A dobradinha pernambucana formada pelos diretores Marcelo Gomes e Marcelo Lordello dividiu, na noite dessa segunda-feira (24), o principal prêmio das mostras competitivas do 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Pela categoria de melhor longa-metragem de ficção, os cineastas receberam R$ 250 mil.
Com a trama Era Uma Vez Eu, Verônica, Marcelo Gomes apresentou o universo particular de uma médica recém-formada que vive uma crise existencial, revelando questionamentos universais sobre a profissão, as relações afetivas e o cotidiano em uma cidade grande, Recife, capital de Pernambuco.
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Para Gomes, o empate na disputa pelo melhor longa-metragem reforça a força do cinema pernambucano e os ingredientes que têm possibilitado os destaques que essas produções conquistaram. “É prova de que o cinema pernambucano está se renovando, acho que tem uma garra muito grande e o desejo de fazer cinema, uma vontade de refletir sobre o que é viver fora do eixo Rio-São Paulo. O Brasil não é uma Via Dutra. É mais do que isso”, avaliou.
Ambicioso, Marcelo Gomes, que elenca a garra e o diálogo entre os cineastas pernambucanos e a lei de fomento estadual como ingredientes do sucesso, acrescentou que os diretores e produtores entram, a partir de agora, em nova fase.
“Temos que atingir as salas do Brasil todo. Esse é o grande desafio. Acho que tantos os distribuidores quanto os exibidores têm de acreditar no nosso cinema e o governo fomentar a ida às salas de exibição no Brasil inteiro. A gente precisa formar plateias porque o nosso cinema é o espelho da nossa cultura, nossa identidade. Este país só vai reconhecer sua cultura fortemente quando tiver um cinema forte e que combata o Batman. Espero que Verônica tire o Batman de cartaz”, disse, aos risos.
O filme de Marcelo Gomes também foi vencedor do prêmio de júri popular, como melhor longa-metragem de ficção, e recebeu as premiações oficiais de melhor roteiro, melhor fotografia, melhor trilha sonora e melhor ator coadjuvante pela atuação de W.J. Solha. Era Uma Vez Eu, Verônica também foi vencedor do Prêmio Vagalume, de cinema para cegos.
O prêmio oficial de melhor longa-metragem de ficção, compartilhado com o diretor Marcelo Lordello que dirigiu Eles Voltam, reforçou a renovação do cinema pernambucano. Lordello apresentou um filme que retrata problemas sociais cotidianos ao longo da história de uma menina de 12 anos, vivida pela atriz Maria Luiza Tavares, e seu irmão mais velho, que vivem experiências e aventuras no retorno para casa, depois de serem deixados na estrada por seus pais, durante uma viagem em família.
Lordello comemorou a vitória com a certeza de ter conseguido registrar o alerta para questões sociais que o filme aborda, como as desigualdades presentes no país. “Acho que estamos mandando o recado. É meu primeiro longa e vamos continuar a fazer cinema que quer tocar as pessoas e seguir arriscando”.
Pouco antes de correr para abraçar o filho que esperava ansioso pela comemoração, o diretor acrescentou que a divisão da premiação com outro pernambucano revela a força do setor no estado. “Estamos falando de uma edição do festival que teve vários filmes pernambucanos premiados. Isso é prova de que foi ótimo”.
Eles Voltam também foi vencedor do prêmio da crítica, como melhor longa-metragem geral. As atrizes Elayne de Moura e Maria Luiza Tavares receberam o prêmio de melhor atriz coadjuvante e melhor atriz.