Depois de uma sessão plenária conturbada, senadores se reuniram na noite dessa quarta-feira (30) para o tradicional jantar natalino oferecido pelo peemedebista Eunício Oliveira (CE) em sua casa, em um bairro nobre de Brasília. O assunto, entretanto, não poderia ser outro: a manobra conduzida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para tentar apressar a votação do pacote anticorrupção.
Mesmo com o clima de descontração, alguns se disseram incrédulos com a iniciativa de Renan de tentar votar o pacote no Senado, mesmo sob críticas dos procuradores da Operação Lava Jato, menos de 24 horas após a aprovação da Câmara. Por outro lado, houve quem ponderasse que Renan não bancou a manobra sozinho.
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A confraternização foi prestigiada pelo presidente Michel Temer, que chegou por volta das 23h, acompanhado do secretário do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco. Ao entrar, Temer passou por cada uma das mesas e depois se dirigiu à varanda, onde conversou com parlamentares enquanto fumava um charuto.
Alguns senadores consideraram o jantar natalino deste ano "esvaziado" e calcularam que pouco mais de 30 dos 81 senadores estiveram presentes. Os líderes do governo Romero Jucá (PMDB-RR) e Aloysio Nunes (PSDB-SP) deixaram a festa antes das 22h.
Chateados com as discussões no plenário, senadores como Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Ronaldo Caiado (DEM-GO), ambos contrários à urgência de votação do pacote anticorrupção, preferiram não participar da confraternização por julgarem que "não havia clima".
Os presentes, entretanto, culparam as ausências pelo cansaço das votações da semana e negaram qualquer tipo de desavença ou clima pesado. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os ministros do Planejamento, Dyogo Oliveira, e da Justiça, Alexandre de Moraes, também estiverem presentes.
O ex-presidente José Sarney, que mora em Brasília, não perdeu a festa. O deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), que busca a vaga de ministro da Secretaria de Governo após o afastamento de Geddel Vieira Lima, não poupou elogios ao principal cacique do PMDB e disse que todos chamavam Sarney de "professor".
A oposição também marcou presença no jantar, que é considerado apartidário. Os senadores não governistas acabaram indo embora tão logo o presidente Michel Temer chegou. "Ele entrou por uma porta e eu saí pela outra; ainda bem que a casa tem muitas portas", brincou a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que foi embora acompanhada de Lídice da Mata (PSB-BA).
Já o líder do PT, Humberto Costa (PE), não fez cerimônias: "Evitei esse desprazer para mim e para ele (Temer)", afirmou.
Kátia Abreu (PMDB-TO), amiga da ex-presidente Dilma Rousseff, também não cumprimentou Temer. "Juro que foi apenas por falta de oportunidade", disse. Bem humorada, a senadora deixou a festa levando um pratinho de doces para o marido e ainda brincou com o episódio que protagonizou na festa do ano anterior, quando, em uma discussão, jogou bebida na cara do senador José Serra. "Desta vez, não desperdicei vinho com ninguém", disse, entre risos.