Pouca gente tem ideia clara sobre qual o estilo de liderança política do governador eleito Paulo Câmara (PSB). Pelo que levantamos com vários políticos importantes, o Estado está diante de um modelo bem diferente de Eduardo Campos.
De fato, ouvimos da maioria dos consultados que Câmara já tem mais de 20 anos de experiência de trabalho com o ambiente político, interagindo no meio de forças municipais, estaduais e federais. Portanto, com bagagem sólida para conduzir Pernambuco.
Do ponto de vista de suas características pessoais, o novo governador é considerado por todos como uma pessoa extremamente educada e reservada, porém altamente sincera e firme. Não se conhece grosseria dele com ninguém em nenhum escalão, mas também se sabe que atua com elevado do justo rigor, buscando alinhamentos positivos.
O perfil levantado é que Câmara não tem ansiedade naturais para aparecer, age com permanente serenidade, sem vaidades excessivas. Do contrário, cultua a simplicidade, até mesmo beirando a humildade no comportamento.
Muitos dos consultados consideram que tais características só aumentam a autoridade dele, porque imprime naturalmente uma reciprocidade no padrão de como os outros se relacionam com ele. Ou seja, a reciprocidade surge espontânea como fruto do respeito, não por conta da força e do medo.
Outra característica Câmara é o de ouvir cuidadosamente as mais variadas opiniões, buscando a unidade na diversidade. Anotamos a visão de que ele é um observador atento do comportamento prático das pessoas e não apenas do que é externado por palavras que tantas vezes são vãs.
Assim, ele define os caminhos a partir do que as pessoas fazem e não do que falam. Dessa forma, as pessoas que falam menos e fazem mais são as que mais admira. Na verdade, Câmara está consciente que o Brasil vai enfrentar um dos momentos mais difíceis de sua história.
E para tanto Pernambuco necessita buscar o caminho do diálogo respeitoso no meio das diferenças. Certamente, em busca de fortalecer a economia local e por consequência melhorar as condições sociais dos pernambucanos. Alguns observadores notaram que durante o segundo turno o governador eleito em nenhum momento foi agressivo contra a presidente Dilma.
E foi sempre profundamente reconhecedor e respeitoso da contribuição que o Governo Federal fez, sobretudo a partir do Governo Lula. Câmara também entende que o PT local vai estar ativamente fiscalizando as ações do Governo Estadual, o que ele considera necessário e positivo.
Porém, confia que as lideranças nacionais do PT de Pernambuco, especialmente o senador Humberto Costa e os deputados João Paulo, Pedro Eugênio e Fernando Ferro possam estar lutando para que o Governo Federal avance os projetos em curso e introduza novas ações no Estado.
Pelo que apurei, Paulo Câmara vai ter uma atitude altamente responsável e equilibrada para que o Estado possa estar posicionado corretamente frente aos imensos desafios políticos e econômicos que o Brasil vai enfrentar nos próximos anos.
Nesse contexto, deve imprimir um estilo de prudência e ponderação nos seus movimentos políticos internos e externos a Pernambuco, sempre em busca de fortalecer a economia local e melhorar as condições de vida dos pernambucanos em todas as diferentes regiões.
NA OPOSIÇÃO – O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, toma café da manhã, hoje, com os sete senadores eleitos e a tarde tem encontro com os 34 deputados federais eleitos. Na pauta, a estratégia de oposição frente ao Governo Dilma. Siqueira já ouviu os três governadores eleitos – PE, PB e DF – mas só vai tornar pública a posição do partido após a reunião da executiva nacional.
Assombração à moda Severino! – O deputado Silvio Costa (PSC) está reeditando na Câmara a assombração Severino Cavalcanti ao tentar criar uma terceira via para disputar a Presidência. Em 2005, Zito Cavalcanti (PP), como é mais conhecido, aproveitou um vácuo na base governista e se elegeu como azarão. “O clima de agora está muito parecido”, diz Costa.
Pitacos dissidentes – O senador Jarbas Vasconcelos não participa, hoje, do jantar da bancada no PMDB na Câmara e Senado promovido pelo presidente Michel Temer. Mas amanhã irá a reunião do Conselho Nacional do PMDB, presidido também por Temer. De deve dar os seus pitacos sobre a postura que defende para o partido no segundo mandato Dilma.
Rompimento previsto – A prefeita de Arcoverde, Madalena Brito (PTB), anunciou, enfim, o que já era previsto desde a campanha: seu rompimento com o ex-prefeito Zeca Cavalcanti (PTB), eleito deputado federal. Madalena rompeu durante entrevista numa emissora da cidade e vai para a reeleição tendo como adversária provavelmente a empresária Nerianny Cavalcanti, esposa de Zeca.
Usando o legado – O deputado Ricardo Costa (PMDB) foi o primeiro representante da base governista ao sair, publicamente, em defesa do quinto mandato para o presidente da Assembleia, Guilherme Uchoa (PDT). “Não podemos entrar numa aventura. Uchoa tem um legado e é o melhor para Casa neste momento”, argumenta.
CURTAS
FILME VELHO – O rompimento da prefeita de Arcoverde com o deputado federal eleito Zeca Cavalcanti já havia ocorrido de fato desde a campanha eleitoral, quando Madalena Brito resolveu apoiar a candidatura de Paulo Câmara a governador, contrariando Zeca, armandista de carteirinha.
NO CEARÁ – João Carlos Paes Mendonça está investindo R$ 1,3 bilhão na implantação de dois modernos shoppings centers em Fortaleza. O primeiro já foi entregue na semana passada, colocando lado a lado o prefeito recifense Geraldo Júlio e ex-ministro Ciro Gomes. O segundo só fica pronto em 2016.
Perguntar não ofende: Quem vai ser o ministro da Fazenda?