Depois de ser eliminado das competições que disputou neste primeiro semestre, o Santa Cruz agora corre contra o tempo para se preparar e fazer uma boa campanha na série C. O acesso pode salvar o time em 2022, visto que o time, a princípio, ficará de fora da Copa do Brasil e da Copa do Nordeste.
Além disso, seria uma resposta da nova gestão do Santa Cruz, comandada pelo presidente Joaquim Bezerra, ao torcedor coral, que não engoliu as campanhas no Pernambucano, Copa do Brasil e Nordestão em 2021.
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Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, nesta quinta (13), o presidente Joaquim Bezerra falou sobre o início conturbado de sua gestão, a pressão envolvida e quais os planos para o restante do ano, entre outras coisas.
Confira:
LeiaJá: Presidente, como tem sido o começo da gestão no Santa Cruz? Quais os aspectos positivos no seu ponto de vista?
Joaquim Bezerra: O início de toda gestão, em qualquer lugar ou atividade, é sempre muito complexo, você encontra as coisas funcionando de uma determinada forma e precisa avaliar o que está eficiente e deficiente, iniciar correções, impor novo ritmo de trabalho. No Santa Cruz não é diferente, encontramos como todos já sabíamos um clube endividado, com fluxo de caixa negativo, um elenco profissional a ser montado, atletas da base que ainda precisavam ser melhor condicionados e preparados para enfrentar os desafios do futebol profissional, o clube a pouco mais de 10 dias para participar de três competições relevantes (Copa do NE, Copa do BR e Pernambucano), sem tempo pra pré-temporada, contratações e ainda por cima o mercado de contratações de jogadores totalmente fechado, em vista dos clubes estarem também participando de competições como a que iríamos participar. Enfim, uma casa precisando de reformas estruturais, sem recursos financeiros, humanos e materiais.
LeiaJá: O senhor já tinha vivência dentro do clube para entender a pressão que é comandar o Santa Cruz, mas a pressão é ainda maior na experiência como presidente? Como tem lidado com isso?
JB: Certamente a pressão de um grande clube, com uma torcida super apaixonada, exigente e ávida por resultados, que há muito não vem, não poderia, sob hipótese alguma, ser pequena. Cabe ao gestor entender tudo isso e manter o seu planejamento, com os ajustes de rotas necessários, mas com uma velocidade cada vez maior. Por isso erros serão cometidos, como também acertos, mas como as coisas negativas tendem a ter um maior foco, as positivas só serão notadas no médio e longo prazo.
LeiaJá: Os erros no futebol já foram admitidos. Foi trazido um novo técnico, um novo executivo de futebol, com experiências passadas exitosas, e novos jogadores. Qual o plano agora? O que mais pode mudar?
JB: Ao longo desses pouco menos de 90 dias de gestão, não tivemos tempo suficiente para um planejamento efetivo, sobretudo no departamento de Futebol, principal área do clube. Agora, após a semifinal do Pernambucano, será possível uma pré-temporada com o planejamento necessário para o inicio da série C, nossa principal competição. Assim já iniciamos o planejamento com toda a comissão técnica e a diretoria de futebol para os acertos no elenco, seja nos aspectos táticos, físicos e de recomposição de algumas posições.
LeiaJá: Tem se falado em Bruno Moraes, Daniel Costa... São jogadores que recebem um salário maior. Sem confirmar nomes, o Santa trará jogadores com salário diferenciado? A folha do futebol terá acréscimo para a série C, competição mais importante do ano e talvez da gestão, já que influencia diretamente em 2022?
JB: Gostaríamos muito de dar ao Santa Cruz aqueles jogadores que os torcedores almejam e desejam, mas infelizmente temos limitações financeiras para contratações que estejam fora do padrão do planejamento orçamentário. Porém, estamos envidando todos os esforços para trazermos qualidade, a um custo que possamos não comprometer o orçamento e que esteja alinhado com o anseio do torcedor.
LeiaJá: Já foi dito pelo próprio executivo Fabiano Melo que há um incômodo com o vazamento de nomes com quem o Santa Cruz negocia. Como o clube tem agido para tentar estancar isso? Atrapalha alguma negociação?
JB: Infelizmente essa é uma prática danosa ao clube. Já temos conversado com todos os funcionários, de todas às áreas, com diretores e estamos agora iniciando nesses dias uma série de reuniões com a área de comunicação, numa campanha de conscientização para contermos essas práticas.
LeiaJá: No Santos, mesmo em situação financeira terrível, foi possível chegar a uma final da Libertadores com jogadores da base. O que não foi feito nas gestões passadas que impedem que a base do Santa entregue mais jogadores para o profissional? O que planejam implantar?
JB: Não podemos responsabilizar a gestão passada pelo condicionamento atual do elenco da base. Tivemos o ano de 2020 de pandemia e a proibição dos treinos desses atletas. Também a não destinação de recursos obrigatórios para fomentar a atividade de base do clube, fazia com que os projetos e planos não se realizassem, por isso, que com a reforma dos estatuto os recursos para a base já ficam “carimbados” e devem ser aplicados. Não obstante, em nossa gestão, a base é prioridade máxima, por isso, já requalificamos pessoas, arrendamos um CT exclusivo para as atividades de Base, contratamos auxiliar técnico para equipe de transição, estamos realizando a aquisição de um ônibus para deslocamento dos jogadores, entre outras medidas de fortalecimento das categorias de base.
LeiaJá: O que pretende fazer com o CT no curto prazo? É possível alguma melhoria no local, mesmo com o orçamento apertado?
Joaquim Bezerra: No CT Rodolfo Aguiar existe a necessidade de conclusão do segundo campo de treinamento e isso está sendo cuidado. Novos investimentos só serão possíveis após o recebimento do valor relativo a desapropriação do CT Waldomiro Silva de Beberibe.