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A gravidez na adolescência transforma a vida e a rotina de mulheres. Entre as experiências e desafios, essa realidade faz com que meninas precisem abrir mão da juventude para assumir as responsabilidades da maternidade. Em homenagem ao Dia das Mães, comemorado no domingo (8), o LeiaJá Pará mostra histórias de mulheres que se tornaram mães ainda jovens.
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A estudante de Segurança do Trabalho Laís Gomes, de 30 anos, descobriu a gravidez aos 16 anos, quando ainda estava no ensino médio. Ela conta que foi muito julgada por ser nova e não recebeu apoio da família, que passou a aceitar a situação somente perto da filha de Laís nascer.
"No começo foi muito difícil encarar a gravidez. Eu sabia que ia ter que largar tudo para cuidar de uma criança. A minha mãe não aceitava, quase não tive apoio de ninguém e foi um dos piores momentos e melhores, porque a minha filha ia chegar. Eu sabia que não ia ser nada fácil, tanto para eu aceitar quanto para a minha família", disse.
Estar na maternidade sem rede de apoio é difícil e quando o pai não está presente, as complexidades aumentam. Laís lembra que as dificuldades foram muitas. "Tive um filho atrás do outro e, no segundo filho, eu perdi o pai deles e tive que lidar só, fazer o papel de pai e mãe", conta.
A técnica em Saúde Bucal Elaine Rodrigues, 47 anos, engravidou pela primeira vez aos 17 anos, período em que viajou de Joanes, no Marajó, para Belém em busca de um ensino melhor. Para a técnica, a descoberta da gravidez foi inacreditável devido à falta de experiência. "A sensação era de medo, pois era tudo novo e, principalmente, por não ter estrutura alguma. Fiquei paralisada diante da realidade", relembra.
Apesar do suporte psicológico que recebeu dos pais, Elaine conta que as condições financeiras não eram as melhores. "Tive que arregaçar as mangas e ir à luta. Foi aí que travei uma busca incansável, por causa da responsabilidade. Fui trabalhar de gari em Joanes para dar uma condição de sobrevivência ao meu filho", relata.
Lívia Natividade, estudante de Pedagogia e auxiliar de coordenação pedagógica, de 21 anos, engravidou aos 17 anos e, entre os 5º e 6º meses de gestação, descobriu que havia sido aprovada na faculdade. Desde então, começou sua rotina entre maternidade, estudos e trabalho. “Na época em que eu descobri que estava grávida, foi um susto, um baque. Imagino como para todas as outras mães. Eu fiquei muito nervosa, comecei a pensar muito nas coisas. Desde aí, comecei a me organizar com minha família, a fazer pré-natal”, fala.
No início da gestação, Lívia sofria crises de ansiedade e, após o nascimento da filha, teve depressão pós-parto e recebeu tratamento por três meses. “Tive que conciliar o tratamento com cuidar dela, porque eu também não poderia deixar de me cuidar”, comenta. Atualmente, a estudante equilibra seu dia a dia intenso com o auxílio da mãe e não romantiza a maternidade.
A designer de sobrancelhas Thassiane Ferreira, 35 anos, teve sua primeira gestação aos 19 anos. Ao descobrir, buscou ajuda da família do pai do bebê que, por sua vez, sugeriu que a mesma abortasse, algo que não estava em seus planos. Sua família, em contrapartida, deu suporte. “Apesar da idade, de toda a dificuldade que eu iria viver a partir daquele momento, eu não queria abortar. Minha família abraçou, apoiou”, ressalta.
Após o nascimento da filha, a designer decidiu terminar o Ensino Médio, mesmo confusa com tudo o que estava acontecendo. “Eu ia para a escola com ela, os professores me ajudavam na hora das provas, seguravam ela. Eu era uma aluna inteligente, os professores gostavam muito de mim, então todos eles me deram esse apoio, esse suporte para terminar o Ensino Médio”, conta. Thassiane relembra começou a trabalhar quando filha tinha quatro meses. Desde então, foi se aperfeiçoando para receber um salário melhor. Hoje em dia, é mãe de três e afirma que tudo o que faz é por eles.
A estudante de Serviço Social Júlia Moraes, de 20 anos, engravidou na reta final do vestibular, aos 17 anos. Júlia relembra que, na época, teve problemas pessoais e de saúde. Por isso, decidiu não contar a ninguém e, durante os três primeiros meses, cogitou abortar. “Desde o início, por ter escondido a minha gravidez por quase quatro meses, todo o período em que minha vida se encontrava, minha gestação nunca foi fácil ou tranquila; me arrependo muito de não ter aproveitado mais”, pondera.
Júlia reforça que sua família e a do pai da criança são sua rede de apoio e que, se consegue estudar, trabalhar e cuidar do filho, é por incentivo delas. Apesar das dificuldades, reforça que o filho é sua fonte de vida e razão pela qual permanece buscando evoluir.
“Ele me salvou de mim mesma e trouxe luz para meus olhos. Maternidade não é um mar de rosas; em todos os momentos da vida de uma mulher haverá percalços, principalmente na geração e criação de uma nova vida, uma nova pessoa. Muitas responsabilidades, muita paciência e resiliência para todo esse processo; mas ainda bem que nós, mulheres, tudo podemos. Nada como um dia após o outro”, afirma.
Luiza Maria Moraes de Freitas, estudante de Técnica em Enfermagem, aos 17 anos descobriu que estava grávida após fazer vários exames para solucionar problemas de saúde. Para a estudante, a notícia foi assustadora pela inexperiência e o medo de revelar a gestação para os pais. Quando contou para a família, Luiza recebeu todo o apoio, principalmente do pai, que tinha um sonho em ser avô. “Meu pesadelo era meu pai e confesso que foi o cara que me acolheu e me abraçou. Pronto, todo mundo da família soube do primeiro neto do meu pai, que sempre sonhou com isso”, relembra.
Durante a gestação, Luiza passou por problemas psicológicos e teve um parto conturbado. Apesar disso, sua relação com o filho se constrói de maneira saudável e regada de carinho.
“Eu sei que meu filho me ama incondicionalmente, esse amor não se mede. Esse é o amor mais puro, o amor mais doce e frágil. Tenho que regar todo dia esse amor, tenho que abraçar, tenho que acolher e tenho que ser forte. Meus problemas eu até esqueço”, conclui.
As inseguranças deram vez ao amor
De todos os sentimentos que pulsam dentro de uma mãe, desde a ansiedade até o medo, o que caracteriza e eterniza o elo com o filho é o amor. Quando perguntadas sobre qual o significado de ser mãe, elas responderam:
Laís Gomes – “Não foi nada fácil, como até hoje não está sendo, mas graças a Deus vejo com outros olhos. Sou uma mulher realizada por tê-los. Se eu voltei a estudar, se eu procurei a minha melhora, foi por causa dos dois, para dar o melhor para eles. Hoje, a melhor coisa que eu tenho na vida são meus dois filhos.”
Elaine Rodrigues – “Hoje eu só tenho gratidão a Deus por tudo. Por ter me permitido ser mãe, pois foi através desse grande desafio que me tornei uma mulher determinada. Amadurecer em meio às lutas foi uma das experiências mais difíceis que vivi, mas a maternidade me trouxe a oportunidade de viver experiências maravilhosas também. É um grande privilégio ter uma família para cuidar. Filhos são heranças concedidas pelo Criador.”
Lívia Natividade – “Ser mãe para mim é sinônimo de força, coragem, é saber que eu vou ter alguém pra vida toda do meu lado. É um sentimento inexplicável que só sabe quem é mãe mesmo. O amor que a gente sente pelos filhos é algo surreal, é cuidado, é carinho. Às vezes é um estressezinho também, mas, no final, ver aquele serzinho sorrindo e falando que te ama não tem preço.”
Thassiane Ferreira - “Para mim, ser mãe, é um misto de loucura, de ter que se abster de vontades suas para suprir e fazer vontades de outras pessoas, que são tão importantes que chegam a te anular. Muitas vezes, eu preciso olhar para mim e dizer: ‘Ei, eu sou uma pessoa! Isso aqui eu posso fazer por mim!’. Na maioria das vezes, na maior parte do tempo, eu estou fazendo por eles, para eles. Ser mãe é um amor que eu descobri que eu não sabia que eu poderia oferecer e um olhar diferente em mim, como mulher, como pessoa, em me autoanalisar e em perceber que eu sou a melhor mãe que eu posso ser. Quando eu paro para olhar para eles, o amor que eu sinto é inexplicável. Tudo que eu faço é por eles.”
Júlia Moraes – “Para mim, ser mãe é conhecer uma força inexplicável que te torna capaz de tudo. Seja escalar montanhas ou andar quilômetros só para ver a felicidade no rostinho dos nossos filhos. Ser mãe do Gael me trouxe esperança de que, através dele, eu consigo melhorar o mundo, ou pelo menos o nosso.”
Luiza Freitas – “Ser mãe me fez entender que ficamos para depois, mas não podemos esquecer de nós. Ser mãe me ensinou que o maior amor da minha vida nasceu de mim. Ser mãe não é fácil. Ser mãe é ser colo, alimento, psicóloga, professora, conselheira e uma coisa que eu sempre vou responder para alguém que me perguntar “como é ser mãe?” é: eu amo meu filho, mas não amo a forma que romantizam a maternidade. Cada mãe é diferente, cada filho é diferente. Ser mãe na juventude é bom e, ao mesmo tempo, traumático, temos que mudar nossos planos e rotinas, mas no final um sorriso do filho cura e compensa tudo. Hoje em dia eu amo e aceito a fase que estou vivendo.”
Por Amanda Martins, Even Oliveira, Isabella Cordeiro e Lívia Ximenes (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).