia. Segundo a procuradora, para que se configure o crime de assédio sexual é preciso que haja uma superioridade hierárquica do agressor para a vítima, mas essa hierarquia não precisa ser entre um superior e um subordinado direto nem exige convívio direto, bastando que a vítima esteja em uma posição mais baixa que a do agressor. Em casos de assédio entre funcionários do mesmo nível hierárquico, ainda que exista a intenção de favorecimento sexual, essa conduta se configura como assédio moral, que é definido como qualquer tipo de atitude que cause constrangimento e humilhação com objetivo ilícito de infligir prejuízo de qualquer ordem à vítima.

Como denunciar

Para Melícia, a primeira atitude que as vítimas devem tomar é se posicionar negativamente diante do assediador, “Se expressar diretamente dizendo que sabe que a conduta é de assédio, que é crime, que está certa disso e barrar de imediato sem deixar que o medo da demissão ou da exposição lhe impeça de se posicionar e exigir que o assédio pare”.

Já para fazer a denúncia, ela explica que a vítima tem várias opções e órgãos a quem recorrer. “A vítima pode procurar o setor de Recursos Humanos ou outras pessoas superiores ao assediador, até a ouvidoria da empresa, exigindo solução e reparação. Se a empresa não der uma resposta, a vítima pode ir ao sindicato da sua categoria profissional. É possível também procurar a Superintendência Regional do Trabalho, que media a situação e investiga se há outras vítimas. O Ministério Público do Trabalho também recebe denúncias”. 

A queixa-crime na delegacia também pode ser feita. É interessante que sejam apresentadas provas como testemunhas, filmagens, áudios, e-mails ou outras coisas que possam comprovar o assédio, mas caso a vítima não tenha nada, a delegacia também pode iniciar uma investigação. Melícia esclarece que o tempo de investigação e conclusão dos casos pode variar a depender das provas que sejam apresentadas e da facilidade dos procuradores para conseguir mais evidências. “O tempo depende da investigação, da facilidade ou não de apurar as provas e das diligências que o procurador precise então não há um limite padrão de tempo de processo, mas o prazo civil em princípio é que se finde em um ano se possível. Quando não dá, o procurador responsável pode estender por mais um ano”.

Penalização do agressor e reparação para a vítima

Além da pena de prisão, os assediadores podem ser punidos também com demissão por justa causa e podem ser obrigados a ressarcir a empresa pela indenização paga à vítima que, segundo a procuradora Melícia Carvalho, também pode solicitar a rescisão do contrato de trabalho. “A vítima pode considerar que houve rescisão indireta do contrato de trabalho com a empresa, pois um dos deveres do empregador é fornecer um ambiente de trabalho saudável. Se a empresa não toma providência, o contrato pode ser considerado rescindido e a vítima receber todos os direitos de demissão sem justa causa”.

Dados

O Ministério Público de Pernambuco recebeu 11 denúncias de assédio sexual em Pernambuco de 17 de abril de 2016 até a mesma data deste ano. Um número pequeno, que a procuradora do trabalho alerta para o fato da estatística não conseguir refletir o problema real devido à subnotificação de casos. 

“O número parece pequeno, mas é significativo porque há subnotificação de casos por medo e por falta de informação, o que contribui negativamente para as estatísticas, especialmente em momentos de crise em que as pessoas podem silenciar por precisar do emprego. Então esse número é, sim, muito relevante. Por exemplo, é claro que no interior acontece também mas só tem denúncias de casos ocorridos no Recife, então logicamente esses números não refletem o problema”, esclarece Melícia. 

Medo do desemprego como fator de subnotificação

O desejo da manutenção do trabalho foi o que levou a jornalista Nana Queiroz, que hoje é diretora executiva de uma revista, escritora e ativista pelos direitos das mulheres, a desistir de denunciar o assédio que sofreu quando ainda era estagiária. Ela conta que estava em sua primeira experiência profissional como repórter e foi cedida a outra revista durante três meses, quando recebeu mensagens inapropriadas do seu chefe. 

“Ele perguntou, pelo e-mail corporativo, até que horas eu ia trabalhar. Quando respondi, ele disse que estava pensando se eu queria ir à casa dele tomar um vinho e ver um filme à noite. Eu respondi ‘Fico muito lisonjeada pelo convite mas eu acho inapropriado porque você é meu chefe’, e então ele disse que por hora era meu ex-chefe, mas que se eu quisesse ‘brincar de chefe e estagiária nas horas íntimas’ estaria completamente aberto”.

Em um outro momento, em uma festa de final de ano da empresa, o mesmo chefe voltou a assediar Nana. “Ele ainda chegou pra mim e disse que eu era a surpresa do ano, que me contratou só porque eu era ‘gostosinha’, mas eu mostrei que tinha um cérebro. Me escondi atrás de um galpão na festa, fiquei chorando e pedi para o meu marido ir me buscar e fui embora. Ele estragou minha festa, estragou minha experiência de primeiro estágio e no final eu não fui contratada mesmo, então de nada adiantou não ter denunciado”.

Ela afirma que mostrou os e-mails para amigos que acharam a situação absurda mas lhe disseram que dificilmente o assediador seria punido e ela terminaria sendo prejudicada. “Eu fiquei extremamente constrangida porque eu senti que eu não podia dizer não, eu queria ser efetivada naquele trabalho e ele tinha o poder de me contratar ou não quando o estágio terminasse. Mesmo assim eu tentei dizer ‘não’ de maneira educada, porque eu não estava nem um pouco interessada”.

Acolhimento à vítima

A sensação de falta de acolhimento também desencorajou Nana a levar o caso ao conhecimento da empresa. “Eu sabia que eu podia ir no RH denunciar, eu sabia quem era a pessoa do RH responsável pelo programa de estágio, mas eu não senti abertura pra fazer isso, achei que ia me dar mal”. Nana afirma que hoje em dia faria diferente e denunciaria o assédio sexual por perceber que a situação é muito mais absurda do que ela percebia na época em que os fatos ocorreram.

“Hoje, com tudo que venho pensando, refletindo e lendo, eu percebo o quanto essa situação é absurda. É uma espécie de coação mesmo, imagina, eu em uma situação de total vulnerabilidade, querendo começar minha carreira, dependendo dessa pessoa. Se eu tivesse cedido por medo, aquilo teria sido um abuso sexual, um estupro por influência, mas na hora eu nem me dei conta de que a coisa era tão grave assim. Ainda bem que a gente tem o feminismo, sabemos que pode ‘meter a boca no trombone’. As mulheres hoje têm muito mais artifícios para isso”.

Conscientização 

O Ministério Público do Trabalho tem um projeto chamado "MPT em Quadrinhos" que ilutra questões ligadas a temas trabalhistas. Um dos quadrinhos trata sobre assédio sexual no trabalho e explica o tema através de uma história ilustrada. Confira o quadrinho

Um relatório da Organização Internacional do Trabalho, em parceria com a Gallup Consultoria, divulgado hoje (8), mostra que 70% das mulheres, no mundo todo, entendem que devem ter um trabalho remunerado. Entre os homens, o percentual é de 66%. A pesquisa ouviu 149 mil pessoas, em 142 países, e constatou que 27% das entrevistadas preferem as tarefas do lar, enquanto que 29% desejam um trabalho remunerado. O levantamento também mostra que o Brasil acompanha a tendência global, com opiniões compartilhadas entre homens e mulheres.

“Esta pesquisa mostra claramente que a maioria das mulheres e dos homens em todo o mundo prefere que as mulheres tenham trabalhos remunerados”, disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder. No entanto, o equilíbrio entre o trabalho e a família é apontando por ambos como um grande empecilho para as que exercem atividade remunerada. Outros problemas, como a discriminação e a não-aceitação dos maridos, no que se refere a um emprego remunerado, impede a entrada dessas mulheres na força de trabalho.

##RECOMENDA##

Outro ponto citado no documento é a falta de equidade em relação aos salários e oportunidades. No Brasil, 35% dos entrevistados acreditam que as mulheres têm as mesmas chances de ascensão que os homens, no mercado de trabalho. De acordo com o presidente da Gallup, Jim Clifton “O mundo precisa avançar na igualdade de gênero e empoderar as mulheres no trabalho. Não apenas para o benefício das mulheres, mas para o benefício de toda a humanidade”.

O ministro do trabalho Ronaldo Nogueira assinou, nessa quarta (19), documento que reconhece o trabalho forçado como uma violação dos direitos humanos que perpetua a pobreza e desigualdade social ao redor do mundo. Com isso, o Brasil será um dos países que devem realizar um trabalho de orientação com empresários para identificar e prestar contas sobre a forma como tratam os riscos da prática.

A assinatura ratifica o Protocolo à Convenção 29 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), para combate ao trabalho forçado. O texto, que já foi enviado ao Congresso Nacional, também traz pontos relativos à erradicação do trabalho infantil. 

O Protocolo 29 da OIT foi aprovado em 2014 durante a 103ª Conferência Internacional do Trabalho, onde o Brasil foi porta-voz e coordenador do Grupo da América Latina e Caribe. Ratificado pela Argentina, Estônia, França, Mali, Níger, Noruega, Panamá, Reino Unido e República Tcheca, o documento entrou em vigor no dia 9 de novembro de 2016. 

Trabalho forçado no mundo 

Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mais da metade dos casos de trabalho forçado envolvem mulheres e meninas, principalmente em atividades domésticas ou exploração sexual. Cerca de 20 milhões de pessoas são submetidas a condições análogas à escravidão em todo o mundo. Esse tipo de situação movimenta US$ 150 bilhões anualmente. 

Com informações do Portal Brasil

A taxa mundial de desemprego continuará subindo em 2017, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). O novo relatório divulgado pela organização estima que este ano haverá um aumento de 3,4 milhões de pessoas desempregadas, número 5,8% maior que o do ano anterior.

A previsão é que o número de pessoas desempregadas no mundo inteiro chegue a aproximadamente 201 milhões. A tendência de crescimento deve se estender até 2018, ano que deve registrar aumento de 2,7 milhões de desempregados em relação a 2017.

##RECOMENDA##

Segundo a direção da OIT, o desemprego continuará subindo nos próximos anos porque o ritmo de aumento da força de trabalho supera o da criação de empregos. A organização alerta que o crescimento econômico mundial “segue decepcionante”, fato que inibe a criação de empregos suficientes e de qualidade.

O relatório publicado ontem (12) destaca que o desafio do desemprego é mais grave na América Latina e Caribe e na África Subsaariana, que ainda enfrentam os efeitos da recente recessão econômica de seus países. O dado, segundo alerta a OIT, pode levar ao aumento da pobreza e dos movimentos migratórios em direção aos países desenvolvidos, entre outras consequências sociais.

Situação do Brasil

Sobre o Brasil, o relatório conclui que os efeitos da recessão econômica de 2016 continuarão em 2017, o que elevará o número de desempregados brasileiros para 13,6 milhões, contra os 12,4 milhões registrados em 2016.

A taxa de desemprego no Brasil passará dos atuais 11,5% para 12,4%, o que representa um aumento de mais de um milhão de desempregados em 2017. A situação brasileira agrava o nível de desemprego na América Latina, que pode atingir a taxa de desemprego de 8,4%, índice puxado pela crise econômica e deterioração dos empregos do maior país da região, afirma o documento.

O Brasil terá em 2017 o maior aumento do desemprego entre as economias do G-20 e adicionará 1,4 milhão de novos trabalhadores sem emprego à sociedade até 2018. Os dados são da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que, em um informe publicado nesta quinta-feira, 12, alerta que o desemprego no País vai continuar a se expandir para atingir um total de 13,8 milhões de brasileiros até o ano que vem.

A OIT estima que, entre 2016 e 2017, o exército de desempregados no planeta aumentará em 3,4 milhões. Mas o epicentro dessa crise será o Brasil, responsável por 35% desse número, com 1,2 milhão em 2017 e mais 200 mil em 2018. De cada três novos desempregados no mundo, um será brasileiro.

##RECOMENDA##

Em termos absolutos, o Brasil terá a terceira maior população de desempregados entre as maiores economias do mundo, superado apenas pela China e Índia, países com uma população cinco vezes superior à do Brasil. Nos EUA, com uma população 50% superior à brasileira, são 5 milhões de desempregados a menos que no País.

"As coisas vão piorar no Brasil antes de voltar a melhorar", alertou o economista-senior da OIT, Steve Tobin. Pelos dados da entidade, o número de brasileiros sem empregos passará de 12,4 milhões em 2016 para 13,6 milhões em 2017. Para 2018, o número total chegará a 13,8 milhões.

Em termos percentuais, o salto no desemprego no Brasil vai ser o maior entre as economias do G-20. A taxa irá passar de 11,5% em 2016 para 12,4% em 2017. Ao final de 2018, apenas a África do Sul terá um índice de desemprego ainda superior ao do Brasil.

Na avaliação de Tobin, existem indicações de que a economia brasileira vai começar a se recuperar em 2018. Mas um impacto no mercado de trabalho não seria imediato, já que empresas tendem a aguardar antes de voltar a contratar. "Mesmo que o PIB melhore, existe uma reação retardada no mercado de trabalho", explicou. Na avaliação da entidade, a recessão em 2016 no Brasil foi "mais profunda que antecipada" e que essa realidade ainda vai se fazer sentir em 2017.

Um dos temores ainda da OIT é de que a informalidade no mercado de trabalho brasileiro cresça, assim como a taxa de pessoas em empregos precários.

Impacto

Na OIT, os economistas não escondem que os números brasileiros tiveram um impacto mundial e afetaram os cálculos gerais. Para a entidade, como consequência, a América Latina tem hoje o maior desafio do desemprego no mundo, diante da recessão e suas consequências em 2017. Além disso, o continente conta ainda com uma população jovem, pressionando o mercado de trabalho.

No total, a região deve terminar 2017 com uma taxa de desemprego de 8,4%, 0,3 pontos a mais que em 2016. "Isso será amplamente gerado pelo aumento do desemprego no Brasil", disse a OIT, lembrando que a recessão de 2016 foi a segunda em menos de uma década.

De acordo com a entidade, com uma contração do PIB brasileiro de 3,3% e 2016, o resultado foi um impacto em toda a região e nas exportações de países vizinhos. O cenário brasileiro acabou levando o PIB regional a sofrer uma queda de 0,4%. Quanto mais dependente do Brasil, pior foi o resultado para o continente. Na América Central, por exemplo, a expansão do PIB foi de 2,4%. Já na América do Sul, a queda foi de 1,8%.

Uma das consequências deve ser ainda o grau de vulnerabilidade, mesmo entre aqueles com trabalho. Entre 2009 e 2014, esses problemas foram alvo de amplas melhorias. Mas com o fim do crescimento regional em 2015, a taxa de trabalhadores em condições precárias aumentou de novo e passou de 90,5 milhões naquele ano para uma estimativa de 93 milhões ao final deste ano.

No médio prazo, a OIT vê a região com certo otimismo. A tendência aponta para uma estabilização dos preços de commodities e as "incertezas políticas e macroeconômicas começam a diminuir". O resultado seria uma volta do crescimento do PIB na região já em 2017, de cerca de 1,6%.

Mas, ainda assim, a pressão sobre o mercado de trabalho vai continuar e o número de desempregados aumentará. Isso por conta da expansão da população jovem continuar a um ritmo mais acelerado que a criação de postos de trabalho.

Mundo

Pelo mundo, a OIT alerta que o desemprego também deve aumentar em 2017, mas apenas de forma marginal. No total, serão 3,4 milhões de novos desempregados, uma taxa de 5,8%, contra 5,7% em 2016.

Isso significa que um total de 201 milhões de pessoas estarão sem trabalho neste ano, um número que irá aumentar em outros 2,7 milhões em 2018.

Se no início da década a explosão no desemprego foi gerado pela crise nos países ricos, agora os números apontam para os emergentes. Nas economias desenvolvidas, o número total de desempregados passará de 38,6 milhões de pessoas para 37,9 milhões entre 2016 e 2017. Mas, no mundo em desenvolvimento, ele subirá de 143,4 milhões para 147 milhões.

Para Guy Ryder, diretor-geral da OIT, o crescimento da economia mundial continua a ser "frustrante", o que deve criar sérios problemas para que mercados gerem postos de trabalho.

Além do desemprego, a OIT alerta para o fato de que 42% daqueles com um trabalho ocupam postos com alta taxa de vulnerabilidade, baixos salários e nenhum direito. "Nos países emergentes, quase um em cada dois trabalhadores vive uma situação de vulnerabilidade", disse Tobin, economista da OIT.

Sem um crescimento suficiente da economia mundial, essa população com trabalhos precários deve aumentar em 11 milhões de pessoas. O número de trabalhadores ganhando menos de US$ 3,10 por dia deve também aumentar e mais de 5 milhões em apenas dois anos.

O trabalhador brasileiro sofreu a maior queda de salários em termos reais entre os países do G-20 em 2016 e, em 2015, já esteve entre as três nacionalidades que mais perderam em todo o mundo.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (15) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), num levantamento publicado apenas a cada dois anos sobre o comportamento dos salários pelo mundo. De acordo com a entidade, a queda no salário real do brasileiro neste ano deve ser de 6,2%. Em 2015, a perda foi de 3,7%.

##RECOMENDA##

Desde 2012, os números da renda do brasileiro apresentavam um certo crescimento, ainda que abaixo da média mundial. Considerando inflação, o poder aquisitivo do brasileiro aumentou em 4% em 2012, 1,9% em 2013 e 2,7% em 2014.

Em termos nominais, a OIT usa dados do IBGE para mostrar que os valores foram de R$ 1,9 mil em média por mês em 2013, R$ 2 mil em 2014 e R$ 2,1 mil em 2015.

Já no ano passado, apenas a Rússia e Ucrânia haviam apresentado uma queda mais acentuada que a do Brasil em termos reais. Os dois países viviam ainda os ecos de um conflito armado e sanções. Mas, neste ano registraram estabilização nos salários.

No caso do trabalhador brasileiro, a crise se aprofundou ainda mais neste ano. "Os números que estamos vendo não são nada encorajadores", disse Deborah Greenfield, vice-diretora da OIT. Para a entidade, o cenário aponta para uma nova queda em 2017.

Segundo a representante da OIT, um dos impactos mais imediatos na queda dos salários no Brasil deve ser a redução do consumo na economia e, claro, na demanda agregada. "A desaceleração de renda tem um impacto muito grande em famílias e isso vai ser sentido em toda a economia", alertou. "Os ganhos dos últimos anos podem sofrer uma erosão", disse.

Na avaliação dos especialistas da OIT, os dados brasileiros sugerem que a recuperação do crescimento da economia poderá levar mais tempo que se imagina, diante da perda do poder aquisitivo da população durante pelo menos dois anos.

Patrick Belser, autor do informe, também destaca a queda "dramática" do salário no País. A recessão e a queda nos preços de commodities influenciaram. "A redução continuou em 2016 e a demanda agregada também vai sofrer", disse.

De acordo com a OIT, o resultado negativo do Brasil teve um impacto até mesmo na média salarial na América Latina, com a região registrando uma queda de 1,3% em 2015.

Nos grandes países emergentes, o que se viu foi uma desaceleração da expansão dos salários. Ainda assim, eles continuaram a aumentar. Em 2012, essas economias viam seus salários reais aumentar em 6,6%. Para 2015, a taxa foi de 2,5%.

Outro alerta da OIT se refere ao impacto na desigualdade social. "Estudos mostram que o aumento de salários ajuda a combater desigualdades", constatou Greenfield. "Não estamos vendo combate à desigualdade. Mas o contrário", alertou. Ainda que o Brasil tenha reduzido seus índices de injustiça social, com o aumento do salário mínimo, a OIT insiste que o País continua sendo um dos mais desiguais do mundo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo de Michel Temer passou a ser alvo de repetidos ataques durante as reuniões ministeriais da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que ocorrem nesta semana na sede da ONU em Genebra. O Itamaraty, visivelmente constrangido, foi obrigado a montar uma estratégia para responder a cada um dos ataques. Uma recepção organizada pelo Brasil com a presença do ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, também foi boicotada por parte dos sindicatos em protesto contra o chefe da pasta.

A OIT realiza a cada ano sua reunião, com a presença de governos, sindicatos e empresários de todo o mundo. Nogueira ficará até sexta-feira em encontros na Suíça e parte de seu trabalho será o de convencer as entidades de que o governo está agindo e é legítimo. Mas seus assistentes não disfarçam a preocupação com a repercussão dos protestos diante de centenas de delegações estrangeiros.

##RECOMENDA##

Um dos atos foi o boicote a um encontro social marcado para esta segunda-feira, 6. A recepção é organizada tradicionalmente e a cada ano pela missão diplomática do Brasil na ONU para receber todos os participantes nacionais na conferência da OIT. Além de Nogueira, estavam presentes ministros do Tribunal Superior do Trabalho, representantes dos empregadores, deputados e diplomatas.

Já os representantes da CUT e outros sindicatos que, nos últimos anos sempre estiveram na recepção, optaram por organizar no mesmo momento uma manifestação em Genebra contra o governo. Com representantes de delegações de 15 países, o encontro foi marcado por denúncias e o apelo por uma mobilização entre os sindicatos para agir contra a diplomacia brasileira.

Ao explicar a situação brasileira, o representante da CUT, Antonio Lisboa, alertou os sindicatos estrangeiros que o novo governo vai promover mudanças na previdência social e reformas trabalhistas.

Dentro do prédio da ONU, onde ocorre a conferência com 3 mil pessoas, os ataques também se repetiram. Hoje, na plenária das Nações Unidas, o sindicalista grego George Mavrikos, presidente da Federação Mundial de Sindicatos, acusou a delegação brasileira de "fascista". A diplomacia brasileira pediu direito de resposta. Mas, quando foi falar, passou a ser vaiada. "Eles foram calados. É assim que temos de agir", disse depois Valentin Pacho, representante do mesmo sindicato.

Na sexta-feira, diplomatas brasileiros já tinha sido hostilizados numa das reuniões da OIT em Genebra por sindicatos latino-americanos. Hoje, uma delegação de trabalhadores da Venezuela acusou Temer de ter promovido "um golpe de Estado" numa das reuniões da OIT.

Resposta

Preocupados com a repercussão internacional, os diplomatas brasileiros receberam a orientação de não deixar nenhum ataque sem resposta. A embaixadora Regina Dunlop colocou um representante brasileiro em cada sala para garantir que nenhuma brecha fosse dada. Em todas as ocasiões, o Itamaraty pediu a palavra e leu dois parágrafos indicando que a Constituição estava sendo respeitada e que não existia o golpe denunciado.

Nos corredores, porém, diplomatas e a equipe do Ministério do Trabalho não escondiam o temor de "manchar a imagem" diante da comunidade internacional às vésperas dos Jogos Olímpicos.

Deputados presentes ao evento também admitiram que mesmo o encontro do ministro com o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, que ocorre nesta terça-feira, 7, foi agendado somente depois de uma insistência por parte da missão do Brasil em Genebra. Ryder, porém, esteve no Brasil há cerca de um mês e fez uma visita ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ao chegar a Genebra, o ministro do Trabalho tentou mostrar que o governo Temer vai manter todos seus laços com a entidade. "O Brasil tem sido parceiro da OIT e reconhece os protocolos, em especial daqueles que o Brasil fez parte da construção", disse Nogueira. "A OIT tem um papel fundamental na pacificação das relações do trabalho no mundo e aquilo que o Brasil tem feito no combate ao trabalho escravo e infantil, e o esforço na pacificação nas relações do trabalho, é um exemplo ao mundo", completou.

Direitos

Nogueira também tentou desfazer a ideia de que o plano do governo é o de rever direitos trabalhistas, como alegam os sindicatos. O ministro apontou que sua meta é a de manter o diálogo com os sindicatos e que as reformas na área trabalhista e previdenciária serão feitas em contato com eles.

"Tudo está sendo construído com os trabalhadores. Os trabalhadores não serão surpreendidos", disse ao jornal O Estado de S. Paulo.

Nogueira, porém, preferiu não responder se as medidas propostas serão apresentadas antes da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. "Isso é algo para o presidente Temer. Eu estou cuidando da pasta do Trabalho", explicou.

"O principal desafio é inverter essa tendência do desemprego. Infelizmente, estamos com uma taxa que é o dobro da média mundial", disse. "Mas no primeiro trimestre, estamos confiantes de que haverá uma inversão e que iremos retomar a empregabilidade", afirmou.

O IBGE aponta que 11,4 milhões de brasileiros estão sem emprego, uma taxa de 11,2%. Segundo a OIT, a média mundial de desemprego é de cerca de 6%.

"Para reduzir o desemprego, precisaremos de um somatório de um conjunto de fatores: economia, a expectativa da confiança dos investidores, a fidelidade dos contratos. O Brasil está procurando aprimorar tudo isso", disse Nogueira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta que o Brasil precisa de US$ 7,2 bilhões (R$ 25 bilhões) extras por ano para acabar com a pobreza no País até 2030, o ano estabelecido pela ONU para que os governos atinjam a meta. O valor é o equivalente a uma Copa do Mundo por ano e os dados fazem parte de um levantamento inédito.

Em 15 anos, o mundo precisaria de US$ 10 trilhões para erradicar a miséria, cerca de US$ 600 bilhões por ano. De forma global, os valores representam apenas 0,8% do planeta. Mas a OIT estima que esse dinheiro não tem como ser levantado e que a única forma de garantir o combate à pobreza é a geração de empregos e a preservação dos direitos sociais.

##RECOMENDA##

Em termos absolutos, o Brasil é o sexto que mais teria de gastar entre os países emergentes. A Índia precisaria de aportes extras de US$ 61 bilhões; a China, US$ 37 bilhões; Nigéria, US$ 36 bilhões; Etiópia, US$ 10,7 bilhões; e Indonésia, US$ 10,2 bilhões.

Num informe publicado ontem, a OIT alerta para o fato de que os avanços sociais obtidos nos últimos anos foram desfeitos ou anulados em diversos países do mundo. "A pobreza relativa nos países em desenvolvimento está aumentando", declarou a entidade.

"Em 1990, 47% da população mundial vivia com menos de US$ 1,90 por dia. Em 2012, essa taxa caiu para 15%", disse Guy Ryder, diretor-geral da OIT. "Mas o progresso é frágil e se os avanços foram reais na China e na América Latina, ainda temos 40% dos africanos em situação de pobreza. E, nos países ricos, a pobreza também aumentou", disse. "Hoje, o desemprego aumenta e a pobreza tende a se perpetuar. No planeta, 30% da população é responsável por apenas 2% da renda", alertou.

Copa

No caso do Brasil, o País tiraria todos da pobreza com mais 0,3% do PIB por ano em gastos sociais. Isso garantiria que todos no País teriam uma renda acima de US$ 3,1 por dia, o nível que estabelece a fronteira da pobreza, segundo os organismos internacionais. O valor total seria o equivalente ao que o Tribunal de Contas da União estimou ter sido gasto no Mundial de 2014, de R$ 25 bilhões.

Mas para garantir uma renda diária de pelo menos US$ 5,00, o Brasil teria de ampliar seus gastos sociais em US$ 23,2 bilhões, ou 2% do PIB do país a cada ano.

Para a OIT, o combate à pobreza promete ser um dos principais desafios nos próximos anos no Brasil, com uma recessão profunda. A entidade acredita que a taxa de desemprego, de cerca de 11%, deve aumentar ainda mais até o final do ano antes de começar a regredir.

Diante dos números e da situação do País, a OIT pediu que a nova equipe econômica de Michel Temer não "desmantele" os programas sociais criados no Brasil nos últimos 20 anos. Para Ryder, instrumentos como o Bolsa Família e outros mecanismos que garantem "dinheiro no bolso dos mais pobres é a melhor forma de tirar a economia do buraco que se encontra hoje".

Segundo Ryder, Temer já deu sinais de que não iria mexer no Bolsa Família. Mas insiste que "fechar a equação" entre o rombo fiscal e garantir os benefícios sociais vai ser um "desafio" ao governo. "O Brasil terá de escolher suas prioridades", disse ao jornal O Estado de S. Paulo.

"Há o fim de um ciclo de crescimento e toda a América Latina entra agora em uma desaceleração", disse. "Isso nos deixa muito preocupados diante da possibilidade de que os ganhos sociais sejam revertidos. A prioridade deve ser a de manter as políticas sociais", defendeu.

"O Brasil está passando por tempos difíceis. A mensagem importante hoje é que, com a mudança de governo, o sucesso obtido nos últimos anos no setor social não deve ser revertido. Fico satisfeito em ver que o Bolsa Família vai ser mantido. O novo governo reconhece esse sucesso e deve continuá-lo", disse Ryder.

"A economia brasileira perdeu 4% em 2015 e deve seguir o mesmo caminho em 2016. Portanto, deixar dinheiro no bolso dos pobres é uma das melhores formas de lidar com a economia e tirá-la do buraco que se encontra", alertou. Hoje, menos de 40% da renda da camada mais pobre da população vem de um trabalho remunerado.

De uma forma geral, a OIT apelou para que, nessa fase de recessão, os direitos dos trabalhadores sejam preservados. Para Ryder, a pobreza é resultado de "fracasso institucional e do fracasso do diálogo social". "A corrupção também precisa ser lidada", apontou.

Se os gastos sociais terão de ser importantes, a OIT aponta que o Brasil, por conta de um PIB significativo, não vive a mesma situação de outros países em desenvolvimento. Para erradicar sua pobreza, o Malawi precisaria o equivalente a 77% de seu PIB. Na média, os emergentes teriam de realizar gastos extras de 21% de seu PIB. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Durante os dias 3 e 4 deste mês, foi realizada na sede do Ministério Público do Trabalho (MPT), em Belém, a primeira Oficina de Planejamento de Ações de Promoção do Trabalho Decente durante as festividades do Círio de Nazaré. O evento reuniu mais de dez instituições diferentes que trabalharão em conjunto, até o mês de outubro, na articulação de ações relativas a três eixos temáticos principais: oportunidades de geração de emprego trabalho e renda; proteção social; e conscientização sobre a importância do trabalho decente.

O projeto foi desenhado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), pensando na promoção do trabalho decente nos megaeventos programados para ocorrer no Brasil, a exemplo da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. “Pensamos depois em aplicar essa metodologia em todo grande evento no país e começamos no carnaval de Salvador”, explica José Ribeiro, representante da OIT. Na Bahia, por exemplo, foi implementada a Ecofolia, na qual todos os catadores são registrados, o que formaliza o labor e coíbe o trabalho infantil, conta Ribeiro.

##RECOMENDA##

Para os idealizadores da iniciativa, o Círio de Nazaré será um desafio em vários aspectos. Além de ser um projeto pioneiro no Pará.  “Nunca tivemos atuação em um Estado da região Norte”, comenta Ana Cláudia Falcão, também da OIT, sobre a festa Nazarena, que ainda guarda a peculiaridade de ser um evento religioso, onde há predomínio de trabalho voluntário.

Ao todo, participaram dos dois dias de oficina, além da OIT e do MPT PA/AP, a Associação dos Magistrados da 8ª Região (Amatra 8), a Fundação Propaz, a Secretaria Extraordinária de Integração de Políticas Sociais (SEEIPS), a Fundação Papa João XXIII (Funpapa), a Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (SEASTER), o Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS), a Polícia Militar, o Dieese/PA, a Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (SEJUDH) e a Diretoria da Festa de Nazaré.

De acordo com o plano de ação traçado, que inclui previsão de ações, recursos necessários, responsáveis e cronograma de execução, haverá três eixos temáticos de atuação do projeto. O primeiro deles (Oportunidades de geração de emprego trabalho e renda) inclui a realização de oficinas para catadores, além de técnica de grupo focal para o levantamento de riscos, necessidades e oportunidades na atividade de produção e comercialização do miriti, na região de Abaetetuba. O segundo eixo (Proteção social) prevê o fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e uniforme para os associados das cooperativas e associação de catadores; a criação de pelo menos um centro de convivência de criança e adolescente; a realização de grupo focal no comércio informal de alimentos; e o mapeamento socioeconômico das populações migrantes que se ativam na venda de produtos diversos, durante a quadra nazarena.

O último eixo (Conscientização sobre a importância do trabalho decente durante a festividade do Círio de Nazaré) prevê a realização de pesquisa para a verificação da situação do trabalho decente no Círio de Nazaré; a produção e distribuição de panfletos para encarte nos livros de evangelização, além de participação da OIT na oficina direcionada aos evangelizadores; e realização de campanha de sensibilização sobre trabalho decente.

Segundo dados informados por Roberto Sena, do Dieese/PA, durante a oficina, a organização do Círio de Nazaré envolve cerca de 27.370 pessoas de diversas instituições parceiras. Durante a preparação para a grande festa, a imagem peregrina percorre 318 instituições e 120 mil casas recebem réplicas da virgem nos momentos de evangelização, o que representa cerca de 1,8 mi de pessoas.

Entre os anos de 2014 e 2015, o custo total da festa teve crescimento de 7,5%, totalizando R$ 3.331.000,00. Hoje, o Círio de Nazaré engloba 12 eventos, além de romarias espalhadas em 19 municípios. Durante o período da festa, Belém recebeu, em 2015, 84,4 mil turistas de fora do Estado, que deixaram aqui U$ 30,4 milhões, movimentando especialmente os setores de comércio e serviços. No ano passado, o impacto na economia paraense foi de R$ 1.043.535.000,00.

As informações são da assessoria do MPT.

O diretor adjunto do escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Stanley Gacek, defendeu que os funcionários públicos lutem pela melhoria dos serviços nas áreas em que trabalham. Na opinião dele, o aperfeiçoamento dos serviços deve ser um complemento às reivindicações trabalhistas.

“Quando o sindicalismo público tentar a negociação das suas demandas e melhorias nas condições de trabalho, pode também pautar ideias de melhorias na qualidade dos serviços públicos”, destacou ao participar de debate promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados.

##RECOMENDA##

Ao incluir a defesa dos serviços entre as demandas, os trabalhadores teriam, segundo Gacek, maior apoio da sociedade. Ele diz acreditar que isso mudaria “o senso comum de que o sindicalismo público está pensando apenas nos próprios interesse corporativos”, acrescentou.

Gacek lembrou a necessidade de regulamentação do direito de greve no serviço público. Apesar de previsto na Constituição Federal de 1988, o tema deve ser tratado em uma lei específica. O assunto está parado no Congresso.

Apenas um quarto dos trabalhadores do mundo tem um emprego estável, acentuando sua insegurança - é o que informou a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em sua pesquisa anual sobre o emprego divulgada nesta terça-feira.

O relatório "Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo 2015", que abrange 180 países (84% da força de trabalho global), revela que 75% desses trabalhadores têm contratos temporários ou de curto prazo, muitas vezes empregos informais, sem um contrato ou em empresas familiares sem remuneração.

##RECOMENDA##

"Estas tendências emergentes também são um reflexo da insegurança generalizada que afeta muitos trabalhadores no mundo de hoje", disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.

Mais de 60% dos trabalhadores não têm contrato de trabalho e uma grande parte deles são trabalhadores autônomos ou familiares nos países em desenvolvimento. Entre os trabalhadores assalariados, menos da metade (42%) têm um contrato permanente.

Por países, Bolívia e Peru, junto com a China, o Níger e a Índia registraram as maiores taxas de emprego sem contrato permanente, ficando acima de 90%. Na América Latina, esse percentual cai para quase 31% na Costa Rica e em torno de 55% no Chile e na Argentina. Na Espanha, 37,11% dos trabalhadores não têm contrato permanente.

O emprego registrou grandes diferenças entre as regiões. Nas economias desenvolvidas e na Europa Central e Sudeste, cerca de oito em cada dez pessoas em idade activa têm um emprego, enquanto no Sul da Ásia e na África subsaariana o número é reduzido para dois em cada dez.

"A mudança que estamos vendo, a partir de relações de trabalho tradicionais para formas mais atípicas de emprego, está muitas vezes associada ao aumento das taxas de desigualdade e pobreza em muitos países", destacou Ryder. A diferença entre os ganhos dos trabalhadores permanentes e trabalhadores temporários ampliou na última década. Por exemplo, no Uruguai é de 65%, enquanto que nas Filipinas é de 43%.

- Maior regulação estatal -

Os autores do relatório convidam os estados a reforçarem sua legislação para melhor proteger os trabalhadores contra o tratamento arbitrário ou injusto. Na Europa, a "proteção ao trabalho tem diminuído desde 2008, quando a crise financeira global começou", dizem os pesquisadores. Esta crise levou a um forte aumento do emprego a tempo parcial, especialmente para as mulheres, entre 2008 e 2013. Os autores observam, no entanto, uma melhoria em relação ao número de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza.

Há 20 anos, metade dos trabalhadores do mundo ganhava menos de dois dólares por dia, enquanto em 2014 esse percentual é de 25%. No entanto, 10% dos trabalhadores ganharam salários abaixo de 1,25 dólar por dia em 2014.

Pelo menos 48% das pessoas em todo o mundo, com idade para se aposentar, não recebe nenhum tipo de benefício, enquanto os 52% que têm acesso a algum provento não recebem o valor adequado. É o que indica o estudo divulgado, nesta quarta-feira (1º), pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em razão do Dia do Idoso.

No Brasil, os dados indicam que 86,3% das pessoas com idade para se aposentar recebem algum tipo de benefício. Os idosos no país somam 26,3 milhões de pessoas, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa 13% da população. A expectativa é que esse percentual aumente e que, em 2060, chegue a 34%, segundo previsão do IBGE.

##RECOMENDA##

A instituição alerta que a maior parte dos homens e mulheres idosos, em todo o planeta, não têm renda garantida ou direito à aposentadoria e precisa continuar trabalhando como pode, geralmente recebendo pouco e em situações precárias. Setecentos milhões de pessoas no mundo têm 60 anos de idade ou mais e o número pode dobrar até 2030, segundo dados das Nações Unidas.

O estudo mostra que, nos últimos anos, muitos países de média e baixa renda expandiram consideravelmente a cobertura previdenciária com a concessão de pensões sociais financiadas por impostos. O levantamento foi feito em 178 países e aponta que mais de 45 deles alcançaram cobertura previdenciária de 90%, enquanto mais de 20 países, considerados em desenvolvimento, alcançaram ou estão perto da cobertura previdenciária universal.

Os avanços mais expressivos, segundo a pesquisa, ocorreram em países como China, Tailândia, Timor Leste e Tunísia, onde a cobertura previdenciária passou de cerca de 25% para mais de 70% em apenas uma década. “Pensões financiadas por impostos têm um papel importante na expansão da cobertura previdenciária, já que garantem um nível básico de proteção para os que não recebem pensão por tempo de contribuição”, informou a OIT.

A entidade destaca, entretanto, que, tão importante quanto expandir a cobertura previdenciária é o pagamento adequado de benefícios, uma vez que homens e mulheres idosos têm o direito de se aposentar com dignidade.

O plenário do Senado vai votar hoje (27) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Trabalho Escravo, com quebra de interstícios, em dois turnos. Um acordo entre líderes do governo e da oposição na Casa vai permitir a votação com o calendário especial.

No Senado, desde a manhã, a ministra de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, reuniu-se com o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com todos os líderes para costurar a votação. Segundo Ideli, será importante para o Brasil apresentar essa mudança legislativa na próxima convenção mundial da Organização Internacional do Trabalho (OIT), marcada para a próxima semana.

##RECOMENDA##

“Um dos argumentos que pesaram é sobre o momento que o Brasil está vivendo, em que todos os holofotes estão sobre o país neste momento de Copa do Mundo”, explicou a ministra. “Levar essa aprovação para a conferência da OIT é uma sinalização importante do Brasil sobre esse assunto, equivale ao que foi a aprovação do Marco Civil da Internet. Nós vamos ser o primeiro país a ter na sua Constituição a possibilidade de expropriação de bens onde seja encontrado trabalho escravo.”

A PEC do Trabalho Escravo tramita no Congresso Nacional desde 1999. Ela prevê a expropriação de terras e imóveis urbanos onde sejam constatadas a exploração de trabalho escravo e/ou a produção de substâncias psicotrópicas. A Câmara dos Deputados, contudo, acrescentou emenda de redação que remete a regulamentação da PEC a um projeto de lei complementar que determinará mais claramente o que configura trabalho escravo e como se dará a expropriação dos bens.

Ideli Salvatti ressaltou que o acordo para votação não condicionou a aprovação da PEC à imediata votação do projeto de lei de regulamentação, mas o governo já está trabalhando paralelamente para que isso ocorra em breve. “Não existe [PEC] autoaplivável, depende de regulamentação mesmo. Mas nós já estamos trabalhando nisso no Congresso”, disse a ministra.

 

A taxa de desemprego no Brasil vai inverter a tendência de baixa este ano por causa da desaceleração da economia, alerta a Organização Internacional do Trabalho (OIT). "Será um desafio para o Brasil criar novos postos de trabalho", admitiu ao 'Estado' o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.

Em 2007, o Brasil tinha uma taxa de desemprego de 8,1%. Em 2013, o índice caiu para 5,9%. Mas, agora, a tendência é de que volte a subir, mesmo que ligeiramente. Segundo as projeções da OIT, o Brasil terminaria 2014 com mais 100 mil desempregados e uma taxa de 6%. Para Raymond Torres, economista-chefe da OIT, esse número está associado à turbulência nos mercados financeiros e no freio que a economia sofreu.

##RECOMENDA##

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que abril havia registrado a menor taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas desde 2002. Mas o País abriu apenas 105.384 vagas formais de trabalho no período, o pior resultado para o mês desde 1999, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado pelo Ministério do Trabalho.

Torres acredita que, a partir de 2015, a recuperação dos países ricos ajudará o Brasil a voltar a crescer. A partir do ano que vem, a previsão é de que a taxa de desemprego volte a cair. Ela passaria a ser de 5,8% e, em 2019, seria de 5,7%. Em números absolutos, o Brasil somava 7,8 milhões de pessoas sem trabalho em 2007. Em 2013, esse número caiu para 6,3 milhões. Em 2019, serão 6,5 milhões.

Informe. Os dados fazem parte de um informe da OIT sobre o mercado de trabalho nos países emergentes. Para a entidade, essas economias terão de gerar 200 milhões de vagas para absorver a população jovem. A OIT elogia o desempenho do Brasil nos últimos dez anos e aponta que o PIB per capita brasileiro aumentou em 2,4% entre 2004 e 2012, e a taxa de pobreza caiu pela metade.

Para a OIT, os dados sugerem que o Brasil está no caminho de um crescimento sustentável, baseado no consumo.

Mas a entidade deixa claro que o Brasil terá "desafios" para manter seu crescimento. Baixa taxa de investimentos, infraestrutura inadequada e gastos insuficientes com treinamento de trabalhadores e educação estão entre as principais advertências para que o País continue a crescer.

Outro alerta é o endividamento das famílias. Segundo a OIT, o "dinamismo da demanda doméstica foi promovido em parte pelo endividamento das famílias, o que coloca um potencial problema". A OIT sugere que o governo adote medidas para controlar o crescimento excessivo de créditos.

Abismo

A entidade também sugere aumentar os investimentos em educação, serviços sociais e infraestrutura. "Isso geraria ao mesmo tempo demanda doméstica e aumentaria a produtividade." A OIT ainda diz que é crucial "reformas para melhorar as condições nas quais o setor manufatureiro opera". "Isso evitaria um abismo de competitividade." No restante da América Latina, o desemprego aumentará em números absolutos, passando de 18,5 milhões em 2013 para 19,1 milhões em 2014 e 20 milhões em 2019.

Para a OIT, mesmo que a Europa comece a dar sinais de retomar suas taxas de crescimento, ainda vai levar anos para que o desemprego comece a cair. Ao final de 2013, o número de desempregados no mundo ficou em 199,8 milhões. Em 2014, a OIT prevê mais 3,4 milhões de desempregados. Até 2019, essa taxa chegará a 213 milhões.

A crise financeira iniciada em 2008 expulsou do mercado de trabalho 62 milhões de pessoas no mundo e, hoje, 202 milhões de pessoas estão desempregadas, o equivalente a um Brasil inteiro. Enquanto isso, uma elite composta por apenas 85 indivíduos controla o equivalente à renda de 3,5 bilhões de pessoas no mundo.

Dados divulgados na segunda-feira (20) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela entidade Oxfam revelam o impacto social da crise de 2008. Meia década depois do colapso dos mercados, os ricos estão mais ricos e a luta contra a pobreza sofreu forte abalo. Hoje, 1% da população mundial tem metade da riqueza global.

##RECOMENDA##

Os levantamentos foram publicados na véspera do Fórum Econômico Mundial, que começa na quarta-feira (22), em Davos. Pela primeira vez nos mais de 40 anos da entidade, os organizadores reconhecem a desigualdade como o maior risco para o planeta.

Para a OIT e a Oxfam, a crise mundial gerou uma concentração de renda inédita no mundo rico nos últimos 70 anos e fez o número de desempregados bater recorde. O que mais preocupa as entidades é que a recuperação da economia não está sendo seguida por uma geração de postos de trabalho e a previsão é de que, em 2018, 215 milhões de pessoas não terão emprego. "A crise é muito séria e o número de desempregados continua a subir", disse Guy Ryder, diretor-geral da OIT. "Precisamos repensar todas as políticas. A crise não vai acabar até que as pessoas voltem a trabalhar."

Em 2013, mais 5 milhões perderam o emprego, principalmente na Ásia. Desde 2008, um volume extra de 32 milhões de pessoas busca trabalho, sem sucesso. Mas outras 30 milhões de pessoas simplesmente abandonaram o mercado de trabalho e desistiram de procurar empregos. Só em 2013, foram 23 milhões. "Essas são taxas inaceitáveis", disse Ryder. Hoje, a taxa de desemprego global é de 6%. Por enquanto, não há sinal de queda do desemprego na Europa, enquanto outras regiões começaram a registrar aumento.

Jovens

Outra preocupação da OIT é com o fato de que 13,1% dos jovens do mundo continuam sem emprego - 74,5 milhões de pessoas. Apenas em 2013, 1 milhão de jovens perderam seus trabalhos. Mesmo entre os empregados, a situação nem sempre é adequada. Segundo a OIT, 375 milhões de pessoas ganham menos de US$ 1,25 por dia. Outros 839 milhões ganham menos de US$ 2.

O que a OIT registrou ainda é que os esforços de redução da pobreza foram afetados pela crise. Em média, o número de pessoas que ganhavam menos de US$ 2 por dia caía em média 12% ao ano. Em 2013, a redução foi de apenas 2,7%.

Enquanto a luta contra a pobreza perde força, dados da Oxfam mostram que a disparidade social no planeta ganhou força desde 2008, quando a crise mundial afetou em especial as classes médias. Hoje, as 85 maiores fortunas do mundo somam US$ 1,7 trilhão, a mesma renda de metade da população. O grupo de 1% mais rico tem renda 65 vezes superior aos 50% mais pobres. 70% da população vive hoje em países onde a desigualdade aumentou nos últimos 30 anos. "As elites globais estão mais ricas e a maioria da população mundial está excluída", diz o informe.

Cerca de 10% da população mundial controla 86% dos ativos do planeta. Os 70% mais pobres controlam apenas 3%. Nos EUA, 95% do crescimento gerado após a crise de 2008 ficou nas mãos de 1% da população. Os dez mais ricos da Europa mantêm fortunas equivalentes a todos os pacotes de resgate aos países da região entre 2008 e 2010 - cerca de 200 bilhões.

No que se refere ao Brasil, a Oxfam aponta para o "significativo sucesso" em reduzir as desigualdades graças a investimentos públicos e aumento de salário mínimo em mais de 50% desde 2003. Ainda assim, o Brasil é a economia onde a renda dos pais mais determina o sucesso dos filhos. A Dinamarca e Suécia estão no lado oposto da tabela.

Para Winnie Byanyima, diretora da Oxfam, o controle da economia mundial por um pequeno grupo não ocorreu por acaso. "A concentração de renda aconteceu por um processo em que a elite levou o processo político a desenhar regras no sistema econômico que a favorecessem." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando