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Andriy Sanin, de 51 anos, rejeita se resignar. Mais de um ano após a invasão russa na Ucrânia devastar a sua cidade, Mariupol, o vice-presidente do clube homônimo acredita que a agremiação vai se reconstruir. Uma parceria com um time brasileiro foi o que reforçou essa crença do ucraniano.

Ele procurou ao redor do mundo clubes com os quais poderia fazer uma parceria envolvendo o Mariupol FC, que perdeu toda sua estrutura, estádio e dispensou funcionários e jogadores no mês seguinte ao início da guerra. Até que encontrou a Associação Atlética Batel, modesta equipe que disputa a terceira divisão paranaense.

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"Começamos a ver opções pelo mundo e, claro, quando pensamos em futebol vem à cabeça o Brasil. A gente ficou sabendo que no Sul do Brasil existem cidades com descendentes de ucranianos, com três ondas de migração, a primeira delas no século passado. Quando soubemos disso, nos interessamos muito", contou ele em entrevista por vídeo ao Estadão. "Conseguimos entrar em contato com o Batel e eles apoiaram nossa ideia".

O Batel vai se transformar de maneira provisória no Mariupol. Adotará o nome, uniforme, escudo e bandeira do time ucraniano num gesto simbólico e que permite que os torcedores da equipe do país europeu vislumbrem um recomeço.

"Foi o encontro perfeito", resume o presidente do Batel, Alex Lopes. "Nossa atitude é para prestar uma homenagem e espalhar a mensagem de paz e união por meio do futebol. Sei que há muitas formas de ajudar, como temos visto pelo mundo todo, mas a nossa parte vai ser vestir a camisa e bater no peito que o futebol brasileiro e ucraniano andam lado a lado, e estão cada vez mais unidos".

O Batel fica em Guarapuava, cidade próxima a Prudentópolis, município onde 75% dos cerca de 52 mil habitantes são descendentes de imigrantes ucranianos, de acordo com último levantamento do IBGE. Lá está concentrada a maior comunidade da Ucrânia na América Latina. Comunidade que cresceu à medida que refugiados ucranianos procuraram uma nova casa com o conflito que se tornou uma guerra longa e sangrenta.

Não se sabe em quais jogos e por quanto tempo o Batel representará o Mariupol. A ideia é realizar amistosos com grandes clubes do Brasil. Está nos planos enfrentar Santos e Athletico-PR. "Não seria lindo disputar um amistoso contra o Santos, que parou uma guerra com Pelé? Quão simbólico não seria essa mensagem de paz no futebol?", vislumbra o presidente do time paranaense, ou melhor, ucraniano, no momento.

Também está no planejamento do Batel transmitir seus jogos para a Ucrânia. "Ficamos muito felizes que as equipes brasileiras também nos apoiem. É difícil segurar as lágrimas", diz Senin, emocionado, em bom ucraniano.

Como todos que moravam em Mariupol, ele deixou a cidade para não ser um dos centenas de milhares de mortos. Mudou-se para a capital Kiev e trabalha remotamente. "Kiev foi muito atacada, o que impactou na infraestrutura da cidade. A energia oscilou, às vezes não temos água, mas tudo isso parece uma coisa pequena pra quem é de Mariupol", compara o dirigente. "Estamos preparados para sobreviver nessas condições. Somos ucranianos, somos fortes, sabemos como lidar com tudo isso".

MARIUPOL EM RUÍNAS

Devastada por bombardeios, Mariupol está hoje ocupada pelos russos após um longo cerco na guerra na Ucrânia. Recentemente, recebeu o presidente Vladimir Putin pela primeira vez desde o início da invasão.

A cidade portuária tornou-se conhecida em todo o mundo depois de ser quase reduzida a ruínas nos primeiros meses do conflito, antes das tropas russas tomarem o controle da cidade. Em março do ano passado, centenas de pessoas morreram no bombardeio a um teatro onde crianças se abrigavam com suas famílias.

Mísseis e bombas também destruíram a sede do Mariupol. Oficialmente, o clube foi dissolvido. Os jogadores encontraram novas equipes e a maioria dos funcionários deixou o país. Antes de se refugiarem, conta Sanin, arriscaram a vida e recolheram alguns documentos do clube. "Pedaço a pedaço, o clube continua a sobreviver pensando no futuro", crê o dirigente.

O vice-presidente do Mariupol é otimista. Acredita que o exército ucraniano vai ganhar a guerra e que o país poderá reaver todas as terras perdidas para os russos. "No ano passado, vimos contra-ataques bem-sucedidos do exército ucraniano. Esperamos que aconteça o mesmo esse ano em outras regiões", afirma.

Assim que a guerra terminar, seu primeiro objetivo é retornar a Mariupol. Quer encontrar uma nova sede para o clube e começar a reconstruí-lo. Depois, pretende visitar o Brasil. Quer agradecer a acolhida e retribuir de alguma maneira. "O futebol nos dá mais esperança. Tenho certeza de que o clube e a cidade vão continuar a existir".

O presidente russo, Vladimir Putin, fez uma visita surpresa à cidade ucraniana de Mariupol, devastada por bombardeios, em sua primeira viagem à zona ocupada desde o início da ofensiva russa na Ucrânia.

Putin chegou de helicóptero a Mariupol, no Donbass, e percorreu a cidade dirigindo ele mesmo um veículo, informou o Kremlin neste domingo (19).

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De acordo com as imagens transmitidas pela televisão estatal russa, a viagem ocorreu à noite. Nas imagens divulgadas, vê-se o presidente russo nas ruas, conversando com moradores.

“Rezamos por você”, diz uma moradora, acrescentando que a cidade é “um pequeno paraíso”.

Putin também visitou a recém-reconstruída filarmônica local e recebeu um informe sobre o trabalho de reconstrução de Mariupol, detalhou a assessoria de imprensa do Kremlin.

Esta foi sua primeira visita a esta cidade portuária do sudeste da Ucrânia, devastada após meses de cerco pelas forças russas, que assumiram seu controle em maio de 2022.

Segundo o Kremlin, o presidente russo também teve uma reunião com oficiais do Exército russo em Rostov do Don (sul da Rússia), perto da fronteira ucraniana. O chefe do Estado-Maior, general Valery Gerasimov, participou do encontro.

O presidente russo chegou a Mariupol depois de visitar a Crimeia no sábado, no aniversário da anexação dessa península por Moscou em 2014.

Mandado de prisão pendente

O presidente russo fez essas viagens um dia depois de o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, pediu sua prisão pela deportação de crianças em áreas da Ucrânia ocupadas pela Rússia.

Kiev afirma que mais de 16.000 crianças ucranianas foram deportadas para a Rússia desde o início do conflito.

A Rússia, que não faz parte dos países-membros do TPI, considerou esse mandado "nula e sem efeito".

Em Sebastopol, o porto de base da Frota Russa do mar Negro na Crimeia, Putin participou da inauguração de uma escola de arte infantil, junto com o governador local, Mikhail Razvozhayev, conforme imagens transmitidas pela televisão pública Rossia-1.

"Nosso presidente Vladimir Vladimirovich Putin sabe como surpreender. No bom sentido da palavra", escreveu Razvozhayev no Telegram.

A visita não significou uma pausa nas operações militares do leste da Ucrânia, nas quais pelo menos duas pessoas morreram em bombardeios russos, segundo fontes ucranianas.

A Rússia anexou a Crimeia em 18 de março de 2014, após um referendo não reconhecido por Kiev, nem pela comunidade internacional.

Em janeiro, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, reafirmou a soberania da Ucrânia sobre a Crimeia e sua recusa a incluí-la como concessão em qualquer negociação de paz. Moscou insiste, no entanto, em que "a Crimeia é russa".

"Nova era"

O presidente chinês, Xi Jinping, chega à Rússia na segunda-feira (20) para uma visita, na qual vários acordos serão assinados, marcando, segundo o Kremlin, o início de uma "nova era" nas relações entre os dois países aliados.

Prevista para terminar na quarta-feira (22), a visita de Xi ocorrerá quase 13 meses após o início da ofensiva russa na Ucrânia, que isolou Moscou, em boa medida, no plano internacional.

Governos ocidentais esperam que Xi aproveite sua visita a Moscou para pedir a seu "velho amigo" Vladimir Putin que ponha fim ao conflito.

A China não condenou a ofensiva militar e tentou se apresentar como um ator neutro na disputa. Sua posição foi criticada por líderes ocidentais, que acreditam que a potência asiática está dando cobertura diplomática a Moscou.

Os Estados Unidos chegaram a acusar a China de estar cogitando a entrega de armas à Rússia, o que Pequim negou de forma categórica. Durante a visita, Xi e Putin vão discutir cooperação militar e técnica, segundo o Kremlin.

Em meio às multidões de verão do centro de Kiev, o militar ucraniano Vladyslav Jaivoronok relata o inferno do cerco de Mariupol, como ele sofreu a amputação de uma perna e suas semanas em cativeiro.

"Estava cada vez pior, cada vez mais difícil. Aguentávamos a defesa o máximo que podíamos", conta à AFP este soldado do regimento Azov, que participou da batalha na siderúrgica Azovstal em Mariupol, símbolo da tenaz resistência ucraniana à invasão russa.

Com a ajuda de muletas após a amputação da perna esquerda, Vladyslav, 29 anos, fala à AFP em frente a uma grande faixa pendurada na fachada da prefeitura de Kiev que afirma "Libertem os defensores de Mariupol".

Moscou iniciou a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro: em poucos dias, Mariupol, um porto estratégico no mar de Azov, foi cercado.

Vladyslav e seus companheiros se entrincheiraram no vasto e labiríntico complexo metalúrgico de Azovstal para continuar lutando.

Sob constante bombardeio, ele se instalou em um bunker em ruínas. Durante o dia, saía para desempenhar suas funções como operador de drones.

"Toda a área estava cheia de escombros de prédios e os soldados não tinham água, comida e munição", lembra este homem, enquanto as pessoas que andam pelas ruas do centro de Kiev notam a perna faltando sob sua bermuda marrom.

- Como "carne podre" -

Apesar da rápida deterioração da situação, o moral dos soldados estava alto, diz Vladyslav: "Nos últimos dias, previ uma espécie de batalha final. Nós esperamos e estávamos preparados".

Mas em 15 de maio, um míssil antitanque o atingiu. Ele foi transportado com urgência para o "bunker médico" e lá, em uma mesa de operação precária, estava à beira da morte. No dia seguinte, tiveram que amputar sua perna. Ele também teve uma lesão grave no olho direito.

Como parte de um acordo com o qual Kiev esperava poder retirar os combatentes de Azovstal, Vladyslav foi transportado para fora do complexo.

Ele se lembra de ver insígnias de soldados russos com o símbolo "Z", usado por seus inimigos.

Devido aos ferimentos, não teve o mesmo destino que seus companheiros enviados para a prisão de Olenivka, na parte ocupada da região de Donetsk, na Ucrânia, onde dezenas de prisioneiros morreram em uma explosão em julho. Mas as semanas de cativeiro no hospital de Donetsk trouxeram-lhe outro tipo de sofrimento.

"Havia uma pressão moral. Nenhum contato com familiares, nenhum acesso ao telefone", conta o militar.

Os cuidados médicos eram "de um nível muito baixo" e faltava medicamento.

"Estava como carne podre porque, mesmo gravemente ferido, só comecei a tomar antibióticos no quinto dia", diz.

De acordo com Vladyslav, ele e três outros soldados em seu quarto receberam comida suficiente "para que o coração não parasse".

"E todos os dias nos diziam que ninguém precisava de nós, que não nos trocariam, que todos nos abandonaram", acrescenta.

- "Respirar livremente" -

De repente, suas seis semanas de cativeiro acabaram.

"Eles nos acordaram às 4 da manhã, leram a lista (de prisioneiros), nos levaram para fora, nos colocaram em um ônibus e nos levaram à noite", lembra Vladyslav.

Naquele dia, mais de cem prisioneiros ucranianos foram trocados.

"Eu não consegui respirar até estar do lado ucraniano, fora do alcance da artilharia russa", relata o soldado, cujas feridas não o impedem de brincar.

"Dei muito trabalho aos nossos médicos", diz sorridente este militar de carreira.

Vladyslav se expressa de forma serena. Sua voz fica abalada apenas uma vez, quando fala dos milhares de prisioneiros ucranianos que permanecem em mãos russas.

"Isso não me deixa tranquilo. Me oprime. Quando os meninos voltarem, poderei respirar mais livremente", admite.

Uma nova vala comum com cerca de 100 corpos foi encontrada em Mariupol, cidade portuária ucraniana que está sob controle russo desde maio, informou o conselheiro da Prefeitura, Petro Andryushchenko, ao portal Unian nesta sexta-feira (1º).

"Tristes achados a cada semana. Uma nova vala comum foi encontrada na rua Kievskaya, número 53. Mais uma vez, cerca de 100 corpos de pessoas que morreram em fevereiro", afirmou à agência.

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Andryushchenko, assim como o prefeito Vadym Boychenko, não estão mais na cidade, mas continuam a receber informações de amigos e ex-membros do governo que continuam em Mariupol.

Ainda na matéria da Unian, o assessor afirma que os corpos foram localizados durante os trabalhos de militares russos para retirar escombros de prédios e residências bombardeados entre fevereiro e maio.

"Os ocupantes retiram os escombros da área e, de novo, não falam em enterrar as pessoas. As exumações estão paradas e as autoridades de ocupação estão tão empenhadas em criar uma imagem de recuperação que não enterram os corpos. As sepulturas temporárias nas ruas estão virando, pouco a pouco, permanentes", acrescentou ainda.

Esses enterros temporários foram feitos por moradores locais durante os períodos em que os bombardeios cessavam. São corpos de parentes e amigos que foram enterrados em ruas, jardins e parques à espera do fim do conflito para um sepultamento digno.

No entanto, os ex-líderes municipais acusam a Rússia de ignorar esses corpos e de manter valas comuns conforme as encontram. No último dia 27, Andryushchenko havia informado que mais de 100 corpos de civis tinham sido descobertos sob os escombros de uma residência destruída em um ataque.

    A Rússia não comentou a situação.

A cidade portuária de Mariupol tinha cerca de 400 mil habitantes antes da guerra e estima-se que cerca de 100 mil não conseguiram fugir da localidade durante os conflitos.

O local tornou-se um dos cenários mais trágicos da invasão russa e a Prefeitura estima que cerca de 20 mil cidadãos morreram nos ataques ou por não ter acesso a itens básicos de sobrevivência, como água, comida e remédios. Cerca de 90% dos prédios e das residências foram destruídos em bombardeios russos.

Da Ansa

Um novo comboio da ONU deve chegar a Mariupol, nesta sexta-feira (6), para retirar os civis refugiados na siderúrgica de Azovstal, o último foco de resistência neste porto do Donbass, no sudeste da Ucrânia.

A missão coincide com o anúncio da Rússia de uma trégua de três dias, a partir de quinta-feira, para permitir a fuga de civis presos no complexo industrial, embora as tropas ucranianas denunciem que ela não está sendo cumprida.

Apesar desta incerteza, o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, anunciou ontem que o comboio seria enviado para esta cidade que está sitiada pelas tropas russas desde quase o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.

As autoridades locais afirmam que ainda há cerca de 200 civis presos na rede de corredores subterrâneos da siderúrgica, onde também resistem as últimas unidades de defesa ucranianas.

"A operação está começando. Rezamos por seu sucesso", disse a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, por telefone à AFP.

Também na quinta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, garantiu que "continua disposto" a garantir uma retirada "segura" dos civis, mas exigiu que Kiev ordene aos combatentes que ainda estão na fábrica que "deponham as armas".

As informações a esse respeito que chegam até o momento são contraditórias.

Enquanto o Kremlin garante que os corredores humanitários "estão funcionando" e que a trégua está sendo respeitada, o Exército ucraniano garante que as forças russas continuam sua ofensiva contra a siderúrgica.

As forças russas "em certas áreas, com o apoio da aviação, retomaram suas operações para assumir o controle da fábrica", denunciou o Ministério ucraniano da Defesa, em um comunicado nesta sexta.

No total, quase 500 civis já foram retirados de Mariupol nos últimos dias, conforme as autoridades ucranianas.

- Ofensiva contida -

Após mais de dois meses de cerco, as tropas russas controlam quase toda Mariupol, uma cidade às margens do Mar de Azov de quase 500.000 habitantes antes da guerra no sul do Donbass.

Sua captura total seria uma importante vitória para a Rússia antes de 9 de maio. Nesta data, comemora sua vitória sobre a Alemanha nazista em 1945, realizando um grande desfile militar na Praça Vermelha de Moscou.

Além disso, em um nível estratégico, esta cidade permitiria a consolidação da conexão entre os territórios ocupados no leste do Donbass com a península anexada da Crimeia, no sul.

Desde o início da invasão, Moscou conseguiu reivindicar o controle total de apenas uma grande cidade, Kherson, no sul, perto da Crimeia.

Ontem, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, reconheceu que o apoio ocidental a Kiev conteve a ofensiva contra a Ucrânia.

"Os Estados Unidos, o Reino Unido, a OTAN como um todo compartilham permanentemente informações com as Forças Armadas ucranianas. Combinadas com entregas de armas (...) essas ações não permitem que a operação seja concluída rapidamente", disse ele à imprensa.

Peskov fez essas observações depois que o jornal The New York Times publicou que as informações fornecidas por Washington a Kiev permitiram que vários generais russos fossem abatidos - o que foi negado ontem pelo Pentágono.

Essas ações, apontou Peskov, "não têm capacidade para impedir" os objetivos da Rússia nesta guerra que, após dez semanas, causou milhares de mortes e o exílio de mais de cinco milhões de pessoas.

- Arrecadação de fundos -

Na frente diplomática, os países ocidentais continuam a aumentar sua pressão sobre a Rússia, que está sujeita a uma série de sanções sem precedentes.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, manifestou-se a favor do confisco dos bens russos congelados na União Europeia no âmbito destas sanções, de modo a contribuir para a reconstrução da Ucrânia.

Os líderes das grandes potências do G7 farão uma reunião virtual no domingo (8), dedicada em grande parte à guerra na Ucrânia, anunciou hoje uma porta-voz do chanceler alemão, Olaf Scholz.

Segundo a mesma fonte, o encontro contará com a participação do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que lançou uma campanha global de arrecadação de fundos por meio de uma plataforma digital.

"Em um clique, você pode doar fundos para ajudar nossos defensores, salvar nossos civis e reconstruir a Ucrânia", disse ele.

Além disso, o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, anunciou a captação de mais de 6 bilhões de euros (US$ 6,3 bilhões) para o país, obtidos em uma conferência de doadores realizada em Varsóvia.

Além da ajuda financeira e militar, os aliados da Ucrânia também adotaram sanções sem precedentes contra a Rússia.

No que seria sua medida mais severa até agora, a Comissão Europeia propôs que todos os 27 Estados-membros da UE proíbam gradualmente as importações de petróleo russo.

O primeiro-ministro nacionalista húngaro, Viktor Orban, opôs-se firmemente a este embargo e acusou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de "atacar" a unidade do bloco.

A Hungria é totalmente dependente do petróleo russo, e um embargo seria equivalente a "uma bomba nuclear em sua economia", alegou Orban.

A guerra também esteve presente no Conselho de Segurança da ONU, onde vários países e o secretário-geral desta organização, António Guterres, pediram o fim da violência, embora sem referência às negociações de paz atualmente paralisadas.

"A invasão da Ucrânia pela Rússia é uma violação de sua integridade territorial e da Carta das Nações Unidas", frisou Guterres.

A Rússia voltou a bombardear a usina siderúrgica Azovstal, que abriga civis em Mariupol, nesta segunda-feira, 2. A informação é do vice-comandante ucraniano Sviatoslav Palamar. O ataque acontece um dia depois de um breve cessar-fogo, que permitiu a retirada de cerca de 100 civis por corredores humanitários mediados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Cruz Vermelha. Entretanto, ainda há gente no local.

Nesta segunda-feira também houve um atraso na continuidade da retirada dos civis. O motivo não está claro, mas pode estar ligado aos novos bombardeios. As autoridades da cidade disseram, no entanto, que a retirada vai continuar. "Apesar de todas as dificuldades, a retirada de civis de Mariupol para Zaporizhzhia deve ocorrer", disse o conselho da cidade em comunicado.

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Após serem retirados no período de cessar-fogo, mais de 100 civis de Mariupol chegaram a Zaporizhzhia, cerca de 230 quilômetros a noroeste da cidade, nesta segunda-feira, 2. Eles estavam abrigados na usina Azovstal Iron and Steel Works. Outros já estão em Zaporizhzhia desde este domingo, 1º.

Se for completada, a retirada dos civis representaria um raro progresso na redução do custo humano da guerra, que causou sofrimento particular em Mariupol. Tentativas anteriores de abrir corredores seguros no local falharam, com autoridades ucranianas acusando repetidamente as forças russas de atirar e bombardear ao longo das rotas acordadas.

"Hoje, pela primeira vez em todos os dias da guerra, este corredor vitalmente necessário começou a funcionar", disse o presidente ucraniano Volodmir Zelensky neste domingo em um discurso publicado no canal de mensagens Telegram.

A instalação do corredor levou outros moradores de Mariupol a se aproveitarem do breve cessar-fogo para se infiltrar no estacionamento de uma loja que serviu de ponto de passagem para refugiados que fogem do território controlado pela Rússia.

Pelo menos algumas das pessoas retiradas da usina foram aparentemente levadas para uma vila controlada por separatistas apoiados por Moscou. A Rússia disse nesta segunda-feira que eles optaram por ficar em áreas separatistas, enquanto outras dezenas partiram para território controlado pela Ucrânia. Essa alegação, no entanto, não foi confirmada de forma independente pela imprensa ocidental.

No passado, autoridades ucranianas acusaram as tropas de Moscou de realocar civis à força em áreas que estavam sob domínio russo; Moscou disse que o povo queria ir para a Rússia.

Zelensky disse à televisão estatal grega que os civis ainda abrigados na fábrica de aço de Mariupol estavam com medo de embarcar em ônibus porque acreditam que serão levados para a Rússia. Ele disse que foi assegurado pelas Organização das Nações Unidas (ONU) de que eles seriam autorizados a ir para as áreas sob domínio ucraniano.

Embora as missões oficiais muitas vezes tenham falhado em retirar os civis, muitas pessoas conseguiram fugir de Mariupol por conta própria nas últimas semanas. Outros não conseguem escapar. "Pessoas sem carros não podem sair. Elas estão desesperadas", relatou uma das civis que conseguiu sair de Mariupol nas últimas 24 horas, Olena Gibert. "É preciso ir buscá-los. As pessoas não têm nada. Não tínhamos nada."

A área industrial de Azovstal é o último reduto de resistência ucraniana na cidade portuária de Mariupol, sul do país. As condições de vida na rede de túneis sob a usina siderúrgica, onde se acredita que centenas de civis estejam ao lado de combatentes ucranianos, foram descritas como brutais. Além dos civis que ainda não foram retirados, há cerca de 500 soldados ucranianos feridos e "numerosos" cadáveres, segundo descreveu Denys Shlega, comandante da 12ª Brigada Operacional da Guarda Nacional da Ucrânia. (Com agências internacionais).

As autoridades ucranianas pretendem retirar mais civis nesta segunda-feira (2) da cidade de Mariupol, depois que dezenas de pessoas conseguiram deixar a localidade no fim de semana, após semanas de bloqueio sob intensos ataques da Rússia em um complexo siderúrgico do porto estratégico do sudeste da Ucrânia.

Pouco mais de 100 pessoas foram retiradas no fim de semana da grande siderúrgica de Azovstal, o último reduto de resistência ucraniana nesta área da região do Donbass, que está praticamente sob controle total da Rússia.

Dois blindados da ONU e outros veículos de ONGs internacionais, assim como jornalistas, aguardavam os moradores de Mariupol em Zaporizhzhia, cidade que fica a uma distância de 200 quilômetros ao noroeste e ainda sob controle ucraniano, onde há um centro para abrigar os refugiados.

As operações de retirada, que começaram no sábado em coordenação entre Ucrânia, Rússia e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), permitiram, pela primeira vez em dois meses de cerco à cidade, retirar mais de 100 civis que estavam entrincheirados com os combatentes no subsolo da enorme siderúrgica de Azovstal, segundo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

"Pela primeira vez desde o início da guerra começou a funcionar este corredor humanitário vital (...) Foram dois dias de verdadeiro cessar-fogo no território do complexo siderúrgico", disse.

A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, declarou que "centenas de civis permanecem bloqueados". A nova operação de retirada estava programada para a manhã de segunda-feira, mas até meio-dia os ônibus não haviam chegado ao ponto de encontro.

- 9 de maio -

A usina siderúrgica está cercada desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, com histórias comoventes sobre as condições brutais em Mariupol, em uma guerra que já deixou milhares de mortos e milhões de deslocados.

Moscou se concentra nas regiões sul e leste do país, em particular no Donbass, que inclui Donetsk e Lugansk, depois de fracassar na tentativa de tomar a capital Kiev nas primeiras semanas de guerra.

Lyman, um centro ferroviário, pode ser a próxima cidade a cair nas mãos do exército russo após a retirada das forças ucranianas. As tropas russas parecem avançar consideravelmente ao redor da localidade.

"Os russos tentam tomar o controle para preparar o ataque a Severodonetsk", uma das principais cidades do Donbass ainda controladas por Kiev, afirmou o Estado-Maior ucraniano.

A Rússia tenta consolidar sua presença nas áreas sob seu controle e no domingo o rublo, a moeda russa, começou a circular na região de Kherson, em um primeiro momento ao lado da grivnia ucraniana.

"A partir de 1º de maio entraremos na zona do rublo", declarou Kirill Stremousov, administrador civil e militar de Kherson, citado pela agência estatal russa RIA Novosti.

Na frente leste, as forças russas avançam de forma lenta, mas constante.

As tropas da Ucrânia, no entanto, também reconquistaram alguns territórios nos últimos dias e nesta segunda-feira anunciaram que seus drones afundaram dois barcos de patrulha russos perto da Ilha da Cobra, no Mar Negro, símbolo da resistência depois que um grupo de guardas de fronteira rejeitou em abril um ultimato de rendição anunciado por um navio de Moscou.

Com a proximidade do 9 de maio, data em que a Rússia celebra com grande pompa a vitória sobre a Alemanha nazista em 1945, o governador da região de Lugansk disse que espera "uma intensificação dos bombardeios".

Mas o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, parece descartar a ideia. "Nossos militares não ajustarão artificialmente suas ações a nenhuma data".

- "Mais sanções" -

As potências ocidentais, que reforçaram o envio de armas para a Ucrânia, tentam aumentar a pressão contra a Rússia com novas sanções.

Fontes diplomáticas afirmaram à AFP que a União Europeia (UE) deve propor uma proibição por etapas da importação de petróleo russo.

Os ministros de Energia do bloco se reúnem nesta segunda-feira à tarde em Bruxelas para definir um calendário sobre a questão.

Vários diplomatas afirmaram que a proibição do petróleo russo seria possível depois de uma mudança de postura da Alemanha, que resistia à medida por considerá-la potencialmente prejudicial para sua economia.

Devido à guerra na Ucrânia, o consórcio de maioria finlandesa Fennovoima anunciou nesta segunda-feira que anulou um contrato com o grupo russo Rosatom para a construção de um reator nuclear na Finlândia.

A presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, se reuniu no sábado em Kiev com Zelensky, a principal autoridade americana a visitar a capital ucraniana desde o início da guerra para expressar apoio à Ucrânia.

Ela prometeu trabalhar para aprovar o pacote de ajuda de 33 bilhões de dólares solicitado pelo presidente Joe Biden na semana passada.

Em quase 10 semanas de guerra, mais de 5,4 milhões de ucranianos fugiram do país, segundo a ONU, e mais de 7,7 milhões estão em deslocamento dentro do país, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

burs-oho/mas/dl/mis/fp

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira (21) que as tropas do país tomaram com "sucesso" o controle da cidade ucraniana de Mariupol e ordenou o cerco aos últimos combatentes entrincheirados na fábrica de Azovstal, mas sem um ataque.

"O fim do trabalho de libertação de de Mariupol é um sucesso", declarou Putin ao ministro da Defesa, Serguei Shoigu, em um encontro exibido na televisão.

O presidente russo também indicou que prefere cercar os últimos combatentes ucranianos na fábrica de Azovstal, porque um ataque provocaria muitas mortes.

A área tem uma ampla rede de galerias subterrâneas.

"Considero que o ataque proposto na zona industrial não é apropriado. Ordeno o cancelamento", disse Putin.

"Precisamos pensar (...) na vida de nossos soldados e oficiais. Não há necessidade de entrar nestas catacumbas e rastejar no subsolo através das instalações industriais. Bloqueiem toda a área industrial para que nem mesmo uma mosca possa escapar", disse Putin.

Quase 2.000 militares ucranianos permanecem nas instalações industriais, segundo o ministro russo da Defesa.

Putin prometeu salvar a vida dos que se renderem.

"Proponham mais uma vez a todos aqueles que não entregaram as armas que o façam, o lado russo garante a vidas e que serão tratados com dignidade", afirmou.

Neste domingo, forças russas atacaram a Azovstal, uma grande siderúrgica com o último bolsão de resistência ucraniana em Mariupol, cidade portuária no sul da Ucrânia que esteve cercada por seis semanas e cuja captura ajudaria os planos de Moscou para uma ofensiva em grande escala no leste do país.

Com os últimos combatentes ucranianos em Mariupol se recusando a se render, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que a Rússia "está deliberadamente tentando destruir todos os que estão lá". Além disso, o mandatário afirmou que a Ucrânia precisa de mais armas pesadas do Ocidente para ter alguma chance de salvar a cidade portuária.

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"Ou nossos parceiros dão à Ucrânia todas as armas pesadas necessárias, os aviões e, sem exageros, imediatamente, para que possamos reduzir a pressão dos ocupantes em Mariupol e quebrar o bloqueio, ou o fazemos por meio de negociações, nas quais o papel de nossos parceiros é decisivo."

Mais cedo, Zelensky havia dito a jornalistas ucranianos que o contínuo cerco de Mariupol poderia frustrar as tentativas de negociar o fim da guerra.

No sábado, 16, um porta-voz do Ministério da Defesa russo disse que as forças ucranianas foram expulsas da maior parte da cidade e permanecem apenas na siderúrgica Azovstal, onde os túneis permitem que os defensores se escondam e resistam até ficarem sem munição.

Os russos já controlam o que resta da cidade, após semanas de bombardeio. Atacar a siderúrgica faz parte dos preparativos da Rússia para o ataque no leste da Ucrânia.

(Com Associated Press)

A Rússia emitiu um ultimato aos últimos defensores ucranianos de Mariupol, exigindo que deponham suas armas e evacuem este porto estratégico no sudeste da Ucrânia neste domingo (17), cuja conquista significaria uma importante vitória para Moscou.

As forças russas também anunciaram que bombardearam outra fábrica militar nos arredores de Kiev neste domingo, em um momento de intensificação dos ataques em torno da capital ucraniana, após a destruição do principal navio de sua frota no Mar Negro.

A situação em Mariupol é "desumana", descreveu o presidente ucraniano Volodimir Zelensky na noite de sábado, enquanto a Rússia afirma controlar quase toda a cidade.

O presidente ucraniano salientou que havia apenas "duas opções": o fornecimento de países ocidentais de "todas as armas necessárias" para romper o longo cerco de Mariupol ou "o caminho da negociação" em que "o papel dos aliados deve ser igualmente decisivo".

Suas declarações coincidiram com uma declaração do Ministério da Defesa da Rússia, qu pediu aos últimos soldados ucranianos entrincheirados em um enorme complexo metalúrgico em Mariupol para desistir da luta neste domingo às 06h00 em Moscou (00h00 no horário de Brasília) e deixar o local antes das 13h00 (07h00 em Brasília).

"Todos aqueles que abandonarem suas armas terão a garantia de salvar suas vidas (...) É sua única chance", disse o ministério no Telegram, assegurando que este complexo é o último foco de resistência na cidade.

Nas primeiras horas deste domingo, o Estado-Maior ucraniano disse que os russos bombardearam a cidade e "realizaram operações de assalto perto do porto", sem mencionar o ultimato russo.

Esta cidade, com 440.000 habitantes antes da guerra, é um alvo importante para Moscou e o último obstáculo para garantir seu controle na faixa marítima que vai dos territórios separatistas pró-russos de Donbass até a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

- Putin "acha que vai ganhar a guerra" -

O papa Francisco fez um apelo neste domingo para "ouvir o grito de paz" nesta "Páscoa de guerra", e aludiu a uma "Ucrânia martirizada", em sua bênção "urbi et orbi" diante de 50.000 fiéis na Praça de São Pedro, em Roma.

Por outro lado, de acordo com o chanceler austríaco Karl Nehammer, que se reuniu com Vladimir Putin na segunda-feira em Moscou, o presidente russo acha que venceu a guerra desencadeada por sua invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro.

"Acho que agora ele está em sua própria lógica de guerra", declarou Nehammer em entrevista à rede americana NBC.

Por seu lado, o chefe de governo italiano Mario Draghi lamentou este domingo em entrevista ao jornal Il Corriere della Sera a aparente ineficácia do "diálogo" com Putin, observando que isso não impediu que o "horror" continuasse na Ucrânia.

Após mais de 40 dias de cerco e sob constante bombardeio, o Programa Mundial de Alimentos da ONU estima que mais de 100.000 civis estão à beira da fome em Mariupol, onde também não há água nem aquecimento.

"Não há comida, nem água, nem remédios", disse Zelensky em entrevista.

Em termos de mortes, "Mariupol pode ser dez vezes Borodianka", uma pequena cidade perto de Kiev completamente destruída pela invasão russa, disse ele. Por outro lado, as autoridades ucranianas informaram neste domingo que, na ausência de um acordo com os russos para um cessar-fogo, suspenderão por um dia a retirada de civis do leste do país.

"Esta manhã, não conseguimos negociar um cessar-fogo nas rotas de evacuação com os ocupantes (russos). Por esta razão, infelizmente, não vamos abrir hoje os corredores humanitários", escreveu a vice-primeira-ministra Irina Vereshchuk no Telegram.

A líder indicou que as autoridades estão fazendo todo o possível para reabrir os corredores humanitários "o mais rápido possível". Vereshchuk também exigiu a abertura de uma estrada para evacuar soldados feridos na cidade de Mariupol.

- Redirecionar a campanha -

Embora tenha redirecionado sua campanha militar para o leste e o sul, a Rússia voltou a bombardear a capital nos últimos dias após o naufrágio de seu navio no Mar Morto, o cruzador Moskva, que a Ucrânia afirma ter atingido com mísseis Neptune.

Moscou nega essa versão e atribui o naufrágio a um incêndio causado por uma explosão de munição a bordo.

O ataque deste domingo a uma fábrica militar perto de Kiev foi precedido na sexta-feira pelo bombardeio de uma fábrica também perto da capital onde os mísseis Neptune foram produzidos.

No sábado, a Rússia atacou um complexo industrial de produção de tanques também nos arredores, matando uma pessoa e hospitalizando várias.

No leste, onde se espera a próxima grande batalha desta guerra, as forças russas atacaram uma refinaria de petróleo a quatro quilômetros de Lisichansk e continuaram bombardeando cidades como Kharkiv, a segunda maior cidade do país.

No sul, na região de Odessa, a Rússia alegou ter abatido "em pleno voo um avião de transporte militar ucraniano que estava entregando um grande lote de armas fornecidas à Ucrânia por países ocidentais", disse o Ministério da Defesa.

Embora não estejam diretamente envolvidos no conflito, os membros da OTAN forneceram amplo apoio de armas à Ucrânia, que aumenta à medida que a guerra avança.

A Rússia alertou em uma nota diplomática aos Estados Unidos contra o envio de armas "mais sensíveis" para a Ucrânia, que colocam "combustível no fogo" e podem causar "consequências imprevisíveis", segundo o The Washington Post.

Mesmo assim, Zelensky multiplica seus pedidos de envios militares, ao mesmo tempo em que insiste no possível uso de armas nucleares pela Rússia. Precisamos de "medicamentos [contra a radiação], abrigos antibombas", disse ele à mídia ucraniana.

Cerca de 5 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde 24 de fevereiro, segundo a ONU, que diz que mais 40.200 refugiados deixaram seu país nas últimas 24 horas.

Mais de 1.000 soldados ucranianos se renderam às tropas russas na cidade de Mariupol, cercada há várias semanas, afirmou nesta quarta-feira (13) o ministério russo da Defesa.

"Na cidade de Mariupol, na zona da fábrica metalúrgica Ilich (...) 1.026 militares ucranianos da 36ª brigada da Marinha entregaram as armas de maneira voluntária e se renderam", afirmou o ministério em um comunicado.

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De acordo com a nota, 150 deles estavam feridos e foram levados para um hospital de Mariupol.

Na madrugada de quarta-feira, uma reportagem do canal público Russia 24 já havia anunciado a rendição de mais de 1.000 soldados nesta localidade.

As imagens mostram homens com roupas camufladas transportando feridos em macas ou interrogados, de pé, no que parecia ser uma caverna.

Na terça-feira, as autoridades regionais do sudeste da Ucrânia afirmaram que pelo menos 20.000 pessoas morreram em Mariupol, bombardeada há mais de 40 dias.

Os combates se concentram agora na gigantesca zona industrial da cidade.

O prefeito de Mariupol, Vadym Boychenko, afirmou nesta terça-feira (12) que mais de 10 mil pessoas já morreram na cidade desde o início dos ataques da Rússia, em 24 de fevereiro. A declaração foi dada pelo líder municipal à agência de notícias Associated Press.

No entanto, Boychenko afirmou que esse número pode dobrar já que muitas pessoas podem ter morrido de fome ou por falta de cuidados médicos em seus esconderijos. O prefeito ainda acusou os russos de largarem corpos pelas ruas da cidade e de bloquearem por semanas a entrada da ajuda humanitária pelos corredores humanitários.

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Localizada no Mar de Azov, Mariupol é um porto estratégico da Ucrânia e fica na área separatista de Donetsk. Desde fevereiro, ela está completamente sitiada pelas forças militares russas e por milícias separatistas com mais de 100 mil moradores ainda presos dentro da localidade sem comida, água ou medicamentos constantes.

A situação é considerada uma das mais dramáticas da guerra no país. Nesta terça, mais sete pessoas morreram durante um ataque russo contra a sede da ONG católica Cáritas na cidade, segundo informou a presidente da instituição no país, Tetiana Stawnychy.

O edifício foi atingido por um tanque russo e, no momento do ataque, diversas pessoas estavam no local buscando proteção, apesar do centro não estar fazendo atendimentos por problemas com a segurança. Entre as sete vítimas, duas eram funcionárias da ONG.

"É uma tragédia para todos nós, especialmente, para a nossa comunidade Cáritas de Mariupol. Não temos mais informações no momento e não é possível irmos até lá nesse momento", acrescentou Stawnychy.

Ataque químico - Após a denúncia de que a Rússia teria usado drones para fazer um ataque com "substâncias venenosas" em Mariupol, a vice-ministra da Defesa, Hanna Malyar, informou que uma investigação está em andamento.

Segundo dados preliminares, "há uma teoria que eles podem ter usado munições com fósforo", mas "mais tarde daremos mais informações oficiais".

Há semanas o governo ucraniano e das potências ocidentais alertam para o risco da Rússia usar armas químicas em ataques na Ucrânia. Apesar de proibido, esse recurso já foi usado em outros cenários de guerra dos quais os russos participaram, como em ataques contra civis na Síria.

Da Ansa

As forças ucranianas afirmaram, nesta segunda-feira (11), que temem a queda de Mariupol, cidade portuária estratégica no sudeste do país cercada há mais de 40 dias pelo exército russo, e cujo porto já estaria ocupado, de acordo com separatistas pró-russos.

Na região do Donbass, no leste, o governo ucraniano espera uma iminente ofensiva russa.

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"De acordo com nossas informações, o inimigo está quase terminando sua preparação para um ataque no leste. O ataque começará muito em breve", disse o porta-voz do Ministério da Defesa ucraniano, Oleksandr Motuzyanyk, nesta segunda-feira.

Em Washington, um funcionário do alto escalão do Pentágono confirmou que as tropas russas se reforçam no Donbass, principalmente próximo de uma cidade-chave Izium.

"Verificamos os esforços russos de reabastecimento e reforço em Donbass", declarou este funcionário, que citou uma coluna de tanques ao norte de Izium.

Na frente diplomática, o chefe de Governo da Áustria, Karl Nehammer, afirmou estar "pessimista" após uma reunião nesta segunda-feira com o presidente russo, Vladimir Putin, a primeira de um líder europeu em Moscou desde o início da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro.

"Não há necessidade para iludir-se. O presidente Putin entrou plenamente na lógica da guerra e agirá de acordo", explicou Nehammer. "Do lado russo, eles não estão muito interessados em um encontro direto" com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, acrescentou o líder do governo austríaco.

Os russos cercam Mariupol há semanas e a captura da cidade permitiria consolidar suas conquistas territoriais na faixa costeira ao longo do Mar de Azov, conectando assim as áreas do Donbass com a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

"Hoje será provavelmente a última batalha, pois a munição está acabando", escreveu no Facebook a 36ª brigada da Marinha, que integra as Forças Armadas da Ucrânia.

"Durante mais de um mês estamos lutando sem munição, sem comida, sem água, fazendo o possível e o impossível", completou a unidade, antes de afirmar que quase metade dos integrantes da brigada estão feridos.

O líder dos separatistas pró-russos de Donetsk, Denis Pushlin, afirmou na segunda-feira que suas tropas conquistaram toda a área portuária de Mariupol.

"Quanto ao porto de Mariupol, já está sob nosso controle", disse ele ao vivo à emissora russa Pervy Kanal.

Oleksii Arestovich, conselheiro do presidente Zelensky, admitiu no domingo que "agora é impossível militarmente" libertar Mariupol.

"Inferno humanitário"

Zelensky afirmou, em uma mensagem de vídeo exibida na Assembleia Nacional da Coreia do Sul, que a Rússia "destruiu completamente" a cidade e que teme "dezenas de milhares de mortes" em Mariupol.

"Era uma cidade de meio milhão habitantes. Os ocupantes a cercaram e nem sequer permitiram o transporte de água e alimentos. Os russos destruíram totalmente Mariupol e a queimaram até reduzi-la a cinzas", afirmou.

Depois de revisar os planos e retirar as tropas da região de Kiev e do norte da Ucrânia, Moscou visa agora a conquista total do Donbass, uma região parcialmente controlada por forças separatistas pró-Rússia desde 2014.

Os analistas acreditam que Putin, que enfrenta uma intensa resistência ucraniana, deseja assegurar uma vitória nesta região antes do desfile militar de 9 de maio na Praça Vermelha, que marca a vitória soviética sobre os nazistas.

"A batalha por Donbass vai durar vários dias, e durante estes dias as cidades podem ficar totalmente destruídas", afirmou no Facebook Serguii Gaidai, governador de Lugansk, que voltou a pedir aos civis que abandonem a área.

"O cenário de Mariupol pode se repetir na região de Lugansk", alertou.

Na sexta-feira, um ataque com mísseis russos contra a estação de Kramatorsk, no leste, matou 57 pessoas, incluindo pelo menos cinco crianças.

Mais de 1.200 cadáveres

O chanceler austríaco Nehammer afirmou que a conversa com Putin de uma hora foi "direta, aberta e dura".

"Eu mencionei os sérios crimes de guerra em Bucha e em outras cidades e destaquei que seus responsáveis devem ser levados à justiça", indicou.

Quase 300 pessoas foram enterradas em valas comuns na cidade, segundo as autoridades ucranianas, que acusam os russos de massacres. Moscou nega e denuncia uma "manipulação".

Em várias localidades próximas de Kiev, ocupadas durante semanas pelo exército russo, a busca por corpos continua.

"Temos até agora 1.222 mortos apenas na região de Kiev", disse a procuradora-geral da Ucrânia, Irina Venediktova, em uma entrevista ao canal britânico Sky News. Ela não revelou se os corpos encontrados eram exclusivamente de civis.

Também citou 5.600 investigações abertas por supostos crimes de guerra desde o início da invasão russa, incluindo as mortes em Bucha.

- Rússia provoca "fome no mundo" -

Zelensky pediu aos ocidentais que "sigam o exemplo do Reino Unido", cujo primeiro-ministro, Boris Johnson, fez uma visita surpresa à Ucrânia no sábado, e pediu um "embargo total aos hidrocarbonetos russos".

Reunidos em Luxemburgo, os chefes de diplomacia da UE examinam o sexto pacote de sanções contra Moscou, que, no entanto, não afetará as compras de petróleo e gás.

"Continuamos as conversas sobre sanções. Mas nenhuma decisão foi adotada hoje", declarou o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, ao fim de uma reunião em Luxemburgo.

Borrell afirmou que a Rússia está "provocando a fome no mundo" ao bombardear reservas de trigo e impedir a saída dos carregamentos de grãos do país.

A guerra na Ucrânia pode reduzir pela metade o crescimento do comércio global, de acordo com uma análise publicada pela Secretaria da Organização Mundial do Comércio (OMC).

A crise deve levar o crescimento do PIB global para entre 3,1% e 3,7% este ano, enquanto o crescimento do comércio mundial deve ficar entre 2,4% e 3%. Em outubro, a OMC havia previsto um crescimento de 4,7%.

As forças ucranianas afirmaram, nesta segunda-feira (11), que temem a queda de Mariupol, cidade portuária estratégica no sudeste do país cercada há mais de 40 dias pelo exército russo, ao mesmo tempo que reforçam as posições no leste diante de uma ofensiva iminente de Moscou.

Na frente diplomática, o chefe de Governo da Áustria, Karl Nehammer, primeiro líder europeu a visitar Moscou desde o início da invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, iniciou uma reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, para tentar obter a criação de corredores humanitários.

A visita de Nehammer deve servir "para acabar com o inferno humanitário na Ucrânia", afirmou o ministro austríaco das Relações Exteriores, Alexander Schallenberg, antes de uma reunião com os colegas da União Europeia em Luxemburgo.

Os russos cercam Mariupol há semanas e a captura da cidade permitiria consolidar suas conquistas territoriais na faixa costeira ao longo do Mar de Azov, conectando assim as áreas do Donbass com a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

"Hoje será provavelmente a última batalha, pois a munição está acabando", escreveu no Facebook a 36ª brigada da Marinha, que integra as Forças Armadas da Ucrânia.

"É a morte para alguns de nós e cativeiro para os demais (...) Não sabemos o que acontecerá, mas pedimos que se lembrem (de nós) com uma palavra gentil", pediu a brigada aos ucranianos.

"Durante mais de um mês estamos lutando sem munição, sem comida, sem água, fazendo o possível e o impossível", completou a unidade, antes de afirmar que quase metade dos integrantes da brigada estão feridos.

Oleksii Arestovich, conselheiro do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, admitiu no domingo que "agora é impossível militarmente" libertar Mariupol.

- "Inferno humanitário" -

Zelensky afirmou, em uma mensagem de vídeo exibida na Assembleia Nacional da Coreia do Sul, que a Rússia "destruiu completamente" a cidade e que teme "dezenas de milhares de mortes" em Mariupol.

"Era uma cidade de meio milhão habitantes. Os ocupantes a cercaram e nem sequer permitiram o transporte de água e alimentos. Os russos destruíram totalmente Mariupol e a queimaram até reduzi-la a cinzas", afirmou.

As forças ucranianas reforçaram no fim de semana as posições no leste, ao redor de Donbass, região controlada parcialmente desde 2014 por separatistas pró-Rússia.

"Segundo nossas informações, o inimigo praticamente finalizou a preparação para um ataque no leste. O ataque começará em breve" disse o porta-voz do ministério ucraniano da Defesa, Oleksandr Motuzyanyk.

Depois de revisar os planos e retirar as tropas da região de Kiev e do norte da Ucrânia, Moscou visa agora a conquista total do Donbass.

Os analistas acreditam que Putin, que enfrenta uma intensa resistência ucraniana, deseja assegurar uma vitória nesta região antes do desfile militar de 9 de maio na Praça Vermelha, que marca a vitória soviética sobre os nazistas.

"A batalha por Donbass vai durar vários dias, e durante estes dias as cidades podem ficar totalmente destruídas", afirmou no Facebook Serguii Gaidai, governador de Lugansk, que voltou a pedir aos civis que abandonem a área.

"O cenário de Mariupol pode se repetir na região de Lugansk", alertou.

Na sexta-feira, um ataque com mísseis russos contra a estação de Kramatorsk, no leste, matou 57 pessoas, incluindo pelo menos cinco crianças.

Enquanto a população tenta fugir da região, ataques aéreos e bombardeios continuam em outras cidades, como os de domingo em Kharkiv (leste), a segunda maior cidade da Ucrânia, e seus subúrbios, que deixaram pelo menos 11 mortos, incluindo uma criança de 7 anos, e 14 feridos, de acordo com as autoridades regionais.

- Mais de 1.200 cadáveres -

O chanceler austríaco Nehammer afirmou que tinha a intenção de abordar no Kremlin os "crimes de guerra" em Bucha, cidade ao noroeste de Kiev que virou símbolo das atrocidades cometidas na Ucrânia.

Quase 300 pessoas foram enterradas em valas comuns na cidade, segundo as autoridades ucranianas, que acusam os russos de massacres. Moscou nega e denuncia uma "manipulação".

Em várias localidades próximas de Kiev, ocupadas durante semanas pelo exército russo, a busca por corpos continua.

"Temos até agora 1.222 mortos apenas na região de Kiev", disse a procuradora-geral da Ucrânia, Irina Venediktova, em uma entrevista ao canal britânico Sky News. Ela não revelou se os corpos encontrados eram exclusivamente de civis.

Também citou 5.600 investigações abertas por supostos crimes de guerra desde o início da invasão russa, incluindo as mortes em Bucha.

- Mais empresas deixam a Rússia -

Volodymyr Zelensky pediu aos ocidentais que "sigam o exemplo do Reino Unido", cujo primeiro-ministro, Boris Johnson, fez uma visita surpresa à Ucrânia no sábado, e pediu um "embargo total aos hidrocarbonetos russos".

Reunidos em Luxemburgo, os chefes de diplomacia da UE examinam o sexto pacote de sanções contra Moscou, que, no entanto, não afetará as compras de petróleo e gás.

O êxodo de empresas ocidentais da Rússia continua. Nesta segunda-feira, o banco francês Societe Generale anunciou o fim da atividades no país e a fabricante sueca de equipamentos para telecomunicações Ericsson suspendeu as atividades em território russo.

burs-dlc/mas-pc/mar/fp

O governo ucraniano enviou nesta quinta-feira 45 ônibus para retirar civis da cidade cercada de Mariupol, sudeste do país, depois que a Rússia anunciou uma trégua, informou a vice-primeira-ministra Irina Vereshchuk.

"Fomos informados pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha que a Rússia está disposta a abrir o acesso aos comboios humanitários de Mariupol até Zaporizhizha", disse Vereshchuk em um vídeo divulgado pelo Telegram.

"Enviamos 45 ônibus para o corredor Mariupol", acrescentou.

Dezessete ônibus já seguiram para Mariupol a partir de Zaporizhzhia, que fica a uma distância de 220 quilômetros, informou Vereshchuk. Os demais 28 aguardam permissão para passar por um posto de controle russo na cidade de Vasylivka, perto de Zaporizhzhia.

"Vamos fazer todo o possível para os ônibus entrem em Mariupol e retirem os que permanecem na cidade", disse Verechtchuk.

Até o momento, os civis só conseguem sair de Mariupol com os próprios veículos, uma viagem de alto risco porque os acordos para a saída de moradores não foram respeitados.

Mariupol, um porto estratégico no Mar de Azov, está cercada e sob intensos bombardeios das forças russas desde o fim de fevereiro.

As pessoas que conseguiram sair da cidade e as ONGs descreveram condições terríveis, com civis entrincheirados em porões sem água, alimentos ou comunicação, e com corpos espalhados pelas ruas que ninguém enterra por causa do bombardeio.

O ministério da Defesa russo anunciou um "regime de silêncio", ou seja, um cessar-fogo local, a partir das 10H00 desta quinta-feira (4H00 de Brasília) em Mariupol para permitir a retirada de civis.

No campo diplomático, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlüt Cavusoglu, afirmou que o chefe da diplomacia da Rússia, Serguei Lavrov, eo chanceler da Ucrânia, Dmitro Kuleba, podem se reunir dentro de "uma ou duas semanas".

"Pode acontecer uma reunião de alto nível, ao menos entre os ministros, dentro de uma ou duas semanas", declarou Cavusoglu,. Ele explicou que "é impossível antecipar uma fecha", mas que a Turquia está disposta a receber a reunião "como mediador sincero".

"O mais importante é que as partes se reúnam e concordem com um cessar-fogo duradouro (...) É impossível negociar sob a pressão das armas", disse.

Ao comentar a tentativa de retirada de civis de Mariupol, uma operação na qual a Turquia estabeleceu uma associação com a França e a Grécia, o ministro disse que seu governo propôs a abertura de "dois corredores humanitários, para a Rússia e a Ucrânia".

"Ninguém deve pressionar os civis a escolher um corredor ou outro. Todos devem poder ir para onde desejam", disse.

Na área econômica, o Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (BERD) divulgou projeções de contração de 10% para a Rússia este ano, e de 20% para a Ucrânia, consequência da guerra e das sanções impostas contra Moscou.

Antes da guerra, o BERD calculava um crescimento de 3,5% do PIB para a Ucrânia e de 3% para a Rússia em 2022.

A Ucrânia advertiu nesta segunda-feira (28) que a situação humanitária na cidade de Mariupol, bombardeada e cercada pelas tropas russas desde o fim de fevereiro, é "catastrófica", antes de uma reunião durante a semana entre negociadores russos e ucranianos em Istambul.

Quase 20.000 ucranianos morreram de maneira violenta desde que a Rússia iniciou a invasão, em 24 de fevereiro, e 10 milhões foram obrigados a abandonar suas casas, de acordo com as autoridades do país. Várias cidades são bombardeadas sem trégua, como é o caso de Mariupol, no sul.

Muitos na Ucrânia suspeitam que a Rússia poderia usar as conversações como uma oportunidade para reagrupar forças e tentar resolver graves problemas táticos e logísticos de suas forças militares.

O chefe do serviço de inteligência ucraniano, Kyrylo Budanov, afirmou no Facebook que o presidente russo Vladimir Putin poderia tentar dividir o país em dois, como na Coreia, ao "impor uma linha de separação entre as regiões ocupadas e não ocupadas" da Ucrânia.

"Após o fracasso em capturar Kiev e remover o governo ucraniano, Putin muda suas principais direções operacionais", escreveu Budanov. "Será uma tentativa de criar as Coreias do Sul e do Norte na Ucrânia".

A Rússia tem o controle de fato sobre a região da Crimeia (sul) e as autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, na região leste do Donbass.

O governante da região separatista ucraniana de Lugansk afirmou que um referendo poderia ser organizado sobre a anexação à Rússia.

A resistência na cercada Mariupol é o principal obstáculo para que Moscou conquiste o controle terrestre contínuo entre Donbass e Crimeia.

- Urgência humanitária -

Na frente de batalha, a esperança russa de arrasar a Ucrânia sem resistência desapareceu.

As tropas russas registraram poucos avanços em capturar as principais cidades ucranianas, o que provocou o aumento dos bombardeios aéreos contra civis.

Apoiados por armamento ocidental, os combatentes ucranianos resistem e, inclusive, provocam alguns recuos dos russos.

As linhas de combate pareceram recuar de Mykolaiv, após uma contra-ofensiva estabelecida em Kherson, a 80 km de distância.

E na cidade portuária de Mariupol, no sul do país, as necessidades humanitárias são extremas. Quase 170.000 civis estão sem alimentação adequada, água ou medicamentos, cercados pelas tropas russas, segundo o ministério ucraniano das Relações Exteriores.

O ministério chamou a situação de "catastrófica" e afirmou que o ataque russo, executado por terra, mar e ar, transformou a cidade, de 450.000 habitantes, em poeira.

França, Grécia e Turquia pretendem organizar uma "operação humanitária" para retirar civis nos próximos dias, segundo o presidente francês, Emmanuel Macron, que buscou a aprovação de Vladimir Putin para a medida.

A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, anunciou que o país não abriria corredores humanitários nesta segunda-feira por temer as "provocações" das tropas russas.

Em Rubizhne, na região de Lugansk, uma pessoa morreu e outra ficou ferida em bombardeios russos durante a noite passada, de acordo com as autoridades locais.

Perto da capital Kiev, Andrii Ostapets se mostrou decidido a retornar para sua cidade, Stoyanka, para levar comida aos vizinhos, caso continuem vivos, apesar da ameaça dos franco-atiradores russos.

"Vimos pessoas mortas, casas queimadas, vivemos em um inferno quando a Rússia ocupou Stoyanka", declarou o homem de 69 anos e proprietário de um museu, uma semana depois de fugir do município.

Ele afirmou que os soldados ucranianos estão conseguindo impedir o avanço das tropas russas. "Os russos não têm opção para continuar com vida, podem render-se ou morrer".

- Linhas vermelhas -

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que a primeira rodada de negociações presenciais desde 10 de março, que provavelmente começará na terça-feira em Istambul (Turquia), deveria trazer a paz "os mais rápido possível".

A "neutralidade" da Ucrânia e o futuro status da região de Donbass, duas exigências da Rússia, podem ser abordadas nas conversações.

Zelensky afirmou que a questão da "neutralidade" está sendo examinada de maneira "cuidadosa".

"Entendemos que é impossível libertar todo o território pela força, que isto poderia significar a Terceira Guerra Mundial, isso eu entendo totalmente", afirmou Zelensky.

Mas, ao citar suas linhas vermelhas na negociação, acrescentou: "A soberania da Ucrânia e sua integridade territorial não estão em questão. Garantias efetivas de segurança para nosso Estado são obrigatórias".

Putin evita revelar detalhes sobre as metas da invasão, destacando apenas que deseja "desmilitarizar" e "desnazificar", mas não ocupar a Ucrânia.

Analistas esperam que os termos vagos permitam uma margem de manobra para que aceite um acordo, reivindique a vitória e acabe com a guerra.

A reunião de Istambul segue o encontro de 10 de março na cidade costeira de Antalya, também na Turquia, entre o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, e seu colega ucraniano, Dmytro Kuleba. O evento, no entanto, não resultou em acordo de cessar-fogo.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a retomada dos encontros presenciais é "importante", depois que a reuniões por videoconferência não alcançaram "avanços significativos".

Lavrov disse que um encontro entre Putin e Zelensky seria "contraproducente" e estaria condicionado à adoção das exigências de Moscou.

- Declarações "alarmantes" -

Também resta saber se a declaração do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de que Putin "não pode permanecer no poder" afetará as negociações.

O Kremlin classificou os comentários de "alarmantes" e as declarações também levantaram preocupações nos Estados Unidos e em outros países. Macron apontou que qualquer escalada "de palavras ou ações" poderia prejudicar seu esforço de diálogo com Putin para que aceite a retirada de civis de Mariupol.

Questionado no domingo se estava pedindo uma mudança de regime na Rússia, Biden respondeu "não".

Assim como a França, Alemanha e Reino Unido também se distanciaram das declarações do americano.

A Ucrânia rejeitou nesta segunda-feira (21) o ultimato russo para entregar a cidade portuária cercada de Mariupol, enquanto na capital Kiev um bombardeio matou pelo menos seis pessoas.

No plano diplomático, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que visitará a Polônia na sexta-feira para abordar a crise provocada pela invasão russa da Ucrânia.

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A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, rejeitou o ultimato russo e exigiu de Moscou a abertura de corredores humanitários para facilitar a saída de 350.000 pessoas bloqueadas na cidade.

"Não se pode falar de entregar entregar armas. Já informamos a parte russa", declarou ao jornal Ukrainska Pravda.

"É uma manipulação deliberada e uma autêntica tomada de reféns", acrescentou.

A Rússia anunciou no domingo à noite um ultimato às autoridades ucranianas para que as forças de Mariupol se rendessem antes das 5H00 (3H00 de Brasília).

"Pedimos às unidades das Forças Armadas ucranianas, batalhões de defesa territorial e mercenários estrangeiros que interrompam as hostilidades, deponham suas armas", disse Mikhail Mizintsev, comandante do Centro Nacional de Controle de Defesa da Rússia.

Mariupol, um porto estratégico no sudeste da Ucrânia, é um dos principais alvos dos ataques russos. A cidade representa uma conexão entre as forças russas na península da Crimeia e os territórios sob controle russo no norte e leste da Ucrânia.

Mariupol sofreu intensos bombardeios russos desde o início da invasão, em 24 de fevereiro.

O diplomata grego Manolis Androulakis, que estava na cidade durante alguns bombardeios, falou sobre a situação trágica.

"Mariupol entrará para a lista lista de cidades do mundo completamente destruídas pela guerra, como Guernica, Stalingrado, Grozny ou Aleppo", declarou à imprensa no aeroporto de Atenas.

"Vieram nos exterminar"

Em uma mensagem de vídeo, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky acusou a Rússia de bombardear uma escola de Mariupol que abrigava centenas de refugiados.

"As forças russas vieram nos exterminar, matar", disse.

Este foi o mais recente ataque potencialmente devastador contra um refúgio para civis. Na semana passada, um teatro - onde, segundo as autoridades, havia mil deslocados - foi atacado e centenas de pessoas continuam desaparecidas.

Na madrugada de segunda-feira, um bombardeio na capital Kiev atingiu um centro comercial e matou pelo menos seis pessoas.

O local foi atingido por uma bomba potente que destruiu os veículos estacionados e deixou uma cratera aberta de vários metros de comprimento diante do prédio de 10 andares.

Toda a ala sul do centro comercial foi destruída, assim como uma academia no estacionamento.

Diante da intensificação da ofensiva de Moscou, Zelensky voltou a sugerir uma conversa direta com o presidente russo, Vladimir Putin.

Após uma mensagem ao Parlamento de Israel, o presidente ucraniano agradeceu o primeiro-ministro Naftali Bennett por tentar atuar como mediador nas negociações.

"O primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, tenta buscar um caminho para a negociação com a Rússia e nós o agradecemos (...) Pode ser em Jerusalém, é um bom local para encontrar a paz", declarou Zelensky.

 Biden na Polônia 

A Casa Branca anunciou no domingo que o presidente americano, Joe Biden, viajará na sexta-feira à Polônia para uma reunião com o colega polonês Andrzej Duda.

"O presidente abordará como os Estados Unidos respondem junto com nossos aliados e sócios à crise humanitária e de direitos humanos criada pela guerra injustificável e não provocada da Rússia contra a Ucrânia", afirmou a secretária de imprensa do governo americano, Jen Psaki, em um comunicado.

A visita à Polônia acontecerá após uma escala na Bélgica para uma reunião com os líderes da Otan, do G7 e da União Europeia.

Ao mesmo tempo, autoridades de Turquia, onde delegados da Rússia e da Ucrânia estão negociando, afirmaram que os dois lados estão próximos de um acordo para acabar com o confronto.

Mas Zelensky parece impor algumas condições.

"Não é possível simplesmente exigir que a Ucrânia reconheça alguns territórios como repúblicas independentes", declarou ao canal CNN. "Temos que pensar um modelo no qual a Ucrânia não perca sua soberania, sua integridade territorial".

O conflito provocou uma crise de refugiados de proporções históricas, afetou a economia global e recebeu fortes críticas em todo o mundo.

Mísseis hipersônicos 

As forças russas têm usado cada vez mais mísseis de longo alcance, enquanto na frente de batalha suas tropas enfrentam uma dura resistência ucraniana e, segundo alguns relatos, enfrentam uma escassez de armas e materiais.

O ministério russo da Defesa russo anunciou no domingo que disparou mísseis hipersônicos "Kinzhal" ("punhal" em russo), que destruíram um depósito de combustível na região sul de Mykolaiv.

No sábado, o ministério informou que usou o armamento para destruir um depósito de armas próximo da fronteira da Ucrânia com a Romênia, mas o Pentágono questionou a versão russa.

Em Chernihiv, cidade cercada, o major ucraniano Vladislav Atroshenko afirmou que dezenas de civis morreram em um bombardeio contra um hospital.

As condições humanitárias são cada vez piores nas regiões de língua russa do sul e leste da Ucrânia, assim como no norte, perto de Kiev.

Quase 10 milhões de ucranianos fugiram de suas casas - um terço deles para o exterior -, segundo a ONU.

Eles fogem de combates que, segundo Zelensky, mataram 14.000 soldados russos. O presidente ucraniano afirmou que o número "continuará aumentando".

A Rússia não atualiza o balanço de vítimas desde o início de março. A Ucrânia anunciou a morte de 1.300 soldados.

Kiev não divulga dados de baixas civis, apenas que 115 crianças faleceram na guerra.

Impacto econômico

A guerra russa gerou uma onda sem precedentes de sanções ocidentais contra Putin, seu entorno e empresas russas.

A França anunciou no domingo que apreendeu 920 milhões de dólares em bens de oligarcas russos em seu território.

O conflito complicou o ambiente econômico mundial já difícil, pois a Rússia é um grande exportador de petróleo, gás e produtos básicos, enquanto a Ucrânia é um importante fornecedor de trigo.

Os preços dos produtos básicos dispararam, gerando mais inflação, destaca a economista chefe do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento, Beata Javorci.

"Mesmo se a guerra terminar hoje, as consequências do conflito serão sentidas nos próximos meses", completou.

O Exército russo bombardeou uma escola de arte que servia de abrigo para várias centenas de pessoas na cidade de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, disseram autoridades locais neste domingo (20), acrescentando que civis ficaram presos nos escombros.

"Ontem (sábado, 19), os ocupantes russos lançaram bombas na escola de arte G12 (...) onde 400 moradores de Mariupol - mulheres, crianças e idosos - se refugiaram", declarou a prefeitura da cidade portuária sitiada pelas forças russas.

"Sabemos que o prédio foi destruído e que pessoas pacíficas ainda estão sob os escombros. O número de vítimas está se tornando claro", acrescentou a prefeitura em comunicado no Telegram.

Mariupol, uma cidade no sudeste da Ucrânia com uma população de 450 mil habitantes antes da guerra, está sob bombardeio pesado há várias semanas pelas forças russas e seus aliados separatistas pró-russos.

Neste domingo, o governador da região de Donetsk, Pavlo Kirilenko, também acusou Moscou de "deportar à força mais de 1.000 moradores de Mariupol" que vivem no leste da cidade para a Rússia, sem especificar quando os eventos ocorreram.

Segundo ele, as forças russas montaram "campos de filtragem" onde "verificam os telefones" dos moradores de Mariupol antes de "confiscar seus documentos de identidade". "Eles então são enviados para a Rússia", afirmou no Facebook, acrescentando que "seu destino do outro lado (da fronteira) é desconhecido".

Essas declarações não puderam ser verificadas imediatamente de forma independente.

Na quinta-feira, a Ucrânia acusou Moscou de bombardear um teatro da cidade onde centenas de moradores estavam refugiadas, ignorando o aviso "Diéti" ("Crianças", em russo) escrito no chão em letras gigantes ao lado do prédio. Ainda não há relatório de vítimas.

Segundo o governo ucraniano, mais de 2.100 pessoas foram mortas em Mariupol desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.

Os sobreviventes se refugiam nos porões, encarando situações miseráveis. Algumas das famílias que conseguiram fugir disseram ter visto corpos nas ruas por dias.

Infligir "algo assim a uma cidade pacífica (...) é um ato de terror que será lembrado ainda no próximo século", disse neste domingo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, denunciando um "crime de guerra".

A cidade é de importância estratégica, pois sua captura permitiria à Rússia unir suas tropas na Crimeia com as de Donbas (leste), enquanto bloqueia o acesso ucraniano ao Mar de Azov.

Os moradores de Mariupol prosseguem com a busca por sobreviventes nos escombros de um teatro bombardeado nesta cidade cercada da Ucrânia, cuja invasão pela Rússia será abordada em uma conversa nesta sexta-feira (18) entre os presidentes dos Estados Unidos e da China.

A ligação entre Joe Biden e Xi Jinping será a quarta desde a chegada do democrata à Casa Branca e, segundo Washington, servirá para alertar Pequim contra qualquer apoio ao presidente russo Vladimir Putin.

Biden "dirá claramente que a China terá responsabilidade por qualquer ato destinado a apoiar a agressão e não hesitaremos em impor um custo a isso", declarou na quinta-feira o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken.

Desde o início da invasão em 24 de fevereiro, o regime comunista chinês tenta proteger sua relação fluida com o Kremlin e evitou pedir a Putin a retirada de suas tropas da Ucrânia.

Ao mesmo tempo, no entanto, estabeleceu certa distância de uma Rússia cada vez mais isolada. Por exemplo, Pequim não apoiou uma resolução russa sobre a guerra na Ucrânia no Conselho de Segurança da ONU, que acabou sendo retirada por Moscou.

Os diplomatas russos "recorreram ao copatrocínio para o texto e não receberam retorno", disse uma fonte diplomática que pediu anonimato, dando a entender que China e Índia apoiavam a resolução e não teriam votado a favor.

- Sobreviventes em Mariupol -

As manobras e contatos diplomáticos acontecem enquanto as bombas continuam explodindo na Ucrânia, onde as vítimas civis estão na casa das centenas e exilados superam a marca de três milhões, de acordo com os balanços da ONU.

Na madrugada de sexta-feira as sirenes de alarme para bombardeios foram acionadas na capital Kiev, em Kharkiv (nordeste, segunda maior cidade do país) e em Odessa (sudoeste), no Mar Negro.

O prefeito de Lviv, Andriy Sadovy, anunciou um bombardeio com mísseis contra um fábrica de reparo de aviões nesta grande cidade do oeste da Ucrânia, que até agora não havia sofrido com a violência.

"O funcionamento da fábrica já havia sido suspenso, então não há vítimas no momento", escreveu o prefeito no Facebook.

Entre as cidades mais atingidas está Mariupol, um porto estratégico no Mar de Azov, cercada há duas semanas.

Todos os olhares estão voltados para um teatro bombardeado na quarta-feira, onde mais de mil pessoas haviam buscado proteção, segundo as autoridades locais.

Os moradores da cidade começaram a retirar os escombros e a resgatar os sobreviventes do ataque, mas ainda não há um balanço oficial de vítimas.

De fato, a representante ucraniana para os direitos humanos, Liudmyla Denisova, afirmou que "todos sobreviveram" ao ataque.

O parlamentar Serguei Taruta também declarou que o abrigo dentro do teatro pode ter resistido. "Era formado por três partes e ainda não sabemos se foram danificadas", escreveu no Facebook.

Várias pessoas "saíram durante a manhã, depois que os moradores retiraram por conta própria os escombros", acrescentou.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky chamou a Rússia de "Estado terrorista", enquanto Moscou afirmou que não bombardeou a cidade e atribuiu a destruição do teatro a um grupo de ultradireita ucraniano.

A prefeitura de Mariupol destacou uma situação "crítica", com bombardeios russos "ininterruptos" e muitos danos. De acordo com as primeiras estimativas, 80% das casas teriam sido destruídas.

Quase 30.000 pessoas conseguiram sair de Mariupol na última semana e os relatos descrevem um cenário atroz, sem água, energia elétrica e gás, o que obrigou muitas pessoas a beber neve derretida ou a fazer fogueiras para cozinhar os poucos alimentos.

"Nas ruas há corpos de muitos civis mortos", declarou à AFP Tamara Kavunenko, de 58 anos. "Não é mais Mariupol (...) é um inferno", disse.

O ministério russo da Defesa afirmou nesta sexta-feira que o exército do país e seus aliados separatistas estão em combate no centro de Mariupol.

"Em Mariupol, as unidades da República Popular (autoproclamada, ndr) de Donetsk, com o apoio das forças russas, estreitam o cerco e combatem os nacionalistas no centro da cidade", afirmou o porta-voz do ministério, Igor Konashenkov.

Ele disse ainda que as tropas russas e os separatistas de Lugansk controlam 90% do território da região ucraniana de mesmo nome. Pouco antes da ofensiva, Moscou reconheceu a independência dos territórios separatistas de Lugansk e Donetsk.

Apesar das sanções econômicas e da pressão internacional, após três semanas de ofensiva Moscou não dá sinais de flexibilização, apesar das negociações entre os dois lados.

Putin afirma que a ofensiva é um "sucesso" e seu porta-voz, Dmitri Peskov, declarou que "a maioria esmagadora" dos russos apoia as ações do presidente. Os demais são "traidores", disse.

O avanço terrestre, porém, parece estagnado e a Rússia recorre cada vez mais a ataques aéreos e de longo alcance para obter vantagem. De acordo com cálculos do Pentágono, Moscou já disparou mais de 1.000 mísseis na guerra.

A prefeitura de Mariupol, na Ucrânia, divulgou neste domingo (13) que 2.187 pessoas morreram na cidade desde o início da invasão russa, e 24 de fevereiro.

De acordo com um comunicado divulgado no Telegram, as vítimas foram mortas pelas forças russas e por "bombardeios impiedosos de bairros residenciais".

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No último período de 24 horas, foram registrados pelo menos 22 bombardeios contra alvos civis e caíram mais de 100 bombas na cidade estratégica situada às margens do Mar de Azov.

"Os ocupantes atacam cinicamente e deliberadamente edifícios residenciais, áreas densamente povoadas, destroem hospitais infantis e infraestrutura urbana. Até o momento, 2.187 habitantes de Mariupol foram mortos em ataques russos", disse o prefeito da cidade no Telegram.

Nos últimos dias, o vice-prefeito de Mariupol, Serhiy Orlov, chegou a afirmar que mais de 1,2 mil corpos foram enterrados em valas comuns.

Da Ansa

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