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Mede, corta, alinha, arremata. Quando o assunto é moda, comumente são imaginadas peças elaboradas por estilistas; no entanto, ela começa pelo processo de costura. Da camisa que você usa diariamente ao vestido ou terno mais sofisticado, feito à mão ou por máquinas, a confecção é realizada por um(a) costureiro(a).
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Com linha e agulha, mulheres deram sentido à atividade e tradição da manufatura. A consultora de imagem e estilo Wanessa Oliveira diz que o processo histórico social da costura se deu como uma herança familiar. “Geralmente, a mãe já fazia esse trabalho de costura, na própria residência. E essas costureiras, quando crianças, ficavam em volta da máquina, já pegavam uma agulha e a própria mãe ensinava a fazer uma bainha, a costurar à mão. De mãe para filha, de vó para mãe, até chegar na neta e assim por diante”, explica.
A consultora de imagem e estilo fala que a costura, no início, era feita de forma muito rudimentar. Há mais de 30 mil anos, as primeiras agulhas foram criadas com ossos de animais com o intuito de produzir roupas para proteção e somente no século XIV foram inventadas as agulhas de ferro. As máquinas de costura ganharam forma apenas no século XVIII, período da revolução industrial. “Bem diferente das máquinas elétricas que a gente tem hoje, as primeiras máquinas eram supertrabalhosas para as costureiras. Eram máquinas que realmente precisavam de uma força grande”, lembra.
Durante muitos anos, as condições financeiras de quem trabalhava com costura não eram as mais significativas. Wanessa compartilha relatos de costureiras: “Uma delas começou a ser referência para vestidos de festa, de 15 anos e até vestidos de noiva. As outras, era tudo que aparecia - se aparecesse uma bainha de calça, ela fazia; se aparecesse uma confecção de um vestido, ela fazia; se aparecesse uma roupa social feminina, ela fazia”, relata.
Algumas sem intenção de trabalhar na área, apenas por hobby, outras transformaram a costura em um meio de subsistência. A consultora de imagem ressalta que, para essas mulheres, a atividade se transformou em uma fonte de renda utilizada para criação dos filhos e para manter o sustento da casa.
Da prática artesanal à profissão, o ramo da costura vem crescendo nos últimos anos. “A confecção de roupas e de ajustes, essa demanda nunca morre. Na minha visão, está constantemente sendo buscada. Então, independente de ser aqui na nossa região ou, enfim, em outras regiões do país e do mundo, é uma demanda que sempre vai existir”, observa Wanessa.
A consultora relembra a formação da pós-graduação em moda, em 2020, e diz que, ao conhecer a consultoria de imagem, sentiu-se encantada e percebeu que o ramo é extremamente próximo à costura. Atualmente, Wanessa está abrindo um negócio no ramo e é no ateliê da mãe, diariamente, que está aprendendo a costurar.
Para Wanessa, o ofício da costura ainda é muito subjugado, porque ainda existe um preconceito alicerçado no fardo histórico em relação ao valor do trabalho. “Toda a cadeia de moda só existe porque a costureira existe - é um elo dessa cadeia, um elo fundamental”, afirma.
“Se não tiver a costureira, o serviço, você não tem roupa. ‘Ah, você tem um modelista e ele vai modelar’; mas se a costureira não estiver naquele processo, não tem venda, não tem varejo, não tem visual merchandising, não tem vitrinismo, não tem consultoria de imagem. A sociedade como um todo precisa fazer essa diferenciação de que é uma profissão extremamente valiosa e que precisa ser mais valorizada”, finaliza.
A UNAMA - Universidade da Amazônia celebrou, em junho de 2022, os 15 anos do curso de Moda da instituição, o primeiro da região Norte. A comemoração contou com programações especiais, incluindo desfiles, encontro com os antigos e atuais alunos do curso, exposição de ecobags – em consonância com a vertente da sustentabilidade e com ilustrações inspiradas em quadros pintados por modernistas brasileiros – e bate-papo com profissionais de renome.
A reitora da UNAMA, professora Betânia Fidalgo, destacou que, para a universidade, ser a primeira instituição a oferecer o curso é motivo de orgulho. “A UNAMA precisa estar em todas as áreas, uma universidade precisa construir conhecimentos técnicos e científicos em todas as áreas e a Moda é uma dessas áreas. A gente fica muito feliz, porque aqui, desde a criação, à modelagem e ao empreendedorismo da moda, são várias áreas dentro do curso que os alunos podem escolher para poder atuar”, afirmou a reitora.
Para Felícia Maia, mestre em Artes pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal do Pará (PPGArtes – UFPA) e coordenadora do curso, a trajetória de 15 anos representa a possibilidade que a moda tem de gerar empregos e renda. “Se a gente realmente investir nessa qualificação, nós teremos pessoas que vão estar preparadas para fazer produtos que possam competir no mercado nacional e internacional, e isso é fundamental para a economia de uma região”, observou.
Por Even Oliveira (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).