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Estão abertas as inscrições para as oficinas gratuitas que integram a programação da 16ª edição do Festival Recifense de Literatura - A Letra e a Voz, que acontece entre os dias 24 e 26 de agosto, na avenida Rio Branco, Recife Antigo. Em 2018, o festival literário celebra a poesia urbana de Miró.

As inscrições são gratuitas e os interessados podem fazê-las pela internet ou presencialmente. Para fazer a inscrição online, através do e-mail aletraeavoz2018@gmail.com, informando o nome do participante e a oficina de seu interesse. A presencial deve ser feita na Secretaria de Cultura, no 15º andar do prédio sede da Prefeitura do Recife, na avenida Cais do Apolo, nº 925, em horário comercial, das 9h às 12h e das 14h às 17h. No ato da inscrição ou no dia da oficina, os inscritos devem entregar um livro de literatura pernambucana para ser doado.

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As oficinas serão realizadas no sábado (25), segundo dia de programação do Festival, entre 14h e 17h. Serão quatro opções, todas gratuitas:

Para diminuir a gravidade das coisas Poesia visual, com a publicitária, poetisa e escritora Clarice Freire, que mantém no Facebook e no Instagram o perfil Pó de Lua, de poesia desenhada;

Agulhas, dobras & cavalos: noções de diagramação e artesania editorial, com o historiador e poeta Fred Caju, da editora de livros artesanais Castanha Mecânica;

Vento nonsense na cidade Narrativas em quadrinhos, com o cartunista e ilustrador João Lins;

Narrativas breves (e outras nem tanto), com o contista, romancista, editor e produtor cultural pernambucano Marcelino Freire, nascido em Sertânia e ganhador do Prêmio Jabuti e do Prêmio Machado de Assis

As oficinas de João Lin e Fred Caju terão capacidade para 20 e 15 pessoas, respectivamente. As de Marcelino e Clarice inscreverão 30 participantes, cada. Estas últimas serão realizadas no Paço do Frevo e as demais na própria estrutura do Festival, na Rio Branco. Informações: 3355-8034. Confira a programação completa do Festival:

Sexta (24)

 17h - Abertura oficial

18h - A Letra e a Voz de Miró. Bate papo com Sidney Rocha e o homenageado do Festival

19h - APL apresenta: Projeto Roda de Conversas Conhecendo mais e melhor o Recife. Bate papo com os autores da coletânea Denis Bernardes de Ensaios. Apresentação por Cícero Belmar e Jorge Siqueira

20h - Lançamento e sessão de autógrafos com os participantes da coletânea

Sábado (25)

14h às 17h - Oficinas

Para diminuir a gravidade das coisas Poesia visual com Clarice Freire

Agulhas, dobras & cavalos: noções de diagramação e artesania editorial com Fred Caju

Vento nonsense na cidade Narrativas em quadrinhos com João Lin

Narrativas breves (e outras bem tanto) com Marcelino Freire

18h - É do sonho dos homens que uma cidade se inventa

A Cidade do Poeta por Antônio Paulo Rezende

O Recife de Carlos Pena Filho por Robson Teles

A São José do Egito de Lourival Batista por Antônio Marinho

Mediação de Cícero Belmar

20h - O Cão sem Plumas numa Mesa de Glosas com Clécio Rimas, Dayane Rocha, Edmilson Ferreira, Elenilda Amaral ePaulo Matricó. Coordenação de Jorge Filó

Domingo (26)

 A partir das 10h - Festa do Livro, com editoras, sebos, mediadores de leitura, recitais, atividades lúdico-literárias, lançamentos de livros e bibliotecas comunitárias

17h - Reboo Jam poético-musical

Clécio Rimas recebe Amaro Freitas, Bell Puã e Miró

Foi divulgado na última terça-feira (17) o resultado do 5º Prêmio Pernambuco de Literatura. Cinco escritores do Estado foram premiados durante cerimônia no Palácio do Campo das Princesas. Na ocasião, estavam presentes o governador Paulo Câmara, o secretário de cultura Marcelino Granja, a presidente da Fundarpe Márcia Souto e Ricardo Leitão, presidente da Cepe Editora.

Durante a cerimônia, Paulo Câmara assinou decreto de ampliação do prêmio, que passará se chamar Prêmio Hermilo Borba Filho de Literatura. “É uma iniciativa mais do que justa com a memória do mestre Hermilo, um intelectual pernambucano de referência universal. Uma maneira também de fazer com que as novas gerações conheçam o seu trabalho e sua contribuição para a cultura de Pernambuco e do Brasil”, afirmou.

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Os autores Ezter Liu, Walter Cavalcanti Costa, Fred Caju, Enoo Miranda e Amâncio Siqueira foram os consagrados da noite. Todos terão as obras inéditas editadas e receberão o prêmio em dinheiro.

Fred Caju é daqueles caras bons de prosa. E de poesia também. Já lançou livros - diversos - em ambas categorias literárias. Agora parece insurgir com uma nova forma de expressão: a prosa, poesia, vingativa. Em "O Revide das Pequenas Maldades", o autor pernambucano dispensa cerimônias, chorumelas e o que mais se interpor no caminho de sua intolerância à ofensa e, ou, ocaso fortuito desrespeitoso, discriminante.

Na primeira página do livro, uma citação de Miró: "Num tem a menor graça ficar sisudo por alguém que nem sequer ri". A partir daí, na contemplação das páginas seguintes do livro, a risada é quase involuntaria, porque a vingança de Fred é embebida de ironia, mas sem nunca ser intransigente. "Eu sou preto e só isso já me fez ouvir muita coisa na vida. Mas eu decidi não ficar calado. É aquela: se me atacar, eu vou atacar. Se me desrespeitar, eu vou falar mesmo. E o livro é sobre isso, luta de classes e resistência", comenta o escritor.

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O novo livro, assim como os demais, foi não somente escrito mas completamente confeccionado por Fred. Cada exemplar é único, impresso pelo autor que diz não precisar ser partícipe do "establishment" literário local. "Eu me desprendi de várias ideias, inclusive sobre o tamanho do livro, quantas páginas ele deve ter. Agora sei que quando ele se finda em mim, ele acabou, de fato. E eu faço questão de imprimir meus livros de forma independente, pessoal, porque eu não quero depender de um mercado literário elitista, dominado e seletor de escritores brancos e de antemão ricos", afirma Caju, que se vinga.

Sobre o dualismo prosa / poesia o escritor não gosta de meio termo. "Minhas prosas sempre descambam para o escracho, o humor crítico, cotidiano, mas elas são poesia. Não gosto do termo prosa poética. Parece um meio termo indeciso. Prefiro dizer que, ao passo em que são prosa, também são poesia", define o autor.

Despojado como é, faz do livro sua cópia. As situações retratadas em "O Revide das Pequenas Maldades" foram, todas, vividas por Caju. A obra está a venda no valor de R$ 25. No lançamento, que aconteceu na boêmica Rua Gervásio Pires, toda a prosa do autor - três livros - estava à venda por R$ 35. Nas dedicatórias, a lembrança de que a produção significa "um levante dos caídos". Reação não, ação que significa insubordinação. Resistência, palavra que quanto mais se usa, menos se esgota. 

“Preconceito todo negro sofre. Não tem esse”, diz, acostumada, a jornalista Paulla Badu. Esta é a realidade enfrentada por alguns brasileiros. A frase é o reflexo de conformismo ou forma de encarar a realidade latente, incômoda e presente, encravada na cultura, independente do motivo. Esta forma de subjugar ainda está presente na vida de muitos dos quase 98 milhões de negros brasileiros, conforme esse e outros relatos e análises apuradas pelo LeiaJa.com.       

“Fui andando pelo shopping e ao sair de uma loja ouvi o segurança dizer, através de um rádio de comunicação, ‘ela está limpa’, código para dizer que eu não havia roubado nada”. Esse foi um dia comum diante de tantos outros enfrentados durante os 28 anos da auxiliar de escritório Deise Pacheco. A baiana está entre os 50,7% da população negra e parda no Brasil – conforme levantamento do Censo 2010 - vítima de racismo velado nas atividades e ações mais comuns e rotineiras. 

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Como se não bastasse a suspeita de roubo, Deise ainda foi seguida por seguranças em duas das lojas que entrou e durante o percurso entre elas. “Na época, aos 20 anos, não fiz nada para, não prestei queixa para ‘não criar problemas’, mas fiquei irritada com o desaforo sofrido”.  

Olhares, recuos, piadas, mentiras, repúdios. O chamado racismo velado é a realidade da maioria dos negros. Seja simplesmente pela pele escura ou o cabelo cacheado, independentemente de idade ou status social.

A humilhação acontece até mesmo no endereço escolhido para viver. “Moro em um apartamento classe média. As pessoas daqui, quando me veem desarrumada no elevador, perguntam em qual andar eu trabalho de empregada. São racistas e classistas, que acham ruim tanto uma preta no elevador como uma empregada”, relata Isabella Puente, 23 anos, historiadora. 

Na área cultural, na qual muitas vezes impera a impressão de igualdade e respeito, a verdadeira face mostrada às vezes é outra. “Sou poeta e todas as vezes que há reunião de projetos culturais, existe aquela olhada para mim e me perguntam ‘ah você é músico?’. Inclusive, uma das vezes que iria submeter um projeto de pesquisa e eu comecei a falar, as pessoas comentaram ‘eu pensei que você fosse da música’. Perguntei o que tem a ver”, explica Fred Caju, 28 anos. Uma situação recorrente é a pergunta “você é percussionista?”, aludindo aos instrumentas característicos de religiões e expressões culturais de origem africana. 

Nem dentro de casa, entre a família, há isenção de ironias e preconceito. Nesse espaço é que eles vêm à tona em forma de “piadinhas”. Raphaela Leandro é negra e seu marido, branco. A filha fruto da união teve a mistura racial dos dois, com pele negra e cabelos lisos. Pelas características herdadas pela menina, a doutora em odontologia escuta frequentemente comentários como “esse cabelo daí escapou”. Ela conta que sua sogra um dia relatou um sonho como “terrível”. “Durante o sono ela teve um pesadelo e na história, minha filha tinha um cabelo ruim e que ela penteava e o cabelo dela enrolava. Ela contou que o cabelo era tão ruim, tão ruim, ‘pior do que o seu’, ela me dizia”.

O complexo panorama do preconceito racial

Piedade Marques, uma das coordenadoras da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, explica o enfrentamento aos casos recorrentes deste tipo preconceito. “O racismo tem que ser minimizado na sua atuação, recorrência e resultado. Ainda se escuta que os casos são apenas dramas e este é um problema apenas nosso e que nós temos que resolver porque não está presente na sociedade”. Ela ressalta a presença de uma mentalidade de “existência de racismo suave no Brasil em relação aos outros países”. 

A coordenadora ainda ressalta os casos em que os negros são apontados como racistas da sua própria raça. “Considerando que o racismo parte de um pressuposto de que um lado é inferior e o outro é superior, essa negação da raça é uma forma de reação, um reflexo da falta da aceitação de quem é. Se colocando do outro lado, como um branco, não se sentirá inferiorizado. Na ideia que a ‘branquitude’ é o ideal, eu me afasto da minha negritude”. 

O panorama do racismo teve avanços em alguns aspectos e retrocessos em outros, de acordo com Piedade. ”A exemplo das melhorias estão os jovens aceitando seu cabelo, seu estilo e ganhando adeptos. No entanto, o mapa da violência os jovens negros ainda aparecem como os maiores alvos”. Como melhoria a este cenário, a ativista defende o aumento dos “instrumentais de monitoramento para mostrar o que antes era escondido e hoje pode ser visto e reprimido. Quanto aos negros que não se aceitam, não cabe sermos racistas porque não somos sequer tratados como iguais pelos outros”.

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