Em meados de março deste ano, uma nova novela das 21h, na Rede Globo, chegou aos lares brasileiros prometendo ser mais um grande sucesso do horário nobre. Com texto de Gilberto Braga, elenco de peso (Glória Pires, Camila Pitanga e Adriana Esteves, entre outros) e trama recheada de vingança, superação e temas da atualidade como homossexualidade e racismo, Babilônia foi ao ar no dia 16 de março sem medo de ousar, já que logo no capítulo inicial houve cenas de sexo, assassinato e um beijo gay protagonizado pelas personagens de Fernanda Montenergo e Nathalia Timberg.
Porém, o pique dos primeiros capítulos foi logo derrubado pela rejeição do público. Babilônia não conseguiu superar os bons índices de sua antecessora, Império, que fez boas marcas para o horário. Muito pelo contrário, a novela já é dona das piores marcas de audiência da faixa e por diversas vezes chega a ser batida pela novela das 19h, I Love Paraisópolis. A direção da Globo tratou logo de fazer ajustes na atração para tentar reverter o quadro. A abertura ficou mais clara e leve, personagens que seriam homossexuais na trama tiveram seus 'destinos' modificados e 40 capítulos tiveram de ser reescritos para adequar o folhetim aos gostos dos espectadores.
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O autor Gilberto Braga declarou, em entrevista para O Globo, que tem dado muito trabalho recriar Babilônia, mas que não se incomoda em mudar o roteiro já que ele gosta de fazer sucesso e agradar ao público é fundamental para isso. O escritor também acredita que a rejeição à trama se deu por conta do excesso de cenas de sexo e pelo relacionamento homossexual de Estela (Nathalia Timberg) e Teresa (Fernanda Montenegro). As personagens chegaram a mobilizar as redes sociais com pedidos de boicote à novela levantados por parcela do público evangélico e até políticos se pronunciaram a respeito. Para Braga, o Brasil está mais careta e não consegue aceitar determinadas temáticas.
Para a fotógrafa Bárbara Conceição, a tentativa da novela em levantar uma reflexão acerca dos novos modelos de família, por exemplo, é válida. Mas ela observa falhas no enredo que acabam por atrapalhar a intenção do autor: "É como levantar o debate e não ser capaz de mantê-lo", diz. Na opinião de Bárbara, estes temas mais polêmicos não estão sendo abordados da maneira mais adequada: "Já vi algumas boas conversas entre Regina (Camila Pitanga) com sua filha sobre respeito, empoderamento... Mas, ao mesmo tempo, repare como a moça mudou ao longo da trama. Bastou começar a namorar um rapaz da beira mar, branco e classe média, as roupas (dela) aumentaram no comprimento".
Nas redes sociais pode-se ver o quanto o público ainda está dividido em relação à Babilônia. Em alguns perfis sobre a novela, criados por fãs no Facebook, os comentários são bastante numerosos, ora positivos, ora negativos. Algumas cenas também ganham compartilhamentos, entre elas uma das mencionadas pela fotógrafa Bárbara, na qual Regina (Camila Pitanga) conversa sobre racismo com sua filha. O post da página Empodere duas Mulheres que publicou esta passagem da trama teve mais de 420 compartilhamentos e mais de 1.800 curtidas. Nos comentários, frases como: "Que cena poderosa! Que bom que passam coisas boas nas novelas também", da internauta Júlia Carolina e "Me vi nessa cena. Chorei muito. Representatividade importa", de Deborah Souza.
Perto do fim
Babilônia tem ainda pouco mais de um mês para recuperar-se ou sucumbir de vez. No dia 31 de agosto estreia A regra do jogo, novela de João Emanuel Carneiro, que substituirá o folhetim de Gilberto Braga. Curiosamente, o início de A regra do jogo foi antecipado em quase dois meses. No elenco estarão Vanessa Giácomo, Alexandre Nero, Marco Pigossi, Giovanna Antonelli, Tony Ramos, Cauã Reymond, Marjorie Estiano, Carolina Dieckmann e Mariana Ximenes, entre outros. Caberá a este time, dirigido por Amora Mautner, reanimar o horário nobre da TV Globo.