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O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira (8) uma ajuda militar direta à Ucrânia de 675 milhões de dólares e afirmou que os esforços dos aliados para fortalecer Kiev apresentam resultados visíveis no campo de batalha.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, faz uma visita surpresa a Kiev, sua segunda à capital ucraniana desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro.

"O secretário tinha muita vontade de fazer esta viagem agora, porque é um momento muito importante para a Ucrânia", disse uma funcionária do governo americano que acompanha Blinken.

A visita de Blinken a Kiev coincide com uma nova série de negociações do secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, com os países aliados na base de Ramstein, na Alemanha.

Austin afirmou que Kiev não está apenas resistindo aos invasores russos, mas está executando uma contraofensiva no sul.

"Agora estamos vendo o êxito demonstrável de nossos esforços comuns no campo de batalha", disse.

A nova ajuda inclui sistemas de lança-foguetes do tipo GMLRS, "morteiros de 105 mm, munição de artilharia, Humvees, ambulâncias blindadas, sistemas antitanque, armas leves e muito mais", disse Austin à imprensa.

"A cada dia vemos a determinação dos aliados e parceiros de todo o mundo que estão ajudando a Ucrânia a resistir à guerra de conquista ilegal, imperial e indefensável da Rússia", acrescentou.

Além da ajuda direta de 675 milhões de dólares, o Departamento de Estado americano também anunciou nesta quinta-feira mais 2 bilhões de dólares de ajuda à Ucrânia e 18 países vizinhos, na forma de créditos e subsídios para que comprem equipamento militar dos Estados Unidos.

"Boas notícias"

A reunião na base de Ramstein, a quinta do Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia, pretende demonstrar a "unidade e solidariedade" dos aliados da Ucrânia, de acordo com o comandante do Estado-Maior americano, general Mark Milley.

Representantes de mais de 40 países e organizações internacionais estão reunidos para abordar os desafios que o conflito representa em termos de armas.

"O consumo de munições é muito importante nesta guerra", disse o general Milley.

A artilharia é decisiva no conflito. Os exércitos ucraniano e russo se enfrentam em uma guerra de desgaste que gasta muita munição.

A Ucrânia iniciou na semana passada uma contraofensiva no sul do país. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou em várias ocasiões que deseja recuperar "todas as regiões sob ocupação russa", incluindo a Crimeia, que a Rússia anexou em 2014.

Na quinta-feira à noite, Zelensky afirmou que recebeu "boas notícias da região de Kharkiv", no nordeste, onde há "localidades nas quais a bandeira ucraniana voltou" a ser hasteada.

Depois de mais de um semestre de resistência à invasão, o exército ucraniano lançou contraofensivas no nordeste e no sul, na região de Kherson que, segundo os especialistas, podem perturbar as rotas de abastecimento das tropas da Rússia.

Ainda assim, o Kremlin mantém o controle sobre uma ampla faixa do território ucraniano, nos arredores de Kharkiv, nas regiões de Donetsk e Lugansk na bacia mineira do Donbass e na costa do Mar de Azov.

A Ucrânia esgotou todas as suas armas de fabricação russa e sua defesa depende agora totalmente da ajuda militar ocidental.

A Rússia recorreu à Coreia do Norte para comprar grandes quantidades de foguetes e projéteis de artilharia, de acordo com Washington.

- Menores levados para a Rússia -

Zelensky não citou as localidades reconquistadas pelas tropas ucranianas, mas o Instituto para o Estudo da Guerra, com sede nos Estados Unidos e que monitora os combates, afirmou que o contra-ataque ucraniano aconteceu perto de Balakliya.

Nos territórios ocupados pelas forças russas, a ONU disse na quarta-feira que há "alegações críveis" de que crianças ucranianas estavam sendo levadas à força para a Rússia.

Alguns ucranianos considerados próximos ao governo ou ao exército da Ucrânia também foram torturados e retirados à força do país e enviados para colônias penais russas e outros centros de detenção, afirmou a subsecretária-geral da ONU para os direitos humanos, Ilze Brands Kehris, durante uma reunião do Conselho de Segurança.

O embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, refutou as acusações, que considerou "sem fundamento", enquanto disse que os ucranianos deixaram seu país "para se salvar do regime criminoso", o termo que Moscou usa para fazer referência ao governo de Kiev.

Forças russas e ucranianas travam combates intensos nesta terça-feira (30) na região de Kherson, sul da Ucrânia, após o anúncio de uma contraofensiva de Kiev para tentar recuperar zonas ocupadas por Moscou.

"Durante todo o dia (segunda-feira) e toda a noite foram registradas explosões potentes na região de Kherson. Combates intensos acontecem em quase todo o território da região", afirmou a presidência ucraniana em um comunicado.

"As Forças Armadas ucranianas iniciaram ações ofensivas em várias direções", acrescenta a nota, que cita a destruição de alguns "depósitos de munições e de todas as grandes pontes" que permitiam aos veículos atravessar o rio Dniepr.

Localizada às margens do Mar Negro, a maior parte da região de Kherson e sua capital de mesmo nome foram capturadas no início da guerra pelas tropas russas, que avançaram a partir da península vizinha da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

Com a guerra estagnada na região leste do Donbass estancada, os analistas anteciparam durante semanas que os combates poderiam ser deslocados para o sul, em uma tentativa de romper a paralisia antes da chegada do inverno (hemisfério norte, verão no Brasil).

As autoridades ucranianas anunciaram na segunda-feira o início da contraofensiva, em particular com o objetivo de retomar a cidade de Kherson, que tinha 280.000 habitantes antes da guerra.

Em seu discurso noturno, o presidente Volodymyr Zelensky não revelou detalhes sobre a manobra, mas exibiu um tom de desafio ante Moscou.

"Os ocupantes deveriam saber que vamos empurrá-los até sua fronteira (...) Se querem sobreviver, este é o momento para a fuga do exército russo. Vá para casa", afirmou.

- Bombardeios em Kharkiv -

Durante a madrugada, o comando "sul" do exército ucraniano afirmou que situação era "tensa" em sua zona de ação. "O inimigo atacou nossas posições em cinco momentos, mas todas foram um fracasso", afirmou em uma nota.

Também citou um "grande bombardeio" na cidade de Mykolaiv, a 60 km de Kherson e controlada por Kiev, que deixou dois mortos, 24 feridos e danos "importantes".

O ministério da Defesa da Rússia afirmou que a contraofensiva da Ucrânia "fracassou" e provocou "muitas baixas" para as tropas de Kiev.

Os bombardeios russos continuaram no restante da linha de frente, que vai do norte ao sul.

Em Kharkiv (noroeste), segunda maior cidade ucraniana, o prefeito Igor Terekhov denuncio um bombardeio que matou cinco pessoas e feriu sete nesta terça-feira.

"Os ocupantes russos bombardearam os bairros do centro de Kharkiv", confirmou o governador da região, Oleg Synegubov, no Telegram. Ele fez um apelo para que os moradores procurem proteção.

O governador da região de Zaporizhzhia (sul), Oleksandr Starukh, informou que a Rússia executou um ataque com mísseis contra a cidade de mesmo nome que não deixou vítimas.

- Missão em Zaporizhzhia -

Esta região é um foco de tensões há várias semanas, com os bombardeios contra central nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, ataques que provocam uma troca de acusações entre russos e ucranianos.

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou na segunda-feira que uma missão de apoio e assistência está a caminho e deve chegar a Zaporizhzhia esta semana.

A agência de controle nuclear da ONU advertiu nas últimas semanas para um "risco muito real de catástrofe nuclear".

Acusada por Kiev de posicionar unidades de artilharia dentro da central, a Rússia considerou a inspeção "necessária".

Após mais de seis meses, o conflito tem consequências em todo o planeta, em particular nos mercados de energia e de alimentos.

No setor energético, a empresa francesa Engie informou nesta terça-feira que o grupo russo Gazprom reduziu ainda mais o fornecimento de gás ao país por uma divergência sobre os contratos.

Na área humanitária, a guerra entre dois grandes produtores de grãos provocou a disparada dos preços dos alimentos e o temor de aumento da fome.

Para evitar o agravamento da situação, a ONU e a Turquia conseguiram mediar um acordo entre Kiev e Moscou para permitir a exportação de grãos pelo Mar Negro.

Graças ao pacto, um navio fretado pelo Programa Mundial de Alimentos chegou a Djibuti nesta terça-feira com 23.000 toneladas de trigo da Ucrânia para mitigar a seca histórica que assola a região do Chifre da África.

Forças da Ucrânia afirmam ter atacado outra base na cidade de Kherson, que foi ocupada por russos, num momento em que líderes da Turquia e da Organização das Nações Unidas (ONU) se preparam para se reunir com o presidente ucraniano, Volodymyr ZelenskI, para discutir embarques de alimentos a partir da Ucrânia e a situação cada vez mais tensa na usina nuclear de Zaporizhzhia.

Militares ucranianos disseram nesta quinta-feira (18) que atacaram com foguetes um depósito de munições no vilarejo de Bilohirka, perto da linha de batalha na região de Kherson. O ataque é o último de uma série que tem como objetivo prejudicar operações de logística dos russos no sul da Ucrânia.

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A ofensiva vem num momento em que o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, se preparam para reuniões hoje, na cidade ucraniana de Lviv, sobre um acordo que Ancara mediou com a organização para suspender um bloqueio naval da Rússia a exportações ucranianas, que gerou escassez de alimentos no Oriente Médio e na África. Quatro navios carregados de produtos alimentícios partiram de portos ucranianos na quarta-feira (17) como parte do acordo, segundo autoridades turcas.

Espera-se também que Guterres discuta com ZelenskI o impasse na usina nuclear de Zaporizhzhia. Explosões no local e ao redor da usina, que está sob controle russo, deixaram um reator inativo, feriram ao menos um funcionário e geraram temores de que ocorra uma nova catástrofe nuclear, como o colapso da usina nuclear de Chernobyl, em 1986.

A Rússia se comprometeu a permitir o acesso de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) à usina de Zaporizhzhia, contanto que eles cheguem ao local via território controlado por Moscou e não através de Kiev, proposta que a Ucrânia rejeita. Fonte: Dow Jones Newswires.

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta quinta-feira (16) que há sinais de crimes de guerra em um subúrbio de Kiev, após "massacres" das forças russas. Ele falou na cidade de Irpin, durante uma visita com os líderes da Alemanha, Itália e Romênia para mostrar apoio à Ucrânia.

Macron denunciou a "barbárie" dos ataques que devastaram a cidade e elogiou a coragem dos moradores de Irpin e de outras cidades da região de Kiev que impediram as forças russas de atacar a capital ucraniana.

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Os quatro líderes europeus chegaram mais cedo a Kiev ao som de sirenes de ataque aéreo, enquanto faziam uma demonstração de apoio coletivo europeu ao povo ucraniano que resiste à invasão da Rússia.

A visita, que inclui uma reunião planejada com o presidente Volodymyr Zelenskyy, tem um forte peso simbólico, uma vez que as três potências da Europa Ocidental enfrentaram críticas por não fornecerem à Ucrânia a escala de armamento que Zelenskyy pediu.

Eles também foram criticados por não visitarem a capital ucraniana antes. Nas últimas semanas e meses, vários outros líderes europeus já haviam feito a longa viagem por terra para mostrar solidariedade a uma nação sob ataque, mesmo em tempos em que os combates se intensificavam mais perto da capital do que agora.

O gabinete do presidente francês disse que Macron, o chanceler alemão Olaf Scholz e o primeiro-ministro italiano Mario Draghi, representando as três maiores economias da Europa, viajaram juntos para Kiev em um trem noturno especial fornecido pelas autoridades ucranianas.

Em um grande abrigo para animais da capital da Ucrânia, Kiev, a veterinária Natalia Mazur carrega em seus braços um gato de três anos, Murzik, cuja proprietária morreu.

Ela morava em Bucha, uma cidade nos arredores de Kiev que se tornou um símbolo das atrocidades atribuídas às forças russas durante a ocupação dos arredores da capital em março.

"Sua dona sobreviveu aos bombardeios e à ocupação, mas morreu depois, não conseguiu suportar a situação", relata a veterinária, que segura o gato de olhos verdes.

Muitos animais domésticos ucranianos compartilham os sofrimentos de seus donos desde o início da invasão russa à Ucrânia em 24 de fevereiro. Alguns perderam seus donos, casas ou ficaram feridos. Os mais sortudos foram acolhidos em abrigos, onde esperam encontrar novos donos.

No abrigo temporário do gato Mazur, há 19 cães e gatos.

"Quando a guerra começou, vimos um aumento no número de animais abandonados", diz Mazur, que administra o hospital veterinário de Kiev e também este abrigo, instalado em um pavilhão de um centro de exposições.

"Com a ajuda da cidade e de voluntários, decidimos organizar este abrigo temporário. Também estamos tentando encontrar uma nova família anfitriã", explica à AFP.

Cães e gatos são alojados em seções diferentes. Os voluntários se revezam cuidando deles, alimentando-os ou caminhando com eles.

No abrigo temporário, os animais são cuidados por voluntários como Dmitro Popov. Este botânico de 28 anos e sua esposa não podem ter um animal no apartamento que alugam. É por isso que eles decidiram "vir aqui e ajudar o máximo possível", diz ele.

Desde a abertura deste abrigo no final de março, 132 animais passaram por ele, procedentes da região de Kiev, mas também do leste da Ucrânia, onde se concentram os combates desde o início de abril. Cerca de 87 desses animais foram adotados por novos donos.

"Se um animal perdeu seu dono e foi exposto a combates e bombardeios, ele precisa antes de tudo de socialização", explica o veterinário.

"Eles têm o hábito de estar com humanos e, portanto, precisam de ternura e carinho, que alguém se sente com eles e converse com eles", acrescenta.

Desde o início da guerra, os animais domésticos ocupam um papel de protagonismo nas inúmeras imagens de ucranianos que fugiram de suas casas levando seus cães ou gatos com eles.

A capital ucraniana voltou a ser atacada neste domingo, 5, pouco mais de um mês após a retirada das tropas da Rússia que cercavam a cidade. O bombardeio foi coordenado com novas ameaças do presidente russo, Vladimir Putin, que prometeu estender a guerra e atingir novos alvos caso a Ucrânia receba armas de longo alcance do Ocidente.

Por volta das 5h da manhã, cinco mísseis atingiram uma estação ferroviária e outros alvos nos bairros de Darnytski e Dniprovski, segundo o prefeito da capital, Vitali Klitschko. De acordo com a Rússia, as bombas destruíram tanques e veículos blindados fornecidos por aliados do Leste Europeu. O chefe do sistema ferroviário da Ucrânia, Oleksandr Kamyshin, rejeitou a alegação de tanques fornecidos por países do Leste Europeu tenham sido atingidos.

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A Energoatom, operadora estatal de energia atômica da Ucrânia, disse neste domingo que um míssil de cruzeiro russo voou "perigosamente baixo" sobre uma usina nucelar de Pivdennoukrainska, a segunda maior do país. "É provável que tenha sido um dos mísseis que foram disparados na direção de Kiev", disse a operadora, em comunicado.

Os ataques deste domingo acabaram com a sensação de segurança readquirida pelos moradores de Kiev, que vivia uma relativa tranquilidade nas últimas cinco semanas - desde que Putin ordenou a retirada de suas tropas do norte da Ucrânia para concentrar forças na região de Donbas, no leste do país.

Apesar da suposta destruição de blindados, bombardeio de Kiev prece ter sido um recado de Putin ao Ocidente, principalmente ao presidente dos EUA, Joe Biden, que prometeu enviar sistemas de foguetes avançados para a Ucrânia, como parte de um novo pacote de US$ 700 milhões em equipamento militar.

Neste domingo, a Rússia ameaçou atacar novos alvos se os EUA realmente enviarem à Ucrânia armas de longo alcance. Falando à emissora de TV estatal Rossiya-1, Putin afirmou que, se os mísseis forem fornecidos, ele ampliaria a guerra e atingiria "alvos ainda não atingidos".

O foco dos combates deste domingo continuaram na região de Donbas. Fortes explosões foram registradas na cidade de Kramatorsk, controlada pela Ucrânia. Russos e ucranianos também lutam de rua em rua em Severodonetsk, o último grande reduto da resistência no leste do país.

Combate regular

O governador de Luhansk, Serhi Haidai, disse que as forças ucranianas recuperaram praticamente metade de Severodonetsk - no início da semana passada, os russos haviam assumido o controle de 80% da cidade.

Neste domingo, o Ministério da Defesa do Reino Unido, durante um briefing de inteligência, disse que os contra-ataques ucranianos estavam "enfraquecendo o impulso operacional" das forças russas em Severodonetsk, incluindo as milícias separatistas, apoiadas pela Rússia, que estão "mal equipadas e treinadas", sem equipamento pesado de combate regular.

A conquista de Severodonetsk daria à Rússia o controle total da região de Luhansk e abriria caminho para uma ofensiva para capturar toda a região industrial de Donbas, um objetivo declarado de Putin depois da retirada de suas tropas de Kiev e do norte da Ucrânia.

Neste domingo, o chanceler ucraniano, Dmitro Kuleba, deu uma resposta dura às declarações do presidente da França, Emmanuel Macron, que sugeriu que seus aliados deveriam evitar impor humilhações a Moscou para melhorar a possibilidade de um acordo de paz.

"Apelos para evitar a humilhação da Rússia só podem humilhar a França e todos os outros países que pedirem por isso", disse Kuleba. "Em vez disso, muitas vidas seriam salvas e a paz seria restaurada se os países se concentrassem em como colocar a Rússia em seu devido lugar." (Com agências internacionais).

A Rússia bombardeou Kiev nesta quinta-feira (28) durante a primeira visita à Ucrânia do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que lamentou o "fracasso" do Conselho de Segurança em evitar o conflito.

Em Washington, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu ao Congresso US$ 33 bilhões em ajuda adicional para a Ucrânia, dos quais mais de US$ 20 bilhões serão destinados à assistência militar.

"Não estamos atacando a Rússia. Estamos ajudando a Ucrânia a se defender contra a agressão russa", justificou Biden, argumentando que os Estados Unidos não podem "ficar parados" diante das "atrocidades e agressões" russas.

A Ucrânia disse que identificou 10 soldados russos como suspeitos do massacre de Bucha e registrou 8.600 crimes de guerra desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro.

- Rússia quis "humilhar a ONU" -

Os bombardeios de Kiev, os primeiros desde meados de abril, deixaram pelo menos três feridos, segundo o prefeito da cidade, Vitali Klitschko.

Esses bombardeios "dizem muito sobre os esforços da liderança russa para humilhar a ONU e tudo o que esta organização representa", afirmou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.

O presidente indicou que "cinco mísseis" caíram sobre a cidade "imediatamente após o encontro" que teve com Guterres. "Isso requer uma reação poderosa, da mesma intensidade", acrescentou.

Guterres e sua comitiva ficaram "chocados" com a proximidade do bombardeio russo, embora todos estejam "seguros", disse um porta-voz da ONU.

À tarde, Guterres visitou Bucha, uma cidade perto de Kiev, onde dezenas de corpos foram encontrados após a retirada das tropas russas, e exortou as autoridades russas a "cooperarem com o TPI (Tribunal Penal Internacional)" para "estabelecer as responsabilidades".

O chefe da ONU chamou a guerra de "absurda no século XXI" e admitiu que o Conselho de Segurança "falhou" em acabar com a guerra.

- Investigação de atrocidades -

O Ministério Público ucraniano anunciou a abertura de uma investigação contra dez soldados russos por seu suposto envolvimento nos massacres de Bucha.

Em 2 de abril, jornalistas da AFP encontraram uma rua repleta de cadáveres na cidade. A ONU documentou o "assassinato, incluindo alguns por execução sumária", de 50 civis.

Moscou negou qualquer responsabilidade e citou uma "encenação" colocada em prática por Kiev.

A Procuradoria-Geral da Ucrânia também disse que catalogou "8.600 arquivos especificamente para crimes de guerra e mais de 4.000 relacionados a crimes de guerra".

Os fatos investigados incluem "assassinatos de civis, bombardeios de infraestrutura civil, tortura", além de "crimes sexuais" denunciados "no território ocupado da Ucrânia", detalhou a procuradora-geral, Iryna Venediktova.

"O uso de armas proibidas" também está sendo investigado, acrescentou.

Guterres indicou que a ONU está fazendo "todo o possível" para evacuar civis do "apocalipse" de Mariupol, a cidade no sul da Ucrânia devastada pela ofensiva militar russa.

"O povo de Mariupol vive em estado de necessidade desesperada. Eles precisam de uma rota de fuga do apocalipse", pediu Guterres.

- Intensificação da ofensiva no leste -

Após a retirada do norte e dos arredores de Kiev, a ofensiva russa concentrou-se no sul e no leste do país.

"O inimigo intensifica a ofensiva. Os ocupantes executam ataques praticamente em todas as direções, com uma atividade particularmente intensa nas regiões de Kharkiv e Donbass", afirmou o Estado-Maior ucraniano.

A Rússia acusou as forças ucranianas de atacar na quarta-feira à noite, com mísseis balísticos e foguetes, bairros residenciais do centro de Kherson (sul), a primeira grande cidade tomada pelas forças russas.

A administração russa desta cidade anunciou que pretende introduzir o rublo para substituir a moeda ucraniana, a grivna, a partir de 1º de maio.

- Alvos militares na Rússia -

O comandante da Força Aérea Ucraniana disse que os lançadores de mísseis fornecidos pelos países ocidentais tinham alcance insuficiente para derrubar "os aviões dos ocupantes, que lançam bombas sobre nossas cidades a uma altitude de 8 quilômetros ou mais".

O Reino Unido pediu na quarta-feira ao aliados da Ucrânia que demonstrem "coragem" e aumentem a ajuda militar, argumentando que a guerra na Ucrânia é a "nossa guerra" e a vitória de Kiev um "imperativo estratégico para todos nós".

O Kremlin, no entanto, respondeu que os envios de armas à Ucrânia "ameaçam a segurança" europeia. Putin advertiu na quarta-feira contra qualquer intervenção externa no conflito da Ucrânia, prometendo uma resposta "rápida e feroz".

Nesta quinta-feira, Biden criticou Moscou por fazer alegações "ociosas" sobre o possível uso de armas nucleares no conflito na Ucrânia, dizendo que tais alegações mostram o "desespero" da Rússia.

- Europa unida e solidária -

No plano econômico, o grupo russo Gazprom suspendeu na quarta-feira o abastecimento de gás para Bulgária e Polônia, alegando que os países não fizeram os pagamentos em rublos, como Putin exige desde março.

O primeiro-ministro búlgaro, Kiril Petkov, pediu nesta quinta-feira, durante uma visita a Kiev, que a Europa seja mais forte" e encontre "alternativas" ao gás russo.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, denunciou uma "chantagem com o gás" e afirmou que os dois países membros da UE e da OTAN, dependentes do gás russo, serão abastecidos pelos vizinhos europeus.

A guerra entre a Rússia e a Ucrânia, dois grandes produtores agrícolas e de matérias-primas, acentuou os riscos de desaceleração econômica e aumento da pressão inflacionária em todo o mundo.

O presidente Zelensky afirmou que a Rússia "quer provocar uma crise mundial de preços" e o "caos" no mercado alimentício.

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O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, afirmou nesta quinta-feira que a "guerra é um absurdo no século XXI", durante uma visita a Borodianka, uma das localidades dos subúrbios de Kiev onde os ucranianos acusam os russos pela morte de civis durante a ocupação em março.

Em sua primeira visita à Ucrânia desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, Guterres falou com os jornalistas diante de edifícios em ruínas, ao lado de militares ucranianos e funcionários do governo local.

"Imagino minha família em uma destas casas destruídas. Vejo minhas netas fugindo em pânico. A guerra é um absurdo no século XXI. A guerra é o mal. Não há como uma guerra ser aceitável no século XXI", declarou Guterres.

O secretário-geral da ONU seguiu para Bucha, outra área do subúrbio da capital ucraniana onde os ucranianos acusam Moscou de crimes de guerra. Durante a tarde ele se reunirá com o presidente do país, Volodymyr Zelensky.

Guterres desembarcou na Ucrânia na quarta-feira à noite, depois de visitar Moscou, onde se reuniu com o presidente Vladimir Putin e pediu à Rússia para colaborar com a ONU e permitir a retirada de civis das zonas bombardeadas, principalmente no leste e sul da Ucrânia, onde as tropas russas concentram sua ofensiva.

A Rússia emitiu um ultimato aos últimos defensores ucranianos de Mariupol, exigindo que deponham suas armas e evacuem este porto estratégico no sudeste da Ucrânia neste domingo (17), cuja conquista significaria uma importante vitória para Moscou.

As forças russas também anunciaram que bombardearam outra fábrica militar nos arredores de Kiev neste domingo, em um momento de intensificação dos ataques em torno da capital ucraniana, após a destruição do principal navio de sua frota no Mar Negro.

A situação em Mariupol é "desumana", descreveu o presidente ucraniano Volodimir Zelensky na noite de sábado, enquanto a Rússia afirma controlar quase toda a cidade.

O presidente ucraniano salientou que havia apenas "duas opções": o fornecimento de países ocidentais de "todas as armas necessárias" para romper o longo cerco de Mariupol ou "o caminho da negociação" em que "o papel dos aliados deve ser igualmente decisivo".

Suas declarações coincidiram com uma declaração do Ministério da Defesa da Rússia, qu pediu aos últimos soldados ucranianos entrincheirados em um enorme complexo metalúrgico em Mariupol para desistir da luta neste domingo às 06h00 em Moscou (00h00 no horário de Brasília) e deixar o local antes das 13h00 (07h00 em Brasília).

"Todos aqueles que abandonarem suas armas terão a garantia de salvar suas vidas (...) É sua única chance", disse o ministério no Telegram, assegurando que este complexo é o último foco de resistência na cidade.

Nas primeiras horas deste domingo, o Estado-Maior ucraniano disse que os russos bombardearam a cidade e "realizaram operações de assalto perto do porto", sem mencionar o ultimato russo.

Esta cidade, com 440.000 habitantes antes da guerra, é um alvo importante para Moscou e o último obstáculo para garantir seu controle na faixa marítima que vai dos territórios separatistas pró-russos de Donbass até a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

- Putin "acha que vai ganhar a guerra" -

O papa Francisco fez um apelo neste domingo para "ouvir o grito de paz" nesta "Páscoa de guerra", e aludiu a uma "Ucrânia martirizada", em sua bênção "urbi et orbi" diante de 50.000 fiéis na Praça de São Pedro, em Roma.

Por outro lado, de acordo com o chanceler austríaco Karl Nehammer, que se reuniu com Vladimir Putin na segunda-feira em Moscou, o presidente russo acha que venceu a guerra desencadeada por sua invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro.

"Acho que agora ele está em sua própria lógica de guerra", declarou Nehammer em entrevista à rede americana NBC.

Por seu lado, o chefe de governo italiano Mario Draghi lamentou este domingo em entrevista ao jornal Il Corriere della Sera a aparente ineficácia do "diálogo" com Putin, observando que isso não impediu que o "horror" continuasse na Ucrânia.

Após mais de 40 dias de cerco e sob constante bombardeio, o Programa Mundial de Alimentos da ONU estima que mais de 100.000 civis estão à beira da fome em Mariupol, onde também não há água nem aquecimento.

"Não há comida, nem água, nem remédios", disse Zelensky em entrevista.

Em termos de mortes, "Mariupol pode ser dez vezes Borodianka", uma pequena cidade perto de Kiev completamente destruída pela invasão russa, disse ele. Por outro lado, as autoridades ucranianas informaram neste domingo que, na ausência de um acordo com os russos para um cessar-fogo, suspenderão por um dia a retirada de civis do leste do país.

"Esta manhã, não conseguimos negociar um cessar-fogo nas rotas de evacuação com os ocupantes (russos). Por esta razão, infelizmente, não vamos abrir hoje os corredores humanitários", escreveu a vice-primeira-ministra Irina Vereshchuk no Telegram.

A líder indicou que as autoridades estão fazendo todo o possível para reabrir os corredores humanitários "o mais rápido possível". Vereshchuk também exigiu a abertura de uma estrada para evacuar soldados feridos na cidade de Mariupol.

- Redirecionar a campanha -

Embora tenha redirecionado sua campanha militar para o leste e o sul, a Rússia voltou a bombardear a capital nos últimos dias após o naufrágio de seu navio no Mar Morto, o cruzador Moskva, que a Ucrânia afirma ter atingido com mísseis Neptune.

Moscou nega essa versão e atribui o naufrágio a um incêndio causado por uma explosão de munição a bordo.

O ataque deste domingo a uma fábrica militar perto de Kiev foi precedido na sexta-feira pelo bombardeio de uma fábrica também perto da capital onde os mísseis Neptune foram produzidos.

No sábado, a Rússia atacou um complexo industrial de produção de tanques também nos arredores, matando uma pessoa e hospitalizando várias.

No leste, onde se espera a próxima grande batalha desta guerra, as forças russas atacaram uma refinaria de petróleo a quatro quilômetros de Lisichansk e continuaram bombardeando cidades como Kharkiv, a segunda maior cidade do país.

No sul, na região de Odessa, a Rússia alegou ter abatido "em pleno voo um avião de transporte militar ucraniano que estava entregando um grande lote de armas fornecidas à Ucrânia por países ocidentais", disse o Ministério da Defesa.

Embora não estejam diretamente envolvidos no conflito, os membros da OTAN forneceram amplo apoio de armas à Ucrânia, que aumenta à medida que a guerra avança.

A Rússia alertou em uma nota diplomática aos Estados Unidos contra o envio de armas "mais sensíveis" para a Ucrânia, que colocam "combustível no fogo" e podem causar "consequências imprevisíveis", segundo o The Washington Post.

Mesmo assim, Zelensky multiplica seus pedidos de envios militares, ao mesmo tempo em que insiste no possível uso de armas nucleares pela Rússia. Precisamos de "medicamentos [contra a radiação], abrigos antibombas", disse ele à mídia ucraniana.

Cerca de 5 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde 24 de fevereiro, segundo a ONU, que diz que mais 40.200 refugiados deixaram seu país nas últimas 24 horas.

No parque Fomine, no centro de Kiev, há uma longa fila para tirar fotos sob as magnólias que acabaram de florescer. Um soldado ucraniano pede à esposa e aos dois filhos que "sorriam!" sob a mancha de flores roxas.

Depois de 51 dias de guerra, os habitantes de Kiev aproveitaram o fato de sexta-feira ser o primeiro dia ensolarado da primavera para passear no parque ou tomar uma bebida no terraço, fazer uma pausa e ter uma vida quase normal.

Esquivando-se de carrinhos, patinetes e bicicletas, Nataliya Makrieva, 43 anos, caminha pela paisagem de braços dados com a mãe e não consegue acreditar.

"É a primeira vez que voltamos ao centro da cidade, queríamos ver como funcionava o transporte, estar um pouco com as pessoas. Ver tanta gente me faz muito bem", disse a veterinária.

Deitado na grama que combina com seu uniforme, um soldado fuma cachimbo e olha para o céu azul. Faz 21 graus e seus companheiros, dois gêmeos, subiram em uma árvore que floresceu.

"É a primeira vez que respiramos em mais de um mês em Irpin e Gostomel e viemos aqui para aproveitar o lindo dia", explica um dos gêmeos uniformizados, Dmitro Tkatchenko, 40, veterano da guerra em Donbass em 2015.

Após três semanas de relativa calma, dois ataques russos atingiram dois complexos militares perto de Kiev na sexta e no sábado. Há dias, o Kremlin ameaça intensificar os ataques a Kiev.

As barreiras antitanque foram mantidas ao lado das estradas. Ainda há sacos de areia e blocos de cimento nos postos de controle, mas na maioria deles não há mais soldados de guarda.

Painéis de alerta não transmitem mais recomendações de segurança ou mensagens destinadas a invasores russos ou aos temidos "infiltrados", mas transmitem vídeos patrióticos.

O saldo de perdas materiais na cidade continua baixo. Segundo as autoridades, 100 prédios foram destruídos ou atingidos por ataques russos entre 24 de fevereiro e 22 de março, data do último ataque aéreo dentro da cidade.

"A guerra tem muitas dimensões e não se resume aos combates. Kiev, sem dúvida, ainda está em estado de guerra", explicou Alona Bogatshova, 34, que se permitiu um primeiro passeio com seus amigos a um terraço para tomar um "Spritz".

"Mas, por outro lado, há tanta vida e liberdade. É uma situação inédita, que não tem nome, que ainda não vivemos", resume a jovem, que se apressa em terminar seu copo antes do prazo final.

Em Kiev, a venda de álcool está proibida após 16h e o toque de recolher está em vigor das 21h às 6h.

Entre as coisas que ainda podem ser feitas em Kiev está comprar comida em casa, ir ao cabeleireiro, pegar o metrô, alugar uma bicicleta ou uma scooter urbana. Escolas, universidades, a maioria dos restaurantes e centros culturais permanecem fechados.

O prefeito da cidade, Vitali Klitschko, pediu que as pessoas que fugiram da cidade, estimada em metade de seus 2,8 milhões de habitantes no auge, não retornem. De acordo com a mídia local, todos os dias cerca de 50.000 pessoas retornam à capital ucraniana.

A Rússia bombardeou uma nova fábrica militar na área de Kiev neste sábado (16), cumprindo assim sua ameaça de intensificar seus ataques à capital depois de perder seu principal navio simbólico no Mar Negro nesta semana em um ataque reivindicado pela Ucrânia.

O complexo industrial, localizado no distrito de Darnytsky e onde os tanques são principalmente fabricados, foi alvo de um ataque, segundo apuraram os jornalistas da AFP na manhã deste sábado. Um grande número de soldados e socorristas se reuniram no local, de onde saía uma grande fumaça.

Em Moscou, o Ministério da Defesa confirmou o ataque.

"Armas ar-terra de longo alcance e alta precisão destruíram edifícios de uma fábrica de produção de armas em Kiev", disse o ministério em comunicado na rede Telegram.

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, indicou no Facebook que não tinha informações sobre possíveis vítimas.

"De manhã, Kiev foi bombardeada. Houve explosões no distrito de Darnytsky, nos arredores da cidade. Equipes de resgate e médicos estão trabalhando no local", disse ele.Klitschko mais uma vez pediu aos habitantes que deixaram a capital que não voltassem ainda e permanecessem em um "local seguro".

Os ataques russos a Kiev são raros desde o final de março, quando Moscou retirou suas tropas da capital e anunciou que estava concentrando sua ofensiva no leste da Ucrânia.

- "Não nos perdoarão" -

Na sexta-feira, um ataque russo teve como alvo uma fábrica na região de Kiev que fabricava mísseis Neptune, usados pelo exército ucraniano para afundar o "Moskva", segundo fontes de Kiev.

Um funcionário do Departamento de Defesa dos EUA disse que o navio de 186 metros de comprimento foi atingido por dois mísseis ucranianos, chamando-o de "grande golpe" para a Rússia.

A Rússia sustenta que o "Moskva" foi danificado pelo fogo após a explosão de sua própria munição e que a tripulação - cerca de 500 homens segundo fontes disponíveis - foi evacuada.

Algumas alegações de que um oficial militar ucraniano negou. "Uma tempestade impediu o resgate do navio e a evacuação da tripulação", disse Natalia Gumeniuk, porta-voz do comando militar do sul da Ucrânia.

"Estamos perfeitamente cientes de que eles não nos perdoarão", acrescentou, referindo-se à Rússia e a possíveis novos ataques.

A perda do "Moskva" é um duro golpe para a Rússia porque "garantiu cobertura aérea de outros navios durante suas operações, especialmente para o bombardeio da costa e manobras de desembarque", explicou o porta-voz da administração militar de Odessa, Sergei Brachuk.

Medo de um ataque nuclear

Nesse contexto, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, considerou que "o mundo inteiro" deve estar "preocupado" com o risco de que seu colega russo, Vladimir Putin, encurralado por seus reveses militares na Ucrânia, use uma arma nuclear tática.

Zelensky ecoou as declarações do diretor da CIA, William Burns, que disse esta semana que ninguém deve "subestimar a ameaça nuclear" da Rússia.

Em uma nova mensagem em vídeo, Zelensky reiterou aos países ocidentais que eles podem "tornar a guerra muito mais curta" se fornecerem a Kiev as armas solicitadas.

Mas em nota diplomática, a Rússia alertou os Estados Unidos e a Otan contra o envio de armas "mais sensíveis" para a Ucrânia, julgando que tais equipamentos militares colocam "combustível no fogo" e podem causar "consequências imprevisíveis", segundo o jornal Washington Post.

A Casa Branca anunciou esta semana um novo pacote de ajuda militar de US$ 800 milhões que inclui helicópteros e veículos blindados.

"É impossível esconder"

Por outro lado, o chefe do Centro de Defesa Nacional da Rússia, Mikhail Mizintsev, acusou Kiev de preparar um ataque contra civis ucranianos que fogem da região de Kharkiv (leste) e depois acusar os russos do massacre.

Em ocasiões anteriores, Moscou culpou Kiev por ataques aparentemente realizados por tropas russas contra civis ucranianos em cidades como Mariupol e Kramatorsk.

A procuradoria ucraniana informou na sexta-feira que sete civis morreram e 27 ficaram feridos por disparos contra ônibus de evacuação nesta cidade, alvo de intensos bombardeios.

Além disso, pelo menos dez pessoas foram mortas, incluindo um bebê de sete meses, em um ataque a uma área residencial desta cidade, disse o governador regional, Oleg Sinegubov.

Em Bucha, uma cidade perto de Kiev que se tornou um símbolo de atrocidades atribuídas às forças russas, 95% das pessoas encontradas mortas foram abatidas, disse o chefe de polícia da região de Kiev, Andrii Nebitov.

"Durante a ocupação (russa), as pessoas estavam sendo baleadas nas ruas... É impossível esconder esse tipo de crime no século XXI. Não só há testemunhas, mas também foi registrado em vídeo", disse ele.

O prefeito de Bucha, Anatoli Fedoruk, garantiu que mais de 400 corpos foram encontrados após a partida das tropas russas.

- Ataques em Donbass -

No leste da Ucrânia, na região de Donbass, Donetsk foi palco de combates "na linha de frente", nos quais três pessoas foram mortas e outras sete ficaram feridas, segundo a presidência ucraniana.

Outra zona desta zona mineira, Luhansk, foi alvo de 24 bombardeios, que provocaram duas mortes e 10 feridos, segundo a mesma fonte.

A Rússia, cuja anunciada grande ofensiva em Donbass ainda não começou, tem problemas para controlar totalmente Mariupol, um porto estratégico no Mar de Azov que permitiria ligar Donbass à península da Crimeia, anexada em 2014.

Esta cidade, sitiada por mais de 40 dias, pode ter o pior saldo de perdas humanas nesta guerra. As autoridades ucranianas temem que haja cerca de 20.000 mortos.

Após semanas de cerco à cidade sitiada, as tropas russas encontram resistência especialmente na extensa área industrial da costa.

A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, disse que quase 2.900 civis foram transferidos de Mariupol e da vizinha Berdyansk para Zaporizhzhia, controlada por Kiev.

Mais de cinco milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da invasão russa, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

Durante uma visita à Ucrânia, David Beasley, diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos (PAM), que pertence às Nações Unidas, pediu acesso às áreas e cidades sitiadas, onde as pessoas estão "famintas".

A Rússia atingiu alvos na capital ucraniana, Kiev, nesta sexta-feira, 15, enquanto suas forças ameaçaram intensificar os ataques a centros de comando ucranianos, como resposta a supostos ataques dentro do território russo. Ambos os lados estão se preparando para uma nova etapa na guerra terrestre no leste do país.

O exército russo atingiu uma fábrica que produz mísseis de longo e médio alcance, além de mísseis antinavio, em uma região próxima à Kiev, informou o Ministério da Defesa russo. O ataque ocorre um dia após a Ucrânia ter declarado que foi a responsável por ter atingido o Moskva, o carro-chefe da frota russa do Mar Negro.

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Um funcionário de alto escalão da Defesa dos Estados Unidos afirmou que o navio foi atingido e afundado por dois mísseis ucranianos, o que também foi confirmado pela Ucrânia. A Rússia, por sua vez, informou que o navio afundou devido aos danos causados por um incêndio. O ato representa um golpe significativo que pode comprometer a segurança de toda a frota russa do Mar Negro. Desde que a guerra começou, em 24 de fevereiro, navios russos dispararam mísseis a partir da região contra cidades ucranianas. Os ataques, em sua maioria, visavam infraestrutura, depósitos de combustível, bases militares e prédios administrativos civis. "É uma perda significativa", disse a autoridade dos EUA. "Esperamos que seja um golpe para eles."

Autoridades e analistas militares avaliam que os dois lados se preparam, agora, para uma nova etapa da guerra, na região de Donbas, no leste da Ucrânia. A área abriga duas regiões apoiadas pela Rússia, após terem rompido com o controle do governo ucraniano em 2014 - mesmo ano em que Moscou anexou a região da Crimeia ao seu território.

Russos também tentam assumir o controle da cidade de Mariupol, no sudeste. A região é estratégica e serve como uma ligação potencial entre o continente russo e a península da Crimeia.

O diretor da Agência Central de Inteligência, William Burns, reiterou ontem as preocupações dos EUA de que Putin possa recorrer ao uso de armas nucleares táticas se sentir que a Rússia está enfrentando uma perda catastrófica em sua invasão da Ucrânia.

O prefeito de Mariupol, Vadym Boychenko, afirmou nesta terça-feira (12) que mais de 10 mil pessoas já morreram na cidade desde o início dos ataques da Rússia, em 24 de fevereiro. A declaração foi dada pelo líder municipal à agência de notícias Associated Press.

No entanto, Boychenko afirmou que esse número pode dobrar já que muitas pessoas podem ter morrido de fome ou por falta de cuidados médicos em seus esconderijos. O prefeito ainda acusou os russos de largarem corpos pelas ruas da cidade e de bloquearem por semanas a entrada da ajuda humanitária pelos corredores humanitários.

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Localizada no Mar de Azov, Mariupol é um porto estratégico da Ucrânia e fica na área separatista de Donetsk. Desde fevereiro, ela está completamente sitiada pelas forças militares russas e por milícias separatistas com mais de 100 mil moradores ainda presos dentro da localidade sem comida, água ou medicamentos constantes.

A situação é considerada uma das mais dramáticas da guerra no país. Nesta terça, mais sete pessoas morreram durante um ataque russo contra a sede da ONG católica Cáritas na cidade, segundo informou a presidente da instituição no país, Tetiana Stawnychy.

O edifício foi atingido por um tanque russo e, no momento do ataque, diversas pessoas estavam no local buscando proteção, apesar do centro não estar fazendo atendimentos por problemas com a segurança. Entre as sete vítimas, duas eram funcionárias da ONG.

"É uma tragédia para todos nós, especialmente, para a nossa comunidade Cáritas de Mariupol. Não temos mais informações no momento e não é possível irmos até lá nesse momento", acrescentou Stawnychy.

Ataque químico - Após a denúncia de que a Rússia teria usado drones para fazer um ataque com "substâncias venenosas" em Mariupol, a vice-ministra da Defesa, Hanna Malyar, informou que uma investigação está em andamento.

Segundo dados preliminares, "há uma teoria que eles podem ter usado munições com fósforo", mas "mais tarde daremos mais informações oficiais".

Há semanas o governo ucraniano e das potências ocidentais alertam para o risco da Rússia usar armas químicas em ataques na Ucrânia. Apesar de proibido, esse recurso já foi usado em outros cenários de guerra dos quais os russos participaram, como em ataques contra civis na Síria.

Da Ansa

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse, em vídeo divulgado neste domingo (10), um dia depois de sua visita surpresa a Kiev, ter viajado de trem da Polônia à capital ucraniana, e prestou homenagem à "gente de ferro".

"Bom dia, sou Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, viajo a bordo de um trem fantástico da companhia ferroviária ucraniana da Polônia a Kiev", anuncia no vídeo, no qual aparece de pé a bordo de uma composição, vestindo camisa branca e suéter azul marinho.

"Aqui dizem 'gente de ferro'. É em relação à sua profissão, mas também reflete sua mentalidade, uma verdadeira mentalidade que os ucranianos demonstram ao resistirem à horrível agressão russa", prosseguiu Johnson.

Ele também apresentou suas condolências aos ferroviários, vítimas de um míssil disparado na sexta-feira contra uma estação de trem em Kramatorsk, no leste da Ucrânia, que deixou 52 mortos, entre eles cinco crianças, que tentavam fugir do conflito.

Boris Johnson fez uma visita inesperada a Kiev no sábado, na qual prometeu novas armas à Ucrânia.

Esta visita não foi anunciada publicamente por nenhuma das duas partes. Foi a primeira vez desde o início da invasão russa que um dirigente do G7 viaja à Ucrânia.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, viajou neste sábado (9) a Kiev para demonstrar a "solidariedade" britânica com a Ucrânia, que há mais de seis semanas resiste à invasão das tropas russas, informou Downing Street.

Jonhson foi à Ucrânia "para se reunir pessoalmente com o presidente (Volodimir) Zelensky, em um gesto de solidariedade com o povo ucraniano" e com a intenção de "apresentar um novo pacote de ajuda financeira e militar" para este país do leste europeu, informou um porta-voz do premier britânico.

Pouco antes, um membro do gabinete de Zelensky postou no Facebook uma foto na qual Johnson aparece vestindo um terno escuro, sentado em frente a Zelensky, trajando a camisa cáqui que costuma usar em suas aparições públicas desde o início da guerra.

"A Grã-Bretanha lidera o apoio militar à Ucrânia, lidera a coalizão antiguerra, lidera as sanções contra o agressor russo", escreveu o assessor presidencial ucraniano, Andriy Sybiha.

Na sexta-feira, Zelensky recebeu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Von der Leyen visitou com o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, e o líder do governo eslovaco, Eduardo Heger, a cidade de Bucha, perto da capital ucraniana, onde apareceram dezenas de cadáveres com roupas civis após ter sido ocupada pelas tropas durante semanas.

Johnson é o primeiro chefe de Estado ou governo de potências do G7 que viaja a Kiev desde o início da invasão, em 24 de fevereiro. Este grupo de economias avançadas é formado por Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França, Itália e Japão.

A União Europeia (UE) começou a debater com "urgência" nesta segunda-feira (4) uma nova rodada de sanções contra a Rússia, após a descoberta de centenas de corpos de civis na região de Kiev, em particular na cidade de Bucha, afirmou o chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell.

"A União Europeia condena nos termos mais fortes as atrocidades relatadas cometidas pelas Forças Armadas russas em várias cidades ucranianas, que agoram foram libertadas", afirmou Borrell em um comunicado.

O bloco "avançará, em caráter de urgência, no trabalho para novas sanções contra a Rússia", acrescentou o diplomata.

Uma nova série de sanções está sendo debatida entre os 27 membros da UE, mas a unanimidade é necessária para a adoção de penalidades adicionais.

O presidente francês, Emmanuel Macron, falou nesta segunda-feira de sanções individuais e medidas contra "o carvão e o petróleo", mas não mencionou a compra de gás, um tema que divide os países europeus.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, também pediu novas sanções no domingo, depois de qualificar de "crimes de guerra" o assassinato de civis em Bucha.

No entanto, a Alemanha continua rejeitando as sanções que visam o setor de gás russo. "Temos que considerar sanções rígidas, mas em curto prazo o fornecimento de gás russo não é substituível" e cortá-lo "nos prejudicaria mais do que à Rússia", disse o ministro das Finanças alemão, Christian Lindner, antes de uma reunião com seus colegas da UE em Luxemburgo nesta segunda-feira.

Lindner não deu mais detalhes sobre a possibilidade de sancionar o setor de carvão e petróleo. A Áustria também não é a favor de sanções ao gás.

"Somos muito dependentes do gás russo na Áustria. As sanções não devem nos afetar mais do que afetam à Rússia", disse o ministro das Finanças austríaco, Magnus Brunner.

Uma reunião de ministros das Relações Exteriores da UE deve ocorrer em 11 de abril em Luxemburgo.

Uma cúpula europeia extraordinária está prevista para "o final de abril, início de maio" sobre o conflito na Ucrânia, a situação econômica e a defesa europeia, informou o gabinete de Josep Borrell.

O primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki pediu nesta segunda-feira a criação de uma comissão internacional de inquérito sobre o que chamou de "genocídio" cometido pelo exército russo em cidades ucranianas, incluindo Bucha.

A retirada de Moscou desses locais revelou 410 corpos, segundo o procurador-geral da Ucrânia.

Moscou nega ter matado civis em Bucha e o Ministério da Defesa russo diz que as imagens dos corpos são "uma nova produção do regime de Kiev para a mídia ocidental".

A Rússia voltou a atacar um centro médico, dessa vez em Kharkiv, e matou ao menos quatro pessoas nesta sexta-feira (25), acusam autoridades policiais. O policlínico está localizado no distrito de Osnovyansky e não tem nenhuma estrutura militar próxima.

"Os ocupantes russos continuam a matar civis em Kharkiv. Na sequência do bombardeio matutino nas estruturas civis com lançadores de foguetes, sete civis ficaram feridos e quatro morreram", diz a polícia local ao portal "Ukrinform".

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Ainda conforme as autoridades, ali também funcionava um centro de ajuda humanitária para os moradores da segunda maior cidade da Ucrânia.

"A polícia está documentando esse crime contra o povo ucraniano e juntando toda evidência material para levar os causadores à justiça", diz ainda a nota replicada pelo portal.

Kharkiv vem sendo alvo de constantes ataques russos desde o início da guerra, mas que se intensificaram desde a última semana. Há três dias, o chefe de administração militar regional, Oleg Sinegubov, disse que, apenas entre os dias 21 e 22 de março, foram 84 ataques contra os distritos locais.

A localidade, que tinha cerca de 1,5 milhão de habitantes antes da guerra, fica a apenas 40 quilômetros da fronteira da Rússia e a 450km da capital Kiev. No entanto, resiste firmemente aos ataques e continua nas mãos dos ucranianos.

Da Ansa

Uma jornalista russa morreu nesta quarta-feira (23) em um bombardeio em Kiev, a capital da Ucrânia, reportou o site The Insider, o meio digital russo para o qual ela trabalhava.

Oksana Baulina morreu após o disparo de um foguete enquanto filmava os danos causados por um bombardeio contra um centro comercial no noroeste da capital ucraniana, segundo um comunicado do próprio veículo de comunicação. Além disso, um civil morreu e outras duas pessoas que acompanhavam a jornalista ficaram feridas.

Antes de trabalhar para o Insider, Baulina foi produtora de uma fundação de combate à corrupção na Rússia. No entanto, as autoridades russas classificaram a fundação como "organização extremista", por isso ela teve que deixar o país.

Baulina continuou trabalhando sobre temas relacionados com a corrupção, desta vez para o meio de comunicação independente The Insider, que atualmente está baseado em Riga, Letônia.

Na Ucrânia, ela trabalhava como correspondente para o meio digital e realizou diversas reportagens em Kiev e Lviv, segundo o Insider, que enviou suas "mais profundas condolências" aos familiares e amigos da jornalista.

"Vamos continuar cobrindo a guerra na Ucrânia, incluídos os crimes de guerra russos, assim como os bombardeios às cegas sobre as zonas residenciais", afirmou o site independente, criado em 2013 pelo jornalista e ativista Roman Dobrokhotov.

Ao menos seis jornalistas morreram na Ucrânia desde o início da ofensiva russa em 24 de fevereiro, entre eles três estrangeiros: um cinegrafista franco-irlandês da Fox News e uma produtora ucraniana que o acompanhava, um documentarista americano, dois jornalistas ucranianos e, agora, Oksana Baulina.

Nesta quarta-feira, pelo menos dois foguetes foram disparados contra zonas residenciais do noroeste de Kiev.

A Ucrânia afirma ter reconquistado um bairro estrategicamente importante em Kiev nas primeiras horas desta terça-feira (22) enquanto forças russas mantinham ataques em áreas próximas à capital e na cidade portuária de Mariupol.

Tropas ucranianas alegam que conseguiram expulsar soldados russos do bairro de Makariv em Kiev, após uma violenta batalha, segundo o Ministério de Defesa do país. A reconquista de território teria permitido aos ucranianos retomar o controle de uma importante estrada e impedir que forças russas cerquem a capital a partir do noroeste.

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Os russos também mantêm a pressão em Mariupol, no sul do país, após forças locais rejeitarem exigências de rendição. Fonte: Associated Press.

Dezenas de ostras abandonadas em um canto do restaurante de mariscos Chernomork, em Kiev, é tudo o que restou da efervescência gastronômica da capital ucraniana até a invasão russa há quase um mês. Agora, esse local badalado do centro da cidade, decorado com um farol azul e branco, serve comida grátis aos habitantes da cidade, que as forças russas vêm cercando lentamente.

Chernomorka é um dos restaurantes que participam no teatro da guerra para ajudar as pessoas que não conseguem encontrar alimentos.

"Isso é o que podemos fazer", diz Dmitro Kostrubin, 42 anos, responsável pelo gerenciamento do estabelecimento enquanto várias pessoas idosas comem em bandejas de plástico.

Os blinis com caviar de truta, o caviar de pique com cebolas verdes ou os mexilhões com molho Termidor desapareceram do cardápio desde o fechamento do restaurante em 24 de fevereiro, primeiro dia da invasão russa.

As pessoas que vão agora ao restaurante recebem um bem servido prato de arroz com frango.

Também não há champanhe e a comida é servida com um copo de suco de laranja. A venda de álcool está proibida na Ucrânia desde o início da guerra.

Ainda que todos possam ir ao restaurantes, a maioria das pessoas que são acudidas são idosas, explica Kostrubin.

"Algumas delas pedem comida para vizinhos que não podem sair ou estão na cama. Evidentemente, confiamos neles e lhe damos também", acrescenta o responsável, que conseguiu chegar à Ucrânia do exterior na semana passada.

- "Uma boa ideia" -

Até agora, a capital ucraniana não foi bombardeada pelo exército russo como Karkhiv, segunda cidade do país, ou Mariupol, o porto estratégico no Mar de Azov, cujo assédio é comparado ao de Leningrado - atualmente São Petersburgo - durante a Segunda Guerra Mundial.

Entretanto, há escassez de produtos frescos nos comércios e longas filas são formadas.

Uma mulher soube da existência dessa distribuição de comida gratuita graças a um e-mail. E decidiu vir para "desadormecer as pernas". Do contrário, "fico em casa de manhã até à noite andando em círculos com os meus medos", acrescentou.

"Pensei em me candidatar como voluntária, mas não quiseram me aceitar, tenho 74 anos", explica.

Mila Anderson acompanha sua mãe Liudmila, 83 anos. Isso ajuda no "estresse" de viver em uma cidade com bombardeios diários. "É uma boa ideia", diz essa professora de inglês.

As refeições gratuitas são distribuídas em coordenação com Food Market de Kiev, fundada pelo dono de restaurantes ucraniano Alex Cooper, proprietário de uma série de restaurantes em todo o país.

Um exército necessita comer e diversos restaurantes da capital se mobilizam também para alimentar os combatentes.

Pavlo Chevtsov, em frente ao Molodist, diz que preparou umas 6.000 refeições para "nossos homens".

"Sabemos cozinhar", diz. "Não sabemos combater, nem levar medicamentos, armas ou munições, mas estamos presentes e fazemos o que podemos", expressou.

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